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A Análise de Dados

Por:   •  28/4/2021  •  Resenha  •  25.476 Palavras (102 Páginas)  •  253 Visualizações

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INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA[pic 1]

INSTITUTO TECNOLÓGICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

ATIVIDADE AVALIATIVA

Por

Valéria Cristina Teixeira Franco

Campos dos Goytacazes - RJ

Novembro / 2020

ANÁLISE DE DADOS

A partir da análise de dados das publicações realizadas entre os anos de 2016 a 2021 da Revista Psicologia USP.  Tendo como Qualis B2, abrangendo os periódicos de excelência nacional com publicação quadrimestral desde 1990.

Por se tratar de uma revista de acesso livre produzindo conhecimento científico gratuitamente, proporciona a democratização mundial do conhecimento.

O foco central da referida revista é a divulgação de artigos de reflexão e ensaios a tópicos clássicos da Psicologia com o objetivo de nortear as preocupações atuais dos pesquisadores e de seus debates mais significativos.

Para melhor entender a dinâmica de publicações da revista foi desenvolvida uma análise de dados, afim de construir um panorama informativo sobre as publicações entre os anos de 2016 a 2020.

Gráfico 1. Quantitativo Anual de Publicações

[pic 2]

        Fonte: a autora

        O gráfico apresenta uma diminuição anual de publicações pela Revista Psicologia USP. Entre o ano de 2016 a 2017 a revista publicou 13% menos artigos. Para o ano de 2018 a revista diminuiu em 3% seu número de publicações. Em 2019 apresentou um percentual de 40% menos publicações se comparado com o ano anterior. E por fim no ano e 2020 a revista publicou somente 5 artigos, quando comparada com o ano de 2019 a revista realizou 80% menos publicações, sendo assim evidencia-se ano a ano a diminuição de publicações realizadas pela Revista Psicologia USP.

        A análise das palavras chave na tabela de artigos apresenta grande variação de conceitos e conteúdo, o que demostra uma abordagem ampla em diversos temas de interesse em Psicologia. Porém foi possível observar uma maior prevalência de estudos sobre o Self dialogo com abordagens diferenciada porem presentes entre as temáticas abordadas em alguns estudos.

        Com destacado anteriormente sobre a prevalência do Self dialógico e de temas tais como a bullying, transexualidade a análise dos temas abordados leva a compreensão de que os temas mais abordados pela revista são os temas de aplicação comportamental, o que faz com que a revista se torne grande fonte de conhecimento para pesquisadores que abordem o comportamento humano em seus estudos ou até mesmo como fonte de conhecimento para estudantes de psicologia que desejam somar conhecimento e interagir com diversos temas.

        Pela análise dos artigos publicados pela Revista Psicologia USP foi possível chegar ao resultado apresentado pelo gráfico abaixo, onde o mesmo demostra quais cidades e regiões mais realizam publicações em psicologia no Brasil.

2. Locais de Publicação

[pic 3]

Fonte: a autora

Conforme o gráfico apresentado, foi possível constatar que São Paulo é a cidade que mais realiza publicação de artigos na Revista Psicologia USP, seguidos por Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Não sendo possível afirmar os motivos pelos quais essas cidades realizam tantas publicações, porém é possível deduzir que tal fato ocorre devido ao grande número de profissionais em psicologia e também pela maior concentração de instituições de ensino superior com graduação em psicologia e a presença de grandes centros de pesquisa em psicologia, dentre tantos, sendo possível destacar o Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Saúde CEPPS em São Paulo, Centro de Estudos em Psicologia - CEPSI  no Rio de Janeiro e o  Instituto de Ensino e Pesquisa em Psicoterapia – IEPP m Porto Alegre.

Foi possível constatar que todas as regiões brasileiras durante o período analisado publicaram artigo na referida revista, destacando-se a região sudeste com a região que mais realizou publicações.

Quanto a temática mais abordada nos artigos observa-se que a psicologia clínica ainda é o tema de maior ênfase em publicações, seguidos de artigos de psicanálise e neuropsicológicos.

Após análise dos artigos foi observado que não foram publicados artigos que abarquei os transtornos compulsivos alimentares, mesmo a revista apresentando tantos artigos de enfoque clinico, dentre o período analisado não foi possível observar esta temática que vem e expandindo nos últimos anos, fazendo com que a parceria psicólogo e nutricionista se torne uma relação cada vez mais constante.

Após a análise de todos os artigos foi possível concluir que a Revista psicologia USP muito contribui para a difusão de informações e conhecimentos tanto para profissionais em psicologia quanto para graduandos. A revista traz uma variedade de temas em artigos, onde em sua grande maioria a linguagem utilizada é fácil compreensão, o que possibilita o entendimento de profissionais e leigos no assunto.

Possuir um canal que agregue conhecimento em psicologia contribui grandemente para a formação profissional em psicologia, sendo possível mesmo ainda em graduação realizar renovação de conhecimento propiciando ao estudante de psicologia estar sempre atrelado aos diversos temas que a psicologia aborda.

        

TABELA COM OS ARTIGOS PUBLICADOS

Título do Artigo

Origem do Artigo

Palavras Chaves

Ano do Artigo

Resumo

Sonhar o Desaparecimento forçado de pessoas: impossibilidade de presença e perenidade de ausência como efeito do legado da ditadura civil-militar no Brasil.

São Paulo/SP

Elaboração onírica, ditadura, desaparecimento forçado.

2016

Sociais, políticos e psíquicos

O analista como testemunha.

Rio de Janeiro/RJ

Testemunha, espaço potencial, clínica, psicanálise.

2016

Psicologia clínica

Entre psicanálise e história: o testemunho.

São Paulo/SP

Trauma, testemunho, responsabilidade do analista, subjetividade, genocídio.

2016

 Testemunho de sobreviventes de genocídios para se perguntar o que eles ensinam ao analista sobre os traumas históricos e os efeitos da violência histórica sobre a subjetividade humana.

Quem testemunha pelas testemunhas? Traumatismo e sublimação em Primo Levi.

São Paulo/SP

Sublimação, trauma, Levi, Primo (1919-1987), testemunho, Shoah.

2016

Analisar as relações entre o traumatismo e a sublimação a partir da análise da produção testemunhal, literária, poética e autobiográfica de Primo Levi.

Ensaio sobre arte e testemunho: Rodrigo Braga e a invenção da experiência.

Niterói/RJ

Testemunho, trauma, arte contemporânea, psicanálise, invenção da experiência.[pic 4][pic 5]

2016

Enfoca o testemunho como uma posição discursiva e explora seu papel na simbolização do trauma

Antimonumentos: trabalho de memória e de resistência.

Campinas, SP, Brasil.

Antimonumentos, arte da memória, mnemotécnica, Simônides de Ceos, arte e violência.

2016

Reflexão sobre o fenômeno dos "antimonumentos" que surgiram no final do século XX como uma forma de lidar, pelo viés das artes, com a violência de Estado, como nos casos do nazismo e das ditaduras latino-americanas.

A concepção restauradora da narrativa em Sartre.

São Paulo/SP

Narrativa, Sartre, filosofia, vida, metamorfose e existencial.

2016

Este trabalho procura seguir os traços desse Sartre inventor de formas narrativas, mostrando que, desde La Nausée, não hesitou em colocar entre parênteses os gêneros para propor formas novas, mais coerentes com suas experiências e reflexões. Junto com os Carnets de la drôle de guerre, Les Mots e L'Idiot de la famille, o esforço empreendido em La Nausée mostra que do entrelaçamento fundamental entre vida e obra salta uma concepção restauradora da narrativa como mediadora do processo de transformação existencial.

A verdade entre o mesmo e o outro: a modernidade e a psicanálise em Foucault.

Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Verdade, identidade, diferença, psicanálise, modernidade.

2016

O objetivo deste artigo é articular a categoria da verdade e os registros de identidade e diferença na análise de Michel Foucault sobre a modernidade e o discurso de Freud. Por identidade entendemos a ordem de distribuição das palavras e das coisas num dado período da história, e por diferença aquilo que no pensamento está fora, é outro e surge como acontecimento. Ora, essa disposição entre o mesmo e o outro é a condição de possibilidade de uma análise do presente, análise que investiga a verdade histórica daquilo que somos, bem como de uma crítica de si, o que inclui a possibilidade de o pensamento se reinventar e ultrapassar seus limites. A psicanálise, nesse panorama, surge como um discurso do inconsciente, que aponta para a finitude do homem e para a experiência trágica da loucura. Trata-se, portanto, de uma modalidade de pensamento em que os acontecimentos introduzem novas formas de veridição.

Honneth e a pulsão: sobre as razões e as consequências para a crítica social da rejeição honnethiana à pulsão de morte freudiana.[pic 6]

São Paulo, SP, Brasil.

Reconhecimento, intersubjetividade, Escola de Frankfurt, pulsão, identidade.

2016[pic 7]

Axel Honneth associa sua leitura de Hegel à psicologia da maturação de Winnicott de modo a defender teses sobre intersubjetividade e reconhecimento. Esta articulação entre filosofia e psicanálise é objeto da crítica de dois hegelianos: Joel Whitebook, leitor de Freud, e Judith Butler, leitora crítica de Freud e Lacan. No centro da polêmica está a rejeição honnethiana ao trabalho do negativo realizado pela pulsão de morte freudiana. Pretendemos seguir o rastro deste debate e investigar as razões e consequências para a crítica social da recusa do frankfurtiano à pulsão.

O brincar e invenção do mundo em Walter Benjamin e Donald Winnicott.

São Paulo, SP, Brasil.

Brincar, Benjamin, Walter, Winnicott, Donald Woods.

2016

O presente estudo tem como tema central o brincar, e parte do pressuposto de sua importância fundamental para o desenvolvimento do indivíduo e da cultura. Trata-se de uma pesquisa teórica cujo objetivo é a discussão e articulação do conceito de brincadeira em Walter Benjamin e Donald Winnicott. Parte-se da introdução ao pensamento de Winnicott para em seguida colocá-lo em diálogo com algumas ideias de Benjamin sobre o brincar. Ambos os autores destacam a importância da brincadeira na cultura e colocam em evidência sua dimensão psicológica. Os fenômenos transicionais de Winnicott e a doutrina das semelhanças de Benjamin apontam para o instante em que se criam as condições culturais, históricas e psicológicas para a invenção dos mundos que passamos a habitar.

A noção de psicanálise aplicada nos primeiros anos do movimento psicanalítico.

Paris, França
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Psicanálise aplicada, método psicanalítico, história da psicanálise.

2016

Levando em conta a inserção da psicanálise no contexto científico da segunda metade do século XIX, o objetivo deste artigo será discutir a noção de psicanálise aplicada sustentada por Freud e seus pares nos primeiros anos do movimento psicanalítico. Para tal serão consultados trabalhos considerados pelo movimento como aplicados, assim como algumas contribuições de caráter metodológico, todos publicados durante este período inicial da história da psicanálise. Cabe ressaltar que, neste artigo, será priorizado o estudo das fontes primárias ligadas ao debate em questão.

Histeria ainda hoje, por quê?

Maceió, AL, Brasil.

Histeria, contemporaneidade, mutação cultural, nova economia psíquica, Charles Melman.[pic 8]

2016

Estudo teórico que teve o propósito de discutir a histeria na contemporaneidade, considerando as mudanças culturais que podem ter acorrido desde a fundação da psicanálise até hoje. A discussão teve como cerne os apontamentos de Charles Melman, posto que seja um psicanalista que vem pensando a posição do sujeito nas condições da cultura ocidental atual. Foram destacados aspectos que nos conduziram a elaborar um pensamento em torno de como a neurose histérica aparece no contexto contemporâneo. Partimos do princípio de que sofremos uma mutação cultural, na qual passamos de uma cultura propensa à neurose para uma propensa à perversão. Tal concepção determina que lidamos com sujeitos que funcionam sob a ordem de uma nova economia psíquica e que em decorrência assistimos a expressão de uma histeria coletiva que, por sua vez, seria espaço de reivindicação dos sujeitos, a fim de requisitar um paradeiro e reinventar um pai que já esteja destituído.[pic 9]

A labilidade do conhecimento adquirido: gênese e renascimento dos estudos sobre o efeito de reconsolidação.

Lisboa, Portugal.

Reconsolidação, memória, cognição.

2016

Um robusto conjunto de evidências demonstra que, após a reativação, as memórias incorrem em um estado de labilidade, durante o qual são suscetíveis a manipulações que interferem em seu conteúdo ou na probabilidade de recuperação no futuro. Esse efeito, denominado "reconsolidação", é similar ao período de instabilidade que se segue ao aprendizado de uma nova informação, classicamente referido como "consolidação". Embora o efeito de reconsolidação seja conhecido já há mais de 40 anos, apenas recentemente o tema recebeu notoriedade, e desde então um crescente número de publicações científicas tem elucidado alguns dos seus processos fundamentais. Porém, uma vez que o tema tem sido pouco divulgado na literatura nacional, este artigo apresenta uma revisão crítica de literatura, na qual se discutem os antecedentes históricos do conceito de reconsolidação, seus métodos de investigação, sua abrangência e as perspectivas de pesquisa.

O dispositivo da idade, a produção da velhice e regimes de subjetivação: rastreamentos genealógicos.

Florianópolis, SC, Brasil.

Velhice, dispositivo, subjetividade, discurso, psicologia social.

2016

Este artigo problematiza a produção histórica da velhice a partir do dispositivo da idade. Traça-se um rastreio genealógico que visa apontar algumas linhas que foram configurando enunciados sobre a velhice a partir de diversas correlações de forças, especialmente em contextos biopolíticos. Destaca-se como os discursos de verdade que enunciam a velhice produzem regimes de subjetivação e constituem sujeitos a partir de referenciais normalizadores e massificadores. A partir da desconstrução dos discursos relativos à velhice, aponta-se para a possibilidade de considerar as experiências das velhices para além das formas de tutela e de gestões calculistas da vida.

Práticas de risco entre os jovens: estudo preliminar sobre condutas ordálicas.

São Paulo, SP, Brasil.

Práticas de risco, condutas ordálicas, juventudes.

2016[pic 10]

Relata a discussão de uma pesquisa em andamento sobre o sentido das práticas de risco assumidas por jovens na transição para a vida adulta e resultados preliminares de um estudo piloto utilizando o Questionário de Funcionamento Ordálico. A partir da retomada do conceito de condutas ordálicas, procura-se aprofundar a análise de práticas de risco envolvendo jovens brasileiros como sintomas de um mal-estar que vivenciam na transição para a vida adulta. Realizou-se um experimento piloto com a aplicação de um questionário que avalia o funcionamento ordálico. A amostra inicial contou com 82 estudantes universitários, de ambos os sexos. Os resultados preliminares foram promissores na comparação dos quatro fatores por sexo dos sujeitos e na correlação com a idade. Avançar nessa perspectiva de investigação deve colaborar para o entendimento aprofundado dessas práticas, bem como para o desenvolvimento de ações preventivas e protetivas aos jovens.[pic 11]

O self dialógico em desenvolvimento: um estudo sobre as concepções dinâmicas de si em crianças.

Brasília, DF, Brasil.

Self dialógico, desenvolvimento psicológico, psicologia cultural, crianças.

2016

Investiga as transformações do self no contexto escolar em perspectiva dialógica e desenvolvimental. Apresenta o construto concepções dinâmicas de si (CDS) como unidade de análise do processo de transformação de Kelly, uma estudante de quinto ano em uma escola pública. A metodologia qualitativa e interdisciplinar incluiu observações, entrevistas e sessões de grupo focal. A análise priorizou os episódios de qualificação subjetiva na auto narrativa e nas interações sociais, identificação e categorização dos múltiplos indicadores dos posicionamentos pessoais e análise. Resultados destacam que alguns processos envolvidos na transformação subjetiva das crianças em períodos de transição são caracterizados por significativas alterações nas trajetórias das CDS e indicam que o salto desenvolvimental do self dialógico pode ser realizado pela motivação e pelo desejo de mudança do sujeito, mediante a construção de recursos semióticos socioafetivos integrados a fatores contextuais que atuam como catalisadores e potencializam as CDS em emergência.

A mediação semiótica da “responsabilidade”: um estudo sobre a construção de valores na transição para a vida adulta.

