The bling ring

Resenha: The Bling Ring

O longa-metragem com roteiro e direção de Sofia Coppola traz às telas mais uma história sobre o vazio existencial das pessoas. Mais superficial que Marie Antoinette (2006) e Somewhere (2010), The Gang of Hollywood é baseado em fatos reais e retrata um grupo de cinco jovens de classe média alta do bairro de Calabasas – CA. Nick (Emma Watson), Marc (Israel Broussard), Rebecca (Katie Chang), Sam (Taissa Farmiga) e Chloe (Claire Julian) que entre 2008/09 praticaram vários furtos nas mansões de artistas da localidade.

Dentre a lista de celebridades usurpadas está Paris Hilton (que teve a casa invadida quatro vezes e um desfalque de dois milhões de dólares), Lindsay Lohan (desfalcada em cento e vinte e oito mil dólares) e Orlando Bloom (prejuízo avaliado em quinhentos mil dólares). No total, um grupo seleto de artistas e celebridades tiveram prejuízos calculados em alguns milhões.

Os artigos preferidos da gangue eram roupas, sapatos, bolsas e jóias, tudo de grife e alguns até exclusivos.

Um traço interessante nos fatos narrados é o misto de inteligência e ingenuidade. Ao mesmo tempo em que acompanhavam a rotina dos astros hollywoodianos via TMZ e internet para checar quem estava fora da cidade e localização das mansões (pois as invasões ocorreram sem necessidade de violência, o grupo sequer possuía armas), se expunham nas redes sociais usando os produtos furtados. Frequentavam as baladas mais quentes da região e se gabavam com os amigos contando seus feitos.

Coppola não se aprofunda nos personagens (talvez propositalmente) mas mostra o contexto de frivolidade dos jovens. Todos possuem relações familiares bastante frágeis, o que parece ser um convite ao deslumbramento com a glamourização dos famosos. Além disso, a monotonia do dia a dia fez com que a sensação de poder da transgressão parecesse ainda mais excitante.

Ora, o fim dessa farra era previsível. Após as primeiras imagens das invasões identificando o bando ironicamente veiculadas pelo TMZ, o grupo foi preso, julgado e sentenciado em penas de 01 a 04 anos acrescida de indenizações de até oitocentos mil dólares.

Embora este não seja o mais brilhante dos filmes de Sofia Coppola, há na película uma constatação acerca deste universo que é real e que torna pessoas escravas de seu próprio narcisismo. Esta provocação remete a uma reflexão do pensamento platônico sobre os quatro ideais que nos ocupam ao ongo da vida: o belo, o verdadeiro, o bom e o útil, destacando a supervalorização dos ideais externos (que agem de fora para dentro). Ao colocar na escala de prioridades - 1º útil, 2º belo, 3º bom e 4º verdadeiro. Lidamos com nossos dilemas da seguinte forma: se for útil não precisa ser verdadeiro e se for belo não precisa ser bom. Em suma, somos superficiais. Será?