A COERÊNCIA TEXTUAL

A COERÊNCIA TEXTUAL

        O texto - unidade de sentido - constitui-se de partes interdependentes, sendo cada uma necessária para a compreensão das demais. O resultado dessa articulação das idéias, dessa estruturação lógico-semântica que faz com que palavras e frases componham um todo significativo e o que denominamos coerência textual.

        A coerência está relacionada à organização subjacente (estrutura profunda), a linearidade do texto. É ela que dá, à seqüência lingüística, textura ou textualidade, isto é, é ela que converte uma seqüência lingüística em texto, por estar diretamente ligada a possibilidade de se estabelecer um sentido.

        De acordo com Van Dijk e Kintsch (apud KOCH; TRAVAGLIA, 1995, p. 37), a coerência pode ser:

• semântica: quando se refere a relação entre significados dos elementos das frases em seqüência em um texto;
• sintática ou gramatical: quando relacionada aos meios sintáticos (desde os conectivos, pronomes até concordâncias e regências);
• estilística: quando ocorre o uso de elementos lingüísticos pertencentes ao mesmo estilo;
• pragmática: quando relacionada a situação comunicativa.

        Assim sendo, ela é o resultado da não-contradicão entre os diversos segmentos textuais que devem estar encadeados logicamente. Quando há quebra na concatenação ou quando um segmento textual está em contradição com um anterior, perde-se a coerência textual.

        A situacionalidade (adequação a situação comunicativa), a informatividade (grau de informação), a focalização (concentração dos usuários - produtor / receptor), a intertextualidade (conhecimento prévio de outros textos), a intencionalidade e a aceitabilidade são fatores de contextualização para se estabelecer coerência. Podemos, então, afirmar que o nosso conhecimento de mundo desempenha um papel decisivo no estabelecimento da coerência. Também, para que o texto seja coerente, é importante haver um equilíbrio entre a informação dada e a informação nova que estabelece o conhecimento partilhado. Dessa forma, a coerência se constrói na interação - ou interatividade, de acordo com Maingueneau (2001, p. 54) - entre o texto e seus usuários.

        Dois são os requisitos básicos para que um texto seja coerente: a consistência e a relevância. A consistência confirma a não-contradicão entre os enunciados e a relevância possibilita que os enunciados focalizem um mesmo tema.

        Assim, para ser coerente, o texto precisa de adequação em suas informações, sem se desviar do enfoque desejado. Há necessidade de uma organização textual, como um todo, e de adequação da linguagem ao tipo de texto.

        Com isto, estamos enfatizando que o trabalho de produção de um texto é um trabalho de escolha e de utilização dos recursos lingüísticos que permitam melhor viabilizar a intenção comunicativa que se tem, tanto em fatores textuais, ideacionais como interpessoais, já que a construção da coerência decorre de uma multiplicidade de fatores: lingüísticos, discursivos, cognitivos, culturais e interacionais.

        Assim sendo, o contexto lingüístico - ou co-texto - e o contexto extraverbal - aquilo a que o texto faz referência, que precisa ser conhecido pelo receptor -, contribuem de maneira ativa na construção da coerência.

        Ao longo de um texto coerente, ocorrem repetições, retomadas de elementos. O conteúdo deve progredir, acrescentando-se novas informações ao que já foi dito, equilibrando-se o que já foi dito com o que se vai dizer, garantindo a continuidade do tema e a progressão do sentido. Não devem surgir elementos que contradigam aquilo que foi colocado. Então, a repetição, a progressão, a não-contradição, a relação, são elementos decisivos para a coerência textual.

Importância da coerência:

        Ao informar sobre algum acontecimento, há necessidade de uma coerência nos dados apresentados. Os fatos precisam organizar-se numa seqüência lógica.

A COESÃO TEXTUAL

        Devemos entender por coesão as diversas ligações que ocorrem na construção de um texto. Estas ligações podem se estabelecer no interior de frases ou de parágrafos ou, ainda, entre parágrafos de um texto.

        Podemos comparar o mecanismo de coesão a uma costura de roupa, ou seja, há determinadas palavras e expressões que funcionam como a linha e os pontos que unem determinadas partes de uma roupa (mangas, bolsos, colarinhos, punhos etc.), garantindo um ajuste de modo que o "todo" fique adequado, o que se costuma dizer "bom caimento".

        Assim é o texto, para que ele tenha um "bom caimento" é necessário um ajuste adequado de pequenas palavras ou expressões para unir partes maiores.

        Entretanto, um dos maiores problemas que as pessoas encontram para garantir a coesão em um texto é a dificuldade de usar os chamados conectivos, articuladores textuais ou operadores de discurso (KOCH, 2002, p. 133) - palavras e expressões que estabelecem relações de sentido entre partes do texto:

• marcadores de relações espácio-temporais (defronte de, depois. . .);
• indicadores de relações 1ógico-semânticas (condicionalidade, causalidade, finalidade, oposição/contraste ...);
• indicadores de relações discursivo-argumentativas (justificativa, explicação, comprovação...);
• marcadores que comentam a própria enunciação (geograficamente, politicamente, economicamente, às vezes, em primeiro lugar, evidentemente, aparentemente, infelizmente, não há como negar, curiosamente, mais uma vez, e indispensável, sinceramente.. . ).

        E quais são essas palavras e expressões consideradas articuladores?