Salvador BA

Responsabilidade, valores, transição para a vida adulta, Teoria do Self Dialógico.[pic 12]

2016

A construção de valores é vista como um processo intensamente dinâmico envolvendo internalização e externalização de significados coletivos, além de ser fundamental para a construção de uma síntese pessoal. O presente artigo parte da Psicologia Cultural e da Teoria do Self-Dialógico e propõe que a "responsabilidade" pode ser entendida como um valor, como um campo afetivo semiótico carregado de sentidos. Um estudo de caso ilustra como uma jovem (Jane) navega na cultura coletiva e constrói um novo significado pessoal de si mesma como uma "pessoa responsável". O valor da "responsabilidade" vai sendo integrado ao sistema pessoal de valores da jovem através de continuidades e mudanças nos seus posicionamentos ao longo do tempo e em diferentes espaços, especificamente a família, o trabalho e a religião. Os resultados mostram a dinâmica dos posicionamentos e o surgimento de novas perspectivas para o futuro.[pic 13]

Trajetórias descendentes e ascendentes da análise dialógica: sétima interpretação analítica sobre o conto “O guerrilheiro.

São Paulo, SP, Brasil.

Teoria e metodologia da psicologia, análise de dados empíricos, dialogicalidade e cultura, psicologia cultural, construtivismo
semiótico-cultural.

2016

A unidade dialógica para a análise do Self inclui a interpenetração intersubjetiva descendente a partir das lentes do psicólogo sobre os sentimentos/pensamentos presentes na relação Eu-Outro, juntamente com uma demonstração analítica que se volta às transformações dos objetos que participam do fluxo intrapsicológico de pensamentos/sentimentos focalizados. As questões teórico-metodológicas selecionadas para o presente estudo concernem a prática dialógico-analítica de dados empíricos e a articulação do conteúdo analisado ao todo da situação da qual pesquisador e tema de pesquisa são partes. O dialogismo não possui um procedimento padronizado e não estamos considerando que exista apenas um procedimento metodológico correto na área. No entanto, discutindo algumas abordagens dialógicas ao conto de Albalucía Ángel (1979), encontramos que o ponto de partida das análises dialógicas deveria ser a relação mediada do Self com os outros, enfatizando a relevância da situação extra-verbal concreta.

Desenvolvimento do self e processos de hiperindividualização: interrogações à Psicologia Dialógica.

Brasília, DF, Brasil.

Desenvolvimento humano, enfoque dialógico, processos de estabilização, teoria dos campos afetivos, hiperindividualização.

2016[pic 14]

Em psicologia, à perspectiva dialógica estão associadas teorias do self, em especial a Teoria do Self Dialógico (TSD). Embora avanços consistentes venham sendo alcançados no que se refere à compreensão da organização dinâmica da estrutura do self no tempo microgenético, a teoria carece de estudos que se aprofundem na compreensão do desenvolvimento do self, tomando-se por base os distintos níveis temporais e suas relações. Este estudo propõe explorar essa lacuna, tomando por ponto de partida a tríade epistemológica da abordagem dialógica, a saber, suas bases semiótico-culturais, fenomenológicas e construcionistas. Em seguida, apresentará um estudo de caso em que serão analisadas as transições de desenvolvimento de um adolescente, considerando-se os complexos semióticos de gênero, raça e religião e seu papel nas transformações vividas em termos da organização temporal do self.

A multivocal idade indenitária: riscos e desafios de uma metáfora aglutinadora.

Coimbra, Portugal Braga, Portugal São Paulo, SP

Posição de identidade, voz, posicionamento, perspectiva semiótica, perspectiva cultural, perspectiva desenvolvimental.

2016

Os artigos apresentados representam diferentes aplicações da teoria do self dialógico. Partindo deste conjunto de contributos teórico-empíricos, desenvolvemos uma reflexão em torno da metáfora da multivocalidade identitária centrada em duas dimensões complementares: a necessidade de uniformização e transversalidade e a necessidade de inovação e diversidade. Nesse sentido, apresentamos uma revisão conceptual de três conceitos-chave desta perspectiva teórica (posição de identidade, voz e posicionamento) e uma análise das interligações com a perspectiva semiótica, a perspectiva cultural e a perspectiva desenvolvimental.

Aspectos da dialogia do mito Madre Ñame na cultura indígena
wounaan-nonam.

São Paulo, SP, Brasil Cali, Colômbia

Relações eu-outro-mundo, cultura coletiva, cultura pessoal, construtivismo
semiótico-cultural em psicologia.

2016

Reflete sobre maneiras de articular as relações eu-outro-mundo emergentes em diálogos envolvendo o imaginário mítico da cultura wounaan-nonam, uma comunidade indígena que vive na floresta tropical do pacífico colombiano. Desde a perspectiva do construtivismo semiótico-cultural em psicologia, a relação eu-outro-mundo se produz na conservação e transformação das culturas pessoal e coletiva: nesse processo o outro é uma oportunidade para que o eu interrogue e seja interrogado no diálogo com a cultura tradicional. A construção da cultura pessoal - base de toda cultura humana - é um processo único, no qual cada pessoa cria ativamente relações de significado em um sistema de mitos que permite aberturas e fechamentos na geração de novos mitos no contexto da cultura coletiva. A articulação da relação eu-outro-mundo emerge da análise dialógica do mito Madre Ñame dessa comunidade.

A imaginação psicológica.

São Paulo -    Aalborg, Dinamarca.

Funções psicológicas superiores, falácia ontológica do psicólogo, self dialógico, imaginação psicológica.

2016

O comentário apresenta uma reflexão epistemológica sobre a teoria do Self Dialógico. Inicialmente, são discutidas questões teóricas da TSD sobre a relação entre individualidade, alteridade e sociedade, elaboradas com base nos artigos que constam desse número especial. Em seguida, discute-se o argumento da falácia ontológica, ou seja, a atitude de se desviar do estudo do processo para estudar entidades psicológicas. Por fim, propõe-se o desenvolvimento em direção a novas possibilidades de pesquisa, com foco no estudo das funções e dos processos psicológicos superiores, levando em consideração os produtos simbólicos complexos da atividade humana e a imaginação psicológica em desenvolvimento.[pic 15]

Constituição e desenvolvimento do Self dialógico e da relação triádica.

PE, Brasil.

Diálogo, tempo, outro, historicidade, tríade, início da vida.

2016

Ressaltamos a importância do estudo da gênese do self dialógico. Propomos que esse self emerge e se desenvolve no processo de comunicação em face do Outro. Tendo como foco a história da díade mãe-bebê nos primeiros oito meses de vida do bebê, sugerimos que tanto os padrões de organização do diálogo - atingindo a forma abreviada do diálogo - como a análise das posições que assume a fala da mãe denotam um processo de diferenciação do bebê como parceiro nesse diálogo. Também, o despontar do bebê como agente e sua subjetividade emergem respaldados no desenrolar da historia construída pela díade. Essa historicidade, possível de ser construída através de uma emergente capacidade do bebê de distanciamento e, portanto, capaz de abstrair as ações do contexto imediato no qual ocorrem, se constitui como um terceiro polo do diálogo, formando, então, uma relação triádica.

Passos para uma convergência de duas teorias dialógicas do Self.

Uruguai
São Paulo - SP

Self semiótico, self dialógico, convergência teórica, diálogo interno.

2016

O intuito é descrever os elementos que permitiriam aos pesquisadores reunir duas teorias diferentes, porém complementárias do self no campo da psicologia dialógica: a teoria do self semiótico - baseada no modelo triádico da geração de sentido de C. S. Peirce - e a teoria do self dialógico, baseada nos trabalhos de H. Hermans, os quais derivam das ideias do dialogismo de M. Bakhtin e de W. James. A vantagem dessa convergência teórica é argumentada através da apresentação dos componentes estruturais da semiótica triádica, incluída sua base fenomenológica e sua afinidade com os conceitos centrais da teoria do self dialógico. Discutimos um caso no qual o diálogo interno de uma pessoa com uma dúvida importante sobre sua vida é observado através de um método psicodramático, e assim a convergência teórica proposta é ilustrada através da manifestação de posições do eu opostas. Observou-se durante o decorrer do diálogo uma tentativa de síntese através da emergência de uma meta-posição.

Derrida: da razão pura à razão marrana.[pic 16]

São Paulo, SP, Brasil.

Derrida, identidade, territorialização.

2016

O pensamento político de Derrida testemunha as consequências da racionalidade logocêntrica de dominação e das guerras que fizeram dos indivíduos seres sem domicílio fixo. Este ensaio tem como objetivo discutir alguns elementos do pensamento filosófico e político do autor, observando especialmente suas relações com os conceitos de identidade e territorialização. Por fim, o ensaio discute a tarefa da desconstrução e sua relação com a ética e a política da amizade.

Opacidade das fronteiras entre real e virtual na perspectiva dos usuários do Facebook.

Buenos Aires, Argentina Brasília, DF, Brasil.

Facebook, subjetividade, redes sociais, real, virtual.

2016

Este artigo analisa a relação entre o mundo real e o virtual com base na perspectiva dos jovens usuários da maior rede social do mundo, o Facebook. Para a consecução do objetivo, esta pesquisa ouviu, por meio de entrevistas semiestruturadas, dez jovens usuários de ambos os sexos residentes no Distrito Federal. Os dados foram analisados sob a perspectiva interdisciplinar, particularmente respaldada em teorias interpretativas oriundas da psicologia social e da antropologia sociocultural. Evidenciou-se que os participantes concebem essas duas categorias como distintas uma da outra, na medida em que cada uma possui suas especificidades e relações de diferença e de similaridade. Constatou-se ainda que as vivências subjetivas dos sujeitos pesquisados acabam criando uma espécie de continuum cuja existência encontra-se justaposta entre cada um desses ambientes, tornando opacas ou movediças as fronteiras entre ambos.

Sobre Hannah Arendt: ética e racionalidade na sociedade contemporânea.

São Paulo, SP, Brasil.

Racionalidade, abstração reflexiva, lógico-matemática, conhecimento científico, ética.

2016

Este ensaio visa refletir sobre como superar obstáculos que se antepõem à capacidade de pensar de forma racional, a capacidade intelectual que envolve a abstração reflexiva e sua elaboração em correspondente argumentação. Parte da constatação de que, se se observa, de um lado, um crescimento na complexidade lógica do pensamento coloquial verbalizado, de outro, percebe-se uma ausência de competência nas operações intelectuais de análise dos processos racionais a ele subjacentes. Ou seja, a racionalidade contemporânea, alimentada pelos processos e produtos de conhecimento gerados através do pensamento abstrato e dedutivo do campo técnico-científico, comunicar-se-ia com a sociedade de maneira naturalizada, sob forma de representação social e, portanto, eivada de aportes ideológicos, de irracionalidades e/ou racionalizações acríticas. Visa-se refletir, então, sobre como subsidiar a superação de obstáculos à universalização do pleno exercício da razão e/ou da hermenêutica da racionalidade, instrumentalizando contrapontos aos impedimentos gerados pela ignorância ou pelas negatividades ou pelos núcleos dogmáticos do pensamento.

A noção de trabalho na experiência psicanalítica.

Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Trabalho, pulsão, Eros, experiência, liberdade.

2016

A partir da pesquisa das diversas maneiras como a noção de trabalho aparece ao longo da obra freudiana, tomando como ponto de partida os termos psicanalíticos compostos com o sufixo "arbeit", que apontam principalmente para o esforço do psiquismo em lidar com o excesso pulsional, este artigo enfatiza a importância dessa noção para se pensar a experiência psicanalítica como um trabalho erótico em busca da mobilidade pulsional, da transformação subjetiva e de outros modos de ser e acontecer na vida.[pic 17]

Olhar o cotidiano: percursos para uma psicologia social do trabalho.

Florianópolis, SC, Brasil São Paulo, SP, Brasil.

Psicologia social do trabalho, cotidiano, processos sociais, micropolítica.

2016

O artigo esboça os percursos de pesquisas que têm levado a psicologia social do trabalho ao estudo do cotidiano laboral. Apresenta o cotidiano como campo de apreensão do real, partindo de uma discussão interdisciplinar sobre o tema, salientando seus aspectos de repetição e de ruptura e as relações entre dimensões micro e macrossociais. Localiza os esforços de constituir o cotidiano como objeto da psicologia social e aponta para as dificuldades de teorização desse objeto. Finalmente, discute as razões do reconhecimento do cotidiano como campo privilegiado de investigação para o projeto de uma psicologia social do trabalho, na medida em que favorece o reconhecimento das singularidades dos sentidos e dos significados construídos pelos trabalhadores, das formas de interação social, dos processos organizativos, da micropolítica, das práticas astuciosas construídas no interior de relações assimétricas de poder.

Contribuições da hermenêutica de Paul Ricoeur à pesquisa fenomenológica em psicologia.

São Paulo, SP, Brasil.

Psicologia fenomenológica, pesquisa qualitativa, Paul Ricoeur, métodos de pesquisa – psicologia

2016

O trabalho objetiva apreender a especificidade e refletir sobre possíveis contribuições do método fenomenológico-hermenêutico de Paul Ricoeur à pesquisa fenomenológica em psicologia. Os resultados revelam que, na psicologia fenomenológica empírica, compreensão é sinônimo de interpretação e significa apreensão direta da estrutura do vivido (polo objetivo do círculo hermenêutico), ao passo que, na perspectiva hermenêutica de Ricoeur, é a aceitação radical da interpretação - entendida como resultado da dialética compreensão/explicação - atuante no decorrer de toda a investigação, o que assegura o reconhecimento da presença inalienável da subjetividade e o atendimento às exigências de rigor científico. Conclui-se que a hermenêutica de Ricoeur contribui para o aperfeiçoamento da psicologia fenomenológica empírica, uma vez que lhe oferece condições de maior coerência, consistência, profundidade e abrangência.

A recidiva do câncer pediátrico: um estudo    sobre a experiência maternal.[pic 18]

Ribeirão Preto, SP, Brasil Campinas, SP, Brasil.

Neoplasias, recidiva, família, luto, Psicologia.

2016

A recidiva em oncologia pediátrica é experienciada pelas mães como um evento crítico e ameaçador. O diagnóstico da recaída da doença implica a retomada do tratamento e o confronto com a possibilidade de fracasso terapêutico e perda do filho. Este estudo teve por objetivo compreender a experiência materna nessa fase do tratamento do filho. Neste estudo de abordagem qualitativa, uma mãe de 39 anos participou de uma entrevista semiestruturada envolvendo aspectos do percurso terapêutico de seu filho, ressonâncias nas relações familiares e confronto com a possibilidade de morte. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo temática. Os resultados evidenciaram temáticas relacionadas à atribuição de sentido à experiência, percepção de prejuízos na esfera relacional e constante ameaça da perda. Compreender as vivências maternas pode favorecer o planejamento de intervenções psicológicas que auxiliam a ressignificação do processo saúde-doença e preparam a família para o cuidado no final de vida.

Tempo, violência e transmissão.

Porto Alegre, RS, Brasil.

Transmissão, violência, pulsão, tempo.

2016

O objetivo deste artigo é apresentar, a partir da leitura de textos da teoria psicanalítica de Sigmund Freud, uma compreensão sobre os processos psíquicos do sujeito em uma situação de violência. Pensamos que a pulsão é a condição para o estabelecimento do laço entre sujeito e cultura. Quando uma situação de violência se apresenta ao sujeito, ela rompe com essa condição, anulando a possibilidade de ele se representar em um tempo e um espaço. Como forma de reestabelecer o sujeito nesse circuito pulsional que o coloca em relação com o outro, a transmissão dessa experiência de violência se apresenta como um dever. Essa transmissão, porém, não se faz sem a inscrição de perdas.

O mal-estar na psicopatologia contemporânea.

Campinas, SP, Brasil Jaguariúna, SP, Brasil.

Psicopatologia, psiquiatria, psicanálise e organicismo.

2016

O objetivo deste artigo é apresentar uma leitura, orientada pela psicanálise, sobre o mal-estar no campo da psicopatologia contemporânea. Encontrar os marcadores biológicos para explicar o comportamento humano e seus desvios é um sonho há muito tempo mitigado pela psiquiatria. E agora ganhou novo investimento a partir do novo plano estratégico do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH, sua sigla em inglês), que se por um lado estimula o avanço da ciência, por outro, representa um reducionismo organicista. Sem tomar uma posição oposta, ou seja, de um psicologismo dos transtornos mentais ou de uma negação de fatores biológicos em psicopatologia, neste texto discutimos sobre este tema marcando uma posição clínica, ética e epistemológica na abordagem do sofrimento psíquico. Concluímos com uma contribuição da psicanálise para o campo da psicopatologia e da prática em saúde mental.

Paradoxo da corporatividade: o motorista de ônibus como corpo coletivo.

Vitória, ES, Brasil.

Corpo, motoristas, psicologia do trabalho, atividade, esquizoanálise.

