O Diário de Campo
Por: Bibiabea • 28/7/2021 • Trabalho acadêmico • 1.658 Palavras (7 Páginas) • 116 Visualizações
[pic 1] | Universidade Estadual do Maranhão –UEMA |
PROGRAMA ENSINAR | |
Curso: Pedagogia | Data: 02/04/2021 |
Docente: Sandra Passinho | Pólo: Tutóia |
Aluno(a): Beatriz Marques dos Santos |
FICHA DE LEITURA |
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Observa-se uma prática pedagógica limitada à preparação de espaços, disponibilização de materiais, com tarefas e/ou projetos de trabalhos originados de sugestões, preferencialmente das crianças, tendo como fonte algum evento, uma situação qualquer ou qualquer coisa inesperada. Logo assim, torna-se desnecessário ter objetivos e metas a serem alcançados, primando pelo espontâneo e o cotidiano, valorizando mais os conteúdos oriundos das manifestações e experiências infantis, das interações entre pares, daquilo que a criança é capaz de aprender sozinha, tendo como referência o que gosta, as suas vivências lúdicas expressas em atividades livres, espontâneas e de recreação, colocando o professor num patamar de parceiro e facilitador (LAZARETTI, 2013). Na ausência de direção, ou diante de uma direção indefinida, em que vale tudo, recai sobre a educação infantil uma forma de ensinar frágil e suscetível com práticas pedagógicas em que prevalecem ações que oscilam entre higiene, sono-vigília, segurança e alimentação ou antecipação mecânica da alfabetização, com exercícios prontos e instrucionais (LAZARETTI, 2013). A partir disso, é notório que existe uma lacuna sobre ‘’como ensinar’’ na educação infantil que supere tais ações didáticas. Assim, nosso esforço caminha na direção de refletir sobre princípios didáticos que explicitem como organizar o ensino na educação infantil a partir dos preceitos Pedagogia Histórico-Crítica e da Psicologia Histórico-Cultural . O diálogo entre a pedagogia e a psicologia permite evidenciar uma didática que compreenda o ensino como um processo que promove aprendizagens e provoca desenvolvimento na criança. A didática como teoria de ensino, se expressa pela unidade entre elementos objetivos-conteúdos-metodologias como síntese de uma organização de ensino que pode desempenhar sua função social como atividade educativa, numa direção humano-genérica. Isso porque há uma correspondência entre os objetivos estabelecidos pelo professor, em seu planejamento, com a seleção de conteúdos a serem ensinados às crianças, que deve contar como metodologias enriquecidas, diversificadas e contextualizadas, cujo resultado é a formação das complexas e elaboradas conquistas humanas no desenvolvimento cultural das crianças. A garantia desse resultado depende da unidade entre esses elementos da didática e a especificidade do desenvolvimento infantil que condiciona a estruturação de condições para uma organização do ensino de acordo com a dinâmica e as características próprias desse período inicial da formação humana (LAZARETTI, 2013). A complexa e desafiadora relação entre didática e desenvolvimento infantil, busca desenvolver culturalmente a criança e promover transformações nos processos psíquicos é dependente de determinadas condições em como organizamos o ensino. Para a Pedagogia Histórico-Crítica, a finalidade da educação escolar é formar a segunda natureza no sujeito, ou seja, aquilo que não é garantido pela natureza precisa ser produzido historicamente (SAVIANE, 1991). Na relação objetivo-conteúdo só se materializa se identificarmos as formas mais adequadas para viabilizar a aprendizagem. Nesse aspecto, organizar ações de ensino implica selecionar estratégias, viabilizar espaço adequado, mensurar o tempo, entre outras condições que permitam favorecer ações de aprendizagem. É notório que desde os momentos iniciais da vida, as crianças estão dispostas a agir sobre o mundo dos objetos e fenômenos humanos, isto é, desenvolvem-se em atividade. Durante os primeiros meses, a realidade externa abre-se para o bebê e nele se desenvolve a necessidade de comunicar-se emocionalmente com o adulto mais próximo, pois é o adulto quem o motiva a agir, a desvendar o meio circundante e a se relacionar com ele. Os princípios teóricos induzem a inferir que a comunicação se revela como principal veículo para orientar e impulsionar o desenvolvimento infantil e que pode impactar na forma de ensinar os bebês. Se expressa por meio do gesto, do toque, do olhar, da fala, da expressão facial; entre outras formas comunicativas, ao mesmo tempo em que começa a significar o mundo dos objetos e fenômenos humanos e incidir sobre o próprio desenvolvimento psíquico do bebê. As intervenções nesse primeiro ano de vida devem ter como objetivo, associado a suprir necessidades básicas de cuidado, expandir o