Trabalho Obre Ilíada e Odisseia
Por: biazarur • 7/10/2019 • Trabalho acadêmico • 2.073 Palavras (9 Páginas) • 245 Visualizações
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Faculdade de Letras
Grego Genérico II
Docente: Marcelo Coutinho
Discente: Beatriz Zarur
1- A Ilíada é o poema homérico que trata sobre a ira de Aquiles. Teça comentários acerca do desenvolvimento deste tema na epopeia, relacionando-o com o mito da Áte (erro, perdição). Justifique sua resposta com base na narrativa da Ilíada.
As aventuras mais famosas de Aquiles ocorreram na Guerra de Tróia e foram contadas na Ilíada, que muitos consideram a história da guerra, entretanto no começo da epopeia a luta já acontecia há nove anos. No canto I da narrativa sabemos o objetivo da narração:
“Canta, ó deusa, a ira funesta de Aquiles Pelida, ira que tantas desgraças trouxe aos Aqueus e fez baixar ao Hades muitas almas de destemidos heróis, dando-os a eles mesmos em repasto aos cães e a todas as aves de rapina: cumpriu-se o desígnio de Zeus, em razão da contenda, que, desde o início, lançou em discórdia o Atrida, príncipe dos guerreiros, e o divino Aquiles.” (Ilíada, Canto I)
A Ilíada fala sobre a ira de Aquiles, começando com o seu desentendimento com Agamêmnon e as influências dessa briga no rumo da guerra. Em determinado momento da trama, Agamêmnon recebe Criseida, filha de um sacerdote de Apolo, como “prêmio” em um saque no qual Aquiles teve um papel fundamental. O pai oferece um resgate a Agamêmnon para que liberte a sua filha, mas é negado. O sacerdote, então, pede a Apolo que solte uma peste onde os gregos estavam e é concedido. Quando a peste estava quase acabando com o exército, eles descobrem que para que a peste tenha fim, basta devolver a filha do sacerdote. Aquiles foi a favor da devolução, Agamêmnon não. Após discussão, Agamêmnon aceitou, mas para insultá-lo ou compensar sua perda, pegou Briseida, escravizada de Aquiles.
Aquiles, já irado, sai da guerra e os ataques troianos se intensificam. Tudo que Agamêmnon ofereceu, inclusive a devolução da escravizada, não foi suficiente. Ele recusou. Após muitos ataques de sucesso dos troianos, Pátroclo, seu grande amigo, o convenceu a liderar as tropas em seu lugar, com sua armadura e suas armas. Pátroclo lutou, mas foi morto por Heitor.
Quando, no Canto XVIII, Aquiles descobriu, ficou totalmente transtornado e voltou para a guerra completamente perdido, cego de ódio e culpa. A sua hýbris - desmedida - causou e deixou-o consumido pela áte - cegueira - matando muitos troianos. Podemos encontrar esse momento no canto XX, desrespeitando o rito fúnebre e, portanto, desonrando os deuses. Até chegar a Heitor, a quem por muito tempo perseguiu em torno das muralhas de Tróia, matou muitas pessoas. Após matá-lo, Aquiles arrastou seu cadáver preso a uma carruagem em volta da cidade por vários dias, até que seu rosto estivesse desfigurado a ponto de não ser reconhecido. A isso pode-se atribuir o mito da Áte, uma representação do erro cometido pela ignorância, que pode ser uma punição divina ou uma ação transgressora do homem, como é, para muitos, o caso de Aquiles.
Em virtude dos fatos mencionados, foram expostas duas iras de Aquiles em momentos e intensidades diferentes, sendo a primeira ira a revolta diante de Agamêmnon, motivo pelo qual ele deixa a guerra; e a segunda ira, muito mais intensa e dolorida, gerada pela perda de seu fiel companheiro, a razão de seu retorno à guerra, a ira que o faz derramar muito sangue, desonrar os deuses e matar Heitor.
Os conceitos de Áte estão relacionados a essa cegueira causada em Aquiles por culpa de sua raiva. Podemos concluir que sua hýbris, que é a desmedida, é a causa da sua áte, que é a sua cegueira não física, mas a moral.
2- O período em que Odisseu esteve na Ilha de Esquéria, mais precisamente na corte dos Feaces, revela importantes aspectos culturais da Antiguidade Clássica que são observáveis também na poesia homérica. Teça comentários sobre o episódio e a sua relevância para a epopeia clássica.
A Odisseia conta a história das aventuras de Odisseu após a Guerra de Tróia, que durou dez anos. O herói demorou mais dezessete para que regressasse, devido a inúmeros imprevistos que dão aventura à trama. Isso fez com que muitos pensassem que estava morto. Portanto, apareceram muitos pretendentes para casar com Penélope, sua esposa, a fim de assumir o trono. Telêmaco, seu filho, sai à sua procura e o encontra. Juntos, voltam para casa, o palácio em Ítaca e, ao ser alertado sobre a revolta dos pretendentes de Penélope pela deusa Atena, Odisseu se disfarça de mendigo, adentra o palácio sem ser reconhecido - exceto pela sua esposa - e é escolhido. Com o desfecho da obra, concluímos que o ideal de belo e bom guerreiro, antes atribuído a Aquiles, é, também, aplicado a Odisseu por sua destreza, astúcia, esperteza, inteligência e habilidade, tanto na guerra quanto no governo.
Um desses imprevistos aconteceu quando Odisseu estava perdido, ao sair da Ilha de Calipso, e seu navio naufraga. Devido a esse acidente, ele vai parar na Ilha de Esquéria, onde não conhece ninguém. Odisseu é encontrado pela filha do rei da ilha, que estava lavando roupas na praia, e é levado pela menina à corte dos Feaces, onde é muito bem recebido e bem tratado.
Um aspecto cultural da Antiguidade Clássica a ser pontuado, diante do que foi exposto acima, é a receptividade de um desconhecido, um estrangeiro. Odisseu foi bem recebido mesmo estando com uma aparência ruim e, também, foi convidado a comer com o rei, mesmo que não o conhecessem.
Outro aspecto cultural muito importante é a presença dos aedos (artistas/poetas da época) que preservavam a memória dos grandes feitos, dos grandes heróis e das guerras. Um exemplo disso acontece quando, na Corte dos Feaces, um aedo recita os grandes feitos de Odisseu sem saber quem ele era, e ao finalizar, Odisseu fica emocionado ao ouvir sua história. Nesse momento, o herói diz quem de fato é e conta sua história. É muito comum a figura do aedo nas epopeias.
Esses foram alguns dos aspectos, da Cultura Clássica/Antiguidade Clássica, encontrados na devida obra de Homero.
3- A epopeia homérica apresenta traços bastante característicos em seu processo de composição. Identifique-os e teça comentários acerca de tal processo. Justifique sua resposta com excertos da poesia homérica.
Ao pensar nos poemas homéricos, não se pode deixar de fazer uma alusão, ainda que breve, à Questão Homérica, ou seja, ao problema da sua autoria e data de composição. Ainda hoje, há um debate muito comum a respeito da existência de Homero e da identidade do autor da Ilíada e da Odisseia. É muito difícil afirmar se Homero de fato existiu, se era um pseudônimo, se houve vários Homeros e quando as epopéias foram escritas. As dificuldades são muitas. Uma está na linguagem, em que há formas de diversas épocas e elementos de quatro dialetos diferentes.
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