2016[pic 19]

 Ensaia-se, por uma crítica teórica, desenvolver o conceito de corporatividade para além do sentido
representacional hegemônico de identificação profissional. Para tanto, opera na distinção entre corpo e organização do trabalho, promovendo uma intercessão entre clínica da atividade e esquizoanálise. Toma-se um paradoxo da atividade do motorista de ônibus urbano, oscilando entre políticas da amizade e políticas de controle, entre capital e improdutividade, enfim, entre desunião e cooperação, para desenvolver tal problemática pela situação concreta de trabalho. Afirma-se a crucialidade da sustentação dos paradoxos da atividade na constituição de corpos coletivos de
trabalho.

A Teoria de Valores Refinada: associações com comportamento e evidências de validade discriminante e preditiva.

Brasília, DF, Brasil Moscou, Rússia Brasília, DF, Brasil.

Teoria de Valores Refinada, validade discriminante e preditiva, valores e comportamento.

2016

A teoria refinada dos 19 valores humanos básicos foi apresentada em 2012. Sua utilidade e validade discriminantes foram demonstradas em associações com atitudes e crenças, mas não comportamentos, apresentando um instrumento para medir os 19 valores em diferentes países, mas não no Brasil. Dois estudos, com três amostras brasileiras independentes, apresentam tal instrumento e investigam a validade discriminante e preditiva da teoria pelo exame das associações de cada valor com comportamentos cotidianos. Um MDS confirmatório ordenou os valores no contínuo motivacional previsto pela teoria. Análises fatoriais confirmatórias dão suporte para a validade discriminante e preditiva da teoria. Os resultados sugerem que as compatibilidades e conflitos que estruturam a relação entre os valores também organizam os comportamentos que os expressam.

Psicologia, política pública para a população quilombola e racismo.

Boa Vista, RR, Brasil São Paulo, SP, Brasil.

Racismo, quilombos, políticas públicas, psicologia social.

2016

Este artigo sintetiza parte da pesquisa de doutorado realizada em uma das primeiras comunidades negras rurais do estado de São Paulo a conquistar título de terras quilombolas, o quilombo Maria Rosa. Objetiva-se compreender se, para aquela comunidade, a política pública de titulação de terras opera como dispositivo contra o racismo. Para atingir os objetivos propostos, foram realizadas observações e entrevistas fundamentadas pelas formulações de Enrique Pichon-Rivière e de outros autores da psicologia social e da psicologia de processos grupais, como René Kaës. Como resultado, constatou-se que a política convoca os moradores do quilombo em questão a entrarem em contato com os efeitos do escravismo e do racismo. Todavia, ainda falta uma política articulada, entre os diferentes níveis governamentais e voltada para a temática racial, que lhes dê o devido apoio.

A imaginação ativa junguiana na Dança de Whitehouse: noções de corpo e movimento[pic 20]

São Paulo, SP, Brasil.

Imaginação ativa; Jung; movimento autêntico.

2016

Este estudo apresenta as noções de corpo e movimento presentes na dança de Mary Starks Whitehouse, conhecida como Authentic Movement - Movimento Autêntico. Ela foi pioneira dentro da construção do sentido terapêutico da dança a utilizar os princípios da teoria da psique de Carl Gustav Jung. A análise foi realizada a partir de textos originalmente escritos por Whitehouse, durante os anos de 1958 e 1979 e reeditados por Patrícia Pallaro em 1999. O resultado da pesquisa sinaliza que, para Whitehouse, o corpo é o aspecto físico da personalidade que, por sua vez, se faz visível no movimento. Este pode ser gerado num continuum entre o impulso inconsciente e o comando do Ego e possibilita a visibilidade da condição atual da psique, bem como gerar mudanças nela. Espera-se que este estudo traga contribuições no campo da Psicologia Analítica e da Arteterapia.

A experiência vivida por
psicoterapeutas e clientes em psicoterapia de grupo na

Fortaleza, CE, Brasil.

Psicoterapia      de      grupo, psicoterapia
humanista-fenomenológica,

2016

Este artigo descreve como psicoterapeutas e clientes vivenciam uma experiência em psicoterapia de grupo sob a lente humanista-fenomenológica a partir do recorte de uma pesquisa qualitativa de cunho fenomenológico,utilizando como instrumento de pesquisa as Versões de Sentido escritas por dois psicoterapeutas e dez clientes. A análise fenomenológica crítica dos temas emergentes sugere que, quando pessoas estão juntas na busca por crescimento, num ambiente de cuidado mútuo e aceitação, as suas histórias espontaneamente se cruzam, surgindo uma sabedoria própria do grupo, que o mobiliza em uma direção própria e criativa de dar continuidade à vida. A
utilização da lente fenomenológica crítica proporcionou a aproximação aos fenômenos em seus múltiplos contornos, nas infindáveis possibilidades que um grupo de pessoas em processo de psicoterapia pode revelar, anunciando que tudo acontece no entrelaçamento psicoterapeutas-clientes-mundo

Clínica humanista-fenomenológica: uma pesquisa fenomenológica.

São Paulo SP, Brasil.

Experiência vivida, pesquisa fenomenológica.

2016

Elege os conceitos de empatia, de Rogers, e de mundo vivido (Lebenswelt), de Merleau-Ponty, como os fundamentos de seu trabalho, além de outras "técnicas" de intervenção clínica: a intuição eidética, a redução, a descrição, a fala autêntica e o ver e ouvir fenomenológicos, sempre considerando a atuação do psicoterapeuta como ser mundano.

A teoria husserliana da doação perceptiva por perfis.

São paulo SP, Brasil.

Percepção; fenomenologia; espaço.

2016

Neste artigo, tratamos da teoria da percepção na filosofia de Edmund Husserl. Apresentamos e discutimos a descrição do modo originário de doação da coisa percebida, que, segundo o filósofo, se dá em meio a horizontes de percepção marcados por uma multiplicidade inesgotável de perfis perceptivos. Nosso problema específico consiste em evidenciar, em meio à descrição do processo perceptivo por parte de Husserl, a conjugação de três elementos da investigação fenomenológica: a unidade intencional da consciência perceptiva, o eu corpóreo e a dinâmica de presença e ausência que caracteriza o campo perceptivo. Orientamo-nos pela hipótese de que a ligação entre esses elementos configura uma condição afetiva da intencionalidade que se sustenta no impercebido.[pic 21]

Contribuições da psicologia discursiva à pesquisa qualitativa em psicologia social: uma análise de seu legado entre metodológico.

São Paulo - SP Catalunha, Espanha.

Discurso, psicologia social, entre metodologia, pesquisa qualitativa.

2016

Este trabalho tem como objetivo caracterizar a especificidade da psicologia discursiva (PD) como uma proposta específica teórica e metodológica para pesquisas qualitativas em psicologia social, diferenciando-se de outras formas de pesquisa qualitativa e de análise do discurso. Para isso, destaca-se a importante influência da perspectiva etnometodológica como pano de fundo teórico e central da PD, que afeta fortemente sua conceituação do social e na sua abordagem do trabalho empírico. Primeiro, caracteriza-se a forma como a etnometodologia aborda o estudo da realidade social, enfatizando o modo como concebe o ator, a ordem e a ação social. Depois, chama-se atenção para a forma como a PD se apropria dos princípios teóricos e metodológicos da tradição etnometodológica, que permitem compreender melhor a especificidade da PD no campo da pesquisa qualitativa em psicologia social.

Eu não ando só: Hannah Arendt e o compromisso da educação.

São Paulo, SP, Brasil.

Hannah Arendt, 1906-1975, educação, ética, política.

2016

Este artigo apresenta considerações acerca da relação entre o eu e o mundo, ou ainda entre ética e política, no pensamento de Hannah Arendt. O propósito é analisar a afirmação da autora de que o educador assumiria uma responsabilidade pelo mundo ao apresenta-lo à criança. Temos como hipótese que a educação, esse ato de compromisso com o mundo, pode ser sustentada como uma articulação de política e ética no pensamento de Hannah Arendt.

Barreiras e recursos à aprendizagem e à participação de alunos em situação de inclusão.

São Paulo, SP, Brasil.

Educação inclusiva, aprendizagem, currículo, deficiência visual.

2016[pic 22]

O acesso à escola regular para pessoas com deficiência é um ganho na história da educação. No entanto, barreiras à aprendizagem e à participação dificultam o cotidiano escolar dos alunos em situação de inclusão, sendo necessária a mobilização de recursos - humanos, físicos, políticos etc. - nas escolas e comunidades. Esta pesquisa teve como objetivo investigar a qualidade do trabalho inclusivo oferecido a uma aluna com deficiência visual que frequenta classe regular, por meio da identificação de barreiras e recursos à sua aprendizagem e participação. Os resultados apontaram que no cotidiano escolar da aluna foco da pesquisa há situações de inclusão e exclusão. A ausência de adequações curriculares para a acessibilidade resulta na exclusão do conteúdo, que é passado sinteticamente à aluna, de forma que a escola pode ser considerada como tendo baixo grau de inclusão. Embora a socialização da aluna pareça preservada, sua aprendizagem está sendo parcialmente negligenciada.

Os filhos de Medeia e a Síndrome da Alienação Parental.

Brasília, DF, Brasil.

Mitologia, psicologia, alienação parental, criança.

2016

A Síndrome da Alienação Parental (SAP) refere-se a um conjunto de sintomas manifestos pela criança durante e após o processo de separação dos seus pais. A SAP demonstra o sofrimento da família e os golpes psíquicos sofridos pela criança quando enredada nos sentimento de vingança, ódio e rejeição. A criança é desrespeitada e usada como instrumento para punir e provocar dor no genitor alienado. Como no mito de Medeia, no qual a mãe mata seus filhos, na alienação parental, o alienador os sufoca e aniquila neles a capacidade de perceber, sentir e julgar livremente. A criança torna-se uma extensão do alienador, impedida de pensar, discriminar e escolher por si mesma. Ao adotar a tragédia de Medeia e o referencial teórico junguiano, este trabalho analisa as referências feitas às crianças no mito, relaciona-o à SAP e apresenta as consequências da alienação parental para o desenvolvimento psíquico da criança.

Memória corporal e hipocondria: um vivido arcaico sempre presente?

Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Hipocondria, corpo, memória.

2016

O objetivo deste artigo é analisar a singularidade da dimensão de memória na hipocondria. A angústia corporal que lhe é característica constitui um dos modos mais arcaicos de vivência da experiência de morte, projetando-se na concretude e no imediato do corpo. Na hipocondria, o caráter persecutório que incide sobre o corpo do sujeito implica uma “atualização” no sentido de um retorno demoníaco do mesmo, de um vivido traumático primordial. O perigo iminente de morte, apresentado pela doença grave da qual esses sujeitos estão convencidos de terem sido acometidos, expressa a contínua percepção que eles têm dos estados do corpo. Isso resulta da permanência na vida psíquica de um tempo presentificado, tempo do arcaico, mais próximo do registro da percepção. Desse modo, o ego atualiza seu modo de existência mais elementar e primordial, protegendo-se, paradoxalmente, dos efeitos do traumático.

Nem tudo que reluz é Marx: críticas stalinistas a Vigotski no âmbito da ciência soviética.[pic 23]

Goiânia, GO, Brasil.

Leontiev, teoria da atividade, psicologia histórico-cultural, stalinismo, ciências talinista.

2016

:No Brasil, tem havido notável crescimento da chamada “teoria da atividade”, cuja fundamentação é associada especialmente ao pesquisador russo A. N. Leontiev (1903-1979). Isso se tem feito em conexão direta com a noção de que Vigotski, Luria e Leontiev compuseram uma troika, responsável pela elaboração da teoria histórico-cultural e da teoria da atividade. O objetivo deste artigo é iniciar a problematização da própria veracidade dessa narrativa a partir de uma análise do contexto no qual se dispôs o conteúdo das críticas stalinistas a Vigotski de 1931-1937, da
construção do sistema de produção científica no regime soviético e dos contrastes políticos e culturais entre os anos de 1920 e 1930 – especialmente o estabelecimento do marxismo-leninismo e o pragmatismo como marcas do regime stalinista. O texto contribui para a análise das ideias e frentes de trabalho vigotskianas condenadas pelos críticos stalinistas e suas potenciais repercussões na psicologia soviética elaborada nos anos de 1930.

Ecologia e economia: problemas éticos contemporâneos a partir de um ponto de vista behaviorista radical.

Curitiba, PR, Brasil.

Behaviorismo radical, ética, ecologia, economia.

2016

Para o behaviorismo radical, a ética prescritiva lida com dois eixos ou dimensões básicas: (1) os efeitos do que fazemos sobre nós mesmos e sobre os outros; e (2) os efeitos do que fazemos considerados ao longo do tempo. O presente artigo visa apontar como controles verbais progressivamente mais complexos afetam nosso comportamento em relação a esses dois eixos, tomando a ecologia e a economia como exemplos contemporâneos. Conclui-se que tais controles verbais tornam nossas próprias escolhas éticas mais complexas. Culturas que ensinam seus cidadãos a identificar as consequências de longo prazo de suas práticas presumivelmente têm mais chances de sobreviver e de criar sistemas relativamente equilibrados de distribuição de poder.

Análise semiótica de sequências de interação empáticas e não empáticas: um estudo micro genético.

Santiago, Chile São Paulo - S

Análise semiótica, interação, empatia, microgênese

2016

Este estudo teve como objetivo explorar e descrever o processo de regulação dialógica em interações conversacionais. Foram filmadas trinta duplas de alunos, desconhecidos entre si, em interações em conjunto, orientadas a gerar uma situação de manipulação não empática ou empática. Foram selecionados quatro segmentos de conversação, dois para cada tipo de interação. O texto foi analisado com um protocolo de análise semiótica com base no modelo de análise proposto por María Elisa Molina. Os resultados mostraram que as interações empáticas são caracterizadas por um processo de construção conjunta de sentido com uma adequada administração da tensão e identificação com o signo linguístico. Além disso, as interações não empáticas são caracterizadas pelo surgimento de signos linguísticos que não continuam a sequência de construção de significados, com alta tensão dialógica e uma estratégia de distanciamento ou abandono do campo de significado.[pic 24]

A experiência e o tempo na passagem da adolescência contemporânea.

Porto Alegre, RS, Brasil Belo Horizonte, MG, Brasil.

Adolescência, experiência, psicanálise, tempo.

2016

Este artigo, na forma de ensaio, resulta de uma pesquisa teórica que discutiu as categorias da experiência e do tempo para a constituição psíquica do adolescente. Articulando a psicanálise do adolescente com o tema do tempo e o conceito de experiência em Walter Benjamin, problematizamos a passagem adolescente em meio às configurações do tempo no laço social. O artigo sugere que não nos precipitemos na ciranda de diagnósticos, pois a sintomatologia da adolescência atual pode ser tomada como um modo de expressão do sofrimento juvenil quando do encontro com as condições da cultura. Tais condições podem produzir uma dilatação do tempo de compreender, adiando o encontro com o momento de concluir. Assim, a fim de que se construam condições para o sujeito se precipitar em uma interpretação de si, além do instante, do tempo e do momento, surgiria uma espécie de intervalo como efeito de dilatação do tempo de compreender.

O pai da horda e o super eu: de um prenúncio da instância.

Belém, PA, Brasil

Pai, superego, metapsicologia, cultura.

2016

Este artigo desenvolve reflexões que visam evidenciar o lugar de destaque da obra Totem e Tabu no corpo teórico da psicanálise. Utiliza-se então a noção de supereu, que reconhecemos enquanto exemplo profícuo deste “poder heurístico” de Totem e Tabu para suscitar desenvolvimentos sobre a cultura, clínica e teoria psicanalítica. O supereu consiste numa noção importante da teoria psicanalítica mesmo antes de sua formulação enquanto instância psíquica; trata-se de um elemento conceitual em constante trabalho de elaboração. Por conseguinte, acentua o aspecto equívoco de tal conceito, pois consiste em uma noção atravessada por paradoxos. Por fim, utiliza a obra O Eu e o Isso enquanto outro polo desta empreitada, pois é nessa obra que o supereu é enfim nomeado e designado como instância psíquica. Ressalta-se aqui o aspecto paradoxal do supereu de poder ser referido ao lugar do pai no mito freudiano da horda primitiva.[pic 25]

O instinto de morte segundo Sabina Spielrein.

Juiz de Fora, MG, Brasil.

Sabina Spielrein, instinto de morte, destruição, devir.

