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A ATENÇÃO E CONSCIÊNCIA STERNBERG, Robert J. Psicologia Cognitiva

Por:   •  19/3/2020  •  Trabalho acadêmico  •  5.191 Palavras (21 Páginas)  •  906 Visualizações

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CAPÍTULO 4: ATENÇÃO E CONSCIÊNCIA

STERNBERG, Robert J. Psicologia Cognitiva

A NATUREZA DA ATENÇÃO E DA CONSCIÊNCIA

Atenção é o meio pelo qual selecionamos e processamos uma quantidade limitada de informação dentre todas as informações capturadas por nossos sentidos, nossas memórias armazenadas e outros processos cognitivos (De Weed, 2003a; Rao, 2003). A atenção inclui processos conscientes e inconscientes (Nobre e Kastner, 2014), pois se uma pessoa prestasse atenção consciente a tudo a sua volta, logo se sentiria sobrecarregada.

A atenção permite utilizar os recursos mentais limitados (Goleman, 2013). É possível focar mais em um estímulo que nos interessa do que naqueles que não nos interessa. Esta atenção acentuada aumenta a probabilidade de respostas rápidas e precisas aos estímulos interessantes, além de potencializar os processos de memória, pois é mais fácil nos lembrar daquilo em que prestamos atenção do que no que nós ignoramos.

Os psicólogos acreditavam que atenção e consciência fossem a mesma coisa, mas hoje, eles reconhecem que somos capazes de prestar atenção em algumas informações sensoriais e memórias sem nossa consciência (Bahrami et al, 2008; Shear, 1997).

Como trabalha a atenção? A todo momento percebemos muitas informações sensoriais. Pelos processos de atenção, automáticos ou controlados, filtramos as informações relevantes e nas quais queremos prestar atenção. Esse filtro nos conduz a tomar atitudes com base nas informações tratadas.

Consciência inclui a sensação de consciência e o conteúdo da consciência, que podem estar no foco da atenção (Bourguinton, 2000; Farthing, 1992, 2000; Taylor, 2002). Assim atenção e consciência formam dois conjuntos parcialmente sobrepostos (Sirinivasan, 2008; DiGirolando e Griffin, 2003). Por exemplo, quando escrevemos nosso próprio nome necessitamos de um pouco de consciência, mas muito menos do que quando vamos escrever uma palavra nova ou um nome estrangeiro quer requer de nós mais atenção a sequencia de letras.

A atenção consciente desempenha um papel causal na cognição, além de servir a três propósitos.

  • Ajuda a monitorar as interações do indivíduo com o ambiente.
  • Ajuda as pessoas a estabelecer uma relação com o passado e o presente para dar sentido de continuidade da experiência.
  • Ajuda as pessoas a controlar e planejar as ações futuras com base nas informações de monitoramento e das ligações entre as memórias passadas e as sensações do presente.

QUATRO FUNÇÕES PRINCIPAIS DA ATENÇÃO

Função

Descrição

Exemplos

Detecção de sinal e vigilância

Tentamos detectar o surgimento de estímulos

  • Em um submarino de pesquisa, prestamos atenção em sons intermitentes e incomuns.
  • Em uma rua escura, tentamos detectar sinais ou sons indesejados.
  • Após um terremoto, devemos ter cautela em relação a cheiro de gás ou de fumaça.

Busca

Fazemos buscas ativas por determinados estímulos

  • Ao detectar fumaça (pela vigilância) fazemos uma busca ativa pela origem da fumaça.
  • Procuramos por chaves, óculos e outros itens dos quais damos falta.

Atenção seletiva

Escolhemos atentar para alguns estímulos e ignorar outros. Focar a atenção nos ajuda a executar outros processos cognitivos como a compreensão verbal ou a solução de um problema

  • Prestamos atenção na leitura de um livro ou assistimos a uma aula enquanto ignoramos estímulos como um rádio próximo ou conversas paralelas em sala de aula.

Atenção dividida

Conseguimos realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo e redirecionamos os recursos atentivos distribuindo-os segundo as necessidades.

  • Em muitas situações, motoristas conversam enquanto dirigem, mas se algo surge como potencial risco eles param de conversar e focam sua atenção para o trânsito.

Observar os sinais no curto e no longo prazos

        Pense numa praia lotada e nos salva-vidas. Esta é uma profissão que exige horas de atenção dedicada ao movimento do mar e das pessoas para que nada de errado ocorra ou, que pelo menos, possa ser socorrido a tempo.

No curto prazo eles tem de identificar um estímulo crucial entre o conjunto de estímulos na praia (detecção de sinais) por exemplo, para ter certeza se uma pessoa está se afogando; no entanto, no longo prazo precisam prestar atenção por muito tempo (vigilância) para garantir que nada está errado durante o período de trabalho.

DETECÇÃO DE SINAIS: identificar estímulos importantes no grupo

A teoria da detecção de sinal (TDS) explica como as pessoas captam estímulos importantes incorporados a um conjunto de estímulos irrelevantes que os distraem. A TDS é geralmente usada para medir a sensibilidade à presença de um alvo.

Quando tentamos detectar um estímulo alvo (sinal), temos quatro resultados possíveis: acertos (verdadeiros positivos), alarmes falsos (falsos positivos), falhas (falsos negativos) e rejeições corretas (verdadeiros negativos).

Sinal

Detectar um sinal

Não detectar um sinal

Presente

Acerto: salva-vidas acha que alguém está se afogando e realmente tem alguém se afogando.

Falha: salva-vidas acha que ninguém está se afogando, mas na verdade há alguém se afogando.

Ausente

Alarme falso: salva-vidas acha que alguém está se afogando, mas na verdade não há ninguém se afogando.

Rejeição correta: salva-vidas acha que não há ninguém se afogando e realmente não há ninguém se afogando.

        Para elegermos um estímulo como alvo fazemos julgamentos de detecção com base em informações inconclusivas. A quantidade de acertos é influenciada por onde colocamos os critérios para considerar algo como alvo. Em outras palavras, até que ponto estamos dispostos a dar alarmes falsos. Isso vai depender da importância, da gravidade e da consequência das falhas. Voltando ao exemplo do salva-vidas, na dúvida se a pessoas está ou não se afogando ele sair ao resgate, pois é melhor dar um alarme falso do que deixar que alguém se afogue. Além da atenção a TST também está relacionada a percepção (captar os sinais) e a memória (familiaridade com o estímulo).

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