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Sobremodernidade: do mundo tecnológico de hoje ao desafio essencial do amanhã

Por:   •  14/11/2015  •  Resenha  •  1.008 Palavras (5 Páginas)  •  991 Visualizações

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AUGÉ, M. Sobremodernidade: do mundo tecnológico de hoje ao desafio essencial do amanhã.  In:  MORAES, D. Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006, p. 99-117.

Resenha elaborada por Icléia Caires Moreira (PG- UFMS)

Marc Augé, antropólogo e coordenador de pesquisas na École des Hautes Études em Starobinski sobre o Outro e o Semelhante, desde 1987, inicia seu artigo refletindo sobre dois paradoxos: o primeiro diz respeito à questão da globalização e a reivindicação de identidades locais. Observa-se que a uniformização, a homogeneidade, a velocidade e acesso à informação desse processo de planetarização coabita com a exaltação e busca de especificidades , singularidades. O segundo refere-se à etnologia, se os profissionais dessa área tradicionalmente estudam sociedades exóticas e longínquas, ou são especialistas nos setores mais arcaicos nas sociedades modernas, estariam ele mais aptos a estudar as complexidades do mundo atual, ou seu terreno de pesquisa está sendo reduzido ou desaparecendo?

O autor relata que tanto as mudanças rápidas quanto as lentidões do mundo atual são um desafio para a etnologia. Contudo ela não busca focar-se apenas no individual ou no coletivo, o que lhe interessa é justamente a relação de um com outro. As relações são em uma dada cultura, concebíveis (coletiva e simbolicamente) e gerenciáveis (por tomarem corpo institucionalmente). As observações antropológicas estão sempre ligadas vinculadas ao contexto, que pode ser considerado planetário e modificador das condições de observação.

O autor diz que esse processo pode ser localizado a partir de três movimentos complementares: a sobremodernidade, os não lugares e a questão do virtual. O primeiro enfatiza o tempo, a segundo o lugar e o terceiro à imagem.

Augé (2006) propõe o termo sobremodernidade para refletir sobre a coexistência da uniformização e dos particularismos. Tal situação amplia e diversifica a modernidade. Parte da lógica de três excessos: de informação, de imagem e individualismo. O primeiro nos fomenta a sensação de que a história se acelera e relaciona-se com o fator de efemeridade e grau dos ditos. A velocidade dos meios de transporte e o progresso tecnológico, sobretudo com relação ao ciberespaço, nos dá a sensação de que o planeta se encolhe, pela instantaneidade e imediatismo das situações. O estreitamento do planeta constrói a cada dia a ideia de governo mundial. Esse intento não tem nada de novo, visto que as tentações imperiais são historicamente antiquíssimas, mas agora se configuram e instrumentalizam-se via meios de comunicação.

A sobremodernidade pode gerar uma nova forma de passividade em decorrência do processo de espetacularização efêmera de uma atualidade, ela pode gerar uma solidão/individualização, na qual a telecomunicação abstrai a relação com outro, cria ilusões, os pontos de vista passam a ser induzidos, tendenciados, no entanto percebidos como pessoais. Somos acometidos de uma ilusão de livre escolha individual, quando o mercado ideológico se equipara a um self-service, onde cada sujeito se prove com conceitos soltos na sensação de refletir por si.

Com relação aos não-lugares, Augé (2006) explica que os lugares são espaços fortemente simbolizados em sua totalidade, identidade e historicidade. É o que se pode chamar de “território retórico”, universo de reconhecimento. Os antropólogos estudam esses espaços, como as identidades, as relações sociais e a história neles se inscrevem.

O não-lugar seria os espaços em que essa leitura não se efetiva, seriam eles: os espaços de circulação, de consumo, da comunicação. São espaços onde não se inscrevem relações sociais duradouras. A versão negra dos não-lugares seriam os espaços de trânsito onde nos eternizamos, como por exemplo um campo de refugiados. É necessário que se esclareça que essa noção de lugar e não-lugar é relativa, depende também de quem nele habita.

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