2016

O pensamento e a vida de Sabina Spielrein têm despertado um interesse crescente nas últimas décadas, embora sua contribuição teórica tenha ficado em segundo plano em relação a sua biografia. Uma das ideias mais difundidas é a de que ela teria antecipado o conceito freudiano de pulsão de morte, em seu texto Die Destruktion als Ursache des Werdens. No entanto, pouco se discute sobre o sentido da sua hipótese e uma análise atenta revela que há diferenças fundamentais que distanciam suas ideias das de Freud. Nesse texto, pretendemos retomar alguns pontos da teoria formulada por Spielrein em seu texto de 1912, tendo em vista melhor elucidar o seu conceito de instinto de morte

A fotografia e a “descoberta” da histeria.

São Paulo, SP, Brasil.

Psicopatologia, realidade, fotografia, histeria, Charcot.

2016

Historicamente marcado na oposição entre orgânico e psíquico, o conceito de histeria continua no centro de controvérsias entre saberes influentes como psicanálise e psiquiatria. Contrapondo uma concepção que defende a existência de um mundo independente da mente humana (realismo) e uma que a nega (antirrealismo), buscamos pensar como se deu a criação desse conceito. Em acordo com o movimento científico do século XIX, o médico francês Jean-Martin Charcot utilizou a fotografia, entendida na época como a “verdadeira retina” do cientista, para criar uma classificação do ser humano. Inserir essa construção de conhecimento em seu contexto sociocultural possibilita diversos questionamentos quanto à sua objetividade. Nossa concepção é a de que refletir criticamente sobre a formação dos conceitos contribui com elementos para um melhor exercício da alteridade no interior da psicopatologia.

Vidas secretadas: notas, sobre a perversão no programa de proteção a testemunhas.

Maceió - AL

Perversão, clinica social,programa    de proteção a testemunhas.

2017[pic 26]

Este artigo aborda a perversão no campo social e na clínica, compreendendo a clínica como uma área de investigação através da qual se pode ter acesso aos fenômenos sociais e aos discursos dominantes. Trabalha-se com a pesquisa em psicanálise, optando-se por dialogar fundamentalmente com leituras de dois autores - Contardo Calligaris e Edilene Queiroz - que partem de suas experiências na clínica psicanalítica para tecer análises sobre o social. Tomando um texto de Calligaris, intitulado “A sedução totalitária” (1991), juntamente com o livro A clínica da perversão (2004) de Queiroz, procura-se entrelaçá-los, tendo como fio condutor uma experiência profissional no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita). Alguns conceitos psicanalíticos utilizados neste estudo são: a estrutura, o discurso e a montagem perversa, como pontos nodais da análise clínica e social. A experiência de trabalho com testemunhas inseridas no Provita possibilitou algumas associações com aspectos concernentes ao campo da perversão.

Arte e loucura como limiar para outra    história.

Porto Alegre – RS.

Arte, loucura, limiar, história, Linguagem.

2017

Pretendemos problematizar arte e loucura, inicialmente discutindo a experiência do pesquisador em relação às imagens do mundo, com o testemunho e a figura do louco e, consequentemente, com o fora que ela evoca. Em seguida nos colocamos diante do muro, situação-limite na qual a loucura enquanto catástrofe e a arte enquanto via poética vêm compor um limiar, ausência que Blanchot transpõe à linguagem para dar a ver outras constelações possíveis, tanto de palavras quanto de seus inomináveis. Por fim, com Walter Benjamin, pomos a história da loucura
a contrapelo, e, mergulhados no Ateliê de Escrita do Hospital Psiquiátrico São Pedro, desvelamos que a arte pode, na relação com a loucura, tornar-se a linguagem essencial na perigosa travessia em direção à experiência, transpondo a vivência desse estado assustador para trazer ao mundo outro sentido, reconhecendo outros modos de existência que podem vir a ser outras poéticas de vida.

Profissionais de saúde mental e familiares de pessoas com sofrimento psíquico: encontro ou desencontro?

Vitória - E.S

Saúde mental, família, atenção psicossocial, centro de atenção psicossocial.

2017

O presente trabalho constitui uma pesquisa de cunho teórico, na qual é traçado um breve percurso histórico das práticas de cura tradicionais e se faz também uma discussão sobre sua permanência e eficácia na contemporaneidade, apesar dos avanços na área da ciência médica. Tendo em vista a importância crescente da subjetividade na medicina contemporânea, nossa hipótese visa salientar que a objetivação do sujeito doente, operada pelas práticas médicas, condena a subjetividade a um segundo plano e representa uma lacuna importante nas propostas terapêuticas do modelo biomédico. Nosso objetivo é interrogar o lugar das práticas tradicionais de cura nessa lacuna deixada pela medicina e no que tais práticas podem contribuir para o modelo médico[pic 27]

Sobre as práticas tradicionais de cura: Subjetividade e objetivação nas propostas terapêuticas    contemporâneas.

Maceió - A.L

Práticas tradicionais de cura, modelo biomédico, subjetividade.

2017

O presente trabalho constitui uma pesquisa de cunho teórico, na qual é traçado um breve percurso histórico das práticas de cura tradicionais e se faz também uma discussão sobre sua permanência e eficácia na contemporaneidade, apesar dos avanços na área da ciência médica. Tendo em vista a importância crescente da subjetividade na medicina contemporânea, nossa hipótese visa salientar que a objetivação do sujeito doente, operada pelas práticas médicas, condena a subjetividade a um segundo plano e representa uma lacuna importante nas propostas terapêuticas do modelo biomédico. Nosso objetivo é interrogar o lugar das práticas tradicionais de cura nessa lacuna deixada pela medicina e no que tais práticas podem contribuir para o modelo médico.

Limites da consciência de professores a respeito dos processos de produção e redução de bullying.

São Paulo – S.P

Teoria critica, bullying, consciência, professores, escola

2017

Orientados pela Teoria Crítica da Sociedade, analisamos o conteúdo de entrevistas de 17 professores de cinco escolas públicas paulistanas acerca do que produz o bullying e do que deve ser feito para reduzi-lo. Identificamos três categorias de respostas: as que expressam consciência crítica a respeito de sua produção e redução; as que denotam engajamento em relação a seu combate, mas consciência restrita a respeito de suas causas; e as que apresentam consciência restrita em ambos os casos. Como a consciência fragilizada se destacou na maioria dos casos, concluímos que ampliar ações destinadas à formação conceitual a fortaleceria junto a profissionais que se propõem a enfrentar esse tipo de violência, quer seja por meio da intervenção direta, do desenvolvimento de pesquisas ou da proposição de políticas públicas.

Concepções homofóbicas de estudantes de ensino médio.

Assis – S.P São Paulo S.P

Homofobia escola, adolescente Concepções homofóbicas, Análise fatorial.

2017

Este trabalho apresenta os resultados de um estudo realizado com 2.159 alunos e alunas do ensino médio de três cidades do interior paulista. Os dados, obtidos pelo uso de uma escala Likert, foram analisados por uma técnica estatística multivariada. Análise fatorial foi realizada, e seis fatores (extraídos pelo método das componentes principais e o método de rotação oblíqua) favoreceram a interpretação das possíveis correlações entre as concepções homofóbicas apresentadas nos itens. O estudo mostrou que a tolerância moderada em relação à homossexualidade dos jovens da amostra é uma realidade que necessita de atenção das políticas públicas em educação, visando estratégias para a desconstrução de estereótipos de gênero e erradicação da homofobia, lesbofobia e transfobia entre adolescentes.[pic 28]

Transexualidade, psicose e feminilidade originária:entre psicanálise e teoria feminista.

Belo Horizonte – M.G

Transexualidade,transexualismo Psicose, feminilidade,psicanálise

2017

 O presente estudo procura analisar as teorizações sobre a transexualidade, com o objetivo de problematizar sua inclusão no campo das psicoses. Várias concepções sobre a transexualidade, que se estendem desde o DSM até as teorizações recentes de psicanalistas da vertente lacaniana, são analisadas de maneira crítica através de um diálogo com autoras da teoria feminista. A hipótese defendida é a de que o destino dado à feminilidade originária é diferente na transexualidade e em alguns casos de psicose, conduzindo assim à conclusão de que a transexualidade não pode ser classificada a priori como uma patologia.

Reflexo sobre o método nas ciências humanas: quantitativo ou qualitativo, teorias e ideologias.

Riberão Preto – S.P

Metodologias,ciência, ciências humanas, pesquisa qualitativa,
Pesquisa quantitativa.

2017

O objetivo deste ensaio é desconstruir os termos “quantitativo” e “qualitativo” usados para caracterizar o método de pesquisa científica, ou tentar desfazer o que nos parece um equívoco: a denominação e divisão de método quantitativo ou qualitativo de pesquisa, que para nós mistifica e empobrece a concepção de conhecimento ou ciência. Há muitas questões metodológicas, tão plurais, conflitantes ou não, conforme o sentido da realidade investigada, que, afinal, é o que tem que ser discutido, do princípio ao fim da pesquisa. Atrelaremos a essa discussão a designação teórica ou ideológica de “método”, que para nós representa outra versão do mesmo problema. Para alcançar esse objetivo, discutiremos determinada imagem de ciência e concepção de pensamento.

Pleromatização, fisionomização e metaforicidade: a articulação teórica do processo de construção de sentido de Valsiner,Werner e Mc Neill .

Santiago de Chile - Chile

Pleromatizacion,esquematizacio n, percepcion fisionómica, gestos metaforicos.

2017[pic 29]

Este trabalho tem por objetivo desenvolver uma articulação teórica sobre os diferentes processos de construção de sentido na experiência humana propostos por Valsiner, Werner e McNeil. Para este fim, trabalha-se com os mecanismos de construção de sentido propostos por Valsiner - pleromatização e esquematização -, a fisionomização na percepção do mundo desenvolvida por Werner, e o conceito de metaforicidade como representação gestual de uma construção mental desenvolvida por McNeil. Em conclusão se estabelece uma relação entre pleromatização, fisionomização e a metaforicidade como fenômenos os quais se integram na percepção e construção da experiência humana, como uma experiência holística, total e organísmica. Além disso, é feita uma relação direta entre esquematismo, dimensão geométrica-técnica e iconicidade, como outra dimensão - objetivável, particularista e cognitiva - da construção de sentido na experiência.

Da perda do objeto: o encontro sobre o abismo.

Goiânia - G.O

Objeto, sujeito, gozo, linguagem, das Ding

2017

 Este artigo teoriza sobre a relação entre a perda do objeto de satisfação plena e as possíveis experiências de gozo. A fim de empreender essa discussão serão tomados como centrais os conceitos de das Ding em Freud e objeto a em Lacan, alicerçados nos conceitos de angústia, gozo e erotismo, este último encontrado nas elaborações do filósofo Georges Bataille. Ademais, será resgatada a noção de sublimação, via de satisfação pela qual o sujeito bordeja o furo deixado pela perda do objeto fazendo um laço social. O registro simbólico é, portanto, o responsável
por fazer este laço, já que estaria nas palavras a possibilidade de um encontro sobre o abismo cavado pela divisão sexual. A linguagem teria, portanto, a função de preencher o buraco deixado pela perda do objeto, uma promessa apaziguadora, mas impossível de ser bem-sucedida, uma vez que sobre essa fenda nada se fala.

Sobre alucinação e realidade: a psicose na CID- 10,DSM –
I-TR e DSM-V e o contraponto psicanalítico.

São João del Rei – M.G

Psicanálise,psicose, alucinação, realidade,DSM

2017

 A psicose é um dos poucos termos da psicopatologia clássica e da psicanálise que permanece nos sistemas classificatórios atuais, como o DSM (Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais) e a CID (Classificação Internacional de Doenças), o que nos dá condições para investigarmos as diversas maneiras de pensar o sofrimento psíquico. Desse modo, analisamos criticamente como o DSM-IV-TR, a sua atual edição (DSM-V) e a CID-10 definem e utilizam o termo “psicose”. A apropriação desse conceito ampara-se em definição meramente descritiva como estratégia de recusa ao debate etiológico. A alucinação, um dos critérios para a classificação dos “transtornos psicóticos”, é definida partindo-se de realismo ingênuo em que a realidade é tomada objetivamente como um dado. Assim, apresentamos o contraponto psicanalítico para essa apropriação: a psicanálise aponta para a relevância da estruturação simbólica dos fenômenos perceptivos e para a realidade como construção subjetiva.[pic 30]

Psicologia eidética e teoria do conhecimento nas investigações lógicas de Husserl.

São Paulo – S.P

Husserl, fenomenologia, psicologia eidética,psicologia descritiva.

2017

O texto apresenta a construção da fenomenologia em torno de uma teoria do conhecimento. Principia pelo contexto filosófico do surgimento da fenomenologia, apontando as relações entre a perspectiva de Husserl e a Teoria do Conhecimento de Hermann Cohen. Faz um relato das principais obras de Husserl, destacando sua progressão, de uma crítica ao psicologismo à estruturação de uma fenomenologia transcendental, até alcançar temas como o corpo e o mundo-da-vida. O texto apresenta os principais conceitos da fenomenologia, situando-a como uma filosofia rigorosa.

Considerações para um retorno ao conceito de desejo na clinica analítica de psicoses.

Buenos Aires - Argentina

Deseo, cura, psicosis, psicanalisis

2017

O artigo tem a finalidade de discutir a relativa ausência de referências ao conceito de desejo psicótico dentro da comunidade lacaniana. O debate é relevante porque Lacan não excluiu o desejo nem a psicose de sua concepção do tratamento analítico. A pesquisa leva referências ao desejo psicótico na obra de Lacan e sua aplicação clínica (caso Schreber). A conclusão é que o problema não é a falta de desejo, mas seu apoio. O artigo propõe formas diferenciais de desejo psicótico associado a posições subjetivas cuja delimitação é importante para a cura.

A experiência enigmática na psicose: os fenômenos elementares à luz da teoria do significante.

Curitiba – P.R

Psicose, psicanalise, Lacan, linguística, fenômenos elementares.

2017

O conhecimento dos fenômenos elementares é uma ferramenta valiosa no diagnóstico e tratamento da psicose. Lacan reexamina essa noção psiquiátrica com base nos estudos de Benveniste e Jakobson sobre os shifters. Conforme será demonstrado, o resultado desse diálogo foi a formulação da experiência enigmática na psicose, na qual aparece a possibilidade original de uma enunciação sem enunciador. Apesar de exceder os limites do que é aceitável como válido pela linguística, a consequência da investigação lacaniana é situar de forma definitiva a causalidade da psicose no campo da linguagem e não no registro biológico. Além disso, a compreensão dos dois tempos lógicos da experiência enigmática permite isolar um princípio, do qual se deduz uma reorganização dos fenômenos elementares em dois tipos: xenopáticos e de autorreferência.[pic 31]

A psicologia da Universidade de São Paulo e as relações raciais: perspectivas emergentes.[pic 32]

São Paulo – S.P Itajubá - S.P

Racismo, relações raciais. Pós-graduação. Psicologia

2017

O presente artigo visa apresentar a produção acadêmica sobre o tema raça e racismo elaborada no Instituto de Psicologia da USP (IPUSP). Para tanto, fizemos uma análise das teses e dissertações produzidas no IPUSP entre 1970 e 2012 e que utilizaram essas categorias para compreensão de fenômenos subjetivos, sociais e políticos. Dentre outros aspectos, constatamos que os trabalhos analisados se dividem principalmente em três grandes eixos, são eles: denúncia do racismo, modos de subjetivação do racismo e estratégias para superá-lo. No entanto, é possível considerar que são poucos os trabalhos que versam de forma sistemática acerca da desconstrução do racismo, bem como sobre metodologias e técnicas em que psicólogos poderiam contribuir para a luta antirracista na sociedade brasileira. Por assim dizer, ainda há uma lacuna no conhecimento de Psicologia e relações raciais que deveria ser aprofundado por psicólogos.

Territoriedades em transição: moradores desalojados pela violência do conflito armado colombiano.

Bogotá - Colômbia

Desterritorializacion, reterritorializacion,desplazamiento forzado, identidad.

2017

A violência armada na Colômbia obriga as pessoas a abandonar seu território para salvaguardar a vida. Quatro estudos de caso com populações desalojadas (mulheres chefes de família, afrodescendentes, indígenas, camponeses) foram empreendidos para compreender dois processos principais nos quais os migrantes forçados em busca de superar a perda do seu lugar no mundo estão imersos: desterritorialização e reterritorialização. Entre as múltiplas afetações que essas pessoas sofrem, este estudo mostrou a dinâmica de reconstrução de um território para si que os obriga a se adaptar a condições de elevada precariedade em uma espiral de pobreza e também de dependência que os sujeita à assistência social e econômica do Estado. Compreender o processo que atravessam envolve aproximar-se de uma dimensão simbólica: significados e relação com o lugar de origem e com o lugar de relocação; e de uma dimensão material: moradia, trabalho, relações sociais, ócio.

