Resenha filme Quando sinto Que já sei
Por: Barbara Simiramis • 27/4/2016 • Resenha • 732 Palavras (3 Páginas) • 14.758 Visualizações
O documentário apresenta exemplos de escolas que optaram por mudar radicalmente suas metodologias e práticas educacionais, fugindo do modelo tradicional e mais amplamente utilizado no Brasil. A grande proposta está em levantar e discutir ideias sobre o atual momento da educação e também o desenvolvimento de métodos alternativos. Carteiras sempre enfileiradas, aulas de 50 minutos, provas todo final de mês, reprovação, sinal de fábrica para indicar o intervalo e mudança de aula, grades nas janelas, muros altos, currículos extensos, inúmeras disciplinas diferentes. O formato da grande maioria das escolas de hoje, oferece os recursos necessários para que crianças e adolescentes desenvolvam todo seu potencial? O ensino da maneira como é oferecido hoje proporciona uma aprendizagem significativa? O documentário conta com o depoimento de professores, pesquisadores, psicólogos, diretores, pais e alunos, todos com o mesmo desejo de romper com o modelo escolar convencional e explorar novas maneiras de aprender. Para muitos educadores o modelo convencional de educação se preocupa apenas com o conteúdo conceitual e cumprimento do currículo estipulado deixando de lado o desenvolvimento de outras competências e as relações interpessoais. A escola hoje em dia é vista por muitos como um ambiente chato e difícil. Educação não é apenas o que está nos livros, ensinar não significa punir e reprovar um aluno quando este tem dificuldade de aprender. Julgar um aluno não apenas pelo o que ele conseguiu aprender, mas também por aquilo que ele tem potencial para desenvolver. Nos modelos de escolas apresentados o desenvolvimento pessoal é mais valorizado, não existe uma organização seriada e rígida, os alunos possuem mais liberdade, o professor é visto como tutor e mediador do conhecimento, o currículo é diferenciado e adaptado as novas metodologias, não existem salas de aulas divididas em séries, mas sim ambientes de aprendizagem onde os alunos podem formar grupos compartilhando dúvidas e conhecimento, existe uma busca por maior interação com a comunidade, os alunos são mais ouvidos, as discussões são valorizadas. Tudo isso com o intuito de criar um ambiente onde os alunos se sintam a vontade para aprender e principalmente que desenvolvam o gosto pelo conhecimento.
Com certeza os modelos apresentados no documentário nos faz repensar sobre o que é educação e como devemos trata-la nas escolas. Após a universalização da educação no Brasil, com o tempo o problema de alto índice de pessoas fora da escola foi praticamente resolvido, mas por outro lado surgiu o desafio de oferecer escola para um número muito maior de pessoas e manter um padrão de qualidade. Os resultados de avaliações do ensino básico no Brasil e a própria convivência com alunos ou pessoas ligadas a educação mostram que a qualidade do ensino é baixa. A escola enfrenta hoje vários problemas e a educação muitas vezes é tratada apenas como números e brigas partidárias. Esta mudança radical de ponto de vista educacional desenvolvida nas escolas apresentadas no documentário exige grande empenho e comprometimento. O Brasil é um país enorme com uma demanda muito grande, o maior desafio está em como reorganizar a educação. Um dos grandes problemas apontados pelo documentário é a falta de tempo dos professores. Com uma extensa carga horária a ser cumprida não sobra tempo para que os professores possam interagir melhor com seus alunos, a grade rígida muitas vezes não permite atividades diferenciadas. A possibilidade de mudança muitas vezes é vencida pela acomodação. A Lei de Diretrizes e Bases concede autonomia para as escolas desenvolverem seus próprios métodos de ensino desde que cumpram com as diretrizes curriculares. O documentário mostra exemplos de escolas que adotaram métodos diferentes e apresentam bons resultados. Isso não significa que não existam problemas ou dificuldades e muito menos que existe um modelo ideal ser seguido com garantias de sucesso. É necessário que ocorra uma adaptação a mudança, seja ela qual for, não só dos alunos, mas também dos professores e gestores escolares. A autonomia das escolas justamente é concedida para que cada escola se adapte ao público que atende da melhor maneira possível. O documentário mostra casos em que a mudança foi possível e os resultados foram satisfatórios, o que mostra que a mudança é possível quando existe empenho e dedicação. Mudar não é fácil e as dificuldades encontradas nas escolas brasileiras são conhecidas, mas se partirmos do pressuposto de que é complicado demais, difícil, de que não é possível, a mudança nunca acontecerá e o desejo de melhora nunca passara apenas de um desejo.
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