repertório de experiências comunicativas que são mediadas por signos e, concomitantemente, por meio de experiências expressivas e instrumentais, que produzem novos motivos de agir sobre os objetos que a circundam. Os conteúdos de ensino se materializam na escolha de quais signos e instrumentos mediarão às ações de aprendizagem nesse processo. Abre-se aí espaço para introduzir metodologias primorosas como procedimentos auxiliares desse movimento de estar e agir no mundo, por meio de músicas, da literatura, de imagens, de objetos, de espaços, de alimentos, da natureza, de tudo que for acessível e desafiador. Se as intervenções de ensino foram adequadas, ao final do primeiro ano de vida, ocorrem importantes conquistas como as premissas da linguagem, provocada pela complexa necessidade de comunicação bebê-adulto, que pela imitação surgem os primeiros signos de balbucio, com indícios de fonemas da língua materna; a capacidade de deslocamento; adquire noções de espaço, de orientação, de domínio do próprio corpo, possibilitando a conquista da marcha ereta – o andar. Tudo isso converte-se em objetos de seu conhecimento, revelando suas propriedades e nexos (MÙJINA, 1979). Lazaretti (2013) afirma que essas conquistas emergem novos interesses no bebê, em especial, pelo mundo dos objetos, decorrente da comunicação emocional estabelecida com o adulto, possibilitando a formação da atividade de manipulação objetal. Pensar nesses princípios orientadores nos desafia a superar a tendência ainda presente nas práticas pedagógicas na Educação Infantil: ‘’a ideia de passividade, de cuidado para não se machucar é a que prevalece e, quanto aos materiais do pátio e aos da sala, parece que qualquer coisa para brincar já está bom’’ (BARBOSA, 2000, p. 185). Neste período, não basta o professor disponibilizar os objetos para a criança explorar sem uma orientação e sem critério, é necessário que adulto apresente os modos sociais de ação com os instrumentos culturais e direcione seus atos, agindo como um modelo de ação. Não basta dispor objetos, sejam eles, novos, usados e descartáveis, organizar espaços, ir à parques, tanques de areia, áreas externas amplas e arborizadas. A diferença está em como fazer o uso desses recursos em consonância com os objetivos traçados de acordo com o conteúdo a ser ensinado. Isso significa que podemos nos utilizar de toda a riqueza cultural que há nos objetos de uso cotidiano, como também nos brinquedos e recursos didáticos como mediadores para promover aprendizagens. Importa também refletir sobre como deve ser o direcionamento para os momentos livres que ocorrem nas escolas de educação infantil, que são necessários, porém é preciso avaliar como organizar esses momentos para que as crianças possam optar por pares, brinquedos e/ou objetos, movimentar-se em grupos e em espaços que permitam brincar. Com ações de ensino desencadeadoras de ações de aprendizagem, ao manipular os objetos, elementos da natureza e da cultura humana, na criança produzem-se interesses cada vez mais complexos e ela anseia compreender as relações entre as pessoas e suas funções sociais. Significa que o desenvolvimento dessa atividade requer ações de ensino que promovam o seu surgimento, o seu desenvolvimento e o seu direcionamento, com intervenções que provoquem novos conteúdos por meio do brincar. A aprendizagem das regras no jogo é um processo gradativo e sempre em dependência da situação imaginária e das regras em si. As ações de ensino devem ser direcionadas para enriquecer o repertório de conhecimento, vivências e experiências das e nas relações humanas, como também produzir novos interesses e motivos para outras esferas de conhecimento da realidade humana, ou seja, os conteúdos de ensino. De posse desses princípios, salientamos os desafios que se entrecruzam no caminho entre a didática e a promoção do desenvolvimento da criança. A finalidade da educação infantil é organizar o ensino de modo intencional e sistemático, mediante objetivos que visem promover a aprendizagem e desenvolvimento da criança, de torná-la humana, no sentindo de apropriar-se progressivamente dos múltiplos elementos culturais, ou seja, promover o desenvolvimento das complexas habilidades e capacidades humanas, pela mediação da aprendizagem escolar (LAZARETTI, 2013, P.116). Ao longo deste capitulo, que o ‘’como ensinar’’ na educação infantil se expressa em uma didática que tenha clareza dos princípios como orientadores das ações de ensino, não perdendo de vista a especificidade do trabalho educativo na educação infantil. Por meio das reflexões feitas, o esforço foi de articular as implicações da didática no processo de desenvolvimento da criança. |
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