Leitura literária, experiência e formação do indivíduo: reflexões a partir da crítica de adorno.

São Paulo- S.P

Leitura, experiência, formação do indivíduo, literatura, Theodor Adorno.

2017[pic 33]

O objetivo deste artigo é discutir as relações entre a leitura de livros de literatura e a formação cultural do indivíduo [Bildung], partindo das contribuições críticas de Theodor Adorno. Esta discussão é norteada pelas seguintes perguntas: Como a leitura de livros participa da formação do indivíduo (ou da semiformação)? Qual o papel da experiência estética para a análise da obra literária? Como a semiformação pode comprometer esta experiência? Para conduzir essa reflexão, recupero alguns conceitos e categorias estéticas utilizados por Adorno, como aqueles de experiência, esquema e análise imanente, bem como pesquisas sociológicas do autor capazes de contribuir para uma caracterização da experiência de leitura. Sob essa perspectiva, proponho uma reflexão acerca dos problemas que envolvem a leitura de livros e a formação cultural do indivíduo no contexto atual.

Discursos e posicionamentos em um encontro de diálogo sobre violência a LGBTs.

Maringá – P.R
Ribeirão Preto
–S.P

Psicologia discursiva, teoria do posicionamento, construcionismo social,Projeto de Conversações Públicas.

2017[pic 34]

A promoção do diálogo visa à problematização de discursos e posicionamentos que cristalizam ações e posturas favorecedoras de práticas de violência. Objetivamos compreender de que forma diferentes discursos demandam posicionamentos específicos e vice-versa, entendendo essa articulação a partir dos efeitos da estrutura de diálogo proposta pelo Projeto de Conversações Públicas. Um encontro do grupo de facilitação de diálogo sobre o tema da violência à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros foi selecionado para análise considerando sua riqueza em discursos defendidos e posicionamentos assumidos. A transcrição na íntegra desse encontro foi analisada a partir das contribuições do construcionismo social, em especial da teoria do posicionamento. O uso do discurso religioso, a polarização de posicionamentos, os efeitos das perguntas de “zona cinza”, os posicionamentos evocados no compartilhamento de histórias e as implicações do contexto, da força social, dos acordos para a conversa e das entrevistas pré-grupo para assunção de determinados posicionamentos no encontro foram discutidos.

A estrutura local em psicanálise.

Porto Alegre – R.S

Estrutura, psicanálise,matemática, diagnostico.

2017

Este artigo investiga a eficácia do pensamento formal na psicanálise de Lacan na forma de estruturas locais. Assim como as estruturas do estruturalismo não se encontraram num único sistema, os matemas lacanianos não serão partes de uma estrutura maior que as organiza. A criação de matemas que se referem a estruturas locais permite a discussão de questões diagnósticas da clínica contemporânea, como o universalismo dos axiomas da psicanálise e do complexo de Édipo.

Construindo a noção de sintoma: articulações entre psicanálise e pragmática.

São Luís-M.A
Rio de Janeiro-R.J
[pic 35]

Linguagem, psicanálise, pragmática, sintoma.

2017

Este trabalho pretende identificar pontos de aproximação entre a psicanálise e os estudos sobre
a linguagem presentes na obra do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein. Para tal, parte-se da construção da noção de sintoma, sua definição no campo médico e psiquiátrico até sua demarcação no campo psicanalítico, elemento que só se define por sua relação com as práticas discursivas do sujeito. Ao introduzir a noção de jogos de linguagem, Wittgenstein destaca o caráter pragmático da linguagem: as regras de uso estabelecidas em determinado contexto conferem o significado a uma expressão linguística. Se para a psicanálise o sintoma implica
uma articulação simbólica, é na relação entre significantes, própria do jogo linguístico, que se estabelecem as possibilidades de significação do próprio sujeito.

Homoparentalidade feminina: laço biológico e laço afetivo na dinâmica familiar.[pic 36]

Rio de janeiro-R.J

Homoparentalidade, reprodução assistida, mães.

2017

: Este trabalho teve como objetivo estudar a dinâmica de famílias homoparentais compostas por duas mulheres com filhos que possuem vínculo biológico com somente uma delas. Foram entrevistadas nove mulheres, oito delas formando quatro casais e uma separada, com idades entre 33 e 45 anos, com filhos com idade entre 2 e 8 anos, pertencentes à camada média da população do estado do Rio de Janeiro, que fizeram conjuntamente o planejamento da maternidade por meio das novas tecnologias reprodutivas com sêmen de doador anônimo. As seguintes categorias de análise foram discutidas: terminologia de parentesco e relações afetivas; divisão de tarefas
relacionadas aos cuidados com as crianças e busca por legitimidade. Verificou-se que nas constituições familiares estudadas, as crianças, de fato, identificam as duas mulheres como mães, quando ambas assim se assumem, demonstrando que o laço afetivo cumpriu o papel de vincular.

Angustia hipocondríaca e o eterno retorno do presente: considerações a partir do filme Sinedoque, New York.

Rio de Janeiro-R.J

Angustia, hiponcondria, psicanálise e cinema.[pic 37]

2017

A partir de questionamentos levantados pelo filme Sinédoque, New York (2008), pretende-se discutir a articulação da angústia hipocondríaca com a temporalidade. Observa-se que no filme o recurso do flashback não é utilizado; a temporalidade, que se instaura diante da angústia relacionada a sintomas hipocondríacos do personagem, calca-se em um presente absoluto. A hipocondria foi considerada por Freud uma neurose atual e a angústia a ela articulada opera como a contrapartida afetiva do encontro com o desamparo gerado pelo desfacelamento da imagem corporal. Estamos, portanto, diante da face traumática desse afeto que torna a ser discutido no contexto das neuroses traumáticas e mediante o conceito de angústia automática em 1926. A partir de então, a questão da atualidade dos sintomas, já indicada nas neuroses atuais, ganha um novo sentido: trata-se de uma problemática que não pôde ser representada e, por isso, insiste, instaurando eterno retorno do presente.

Tradição clínica da psiquiatria, psicanálise e práticas atuais em saúde mental.

Rio de Janeiro- R.J

Psicanálise, psicose, psiquiatria, automatismo mental.

2017[pic 38]

Este artigo aborda a clínica da psicose no campo da saúde mental propondo uma retomada de categorias da psiquiatria clássica pela psicanálise, especialmente o automatismo mental. Seu objetivo é demonstrar a utilidade do que pode ser considerado um programa de trabalho para o campo de tratamento da psicose na saúde mental, polarizado hoje entre o reducionismo biológico e a atenção psicossocial. A riqueza clínica dessas descrições psiquiátricas clássicas, em sua releitura pelo viés da teorização lacaniana, possibilita reconhecer o funcionamento complexo da psicose e, em particular, o trabalho do sujeito para fazer face às dificuldades impostas por essa condição. Como conclusão, o automatismo mental de Clérambault é analisado visando a demonstrar a dependência estrutural de todo sujeito em relação à linguagem e ao significante, fato primeiro do qual deriva a subjetividade como efeito.

Psicanalise, ficção e cura: entre a Teoria dos Campos e a Teoria do Efeito Estetico.

Osasco – S.P

Psicanálise, literatura, Teoria dos Campos, Hermann,Iser.

2017

A intenção deste trabalho é propor uma reflexão sobre a potência da literatura, a necessidade humana de ficção a partir de um primeiro diálogo entre a Teoria dos Campos, de Fabio Herrmann, e a Teoria do Efeito Estético, de Wolfgang Iser. Procura-se esboçar algumas articulações entre o estatuto atribuído à ficção na obra de Herrmann e a discussão na obra de Iser sobre a ficção e o imaginário que desemboca em uma antropologia literária. Trata-se de um trabalho inicial que aponta para futuras pesquisas a partir da ideia de Herrmann da literatura como análoga à psicanálise, por isso, propõe-se a Teoria do Efeito Estético como possibilidade teórica para a fundamentação dessa ideia.

Notas sobre indivíduos e consciência em Max Horkheimer e Theodor W. Adorno.

São Paulo S.P
São João Del Rei
– M.G

Teoria crítica, materialismo, sociologia, psicologia social, formação do indivíduo.

2017[pic 39]

Este artigo discorre sobre as bases materialistas do conceito de indivíduo e de consciência para os pensadores Max Horkheimer e Theodor W. Adorno. Para tanto, trata de analisar o objeto da psicologia, o indivíduo, pelo percurso de seu movimento material em suas diferentes expressões na história e, com isso, tece algumas considerações sobre a consciência a partir da perspectiva da Teoria Crítica da Sociedade. Nesse intuito, busca-se evidenciar as relações entre o objeto da sociologia e da psicologia, lembrando que a sociedade contém em suas determinações, como potencialidade, o movimento dos particulares para o estabelecimento de um todo justo, garantindo a universalidade, meio pelo qual o indivíduo pode se diferenciar e se constituir de modo pacificado. Conforme as análises realizadas, ao percorrer os indícios materiais que engendram a formação do indivíduo na história, compreende-se a consciência como autoconsciência social, isto é, determinada socialmente e expressão da formação para a autonomia.[pic 40]

Reflexões sobre a formação do indivíduo: considerações sobre a ideia de compaixão.

Bragança Paulista – S.P

Compaixão, formação do indivíduo, tragédia grega, teoria critica.

2017[pic 41]

Este ensaio tem como objetivo apresentar e discutir alguns aspectos do conceito de compaixão na filosofia da chamada Teoria Crítica da Sociedade e na tragédia grega na tentativa de compreender os significados e as formas a ele atribuídos. O intuito é chegar aos aspectos relacionados com a formação social dominante, indagando como se configuram as relações humanas, o processo de sociabilidade e a ideia de experiência. Para essa discussão, o texto está dividido da seguinte forma será feita uma breve introdução do tema com base em alguns escritos de Horkheimer e Adorno; em seguida, serão discutidas as ambiguidades e contradições atribuídas ao conceito de compaixão; serão apresentados alguns episódios presentes nas tragédias gregas nas quais o sentimento de compaixão aparece. E, finalmente, serão discutidos aspectos relacionados com a formação social dominante no contexto da sociedade de massas.

Atravessando o Rubicão da psicanálise a terapia cognitiva.

Buenos
Aires-Argentina

Terapia cognitiva, psicanalisis Instituto Nacional de salud mental.

2017

Neste trabalho, descrevemos algumas das causas que levam Aaron T. Beck a abandonar a psicanálise e participar da criação da terapia cognitiva. Com este objetivo, vamos descrever os trabalhos de investigação desenvolvidos por Beck entre 1959 e 1962, quando começa a processar os dados que derrubarão a hipótese explicativa psicanalítica da depressão. Nesta análise, incluiremos alguns elementos que consideramos essenciais para entender esse processo de mudança: a obtenção de um subsídio para pesquisar a depressão e a presença de colaboradores como Marvin Hurvich e Seygmour Feshbach, cujas novas ferramentas e metodologias ajudaram Beck a testar a hipótese psicanalítica da depressão. Por último, incluiremos questões que se referem às políticas de investigação do Instituto Nacional de Saúde Mental, assim como motivos pessoais e de política institucional.[pic 42]

Evitação e proibição do incesto: fatores psicobiologicos e culturais.

Natal- R.N

Incesto, evitação, proibição, evolução.

2017[pic 43]

Embora historicamente a regulação proibitiva do incesto seja considerada um fenômeno cultural quase universal que não é influenciado por fatores psicobiológicos relativos à história evolutiva da espécie humana, evidências recentes têm questionado essa visão tradicional e defendido que a evitação e a proibição do incesto são influenciadas biológica e cognitivamente com a cultura. Este artigo objetiva desenvolver uma discussão teórica acerca da inibição e proibição do incesto, enfatizando os mecanismos evolutivos subjacentes a esses fenômenos. Argumenta-se a existência de mecanismos endógenos que evoluíram porque inibem a atividade sexual entre parentes próximos e que formam a base para regular socialmente a proibição do incesto (mecanismo exógeno). Destaca-se o efeito Westermarck, no qual a proximidade de pessoas que vivem juntas desde a infância provoca uma aversão ao intercurso sexual entre elas. A ausência de propensão ao incesto e sua proibição institucional constituem uma complexa integração entre fatores psicobiológicos e culturais.

O representante eleito como intermediário entre o grupo e o poder.

São Paulo- S.P

Psicologia social, psicanálise de grupo, democracia.

2017

Este artigo investiga a hipótese de que o sistema democrático como modelo de organização de grupos instituídos tem a função intersubjetiva de manter o vínculo social, ao transferir para o representante eleito o mal-estar da convivência, mas sem permitir ao representante o poder absoluto. O representante ocupa, portanto, a posição de tabu, que mantém o desejo narcísico e onipotente rejeitado entre os membros. Do ponto de vista do representante, significa submeter seu ideal de Eu aos ideais do grupo, num movimento contrário ao do líder descrito por Freud em Psicologia das massas e análise do eu. Essa hipótese foi usada para analisar a história de vida de um representante sindical e retratar seu sofrimento psíquico durante sua atuação e após a saída do sindicato. A psicanálise e a psicossociologia são as principais teorias de base utilizadas, em destaque os textos de S. Freud, R. Kaës, J. Barus-Michel e E. Enriquez.

Mindfulness: processo, habilidade ou estratégia? Estudo a partir da análise comportamental e do contestualismo funcional.[pic 44]

Bogotá- Colômbia

Mindfulness, conductismo, contestualismo funcional,psicologia clínica, intervencion.

2017

Os efeitos positivos do mindfulness no tratamento de vários problemas psicológicos em diferentes populações incentivaram a psicologia clínica a utilizá-lo nos últimos anos. No entanto, pesquisas empíricas e revisões teóricas sobre o mindfulness mostraram três usos diferentes desse termo segundo perspectivas comportamentais: como processo, como habilidade e como estratégia. As discrepâncias nas definições do mindfulness geraram ambiguidade em relação àquilo que é pesquisado e como é pesquisado. Neste texto, realizou-se uma análise conceitual das definições do mindfulness tendo como bases filosóficas a análise do comportamento e o contextualismo funcional. Por último, discutiu-se a importância de ter uma definição precisa e unânime com o objetivo de desenvolver uma agenda coordenada de pesquisa nesse campo.[pic 45]

O arquivo como espaço auratico de imagens de loucura.[pic 46]

Porto alegre-R.S[pic 47]

Arquivo, memória.loucura, imagem.

2017

Neste artigo temos como objetivo problematizar a função do arquivista no trabalho de catalogação das obras  expressivas  da  Oficina  de  Criatividade  do  Hospital  Psiquiátrico  São  Pedro,  localizado  em  Porto  Alegre,  RS.  Entendemos que, neste procedimento, é possível realizar um exercício de desmontagem do território a partir de escolha ética sobre o modo de narrar e analisar as criações daqueles que foram levados a viver na marginalidade da sociedade, asilados por longo tempo em hospital psiquiátrico. Nesse sentido, nossa intenção segue no contra fluxo dos discursos hegemônicos patologizantes, produzindo outros enunciados sobre o louco e suas linguagens destoantes. Como cartógrafos da memória e do esquecimento, os arquivistas da Oficina de Criatividade lançam-se à  experimentação  de  novas  sensibilidades  em  seu  encontro  com  imagens  auráticas.  Com  o  acervo  crescendo  a  cada dia, os arquivistas afirmam o caráter fragmentário da memória e a incompletude característica da contínua consignação de um arquivo inacabável

A dimensão expressiva do discurso interior.

Santiago- Chile

Habla interna, expresividad, lenguaje fisionômico.

2017

Este artigo é uma proposta teórica sobre a dimensão expressiva do discurso interior. Neste são descritos o fenômeno a partir da proposta de Karl Bühler em relação à expressividade da linguagem; dos estudos de Heinz Werner sobre a dimensão fisionômica-organicista da linguagem humana; e da abordagem teórica e empírica de Lev Vygotsky sobre o fenômeno do discurso interior. Conclui-se que em algumas passagens da obra de Vygotsky são fundamentais para compreender o discurso interior expressivo especificamente a influência da esfera afetiva-volitiva no desenvolvimento do pensamento e da palavra. Por último, propõe-se uma integração da concepção monológica do discurso interior vygotskiano, da noção werneriana sobre a dimensão fisionômico-organicista da linguagem e da proposta bühleriana da dimensão expressiva da linguagem humana, para uma compreensão abrangente da expressividade do discurso interior.[pic 48][pic 49]

(im) possibilidades do sujeito testemunha: abordagens interdiciplinares à memória do traumático.[pic 50]

Puerto Montt-Chile
Concepcion-Chil

Transmission de memoria, sujeito testimonial, meeemoria de lo traumático, interdisciplina.

