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A Lauda Sobre Mantoan

Por:   •  24/10/2022  •  Resenha  •  1.911 Palavras (8 Páginas)  •  90 Visualizações

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SÃO PAULO

2022


A autora é docente da Faculdade de Educação da Unicamp, sendo coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade (LEPED) desde 1996. Inicia sua narrativa contando do encanto desenvolvido por ela ao longo dos tempos pelo cenário da educação, e problematiza ai a necessidade de tentarmos compreender como estão nossas escolas hoje.

A partir de então, a autora nos convida a perceber as medidas excludentes adotadas pelas escolhas como formas de reagias às diferenças. Sendo assim, seu texto se desenvolve como forma de propor – ou, delinear – uma forma de restaurar os princípios e valores que regem a atual conjuntura educacional.

A “ressignificação” da educação pressupõe uma mudança nas escolas, com o objetivo de torná-las de fato abertas para recepcionar todos os alunos segundo suas capacidades e talentos.

É nesta perspectiva que se dá a educação inclusiva, e não pela segregação e categorizações que são feitas. A educação não deve se restringir a dominar e instruir os alunos a todo custo, segundo as normas da hegemonia acadêmica que reduz os alunos |à passividade e o corpo docente a meros instrutores.

Ao relatar seus encantos e propor problematizações, Mantoan recorre aos objetivos que se almeja enquanto educador. Ressalta ainda que existem quatro grandes questões que regem esta problemática: o que é inclusão escolar, quais as razões para ela ser proposta, quem são seus beneficiários e como fazê-la nas salas de aula de todos os níveis de ensino.

A proposta de um novo cenário surpreende pela ruptura necessária para seu estabelecimento. Para tal, é preciso ter clareza do que está se propondo. A autora nos traz o conceito grego de paradigma, que são definidos enquanto modelos abstratos que se materializam com imperfeição no mundo concreto.

Em uma concepção moderna, trata-se de um conjunto de regras e normas partilhadas em grupo em determinado momento histórico até entrarem em crise, e não mais se manterem de pé em suas estruturas. Desse modo, a inclusão é uma ruptura de paradigma, uma vez que o modelo educacional está implodindo em suas crises.

A escola se inundou em racionalidade, burocracia e grades curriculares e o que temos e a anulação dos alunos enquanto sujeitos ativos em suas próprias histórias. Uma ruptura de sua estrutura organizacional, como indica a inclusão, é uma saída para que a escola volte a fluir. Portanto, a inclusão implica uma mudança de paradigma educacional.

É neste momento de crise que se instala as transformações. É impossível negar a ampliação das redes de informações e comunicações, que juntas rompem com os limites impostos pelas disciplinas e estabelece novas formas de compreensão de mundo. Diante estas novas questões, a escola não pode continuar a negar o que acontece ao seu redor e nem marginalizar as diferenças que lhes são apresentadas.

A marginalização e respectiva exclusão escolar coloca em jogo o julgamento quanto ao nível de compreensão comparado ao modelo científico de produção do conhecimento.

Assim, os que ignoram ou não absorvem este conhecimento é categorizado por uma lógica “determinista, mecanicista, formalista, reducionista, própria do pensamento científico moderno, que ignora o subjetivo, o afetivo, o criador, sem os quais não conseguimos romper com o velho modelo escolar para produzir a reviravolta que a inclusão impõe.” (pag.19).

Entretanto, esta transformação de consciência, que se abre para uma cidadania livre de preconceitos, não se dá antes de uma reforma das instituições. Muitas delas, perante o modelo político econômico vigente, que reza pela meritocracia e competitividade, já tentam exercer seu papel cidadão necessário. Mas seria isto uma Inclusão ou Integração?

Nesta altura da discussão, a autora nos compete questões acerca da real inclusão necessária. Existe uma tendência pela distorção de ideias, o que desvia de uma transformação efetiva.

As instituições escolares, bem como seus funcionários de diversos setores, se julgam incompetentes para lidar com as diferenças em sala de aula, e os pais dos alunos sem deficiências que não admitem a inclusão.

A Integração trata-se da inserção de alunos com deficiências nas escolas comuns, dentro de metodologias especializadas, mas também para a categorização na educação especial. Segundo esta possibilidade, o acesso do aluno à escola transita no sistema escolar inserido em serviços segregados em que o aluno tem que se adaptar |ás suas exigências.

Por sua vez, a Inclusão trata-se da inserção feita de forma radical. Seu objetivo é possibilitar o cumprimento de norma constitucional que prevê o acesso a todos do início ao fim da vida escolar. Esta implica uma mudança de perspectiva educacional, sem discriminar, com abolição completa de serviços segregados.

Portanto, a distinção entre Inclusão e Exclusão e o ponto de partida da autora para esclarecer quanto ao processo de transformação necessário às escolas. Toda via, existem pressupostos que indicam o porquê de uma inclusão escolar. As sugestões geralmente sugeridas para esse fim reprisam modelos já fracassados do sistema escolar e as válvulas de escape se concentram no ato de segregação e abstenção do dito “aluno problema”

Desse modo, existem três questões substanciais que pairam esta temática. Inicialmente, a autora nos apresenta a questão da identidade versus diferença. Acontece que as propostas sugeridas pela inclusão escolar não apresentam de fato soluções quanto esta, limitadas ao seu modelo conservador e retrógrado.

Ao fixar as diferenças enquanto indivíduo dissocia-se este da sociedade, tornando-o a quem da ação em sua história e práticas de desenvolvimento. Este é separado a fim de protegermo-nos dele.

Um dos desafios encontrados, nesse processo de inclusão, viria do próprio professor que a enxergar como umas inovações além da realidade de sua escola, colocando barreiras para que o processo prossiga, não deseja ser capacitado ou até mesmo tentar participar dessa inclusão.

Segundo a autora a escola aberta a todos é o grande alvo e ao mesmo tempo o grande problema atual, cujas tarefas fundamentais são as que seguem:

a) Recriar um modelo educativo escolar: Ensino para todos;

b) Reorganizar pedagogicamente as escolas de maneira a aceitar reflexões e críticas dos profissionais;

c) Garantir aos educando tempo e liberdade para aprender.

d) Formar, aprimorar e valorizar o professor a fim de torná-lo inclusivo.

As escolas de qualidade são espaços educativos de construção de personalidades humanas autônimas, críticas, espaços onde crianças e jovens aprendem a serem pessoas.

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