Sumerhill

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CURSO DE PEDAGOIA  2ª FASE

DISCIPLINA: HISTÓRIA E EDUCAÇÃO

PROFESSOR: NORBERTO DALLABRIDA

ALUNA: IARA DEMÉTRIO LANGE

A PEDAGOGIA LIBERTÁRIA DE ALEXANDER NEILL SEGUNDO CLERMONT GAUTHIER E MAURICE TARDIF

PAULO LOPES, JUNHO DE 2015

INTRODUÇÃO

        Este trabalho proposto pelo professor de História e Educação tem como objetivo aprofundar conhecimentos em um tema dado em sala de aula que despertou interesse e curiosidade em nós acadêmicas. Um tema que me despertou esse interesse foi a escola Summerhill, que foi criada por Alexander Neill, em 1921 localizada na cidade de Leiston. Esta escola tinha como finalidade pedagógica a liberdade da criança. Foi a pioneira dentro do movimento das chamadas Escolas Democráticas, que são escolas que se baseiam em uma pedagogia libertária.

        Neill se distingue de quase todos os pedagogos do movimento da escola nova, pois tinha um método que ia em oposição à tradição. Seus princípios eram contrários da escola nova por que ele defendia que a criança tem que ser livre para tomar decisões, e que estas decisões devem valer tanto quanto a de um adulto. Defende também a escola como um ambiente onde a criança faz o que quer e na hora que quer, desde que não atrapalhe outras pessoas, não tendo assim compromisso nem mesmo com a aula. Summerhill explorava mais o lado emocional das crianças, nesse sentido as aulas de teatro, os trabalhos manuais e aulas de dança ganham grande destaque comparadas com as disciplinas tradicionais.

        Summerhill era como uma pensão mista, que tinha capacidade de acolher cerca de 25 meninos e 20 meninas, dos 5 aos 15 anos. No início, nos seus primeiros anos, tinha apenas 10 alunos. Após Neill ter publicado The Problem of the Child, livro este que foi reeditado por várias vezes e fez com que Neill ficasse mais reconhecido, em 1927 a escola tinha 35 alunos e em 1934 já possuía cerca de 70 crianças e mais 14 funcionários. As origens dessas crianças eram bem variadas, e geralmente, elas vinham de famílias de classe média alta, tendo uma renda suficientemente boa para poder pagar um pensionato relativamente elevado. Embora existisse muitas críticas sobre uma escola muito libertária e por outras tentativas darem errado, a Summerhill foi aprovada por muitos e foi uma escola que durou. Da tal escola da “liberdade” que muitos diziam que não se tinha controle e iria formar marginais e pervertidos, pode ser visto alunos de Neill se tornando adultos maduros, se formando e tendo sua profissão, e formando uma família. Formaram-se adultos totalmente encontrados em si mesmo por terem tido a chance de viver sua infância sem algo que os oprimissem psicologicamente.

         Segundo FULANO, Neill no início de sua vida já trabalhou como aluno-mestre na escola de seu pai, aos 25 anos se mudou para Endiburgo onde ingressou na faculdade, depois de formado virou diretor de uma escola em uma aldeia na Escócia, e neste período lançou um texto que, segundo o autor, teve um sucesso considerável.

         Neill tem uma forte influência por psicanalistas da época, como por exemplo, Lane Sketel e Wilhelm Reich. O autor ainda conta sobre a psicanalise que é um método clínico que procura suprimir os distúrbios psíquicos por uma análise do inconsciente, cuja formação é explicada a partir do desenvolvimento sexual. (GAUTHIER, 2013)

Nesta época, na psicanalise freudiana, foram identificados vários estágios do desenvolvimento da sexualidade. Estágio oral, estágio anal, estágio fálico, período de latência e a resolução da situação edipiana.

Para a parte da educação, Neill se inspira em Reich, pelo menos em partes, já que antes já tinha sofrido influência de Lane, e Lane defendia que toda criança nasce boa e que, se se torna mal, a culpa é do autoritarismo (HEMMINGS, 1981: 51). Ainda que Neill se inspirasse em Reich, tinha também ideias contrárias, enquanto Reich usava da psicanalise para chegar numa crítica social, Neill fazia o contrário, primeiro ia à crítica para depois chegar a uma forma de psicanálise. Ideias contrárias são vistas também no caso onde Reich acredita que antes de tudo deve-se primeiro trabalhar o sobre o social, já o projeto político de Neill é que deve primeiro trabalhar o indivíduo para que este mude a sociedade.

        A ideia psicanalista de Reich para Neill aparece fortemente mais tarde, que é a ideia de que é necessário a criança esgotar o seu desejo se quiser atingir o equilíbrio.

“Toda a ideia de Summerhill se resume na liberação: permitir à criança que esgote os seus interesses naturais” (NEILL, 1973). É neste ponto que Neill mais se aproxima da psicanalise reichiana. Deste modo e neste sentido, tanto para Neill quanto para Reich é necessário realizar o desejo e não sublimá-lo.

Falando um pouco de Summerhill em estrutura, podem-se ver prédios grandes em torno de um chalé feito de tijolos e madeira. O térreo é divido em grandes partes, a parte maior servia para as reuniões, festas e teatro. Havia também uma biblioteca com um número grande de livros. Os dormitórios eram coletivos, com exceção de alguns alunos mais velhos que tinham quartos individuais. Na parte de trás do prédio tinha o refeitório, cozinha e uma oficina onde, segundo o autor, havia uma desordem considerável. O ensino se dava “em pequenas barracas de concepção muito rústica, situadas na parte traseira do prédio principal” (SAFFANGE, 1985).

Havia também pequenas construções espalhadas pela área que serviam de alojamentos para professores e crianças. Por final. Havia uma piscina, terrenos para prática de esportes e uma grande estufa.

O autor defendia a ideia de que a Summerhill tinha uma organização pedagógica mínima, já que as crianças faziam o que queriam na escola inclusive nos horários de aula que era entre 9h30min e 12h30min. Durante a semana, as noites eram exclusivas para o lazer “diferente” daquele que se tinha dentro da escola para os alunos. Vários iam ao cinema, havia também palestras sobre psicologia organizadas por Neill, atividades artísticas, dança e teatro. E o sábado a noite era reservado para as reuniões de assembleia geral. Essas assembleias duravam cerca de uma hora e participavam alunos, professores e colaboradores da escola, onde eram discutidos assuntos diversos sobre a escola, mas que era de interesse de todos, e a palavra e o voto de todos contava como igual para a tomada de decisões.