2017[pic 51]

Este artigo tem como objetivo geral promover reflexão interdisciplinar, considerando as contribuições da psicanálise e da história sobre a transmissão da memória, em suas dimensões individuais e coletivas, de eventos traumáticos ligados à transgressão dos direitos humanos em contexto de regimes autoritários, a partir da perspectiva da testemunha. O pressuposto principal é que o sujeito testemunha desenha discursos que articulam as duas dimensões, representável e irrepresentável, da experiência por meio da palavra. Assim, interessa questionar a possibilidade de que o testemunho apresente em sua própria organização discursiva essa dimensão que resiste a articulação narrativa, uma questão que permite considerar a forma e a função que leva o irrepresentável no processo de transmissão da memória histórica ligada a traumas coletivos.

A dimensão musical de lalingua e seus efeitos na pratica com crianças autistas.

Sobral-CE

Lalingua, musica, autismo, psicanálise.

2017[pic 52]

Este artigo resulta da experiência com autistas em uma extensão universitária articulada à rede de saúde mental e a um serviço de psicologia. Investiga-se a relação de lalíngua com a música e estabelece suas contribuições à clínica do autismo. Para tanto, foi feita a leitura de textos nos campos da psicanálise e da música. Como material explorado, utilizaram-se relatos de experiência de profissionais e trabalho no grupo de extensão. A relação de lalíngua com a música é apresentada a partir da consideração dos jogos rítmicos de presença e ausência do som no decorrer do tempo que trazem elementos marcantes à própria constituição do sujeito, situando-nos diante de uma diacronia, também presente em lalíngua. Com isso, pode-se pensar como o estudo desse conceito nos auxilia na compreensão da relação primordial do sujeito com Outro, especialmente no autismo.

Interação e linguagem dirigida a crianças de quinze meses.

Lisboa-Portugal
Ponta
delgada-Portugal

Interação, fala dirigida, às criaças,gênero, parentalidade.

2017[pic 53]

 Neste estudo são comparadas a interação e a linguagem dirigida aos filhos(as) pelos pais e mães, para analisar as diferenças e semelhanças entre as díades. Para o efeito, foram videogravadas durante uma situação de brincadeira livre 80 díades – 40 crianças (25 meninas e 15 meninos) de 15 meses em interação com os respetivos pai e mãe. Os resultados revelam que não há diferenças significativas na forma de os pais e as mães interagirem com seus filhos e filhas. Contudo, observam-se diferenças na linguagem dirigida às crianças por pais e mães, em particular em comportamentos de nomeação e avaliação positiva. Para além das diferenças são
de sublinhar correlação positiva quer na interação, quer na comunicação de pais que coabitam.

Brincar na perspectiva psicoetologica: implicações para pesquisa e pratica.

São Paulo-SP

Brincar, cérebro social, desenvolvimento, emoções natureza.

2017[pic 54]

Este ensaio trata do brincar a partir da perspectiva psicoetológica e examina implicações para a pesquisa e a prática. Ao longo das últimas décadas, crianças vêm ganhando oportunidades de escolarização e atividades dirigidas por adultos, mas perdendo oportunidades de brincadeira livre autogerenciada. Isto é preocupante, considerando as indicações de modelos animais de que a brincadeira social autogerenciada é importante para o desenvolvimento do cérebro social e da capacidade de autorregulação de emoções. Este estudo representa um convite-justificativa para que as crianças recuperem oportunidades de brincadeira natural das quais vêm sendo privadas. Quanto mais conhecermos sobre o brincar, mais adequados seremos nas oportunidades que poderemos oferecer a elas. Precisamos de mais pesquisa sobre este tema na academia, num ambiente intelectual que facilite a colaboração entre etólogos, psicólogos, educadores e neurocientistas, promovendo interação bidirecional entre teoria e prática.[pic 55]

Afeto e comportamento social no planejamento do ensino: a importância das conseqüências do comportamento.

São Paulo-SP
São Carlos-SP
Belo Horizonte-MG

Analise do comportamento, comportamento social, afeto, aprendizagem.

2017[pic 56]

Nosso objetivo neste ensaio é refletir sobre a necessidade de uma visão integrada do desenvolvimento da cognição e do afeto para o planejamento acadêmico. O estudante a todo tempo manipula e transforma o ambiente ao seu redor. Relações sociais que se desenvolvem nesse contexto envolvem unidades comportamentais entrelaçadas em que indivíduos ora atuam sobre o ambiente, transformando-o, ora funcionam como aspectos críticos do ambiente em que outros atuam. Este texto aponta a necessidade de identificar relações entre o sujeito que se comporta e seu ambiente social. Um recurso prático para lidar com questões do campo do afeto e da cognição no ensino envolve identificar e lidar com as consequências sociais do comportamento. Críticas da noção de reforço para a análise do comportamento humano são debatidas levando em conta a necessidade de explorar melhor a complexidade do comportamento humano em contextos sociais.

Modos de ausência e de presença do corpo a partir do telos sensório – motor corporeo

Assis- SP[pic 57]

Corpo, percepção, atenção, fenomenologia.

2017

A fenomenologia evidencia que nossa relação com as coisas e com outrem envolve, fundamentalmente, a questão da nossa realidade corpórea, e que as circunstâncias de aparecimento do próprio corpo remontam a, sobretudo, sua condição primordial não de objeto de percepção, mas de estrutura do aparecer. Nesse contexto, discutimos os modos de ausência e de presença do corpo segundo a fenomenologia, buscando traçar um panorama da questão com base na opção metodológica de Drew Leder: iniciar uma fenomenologia do corpo pelos princípios estruturais da atividade sensório-motora. Pautamo-nos por três dimensões discriminadas pelo autor e que se reportam às nossas capacidades sensório-motoras: as dimensões física, atencional e funcional.

A pratica de atenção a saúde nos estabelecimentos psicossociais: efeitos do modo capitalista de produção.

Assis- SP

Modo capitalista de prodção, reforma psiquiátrica, atenção psicossocial.[pic 58]

2017[pic 59]

O modo de produção de bens materiais é correlato ao modo de produção de saúde e indica as formas de subjetivação possíveis em uma sociedade, portanto, está relacionado às maneiras como impasses sociais e psíquicos se materializam. Os conflitos da luta de classes produzem contradições, de maneira que é crucial observar que os sintomas desencadeadores das crises vêm enunciar objeção ao contexto social no qual emergiram. Partindo da análise organizacional, constatamos que os estabelecimentos institucionais de saúde mental no contexto do modo capitalista de produção têm servido para agenciar essas crises no sentido de dissuadi-las. Observa-se que, apesar dos avanços da reforma psiquiátrica brasileira, os estabelecimentos psicossociais ainda servem à adaptação social, produzindo subjetividades alienadas e reproduzindo formas históricas de dominação-subordinação, como a internação psiquiátrica e a medicalização da vida e do sofrimento.

“Tu não vais me faltar”: tessituras entre fantasma e (de) negação nas psicoses.

Porto Alegre-RS

Psicose, denegação, fantasma, tessitura, suplência.

2017

O conceito de denegação foi estabelecido por Freud a partir da noção de recalcamento e da clínica das neuroses - trata-se de um mecanismo específico de enlace entre negação e afirmação. Este artigo busca calcar sua originalidade, primeiramente propondo que diferentes costuras entre negação e afirmação são igualmente reincidentes nas psicoses. Nesse sentido, ressalta-se que estudos teórico-clínicos que articulam a denegação fenomenológica e estruturalmente às psicoses ainda são escassos. Tais costuras singulares, distintas da denegação estritamente freudiana, recebem aqui a grafia (de)negação. Em segundo lugar, este trabalho se pretende original por propor a (de)negação não apenas como fenômeno clínico, mas como operador em si no tratamento das psicoses, e, para tanto, sustenta essa hipótese a partir do caso clínico do adolescente aqui nomeado Luizel. Por fim, busca evidenciar a intrínseca relação entre (de)negação e esboço fantasmático no apaziguamento dos sintomas psicóticos em transferência.[pic 60]

Freud e o judaísmo: luto, trauma e transmissão.

Porto Alegre-RS

Trauma, trabalho de luto, transmissão, judaísmo.

2017[pic 61]

Este artigo almeja discutir a relação entre o conceito de transmissão na psicanálise e a posição do judaísmo no desejo de Freud. Interessa-nos compreender a operação subjetiva pela qual é possível tornar-se herdeiro, partindo do pressuposto de que a própria obra freudiana testemunha o modo como seu autor pôde apropriar-se da herança, tanto da cultura judaica quanto de sua genealogia familiar. Para isso, examinaremos a escritura de três de seus textos em contraponto a suas experiências pessoais, sugerindo que a articulação entre trauma, luto e transmissão fornece uma chave de leitura para a constituição de uma teoria psicanalítica da história.

Psicanalise e ciência: a equação dos sujeitos.

Porto Alegre-RS

Psicanálise,ciência, sujeito, significante

2017[pic 62]

Pretende demonstrar que a afirmação de Jacques Lacan de que a ciência moderna foi a condição de possibilidade de surgimento da psicanálise deriva um conjunto de proposições: há ciência moderna; a psicanálise só pôde surgir na modernidade do pensamento; e entre psicanálise e ciência há uma lógica de compatibilidade. Para tanto, a partir da epistemologia procuramos definir o estatuto de um mundo afetado pela atividade científica moderna em oposição a um mundo antigo. Isso nos levou à axiomática do corte maior decorrente do pensamento de Descartes e da física matematizada, que propõe haver uma cesura que afeta todos os discursos compossíveis. Com a matematização do pensamento, as qualidades do existente são abolidas, fornecendo terreno propício para o surgimento do sujeito do inconsciente, que Lacan irá alocar entre significantes, promovendo uma teoria do sujeito essencialmente moderna.[pic 63]

Da resistência autoimunitaria ao múltiplo na psicanálise.

Seropédica-RJ

Resistência,psicanálise e política, Derrida.

2017

O artigo discute a resistência no movimento psicanalítico a partir da provocação do filósofo Jacques Derrida de que haveria uma resistência autoimunitária da psicanálise, fazendo-a resistir, portanto, a si própria. Busca-se extrapolar as elaborações mais corriqueiras no âmbito da clínica psicanalítica sobre a resistência ao tratamento analítico, para colocar em pauta a discussão ético-política sobre a possibilidade de a psicanálise resistir à tirania do Um. Dessa maneira, a psicanálise resistiria ainda à tentação ao compromisso com a soberania ou com a crueldade. Por fim, pretende-se afirmar a potência do múltiplo no discurso psicanalítico, a despeito de seu movimento sempre pendular ora como expectativa de constituir um discurso hegemônico, ora como afirmativo do múltiplo, resistindo ao Um.

Vygotsky com Lacan: considerações sobre a formação dos conceitos na adolescencia

Belo Horizonte-MG

Adolescência, puberdade, conceito,Lacan, Vygotsky.

2017[pic 64]

Este artigo apresenta um exame da relação, apontada por Lacan, entre a maturação do objeto a na puberdade e a formação dos conceitos, com ênfase na interlocução entre esse psicanalista e Vygotsky. Na perspectiva vygotskiana, a entrada no pensamento conceitual só se efetua a partir da maturação pubertária, em virtude das novas funções psíquicas adquiridas nessa fase. Essa concepção corrobora a proposição lacaniana de que as transformações decorrentes do encontro com o objeto na puberdade - tempo lógico em que o sujeito tem que se haver com a falta de uma maneira inédita - proporcionam a assimilação dos conceitos. Considerando que se trata de um debate de fundo que não é evidente no contexto em que aparece na obra de Lacan, propõe-se investigar a finalidade dessa interlocução na elaboração lacaniana sobre a puberdade, que constitui uma importante contribuição à abordagem psicanalítica da adolescência.[pic 65]

Inclusão da loucura no pensar: um diálogo possível entre Lacan e a fenomenologia husserliana.

São Paulo-SP

Psicanálise, fenomenologia, personalidade, narcisismo.

2017

Por que pensar a loucura teria algum sentido na filosofia? A tese de Jacques Lacan de 1932 nos dá uma dica. Pois o autor se volta a um caso de paranoia e esboça algumas críticas à fenomenologia husserliana. A aposta desse texto é tentar mostrar que a reflexão sobre o que é dito enquanto anormal pode abrir um espaço para repensar a fenomenologia husserliana.[pic 66]

Notas sobre uma ontologia em Lacan: um dialogo com Heidegger.

São Paulo-SP

Inconsciente, ética, tempo, ontologia, ser- para- a- morte.

2017

Este estudo busca discutir a questão de uma possível ontologia na obra de Lacan a partir de seu estatuto do inconsciente ético de 1964. Procura-se estabelecer relações entre os conceitos lacanianos de inconsciente, ética e tempo e, através deles, dialogar com a concepção de temporalidade em Heidegger, a fim de demonstrar que o inconsciente lacaniano não é ético apenas por sua natureza linguística, mas também pela ontológica.

Em torno da complexa articulação sujeito e cultura

Rio de Janeiro, RJ, Brasil

psicanálise, psicopatologia, cultura, subjetividade

2018

Freud explicitou, desde o início da psicanálise, que o sujeito é inseparável da cultura. A experiência subjetiva implica, necessariamente, a referência do sujeito ao Outro, objeto de amor e de ódio, e à linguagem. Neste artigo, buscamos abordar a contribuição da psicanálise à abordagem da cultura, ressaltando sua especificidade, que é a de que suas hipóteses têm origem na clínica. A partir da psicanálise, podemos observar que, se o mal-estar na cultura, devido às restrições que são impostas às pulsões, é inevitável, os adoecimentos psíquicos costumam apontar criticamente para aspectos “insalubres” da cultura em determinados momentos históricos.

O sem sentido no testemunho do nome próprio

Alagoas-AL

testemunho, nome próprio, psicanálise.

2018

Este artigo aborda o nome próprio em sua relação com a literatura de teor testemunhal ou literatura do trauma. Valemo-nos dessa literatura para desenvolver algumas reflexões sobre a nomeação em Lacan, mais especificamente do testemunho de descendentes de nazistas notórios. Porquanto os nomes legados por seus pais os ligam às barbáries da Shoah, várias narrativas circundam esse tema tão caro à psicanálise. O préstimo do testemunho, entretanto, não se encerrou nesse ponto, pois observamos que o nome próprio e o testemunho se conectam a partir de certa relação com a linguagem que não deixa de incluir o sem sentido.

O fenômeno da imagem em psicologia social: algumas configurações

São Paulo - SP

psicologia social da imagem, psicologia e estética, percepção, iconologia, fenomenologia.

2018[pic 67]

Neste artigo, o método iconológico foi revisado em uma abordagem fenomenológica. O eixo dessa compreensão foi estabelecido por uma série de imagens da Igreja de São Francisco de Assis (Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil). Esse eixo torna possível observar a questão dos significados em relação ao tempo histórico e ao espaço social. Ao final, propõe-se o domínio da imagem em psicologia social como o estudo dos processos sociais nos quais a imagem não é apenas uma coisa físico-química, mas a mediação entre o objeto icônico, o corpo e a imagem mental dos observadores, em um contexto social e histórico. O resultado dessa reflexão indica duas sínteses preliminares em torno do conceito de mimesis e a participação do corpo, ambos articulados pela experiência estética.

Pesquisa e ação local: sobre bússola e outros instrumentos de viagem

São Paulo - SP

método, pesquisa-ação, educação, cultura, ética

2018

A partir de uma experiência de atuação numa região metropolitana afastada do centro da cidade de São Paulo, discutimos o método de pesquisa utilizado, pautado na proposta de pesquisa-ação. Em 2016, realizamos junto a duas escolas estaduais e uma organização voltada à educação e cultura, 33 oficinas e rodas de conversa com jovens, professores, gestores e agentes culturais. Como resultado, constatamos a fecundidade de ações pautadas pela escuta e reconhecimento de cada um como sujeito de direitos e capaz de posicionamento próprio. Para a formulação da estratégia de ações conjuntas, constatamos que os resultados dependem da construção de vínculos de parceria, de disponibilidade para escuta e da configuração de cada contexto social e institucional. Não sendo possível estabelecer um parâmetro único para todas as situações, a postura do pesquisador se torna a diretriz de seu percurso: sua ética é a bússola necessária para caminhar no mapa do território.

