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As Trilhas e Atalhos

Por:   •  5/6/2019  •  Resenha  •  1.613 Palavras (7 Páginas)  •  135 Visualizações

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Trilhas e atalhos: de um lugar a outro

Com início  dos  trabalhos em relação aos espaços educadores sustentáveis percebeu-se que, geralmente, envolve conceitos como participação, pertencimento, autonomia, democracia, emancipação, inclusão social, diversidade, complexidade, sustentabilidade, assim todos os envolvidos  se identificam com vários desses conceitos trazem em si um desejo de mudar, de transformar o mundo, de querer que sejam diferentes os modos de vida, as formações sociais, as relações com a natureza. Esse desejo muitas vezes vem de um referencial construído ao longo da vida, desde os primeiros anos, quando a capacidade de experimentar sensações ainda se dá de forma pura e intensa. As vivências da infância são importantes referenciais para a vida adulta. O comprometimento dos pais e avós, professores e amigos, com as questões ambientais são exemplos importantes para toda a vida. Tais exemplos não dependem de palavras apenas e ficam gravados na memória, como uma ideia de mundo perfeito, servindo de intenção, de desejo a ser conseguido.

No princípio do trabalho com educação ambiental dentro do nosso espaço ainda é era incipiente - e quase sempre limitado à questão da reciclagem e ao reaproveitamento de materiais - principalmente em se tratando da adoção de programas complexos e abrangentes da comunidade escolar e do entorno. Percebo que falta aos professores uma afetividade com o tema, não como disciplina, capaz de torná-lo estimulante em suas proposições metodológicas, seja em qual disciplina for. Dessa maneira, a pesquisa realizada, identificar espaços educadores nos projetos pedagógicos das escolas do ensino fundamental deve contribuir para promover e ampliar o diálogo sobre o assunto e sobre como identificar ou formar tais espaços. Também é possível abrir o diálogo para o florescimento de programas de educação ambiental cujo papel de transformação de realidades intoleráveis seja uma necessidade em todas as esferas do convívio social.

A possibilidade de fortalecer a educação ambiental nas escolas através da adoção de programas materializados pela comunidade escolar, incluindo nestes os espaços educadores é o ideal almejado por essa pesquisa. Auxiliar na identificação de novos formatos para renovar modelos de educação também é um objetivo dessa pesquisa, na intenção de transformar escolas em espaços onde crianças e jovens se sintam aprendentes de sua própria formação, e os educadores sejam bons mediadores dessa renovação, com referenciais no ideal de sociedades sustentáveis. Por isso, a decisão de trabalhar a valorização de espaços de relação, como se pretende que sejam os espaços educadores, é antes de tudo a vontade de propiciar o encontro, as interações. Segundo Morin (1996) para que haja organização, é necessário que haja interações (entre moléculas, pessoas etc.).

Essas interações só ocorrem se existirem encontros. E os encontros só acontecem se houver desordem/agitação/turbulência, gerados por um desequilíbrio do sistema. Essa analogia com choque de moléculas é um interessante modo de ver as interações entre pessoas, já que muitas vezes a agitação dentro das escolas é considerada inadequada na 5 aprendizagem, mas de fato ela faz parte do movimento que gera nova ordem, ou uma possibilidade de transformação. Morin recomenda focar a importância nas relações entre ordem e desordem, e não na ordem ou na desordem, porque o novo equilíbrio gerado nesses encontros pode representar a transformação, a inovação, a renovação, a evolução. Se a formação de espaços educadores nas escolas propiciar alguma agitação, como a formação de uma banda, de um grêmio, de um grupo de contestação, por exemplo, então pode-se entender que houve uma contribuição para a renovação do pensamento fragmentado ainda existente em muitas instituições de ensino.

1.2 Ponto de interseção: a escolha Ao longo dos anos a educação ambiental (EA), em suas diferentes correntes e seus diversos modos de fazer, tem desenvolvido o papel de promover mudanças no cotidiano de indivíduos e instituições, objetivando a articulação de ações educativas voltadas para a transformação de pessoas, o que é fundamental para as melhorias ambientais, tanto no que se refere tanto ao contexto social e político, quanto ao contexto físico e biológico. Incrementar esse processo, de transformar as relações humanas e sociais e os mecanismos que hoje degradam o ambiente e, por conseguinte, a realidade social é papel da educação ambiental crítica. Por ação educativa Guimarães (2004) entende a “construção de um ambiente educativo de conscientização, que vá da denúncia à compreensão-construção de uma realidade socioambiental em sua complexidade”. Essa conscientização, segundo o autor, é um processo do indivíduo, mas em sua relação com outro, no qual razão e emoção interiorizadas na consciência se exteriorizam pela ação. Ou seja, o ambiente educativo se constitui nas relações que se estabelecem, é “movimento complexo de relações” (GUIMARÃES, 2004).

Por ambiente – que vem do Latim, segundo o dicionário Aurélio (1986) - entende-se o que cerca ou envolve os seres vivos ou as coisas, por todos os lados, ou seja, aplica-se ao meio em que se vive, seja físico, social, moral. Tanto há influência do ambiente sobre o ser que ele envolve quanto há uma resposta adequada do ser envolvido, produzindo-se uma interação entre eles. A expressão “ambiente” basta, pois, para o entendimento de que os problemas de natureza social ou ecológica não estão dissociados, pois o ambiente abarca a compreensão da totalidade da existência seja ela causadora dos problemas ou vítima deles.

 A expressão espaços educadores vem sendo utilizada na conjunção deste ponto de vista, da educação ambiental como ação educativa no e para o ambiente. Os conceitos de comunidades aprendentes desenvolvido por Brandão (2005) e de estruturas e espaços educadores desenvolvidos por Matarezi (2005) são exemplos que vêm se apresentando como dimensão essencial nos trabalhos de educação ambiental nos mais diversos setores da sociedade, incluídas as escolas. Também algumas empresas se apropriam da expressão espaço educador somada ao adjetivo sustentável, para demonstrar o que chamam de “metodologia didático-pedagógica voltada para a sustentabilidade”, e são espaços como jardins pedagógicos, cinturões verdes, espirais de ervas medicinais, espaços culturais. Ou implantam espaços educadores para a sustentabilidade com trabalhos tais como “a educomunicação, a arte-educação, a permacultura e a agroecologia com uma intencionalidade educadora” (Iandé). Esta última ainda faz uso de estruturas sustentáveis a exemplo do uso de coletores de água da chuva, da elaboração de pequenas hortas domésticas, do uso do aquecedor solar e da preparação de compostos orgânicos a partir dos resíduos domésticos. Além dessas empresas também a TV Escola, em seu programa Salto para o Futuro, apresentou em julho de 2011 a série Espaços Educadores Sustentáveis, com o objetivo “de ser um elo da rede de conhecimentos ressignificados nas escolas a partir de três eixos: sociedade, escola e ações individuais”.

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