Educação do campo
Por: rocambole • 24/4/2015 • Relatório de pesquisa • 963 Palavras (4 Páginas) • 303 Visualizações
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação; Superintendência da Educação; Departamento de Ensino Fundamental. Cadernos Temáticos: educação do campo. Curitiba: SEED - PR, 2005. p. .23 – 34.
No Capítulo 3, sob o título: “ Elementos para a construção do Projeto Politico e Pedagógico da Educação do Campo”, do caderno Temático Educação do Campo, Roseli Caldart começa o texto apontando que a Educação do Campo nasceu como crítica à realidade da educação brasileira, particularmente à situação educacional do povo brasileiro que trabalha e vive no/do campo.
Esta crítica nunca foi à educação em si porque o objetivo é a realidade dos trabalhadores do campo, o que necessariamente a remete ao trabalho e ao embate entre projetos do campo que tem consequências sobre a realidade educacional e o projeto de um país. Ou seja, precisamos considerar na análise que há uma perspectiva de totalidade na constituição originária da Educação do Campo.
E tratou-se primeiro de uma crítica prática: lutas sociais pelo direito à educação, configuradas desde a realidade da luta pela terra, pela igualdade, pelo trabalho, por condições de uma vida digna de seres humanos no lugar em que ela aconteça. É fundamental observar que o desafio que se impõe é do da práxis, ou seja, avançar na teoria para poder dar um salto de qualidade na luta política e nas práticas produzidas até aqui.
A autora apresenta a proposta de pensar a Educação do Campo como processo de construção de um projeto de educação dos trabalhadores e trabalhadoras do campo. Visa pensar e projetar a educação nas óticas políticas e pedagógicas desde os interesses sociais, políticos, culturais de um determinado grupo social, desde sujeitos concretos que se movimentem dentro de determinadas condições sociais em dado tempo histórico.
Para tanto, apresenta dois desafios: identificar as dimensões fundamentais da luta política a ser feita no momento atual; e seguir na construção do projeto político e pedagógico da Educação do Campo. Sendo um dos fundamentos da construção deste projeto é a compreensão de sua materialidade de origem. Outro fundamento da construção deste projeto político e pedagógico é o diálogo com a teoria pedagógica. Afirma que não foi a pedagogia que criou a Educação do Campo, mas a necessidade deste diálogo surge em torno de uma concepção de ser humano, cuja formação é necessária para a própria implementação do projeto de campo e da sociedade que integra a educação do Campo.
A autora cita três referências teóricas para que aconteça este diálogo: A primeira a tradição do pensamento pedagógico socialista, que nos ajuda a pensar a relação entre trabalho e educação; a segunda referência é a Pedagogia dos Oprimidos, especialmente em Paulo Freire e a terceira referência para a Educação do Campo é a chamada Pedagogia do Movimento, que se produz através dos movimentos sociais do campo.
Em relação à identidade do movimento por uma Educação do Campo é a luta do povo do campo por políticas públicas que garantam o direito à educação, e a uma educação que seja no e do campo. E para que isso aconteça é necessário que a Educação do Campo esteja presente no debate atual sobre a construção de um sistema nacional de educação, discutindo o lugar da Educação do Campo neste espaço.
Uma questão que me parece crucial para o debate dos impasses do momento atual é que estamos diante de um risco efetivo de recuo da pressão dos movimentos sociais por políticas públicas de Educação do campo, seja pelo refluxo geral das lutas de massas, e consequentemente o enfraquecimento dos movimentos sociais, acuadas pela necessidade de garantir sua sobrevivência básica, seja pelo receio de ‘contaminação ideológica’, ou de cooptação pelo Estado, ou até pela falta de consenso sobre o papel da educação na luta de classes e neste momento histórico em particular. Entendo que este recuo seria um retrocesso histórico para a classe trabalhadora e para a história da educação brasileira.
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