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Trabalho Literatura (Camões)

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Por:   •  11/2/2015  •  772 Palavras (4 Páginas)  •  1.121 Visualizações

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Poema 2:

Enquanto quis Fortuna que tivesse

Esperança de algum contentamento,

O gosto de um suave pensamento

Me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse

Minha escritura a algum juízo isento,

Escureceu-me o engenho co tormento,

Para que seus enganos não dissesse.

Ó vos que Amor obriga a ser sujeitos

A diversas vontades! Quando lerdes

Num breve livro casos tão diversos,

Verdades puras são e não defeitos;

E sabei que, segundo o amor tiverdes,

Tereis o entendimento de meus versos

Metrificação:

Em / quan / to / quis / for / tu / na / que / ti / ve // (sse)

Es / pe / ran / ça / de al / gum / com / tem /ta / men // (to)

Análise estrutural:

1ª parte: constituída pelas quadras. Esta 1.ª parte está, igualmente, subdividida: na primeira quadra, observamos o papel coadjuvante do destino (Fortuna) e, na segunda, confrontamo-nos com o carácter oponente do Amor (nome também atribuído a Cupido, filho de Vénus).

Note-se que a transição da primeira para a segunda quadra é feita através do conector (conjunção) adversativo "porém", o que, desde logo, antecipa a adversidade nela contida.

2ª parte: constituída pelos tercetos, em que o poeta, apostrofando os que se sujeitam aos caprichos do Amor, adverte para a autenticidade de seus versos, cujo entendimento será tanto melhor quanto maior a experiência (porventura dolorosa) do mesmo amor.

Observação: A estrutura também se faz notar ao nível da progressão das formas verbais: nas quadras, o tempo dominante é o pretérito perfeito do indicativo, que nos dá conta das posições assumidas por cada uma das entidades ("quis" (Fortuna); "fez" (o gosto de um suave pensamento); "escureceu-me" (Amor)); nos tercetos, a par do presente do indicativo ("obriga"; "são") e do futuro imperfeito do conjuntivo ("lerdes"; "tiverdes"), sobressaem o imperativo ("sabei") e o futuro do indicativo ("tereis"), associados à apóstrofe utilizada ("Ó vós").

Análise temática:

Enquanto o destino (Fortuna) permitiu que alimentasse a esperança de alguma felicidade, o poeta dedicou-se a escrever os efeitos da mesma, naturalmente em versos amorosos. Porém, o Amor, temendo que seus enganos fossem divulgados, secou-lhe a inspiração. Assim, aqueles a quem o Amor sujeita às suas inconstâncias, mesmo que, em tais versos, leiam casos tão diferentes (quiçá contraditórios), deverão considerá-los verdades puras, e não o contrário, sendo que as compreenderão tanto melhor, quanto mais larga for a sua experiência amorosa.

Características do classicismo no poema:

Contradições do Amor (forças contrárias exercidas por Fortuna e Cupido).

Poema 4:

Transforma-se o amador na cousa amada,

Por virtude do muito imaginar;

Não tenho logo mais que desejar,

Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,

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