A neurociência computacional no estudo dos processos cognitivos

São Paulo - SP

cognição, neurociência computacional, memória, aprendizado, visão

2018

Nas últimas décadas o estudo de processos cognitivos vem sendo influenciado por duas tendências: a legitimação de diversas formas e níveis de estudo e a tentativa de integração multidisciplinar. A primeira teve grande importância na segunda metade do século XX, quando linhas de pesquisa na psicologia cognitiva e nas neurociências fortaleceram-se. Nesse sentido, destacam-se os três níveis de Marr (computacional, algorítmico e implementacional) como forma de estruturar o estudo dos processos cognitivos. A segunda tendência é mais recente e busca, apoiada na primeira, aprofundar o entendimento dos processos cognitivos em suas diversas escalas e integrar diversos paradigmas de estudos, buscando consiliência teórica. O intento deste artigo é apresentar a neurociência computacional e suas possíveis contribuições para a psicologia cognitiva, articulando, por meio dos três níveis de Marr, uma base teórica que explicite o papel de cada uma das disciplinas e as suas possíveis interações.

Luto, Pathos e clínica: uma leitura fenomenológica

Paraná -PR

luto, clínica, psicologia fenomenológica, intersubjetividade,
pathos.

2018[pic 68]

A compreensão sobre o luto sofreu profundas modificações em seus aspectos teóricos e práticos, com repercussões importantes na recente versão do DSM. Não apenas o contexto cultural, mas também a clínica psicológica impactou profundamente a sua compreensão. A psicologia fenomenológico-existencial estuda os fenômenos como vivências no mundo, contribuindo com a reflexão sobre o caráter vivencial e pathico do enlutamento. Este estudo objetiva apresentar o luto nessa perspectiva e suas implicações para a clínica psicológica. Quando submetemos o fenômeno do luto à epoché, deparamo-nos com a evidência da intersubjetividade. O luto é uma vivência que tem início na abrupta supressão do outro enquanto corporeidade, rompendo os sentidos habituais do mundo-vida. Diante da suspensão de sentidos, propõe-se que o setting clínico permita o retomar e o ressignificar das narrativas interrompidas, diante de um novo mundo-vida que se abre fora do horizonte das predeterminações teóricas.

A circunstância em José Ortega y Gasset: aproximações ao inconsciente junguiano

Aracaju - SE

circunstância, inconsciente, Ortega y Gasset, Jung.

2018

O indivíduo humano, conforme o pensamento de José Ortega y Gasset, revela-se como um eu indissoluvelmente coimplicado com a sua circunstância. A proposta deste artigo é refletir sobre a circunstância orteguiana, sobretudo em seus aspectos inconscientes, de modo a ensaiar uma aproximação dessa circunstância com a perspectiva do inconsciente de Carl Gustav Jung.

É possível a hermenêutica analógica se constituir em um marco filosófico apropriado para a psicanálise?

Buenos Aires São Paulo - SP

psicoanálise, epistemologia, hermenêutica

2018

Este artigo analisa as pretensões dos adeptos da hermenêutica analógica por se constituirem em um fundamento epistemológico necessário para a psicanálise. Primeiramente, são expostas as razões para o desembarque da tradição hermenêutica no campo freudiano, vinculando as críticas filosóficas que, em meados do século XX, foram feitas à psicanálise e a saída que vários analistas encontraram nos precursores filosóficos da hermenêutica contemporânea. Conceitualiza-se a renovada tentativa para redefinir a identidade epistêmica da psicoanálise atualmente a partir dos desenvolvimentos da hermenêutica analógica de Mauricio Beuchot. Em segundo lugar, apresentam-se algumas objeções críticas que impediriam essa reformulação e são defendidas por apoiarem as tensões metateóricas inerentes ao programa freudiano, potencializando sua fecundidade para avançar na busca por melhores fundamentos para a racionalidade da clínica psicoanalítica.

Psicanálise e cultura pop: os mitos no contemporâneo[pic 69]

Porto Alegre - RS

psicanálise, cultura pop, mitos

2018

O que a cultura pop tem a dizer sobre os sujeitos de nosso tempo? Neste ensaio, os autores propõem uma via de leitura das produções da cultura pop apostando que, na contemporaneidade, ela floresce, no território tradicionalmente reservado à mitologia, como enunciante dos modos de subjetivação. Retomando a abordagem psicanalítica dos mitos a partir de Freud e Lacan, observa-se que a função de recobrir o Real do desamparo, em um tempo que se crê racionalista, passa a ser desempenhada por ficções que deixam rastros e possibilitam, através da variância e da repetição, desvelar a estrutura subjacente que lhes engendra. Por fim, propõe-se que, se essas produções são consumidas com tamanha voracidade, é porque dizem algo sobre os sujeitos que a elas se lançam - ou seja, sobre a subjetividade desta época.

A Verleugnung em Freud: análise textual e considerações hermenêuticas

Minas Gerais - MG

psicanálise, Freud, desmentido, fetichismo.

2018

Neste artigo abordamos os diferentes deslocamentos da ideia de “recusa”, “renegação” ou “desmentido” (Verleugnung) no texto freudiano. Para promover essa reflexão, discutimos inicialmente as traduções e significados do termo alemão, para depois acompanhar o seu aparecimento na Primeira Tópica e o seu desenvolvimento conceitual na Segunda Tópica. Acreditamos que, embora o conceito de “desmentido” tenha encontrado a sua formulação específica como mecanismo de defesa da perversão fetichista, trata-se de um conceito bem mais extenso, que não se restringe à organização perversa e possui grande valor para a compreensão crítica de certos aspectos da sociedade contemporânea.

Por uma história das políticas da psicanálise: institucionalização, formação e posicionamento político dos analistas

São Paulo - SP

psicanálise, política, história, institucionalização.

2018

Aborda a história política da psicanálise como um movimento em torno de ideias e práticas psicológicas não para construir uma historiografia desse movimento, mas para esboçar uma narrativa de valor histórico sobre certos aspectos institucionais da psicanálise que indicam o modo pelo qual ela fez política em meio a sua institucionalização. Partimos do posicionamento político dos psicanalistas e suas teorias para delimitar algumas interpenetrações entre ambos, examinando três autores, Paul Federn, Otto Fenichel e Ernest Jones, passando em seguida à constituição do movimento psicanalítico e à propaganda da causa freudiana. Nossa hipótese é de que, apesar das diferentes posições e forças políticas dentro da psicanálise, elas convergiram em direção à defesa de uma causa. Assim, fica mais clara a constituição e a expansão do movimento psicanalítico durante suas primeiras cinco décadas rumo a uma aparente unificação.

Psicanálise: uma vocação utópica

Porto Alegre - RS

Utopia, política, psicanálise

2018[pic 70]

Este trabalho surge com o intuito de problematizar a psicanálise como método de interrogação do sujeito, propondo uma reflexão sobre as formas como a própria psicanálise porta uma vocação utópica, enquanto ferramenta política, a partir de sua visão acerca do sujeito e da proposição de uma ética. Propomo-nos a analisar de que forma os regimes econômicos lapidaram as subjetividades. Movimentos de resistência a essas lógicas de silenciamento da vida têm surgido, abrindo novos espaços simbólicos para um pensamento de práticas utópicas e suas reverberações éticas para uma política de vida.

El objeto a en los sueños de fin de análisis

Buenos Aires São Paulo/SP

sueño, objeto, psicoanálisis

2018

Este artigo situa-se dentro da psicanálise lacaniano e tem como objetivo discutir as contribuições teóricas sobre a figuração do objeto a nos sonhos de final de análise e a sua relação com o acordar. Se utilizam as ferramentas conceptuais próprias da disciplina para analisar quatro contribuições teóricas: a proposta de Colette Soler, quem considera a aparição do objeto a em alguns sonhos como o ponto de inserção da pulsão, que leva ao acordar; as contribuições de Ricardo Nepomiachi sobre a figuração onírica do esvaziamento ou dissolução do objeto a; a relação entre o objeto e o acordar sem angustia destacado por Frida Nemirovsky e Fabián Naparstek; e a noção de sonhos-índice, proposta por Marcelo Mazzuca, na qual o objeto insere-se numa trama onírica, segundo uma relação estabelecida entre desejo e satisfação em determinado momento da análise.

Uma analista do discurso no espectro de tratamentos do autismo

São Paulo - SP

análise institucional do discurso, autismo, brincar, tratamento.

2018

Este artigo apresenta a análise de discurso como possibilidade de atendimento clínico a crianças com diagnóstico de autismo, o que pode parecer paradoxal, dadas as conhecidas dificuldades de fala nesses casos. O campo conceitual que sustenta essa discussão é o da análise institucional do discurso, que parte do pressuposto de que a clínica é uma instituição em que se exercem lugares de enunciação e se movem expectativas entre os parceiros da cena discursiva, ocasião de análise. Os sentidos se constituiriam, também por suposto, no contexto concreto desse dispositivo, que é, por filiação ao pensamento de Foucault, tomado como discurso-ato. Deriva daí a tese que permitiria atingir pacientes com autismo: mesmo que não falem, fazem o discurso da sessão, assim como o terapeuta. O brincar, por implicação, será então considerado como ato discursivo: procedimento a delimitar lugares no exercício da enunciação. Discute-se, ainda, sua ação terapêutica.

Autismo em causa: historicidade diagnóstica, prática clínica e narrativas dos pais

São Paulo

autismo, família, diagnóstico, psicopatologia, psicanálise

2018

Apresentaremos alguns desafios enfrentados no trabalho psicanalítico institucional com crianças diagnosticadas autistas. As narrativas recorrentes dos pais sobre o diagnóstico médico e sobre a relação estabelecida com seus filhos ilustrarão nossas discussões. Ressaltaremos a importância de uma posição crítica dos profissionais diante dos rumos de uma diagnóstica totalitária e atemporal incidindo na compreensão do sofrimento humano e das psicopatologias em nossa época. O mal-estar gerado diante de indivíduos à margem do laço social produzem, como efeito, a busca de sua reabilitação funcional e de sua adequação comportamental. A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Autismo, reivindicada a partir do mal-estar e da luta de seus familiares, sofre a incidência do discurso cientificista contemporâneo na direção de sua pretensa universalidade. Tal política garante não somente conquistas legítimas na condição da cidadania da pessoa com autismo, mas fomenta, por outro lado, sua tutela jurídica e anônima, objetalizando-a.[pic 71]

A conjuntura após junho de 2013: olhares cruzados sobre participação política e resistência

São Paulo

conjuntura, juventude, consciência, representatividade política.

2018

Buscamos compreender o que pensam jovens sobre a conjuntura, especialmente no Brasil, após as chamadas manifestações de junho. Em um cenário marcado pela crise social e econômica do capitalismo, quisemos entender como estudantes universitários e de um cursinho popular relacionam-se com o contexto político atual. Foram realizadas entrevistas e o conteúdo foi interpretado com base no materialismo histórico e dialético. Com isto, notamos que os participantes não enxergam um caminho concreto para superação dos problemas identificados nesta conjuntura, a saber: a existência de uma onda conservadora e corrupção, associados à retirada de direitos sociais. Em geral, partidos e movimentos sociais não estão no horizonte de participação, assim como as eleições não foram citadas como um caminho para alcançar demandas populares, corroborando a existência de uma crise de representatividade política, que é reforçada pela falta de alternativa política ao que está posto.

A ideologia do capitalismo nos movimentos sociais brasileiros: os “nós-do-governo”[pic 72]

São Paulo

psicanálise, engodo, discurso, capitalismo

2018

O objetivo deste trabalho é compreender os processos ideológicos presentes na relação entre o Estado brasileiro e movimentos sociais durante os governos Lula e Dilma até junho de 2013. Para isso, veremos que há alguns sujeitos que gozam quando aderem a todo aparato cínico presente na sociedade capitalista e ainda se identificam com esse modo de vida. Por outro lado, há sujeitos que se indignam com essa situação e buscam se organizar politicamente, neste caso em movimentos sociais. Tratamos sobre esses sujeitos que se organizam politicamente, porque eles também sofrem as investidas do Estado brasileiro que usa do engodo para colocá-los na lógica cínica de controle social capitalista. Nessa lógica, o engodo é uma formação discursiva que coloca em jogo uma dimensão simbólica e imaginária para tomar cinicamente o outro como objeto de sua satisfação.

Ideologia esportiva e formação do indivíduo: contribuições da Teoria Crítica do Esporte

São Paulo

teoria crítica do esporte, teoria crítica da sociedade, ideologia esportiva, formação do indivíduo

2018

Este ensaio apresenta o debate empreendido em meados da década de 1960, na França, pelo movimento teórico e político denominado Teoria Crítica do Esporte. Essa perspectiva ocorreu em meio ao clima cultural emergente naquele período, marcado pela crítica às instituições vigentes e propunha o desvelamento dos elementos subjacentes à hegemonia da ideologia esportiva na cultura, particularmente na mídia, nos clubes e escolas. O texto apresenta os principais argumentos de seus idealizadores, sobretudo os concebidos por Jean-Marie Brohm, aproximando suas inquietações com contribuições oriundas de autores que marcaram a primeira geração da Teoria Crítica da Sociedade, notadamente Theodor W. Adorno, Max Horkheimer e Hebert Marcuse. O ensaio incide sobre as críticas tecidas por esses autores com a finalidade de compreender os fundamentos do movimento esportivo, concebido como objeto cultural de ampla disseminação e importância para a formação do indivíduo sob a égide do capitalismo.

Big Data, exploração ubíqua e propaganda dirigida: novas facetas da indústria cultural[pic 73]

Ceará e São Paulo

indústria cultural, teoria crítica da sociedade, Big Data, cultura digital.

2018

A emergência da cultura digital a partir do desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação levou a críticas ao conceito de indústria cultural elaborado por Horkheimer e Adorno nos anos 1940, definindo a nova configuração a partir da interatividade, comunicação aberta e maior liberdade entre usuários. Entretanto, a um olhar crítico, a nova configuração se revela mais totalitária que a anterior. Todas as ações dos usuários no ambiente digital geram informações que podem ser compiladas e organizadas de acordo com algoritmos matemáticos, configurando o chamado Big Data; essas informações incluem dados sobre preferências, tendências políticas, gênero e perfis de personalidade, e levam a tentativas de vigilância ubíqua e manipulação por meio de propaganda dirigida, sendo política e economicamente muito mais eficaz do que na era da indústria cultural descrita por Adorno. A atualização da teoria crítica da sociedade implica compreender essa nova configuração, suas pretensões e contradições. Nesse sentido, este artigo objetiva tanto atualizar o conceito de indústria cultural, denunciando, assim, as novas formas de manipulação, quanto criticar a ideia de que a liberdade é imanente à Cultura Digital, presente em seus defensores.

A vontade em Vygotski: contribuições para a compreensão da “fissura” na dependência de drogas

Minas Gerais

craving
(fissura), Vygotski, vontade, drogas

2018

A fissura (craving) é questão central no cuidado a pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas, sendo considerada uma incapacidade de controlar o desejo pelo consumo. Contudo, não há definição unívoca desse fenômeno. Investigou-se o conceito de vontade em Lev S. Vygotski (1896-1934), considerando-se que sua abordagem poderia contribuir para a compreensão da fissura. Realizou-se uma revisão da literatura acerca do craving e uma análise focal do conceito de vontade em textos selecionados de Vygotski. Não obstante as controvérsias sobre a definição do fenômeno da fissura, a proposição de Vygotski acerca da vontade como função psicológica superior mediada por motivos auxiliares possibilita ampliar a compreensão do craving. O manejo da fissura, assim, depende não somente de uma iniciativa individual, mas também de questionamentos sobre a lógica social, política e histórica que preside os significados sobre o uso de drogas.

Crack! A redução de danos parou, ou foi a pulsão de morte?[pic 74]

Rio de Janeiro

psicanálise, redução de danos,

2018

O que a psicanálise tem a dizer sobre tantas questões que envolvem as drogas, que de longe ultrapassam a questão de seu uso? Questões, diríamos, históricas, clínicas e políticas. O objetivo desse texto é discutir vicissitudes que as perpassam. Não apenas nos acercarmos do “problema drogas”, mas pensar como a presença da psicanálise pode fazer frente a determinados discursos que se presentificam nesse campo de atuação e que estão longe de pôr o sujeito em questão. Trabalhar com a psicanálise é levar em conta a pulsão de morte. É lançar mão de um saber que nos permite uma orientação de tratamento que leve em conta o que há de mortífero no uso de
drogas nas toxicomanias, pondo em relevo a posição de gozo do sujeito. É, além disso, pôr em questão o que há de mortífero em determinados direcionamentos políticos que transformam o sujeito em objeto.

