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SE TODA LÍNGUA É HETEROGÊNEA, POR QUE QUEREM PADRONIZAR A LINGUA?

Por:   •  1/10/2020  •  Ensaio  •  1.177 Palavras (5 Páginas)  •  284 Visualizações

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SE TODA LÍNGUA É HETEROGÊNEA, POR QUE QUEREM PADRONIZAR A LINGUA?

 

Denise Pinheiro Rodrigues

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)

Licenciatura em Educação do Campo (LEC) - Linguagens e Códigos

denise.pinheiro.rodrigues@hotmail.com

Resumo: Esse trabalho visa apresentar um ensaio sobre o uso da língua e sua heterogeneidade, tendo em vista que ela é variante e simultânea, para que então padronizar a língua de falantes nativos de diferentes culturas? A resposta você terá no decorrer da leitura deste ensaio.

Palavras-chave: língua, heterogeneidade e variante.

1. Introdução

O presente trabalho apresenta uma reflexão e também questionamentos acerca de nossa sociedade linguística, quando falamos da língua como um tema a ser explorado, é algo muito mais complexo e instigante que se possa imaginar, ao contrario do que todos pensam ser fácil e flexível trabalhar com ela. Isso porque a língua é um instrumento que mesmo tendo uma padronização social determinada, ela é variante e muda de sentido a cada oração dita por uma pessoa.

Portanto, para este trabalho acontecer da melhor forma possível, tive que buscar em sites, teóricos sociolinguistas que tratam do assunto, e também fiz valer uma entrevista com uma moradora de minha comunidade, dona Maria Ferreira Santos, de 52 anos de idade sempre residiu nessa comunidade, estudou apenas a quarta serie do antigo primário, dona Maria não sabe escrever conforme as ditas regras estabelecidas. Trabalha na agricultura e avicultura de seu próprio terreno ao fundo de sua casa.

Falemos mais sobre ela no decorrer deste trabalho.

Para iniciar, vamos tentar responder as seguintes perguntas que serviram para desenvolvê-lo.

"O que é linguagem para você?"

"O não uso da linguagem padrão no seu cotidiano de trabalho acarreta em prejuízos para você?"

Essas são perguntas que auxiliam no processo de pesquisa, busquei instigar todas elas em uma visita a feira do município de Jenipapo de Minas.  Ocorreu no sábado do dia 06 de abril de 2019 a coleta de informações pertinentes a este trabalho. Onde todos os vendedores agricultores se posicionam para venderem seus produtos. Entre eles posso citar, hortaliças feijão, milho, quitandas e produtos artesanais. Cada vendedor com sua forma e estratégia de vendas, conseguem voltar para casa com o cesto vazio.

Em entrevista com essa dona Maria, perguntei a ela o que ela entendia por língua? Respondeu-me que para nós seria a materna brasileira, o português. De to modo não esta errada a resposta dela, até porque para a sociolinguística não existe falar certo ou falar errado, existe falar diferente.

2. Reflexão teórica

SE TODA LÍNGUA É HETEROGÊNEA, POR QUE QUEREM PADRONIZAR A LINGUA?

Para responder essa questão é preciso lembrar que, embora falemos variantemente e linguisticamente diferente, no sotaque e até mesmo na pronuncia das palavras, temos que saber a importância sim de se ter uma “regra” para isso. A dita língua padrão que para alguns são pesadelos e para outros, motivo de exuberância, crescimento e respeito.

Mas, quem foi que disse isso? Quem dita as regras? Quem é “obrigado” a seguir? São socialmente compartilhadas entre todas as classes? Quem se torna prejudicado nisso?  Perceberam agora? Não é tão fácil assim falar de regras, e tabus, quando se trata de uma questão social onde se encontra indivíduos analfabetos e não letrados. Essa questão discorre por uma situação muito mais ampla, tornando-se uma questão política da EDUCAÇÃO. E não um mero sistema a seguir que são construídos pelas próprias pessoas.

Mas, o lema aqui é refletir sobre esses conjuntos de sistemas que são criados, repensar nas perguntinhas básicas, quem teve e quem tem acesso a educação básica para usufruir da língua culta. E  quem sofre com essas demandas quando as mesmas não são seguidas, obviamente que são os pobres não é mesmo? Por essa razão dou destaque a esse ensaio acadêmico com uma passagem de fala de um teórico sociolinguista, ele diz a respeito de uma concepção humana em relação seu modo de falar.

A primeira concepção vê a linguagem como expressão do pensamento. Para essa concepção as pessoas não se expressão bem porque não pensam. A expressão se constrói no interior da mente. Sendo sua exteriorização apenas uma tradução. A enunciação é um ato monológico. Individual. Que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias, que constituem a situação social em que a enunciação acontece.

 (TRAVAGLIA, 2009, p. 17).

Neste sentido, seria ignorada toda questão social, dizer que as pessoas não se expressam bem porque não pensam, estaria, de certa forma, infringindo questões sociais e culturais dos falantes. Visto que, cada um possui uma maneira de se expressar. As situações em que esses sujeitos vivem, os contextos sociais que permeiam esses falantes, é que vão permitir ou não que se expressem de maneira adequada, que haja um diálogo. Portanto, é possível que um analfabeto saiba se expressar bem em um determinado assunto, enquanto que, também podem existir pessoas “letradas” que não saibam ou sentem dificuldades de expressar-se. Isso não significa, de modo algum, que esse indivíduo não pense. Ele pensa, mesmo que não tenha muito domínio para expor suas ideias.

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