PSICOPEDAGOGIA E AS HABILIDADES COGNITIVAS NA TERCEIRA IDADE
Por: Thais Juliana • 12/9/2015 • Resenha • 3.203 Palavras (13 Páginas) • 343 Visualizações
4. PSICOPEDAGOGIA E AS HABILIDADES COGNITIVAS NA TERCEIRA IDADE.
Historicamente, o Psicopedagogo é um profissional que aprofundou seu conhecimento no processo da aprendizagem humana, seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio familiar, escolar e social, para o estudo do ato de aprender, baseado no Código de Ética da Psicopedagogia, a princípio, com crianças e adolescentes. Mas, atualmente, a psicopedagogia está voltada para a compreensão do ser humano, no seu processo de aprendizagem em todas as etapas de sua vida, direcionando, assim, o seu olhar também para a terceira idade.
Entretanto, diante das explicações dadas anteriormente com relação às habilidades cognitivas e o desenvolvimento ao longo da vida, observamos que, com o passar dos anos, o nosso cérebro vai perdendo neurônios e apesar de ficar mais amadurecido, seu funcionamento pode ser prejudicado na parte cognitiva.
O declínio cognitivo é um resultado biológico do processo de envelhecimento, que pode ser minimizado, dependendo do estilo de vida que a pessoa escolhe (VANDERLEI et al 2014). No entanto, as principais alterações cognitivas ocorrem no processamento motor e na memória do idoso.
Nesses casos, o Psicopedagogo pode atuar com propostas interventivas e corretoras de perdas cognitivas experimentadas pelo ser em envelhecimento.
Schaie (1993) questiona, pode o declínio intelectual ser revertido através de uma intervenção educacional, levando em consideração o aumento da idade? Descreve que os estudos sobre treinamento cognitivo em sujeitos de sua pesquisa longitudinal, método que visa analisar variações e características dos mesmos elementos amostrais, ao longo do tempo por meio de observações, sem manipulação de fatores, sugere que tais declínios observados em idosos são decorrentes do desuso, mas podem ser revertidos, devido à plasticidade cerebral. Schaie (1993) ainda nos mostra que indivíduos que são bastante ativos e estimulam a área de aprendizado no cérebro, com o estudo de novas línguas, jogos diversos e atividades sempre diferenciadas que não mantenham a rotina, estão menos suscetíveis ao declínio cognitivo. A resolução de tarefas mais complexas, tanto no trabalho como no lazer, também surtem o mesmo efeito, ou seja, interferem positivamente no processo intelectual dos idosos.
Ainda de acordo com Silva (2010), tais atividades, mantém o desejo de pessoas idosas a se sentirem necessárias e de oferecerem algo em troca para a comunidade, mantendo assim, a sua vitalidade cognitiva. A melhoria em um dos domínios, sociais, cognitivo e/ou nas funções físicas podem levar a avanços significativos para outras regiões do cérebro.
Para Martins e Barbosa (2013), várias situações relacionadas às doenças são ocasionadas por fatores advindos dos aspectos físicos e psicológicos, que somados às dificuldades sociais e culturais, tais como baixa autoestima, incompreensão da família, desvalorização, podem impedir que o idoso, tenha uma vida saudável e feliz.
No entanto, o Psicopedagogo, pode ajudar na reversão dessas questões, com a atuação em uma equipe multidisciplinar, criando um relacionamento de aprendizagem e reconhecimento, identificando esta fase da vida, entendendo a formação cultural e familiar do indivíduo.
Para Bortolanza, Krahl e Biasus (2005), a velhice é uma etapa para viver, conviver, apropriar-se de razões éticas e estéticas, privilegiar ações de sonhos e de alegrias, reinvestindo em situações de ação e de aprendizagem. Os Psicopedagogos que atuam em equipe multidisciplinar buscam transformar estas virtudes em prática. Ao identificarmos características contrárias, como desânimo, falta de interesse ou até mesmo depressão, o psicopedagogo, deve estudar e trabalhar nas manifestações cognitivo-afetivas do sujeito em situação de aprendizagem.
4.1 ENTENDENDO O FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA NA TERCEIRA IDADE
Em diversos casos, a principal queixa do indivíduo idoso é a falta de memória, desconcentração e perda de mobilidade.
Gil e Busse (2013) descrevem a memória como uma habilidade incrível do indivíduo que permite a ele aprender e recordar informações a respeito do mundo e de suas experiências. Dessa forma, a memória faz um trabalho importante de novas conexões neuronais.
No entanto, ainda relatam os mesmos autores, que quando há uma alteração da memória decorrente do advento de uma doença, o cérebro também é restringido, surgindo assim, doenças degenerativas que interferem na vitalidade cerebral.
Sendo assim, Gil e Busse (2013), citam a importância da Neuroplasticidade Cerebral, informando que o treino cognitivo pode levar ao aumento da conectividade dos circuitos neuronais.
Muszkat e Mello (2012) explicam que o conceito da Neuroplasticidade Cerebral, está ligado a mudança adaptativa na estrutura e função do sistema nervoso. Se esta estrutura estiver danificada, ela deve ser estimulada para desenvolver novos dendritos e reconhecer a informação de outros neurônios no mesmo circuito, ou até mesmo em circuitos mais distantes (GIL; BUSSE, 2013).
Portanto, para Gil e Busse (2013), um processo que ajuda a manter a memória ativa é a repetição, uma vez que quando se para de exercitar alguma habilidade mental, não só se esquece de como exercê-la, como pode fazer com que tal habilidade seja utilizada de outra forma em partes diferenciadas do cérebro.
A memória pode ser classificada em estágios: sentidos, atenção, decodificação, armazenamento, e evocação. No entanto, o indivíduo deve estar com os cinco sentidos em plena forma, pois ao garantir a eficácia dos sentidos, é necessário prestar atenção. Logo, o indivíduo não pode dizer que não memorizou uma informação se não a viu e ouviu de maneira adequada (GIL; BUSSE, 2013).
Gil e Busse (2013) relatam ainda que a memória de atenção é a habilidade que uma pessoa tem de responder frente ao estímulo solicitado e fixar a sua concentração junto ao mesmo, caso o indivíduo consiga se concentrar em apenas uma situação, essa é chamada de memória seletiva, no entanto, há a possibilidade da atenção ser alternada dependendo da situação, onde o indivíduo tem maior flexibilidade mental e consegue fazer atividades variadas ao mesmo tempo. É necessário também, dividir a atenção em momentos em que o mesmo se torna capaz de responder simultaneamente às múltiplas tarefas ou exigências.
Sendo assim, Gil e Busse (2013) explicam que esses tipos de atenção são fundamentais ao auxílio da pessoa com problema de memória, pois está é a maneira em que a informação entra no cérebro para ser armazenada e evocada.
Para Silva (2010), a memória de atenção em idosos, apresenta maior dificuldade em localizar a atenção e inibir informações irrelevantes. Relata que é normal o indivíduo, com o passar dos anos, tender a despender menos tempo focando a sua atenção em certos assuntos, o que pode dificultar o armazenamento e, consequentemente, a lembrança de informações.
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