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Verbos Denominais No Português Falado

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Por:   •  21/4/2014  •  1.905 Palavras (8 Páginas)  •  599 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, LETRAS E ARTES VISUAIS

COORDENAÇÃO DO CURSO DE LETRAS

DISCIPLINA: ESTUDOS MORFOLÓGICOS II

PROFESSOR: MANOEL GOMES

VERBOS DENOMINAIS NO PORTUGUÊS FALADO

Alunas: Ana Néry Araújo Cruz

Ataniely Pereira da Silva

Danilo R. D. S. Lourenço

Laiane M. Carvalho

Boa Vista – RR

Janeiro de 2014

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Em uma visão etimológica, o Verbo Denominal (VD) é aquele verbo que surgiu historicamente a partir de uma base nominal. Os dicionários consideram que um verbo é denominal quando sua forma cognata tem uma datação anterior nos registros da língua. No artigo apresentado por Margarida Basílio e Helena Martins no Projeto Gramática do Português Falado, o objetivo é analisar a situação morfológica de verbos denominais no português falado culto e discutir as principais questões envolvidas na análise de verbos denominais.

As autoras apresentam o trabalho dividido em três partes: nas duas primeiras discutem-se questões gerais de análise de verbos denominais em –a (r) e as condições de produção do processo de formação correspondente a verbos denominais de formação sufixal; na terceira parte discutem-se questões particulares de análise de verbos parassintéticos e analisam-se condições de produção dos processos de formação parassintética de verbos denominais envolvendo –a (r).

VERBOS DENOMINAIS NO PORTUGUÊS FALADO

Inicialmente, de acordo com a autora, existem três problemas fundamentais na análise de verbos denominais em –ar em português. O primeiro refere-se à diversidade de análises possíveis para esses verbos.

Ex: perfume/perfumar: a conversão de perfume em verbo deve-se ao acréscimo da vogal temática –a em consequência do fato dos verbos terem vogal temática em português ou deve-se considerar a terminação –a (r) como sufixo derivacional que se acrescenta a substantivos para formar verbos através de uma regra de formação de palavras?

Na primeira hipótese a autora apresenta alguns inconvenientes, haja vista que essa alternativa se alinha a propostas de descrição de formação de verbos denominais do inglês onde é comum a conversão verbo/substantivo sem alteração morfológica aberta. No português há o acréscimo de uma vogal temática verbal para o amoldamento do substantivo à conjugação verbal quando a base substantiva termina em consoante ou em vogal não compatível com a conjugação verbal, e ainda assim observa-se que mesmo quando a base já apresenta uma vogal temática compatível, ainda assim temos o acréscimo de –a como no par perfume/perfumar (na hipótese de conversão deveria ser *perfumer, cf. come/comer). Outro inconveniente é o tratamento por conversão não se estender a formas parassintéticas, como desossar, pois a base substantiva *desosso não é disponível. Há também o fato dos falantes do português interpretarem formas como perfumar e desossar como derivadas de perfume e osso, respectivamente e finalmente o elemento –a que entra na formação desses verbos não se limita à conjugação do verbo, mas também na formação de outros derivantes.

Ex: fumo/fumar/fuma[nte].

Por essa exposição de motivos, a autora adota a hipótese de que os verbos denominais no português são formados por derivação, seja ela sufixal ou parassintética.

O segundo problema refere-se à questão de quais verbos considerar como denominais e quais considerar como morfologicamente básicos. Tomando o exemplo acima (perfume/perfumar) devemos considerar o verbo como derivado do substantivo?

A ausência de marca aberta de derivação também traz problemas em relação à direcionalidade da formação. Casos como analisar/análise ilustram a questão: analisar seria um verbo derivante ou um verbo denominal? A questão foi tratada nas gramáticas normativas apenas do lado das chamadas derivações regressivas, mas o mesmo problema se coloca para os verbos denominais, já que o problema é justamente a direcionalidade. Substantivos como luta são analisados nas gramáticas como formações regressivas por terem o significado de ação. Além de pouco claro no lado estritamente morfológico da questão, este tratamento é insuficiente do ponto de vista sintático-semântico, na medida em que formas nominalizadas podem apresentar mais de um significado. Analisando estes problemas, a autora propõe que, na impossibilidade de estabelecer a direcionalidade da derivação a partir de critérios sintático-semânticos, seja adotado o critério morfológico, segundo o qual o substantivo seria o derivante e o verbo derivado nos pares S/V sem marca aberta de acréscimo morfológico. A proposta, no entanto é contestada em Gamarski (1988), que arrola, entre outras, formas prefixadas como repasse (de repassar), encaixe (de encaixar ) etc., cuja estrutura é nitidamente deverbal. Gamarski propõe a análise alternativa de que as estruturas temáticas explícitas potenciais revelariam a direcionalidade. Esta posição é reforçada em Basilio (1987), que afirma ser mais conveniente considerar deverbal toda forma nominal correspondente a um verbo que apresente pelo menos uma interpretação de cunho verbal, em virtude do padrão geral de relação morfológica categorial que implica a relação S/V para cada verbo no léxico do português, sem que se obtenha relação correspondente a partir do substantivo.

A proposta de Gamarski (1988) apresenta problemas, no entanto, se considerarmos a dupla função da nominalização, a função de mudança categorial e a designadora, já que esperaríamos a correspondência temática explícita apenas nos casos de função de mudança categorial. Por outro lado, conforme apontado em Chomsky (1970), substantivos primitivos podem apresentar estrutura argumental análoga à de verbos, ainda que sem correlato morfológico. Assim, a correspondência de estrutura temática não pode ser usada

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