Pesquisa narrativa com mulheres que usam drogas: uma experiência etnográfica feminista

Minas Gerais

mulheres usuárias de drogas, epistemologia feminista, etnografia, entrevista narrativa.

2018

Trata-se de pesquisa narrativa inscrita no campo epistemológico feminista, que buscou conhecer a trajetória de vida de mulheres usuárias de crack. Foi realizada uma etnografia multissituada/multilocal, que partiu da escuta de usuárias inseridas num serviço público de saúde mental para, na sequência, seguir duas delas pelos espaços nos quais circulavam, quais sejam, abrigo, escola, equipamentos de saúde, além de suas próprias casas. Como método de coleta de dados foi utilizada a técnica de entrevista narrativa. A escuta das mulheres possibilitou a desarticulação de sentidos fixos e desafiou a inteligibilidade orientadora das práticas de cuidado às pessoas que usam drogas. Foram ressaltados os limites que a condição de usuária de um serviço de saúde mental estabelece à enunciação de um saber válido das mulheres sobre si mesmas, sendo suas narrativas produto do discurso sobre elas elaborado pelo campo da saúde, que institui e prescreve sua própria materialização como usuárias de drogas.

O método no centro: relatos de campo de uma pesquisa psicossocial de perspectiva etnográfica

São Paulo

psicologia social, método etnográfico, etnografia multissituada, metodologia, trabalho de campo.

2018

O artigo tem por objetivo debater alguns efeitos do uso do referencial teórico-metodológico da etnografia em pesquisas de psicologia social, especialmente a etnografia multissituada. Para isso, toma o caso de uma pesquisa de doutorado desenvolvida nessa interface e discute parte de seus problemas e imprevistos, bem como as escolhas e recursos utilizados para enfrentá-los. Também procura apresentar os critérios que orientaram o desenho da pesquisa de modo geral.

Adolescência em atos e adolescentes em ato na clínica psicanalítica[pic 75]

Bahia e Minas Gerais

adolescência, psicanálise, passagem ao ato,acting out , CAPSi.

2018

O artigo apresenta uma reflexão teórica sobre a experiência clínica com adolescentes atendidos em um Centro de Atenção Psicossocial à Infância e à Adolescência (CAPSi). Os jovens chegaram ao CAPSi em função de automutilações, tentativas de suicídio, fugas e impulsividade expressa através da agressividade. Esses eventos são discutidos por meio dos conceitos lacanianos de “acting out” e de “passagem ao ato” e da antropologia de Le Breton. Observamos que os atos se apresentavam em três situações: (1) quando o jovem aparecia como objeto de um gozo mortífero; (2) perante a inconstância do Outro prestativo; (3) quando não era possível formular de outro modo a questão do significado e do valor de si para o Outro. Defendemos que os atos como na adolescência podem ser lidos como um apelo diante dos impasses vivenciados na busca de novos modos de se inscrever no campo social.

Idealización y transmisión psíquica en la adolescencia: interpretación de un evento de violencia en Chile

Región de los Lagos, Chile.

passagem adolescente; pessoa; violência; idealização e transmissão.

2018

Este artigo se propõe a analisar o homicídio de um jovem homossexual, fato ocorrido no Chile em 2012, e articular este evento de violência com certos imaginários da sociedade chilena contemporânea, bem como aos processos de idealização e transmissão psíquica. A partir desse objetivo, desenvolver-se-á uma interpretação teórica vinculada a elaborações psicanalíticas sobre o papel do superego cultural e da idealização durante a fase adolescente, fazendo também um intercruzamento entre a dialética étnico-política e a dialética ético-moral, na Teoria da Mediação. A referida perspectiva destaca uma maior incidência dos ideais sociais de controle e exclusão do outro sobre os processos de apropriação subjetiva da adolescência. Dessa forma, intenta-se uma aproximação a este caso violento, buscando tecer um emaranhado de processos psíquicos e interpsíquicos da adolescência e os processos de subjetivação constitutivos da experiência social de adolescentes e jovens no Chile de agora.

Nossos erros me afetam? Efeito de informações negativas na identificação com endogrupo e na autoestima[pic 76]

Brasília

consistência cognitiva; dissonância cognitiva; autoestima implícita

2018

Teorias clássicas sobre consistência cognitiva recentemente têm sido exploradas enquanto processos não apenas intraindividuais, mas influenciados por aspectos grupais. Tendo em vista a tendência humana ao enaltecimento pessoal e grupal e a teoria unificada de cognição social implícita, informações negativas a respeito do endogrupo têm potencial de gerar inconsistência por meio da dissonância cognitiva e de desbalanceamento. Para testar as funções protetivas da consistência cognitiva diante das ameaças à avaliação positiva do endogrupo, 156 participantes passaram por pré e pós-teste de autoestima e por manipulação experimental de ameaça ou neutra. Não houve diferença significativa na autoestima dos participantes, nem no estado afetivo. Nos grupos experimentais, embora apontassem os comportamentos como negativos, muitos alegaram ser esperteza e jeitinho brasileiro. Pesquisas sobre dissonância apontam que, quando o objeto da redação contra-atitudinal é uma norma cultural, os efeitos da dissonância e a possibilidade de mudança de atitude são minimizados. Resultados serão discutidos.

Algumas reflexões sobre o corpo no cenário psicanalítico atual

Rio de Janeiro

corpo; psicanálise; clínica psicanalítica; contemporaneidade

2018

Busca-se levantar indagações centrais acerca da presença do corpo na clínica psicanalítica e na cultura contemporânea. Para tal finalidade, examina-se o quanto essa problemática participa das transformações sociais testemunhadas nas últimas décadas. Em seguida, compara-se o corpo da biologia e o corpo da psicanálise, a fim de enfatizar a especificidade deste último. Esse problema remete à noção psicanalítica de corpo pulsional, aos limites da representação psíquica em psicanálise e à afirmação de que há nesse campo uma permeabilidade entre o registro da pulsão e o da representação. Além desses dois registros, o artigo propõe também incluir o corpo biológico como uma das dimensões do corpo metapsicológico em Freud.

Pacientes, problemas e fronteiras: psicanálise e quadros borderline

Maringá

quadros borderline; psicopatologia; psicanálise; estados-limite; objeto borderline

2018

O artigo trata do quadro clínico conhecido como borderline e é derivado de um exame da literatura psicanalítica sobre o quadro. Nosso objetivo é oferecer informações de maneira sistematizada para que os leitores possam se aprofundar no tema, ou mesmo para que possam confrontar suas posições com as de diversos autores. Trataremos das diversas definições e nomenclaturas, da psicodinâmica, dos sintomas, da etiologia, da diversidade das técnicas terapêuticas, dos problemas comuns durante o tratamento e dos aspectos gerais da transferência e da contratransferência. Ao final, ofereceremos uma contribuição acerca da psicodinâmica, a qual se refere à identificação na literatura da ideia de um objeto borderline que é parte da essência psicodinâmica do quadro. Ademais, desenvolveremos análises das informações examinadas nos utilizando da ideia de objeto borderline como baliza.[pic 77]

A fenomenologia do inconsciente na obra de Machado de Assis

São Paulo

inconsciente; Machado de Assis; história da psicologia no Brasil; psicologia fenomenológica

2018

Este artigo busca, em primeiro lugar, elucidar como Machado de Assis desenvolveu a concepção de inconsciente no romance Helena (1876) e no conto Uma senhora (1883). Em segundo lugar, examinamos como sua concepção de inconsciente pode ser elucidada fenomenologicamente, a partir da relação entre consciência reflexiva e pré-reflexiva. Nestas narrativas, Machado revela como certas emoções, embora não sejam apreendidas reflexivamente pelo sujeito que as vive, manifestam-se indiretamente nas ações, nas expressões corporais e no modo de compreender o mundo.

Pode a psicanálise de Winnicott ser a realização de um projeto de psicologia científica de orientação fenomenológica?

São Paulo

Psicanálise; fenomenologia; existencialismo; epistemologia; psicoterapia

2018

Desenvolver a hipótese de que a obra de Winnicott pode corresponder a uma realização possível do projeto de elaboração de uma psicologia científica não naturalista, tal como indicado nas concepções filosóficas da fenomenologia e do existencialismo moderno. Depois de distinguir o que seriam os aspectos clínicos destas propostas filosóficas, procuro mostrar que Winnicott, por um lado, rejeita o uso de especulações metapsicológias naturalistas, e por outro, reformula o modelo ontológico da psicanálise, com a introdução da noção de ser; além de introduzir uma noção de saúde e redescrever a teoria do desenvolvimento socioemocional do ser humano focando-a nas suas relações de dependêndia.Tais modificações colocariam a psicanálise num quadro epistemológico não naturalista, mais de acordo com essas influências filosóficas citadas, modificando também a própria prática psicanalítica, seja em termos dos seus objetivos seja em termos do seu manejo.

O estudo de casos múltiplos: estratégia de pesquisa em psicanálise e educação

Rio de Janeiro

estudos de caso; metodologia de pesquisa; psicanálise; educação.

2018[pic 78]

O estudo de casos será discutido como metodologia de pesquisa na articulação entre psicanálise e educação. Tal discussão se insere no trabalho efetuado pela parceria entre o Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Nipiac-UFRJ), o Instituto de Psiquiatria (UFRJ), a Faculdade de Educação da UFRJ e da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde casos de crianças e adolescentes com entraves na escolarização foram objeto de análise. Pela temática do mal-estar na escolarização, o estudo de casos aliado à pesquisa-intervenção se ofereceu propício para a análise de fenômenos contemporâneos inseridos em contextos de vida real. Discute-se aqui sobre a importância da definição dos casos, da questão de estudo e produção do material, sua organização e análise, bem como possíveis resultados e produtos. Por fim, é tecida uma reflexão sobre os desafios metodológicos encontrados na realização da pesquisa.

A questão do sujeito em Foucault

São Paulo

 Foucault, sujeito, subjetivação, ética.

2018

Apoiados em uma demarcação sintética sobre as três fases das pesquisas de Michel Foucault, procuramos destacar a importância e necessidade de uma revisão da questão do sujeito em sua obra, em particular após suas pesquisas sobre a problemática da ética na Grécia e Roma antigas. Concluímos que essa revisão traz uma consequência importante para orientar pesquisas na psicologia ou ciências humanas, de modo geral.

Racionalidade institucional e dominação à luz de Weber, Freud e Adorno: adesão acrítica ou emancipatória

Goiânia

formação; identidade; violência; autoridade; política

2018

Com base na teoria crítica da sociedade do filósofo Theodor Adorno, este trabalho propõe refletir sobre elementos objetivos do âmbito da estrutura institucional e social que fundam ideias referentes à racionalidade e à dominação, considerando fatores subjetivos correlatos às ideias do sociólogo Max Weber. Nesse sentido, corrobora-se ideias acerca da formação complexa da identidade do sujeito diante das exigências de conservação humana, apresentadas à luz da psicanálise de Sigmund Freud; uma discussão controversa, porém fundamental para a teoria crítica, posto que considera contribuições da psicologia perpassadas por elementos que se ampliam para além de comportamentos determinados, conscientes ou alienados. Ou seja, almeja fatores culturais, históricos e sociológicos como bases primordiais para a análise da ideologia como fator racional o qual transcorre o período moderno.

Formação da personalidade autêntica e corporeidade à luz de Edith Stein[pic 79]

São Paulo e Minas Gerais

 autenticidade, formação, individuação, fenomenologia, Edith Stein.

2018

 Considerando que o tema da autenticidade tem se tornado um importante referencial ético da sociedade contemporânea, discutimos neste trabalho as contribuições de Edith Stein para a compreensão do processo de formação da personalidade autêntica, com especial atenção à maneira como a corporeidade participa dessa dinâmica. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, em que examinamos alguns textos steinianos que abordam diretamente o tema da estrutura da pessoa e seu processo formativo, especialmente O problema da empatia, Sobre a ideia de formação e Potência e ato, respectivamente com originais dos anos de 1917, 1930 e 1931. Discutido como processo de formação da personalidade e como princípio de individuação, Stein acentua a necessidade de considerarmos a pessoa em ato, como meio de conhecermos sua autêntica individualidade, mesmo havendo limites para esse conhecimento.

Psicologia analítica e estética da recepção: diálogos possíveis

São Paulo

psicologia analítica; estética da recepção; Carl Gustav Jung; arte.

2018

O artigo, após apresentar brevemente o campo da Estética da Recepção, destaca os escritos de Jung que se referem aos espectadores de arte, para, então, estabelecer bases para um diálogo entre tais textos e essa disciplina que ainda permanece pouco conhecida. O artigo discorre sobre as particularidades dos fenômenos envolvidos na apreensão de obras de arte, considerando, entre outras, as noções junguianas de símbolo, de arte como compensação e da dinâmica entre a consciência e o inconsciente. Para fundamentar os dados teóricos, o artigo também introduz algumas passagens que revelam Jung em sua faceta de espectador de obras de arte. Por fim, opõe-se aos recentes atos de censura a obras de arte contemporâneas.

Pressupostos teórico-metodológicos da Teoria Bioecológica

Porto Alegre e Vitória

metodologia; psicologia do desenvolvimento; adolescente em conflito com a lei.

2018

Este artigo tem por objetivos: (1) apresentar os pressupostos teórico-metodológicos da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano (TBDH); e (2) relatar de que forma esses pressupostos influenciaram a condução de uma pesquisa com adolescentes em medida socioeducativa. Apresentam-se as fases da TBDH, destacando-se a transformação de uma abordagem centrada no contexto a uma teoria que enfatiza os processos cotidianos. Os elementos do Modelo PPCT (Processo-Pessoa-Contexto-Tempo) são discutidos e sugerem-se delineamentos metodológicos como forma de acessá-los em uma pesquisa. Um estudo conduzido com adolescentes em medida socioeducativa é apresentado como forma de operacionalizar o uso da teoria em uma atividade investigativa. A formulação do problema de pesquisa, o delineamento do método e a interpretação dos resultados são discutidos à luz dos pressupostos teórico-metodológicos característicos da teoria.

Pressupostos teórico-metodológicos da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano: uma pesquisa com adolescentes em medida socioeducativa. [pic 80]

conflito com a lei.

metodologia; psicologia do desenvolvimento; adolescente em conflito com a lei.

2018

Este artigo tem por objetivos: (1) apresentar os pressupostos teórico-metodológicos da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano (TBDH); e (2) relatar de que forma esses pressupostos influenciaram a condução de uma pesquisa com adolescentes em medida socioeducativa. Apresentam-se as fases da TBDH, destacando-se a transformação de uma abordagem centrada no contexto a uma teoria que enfatiza os processos cotidianos. Os elementos do Modelo PPCT (Processo-Pessoa-Contexto-Tempo) são discutidos e sugerem-se delineamentos metodológicos como forma de acessá-los em uma pesquisa. Um estudo conduzido com adolescentes em medida socioeducativa é apresentado como forma de operacionalizar o uso da teoria em uma atividade investigativa. A formulação do problema de pesquisa, o delineamento do método e a interpretação dos resultados são discutidos à luz dos pressupostos teórico-metodológicos característicos da teoria.

O que (não) há de “complexo” no comportamento? Behaviorismo radical, self, insight e linguagem

Vitória e Ceará

behaviorismo radical; cognitivismo; metateorias; comportamento complexo

2018

Uma crítica comum encontrada em manuais e livros didáticos de psicologia é que a análise do comportamento não seria capaz de explicar fenômenos psicológicos complexos. Estes seriam melhor abordados por explicações cognitivistas baseadas em mecanismos internos ao organismo. Este ensaio tem como objetivo avaliar a pertinência dessa crítica à luz de exemplos da literatura analítico-comportamental. A partir da análise de pesquisas que tratam de formação de self, insight e linguagem, argumenta-se que a “complexidade” foi importada para os laboratórios de análise do comportamento, assim como floresceu em diversas linhas de pesquisa de tradição behaviorista radical. Em adição, são discutidos cinco significados possíveis dados à “complexidade” extraídos da literatura consultada. Conclui-se que não há significado útil do termo e que, por essa razão, talvez seja pertinente abandoná-lo como critério de classificação de comportamentos. Como consequência, “comportamento complexo” seria simplesmente “comportamento” e nada mais.

O jogo dos sentidos em psicanálise: alteridade, verdade e construção

Belém

psicanálise; alteridade; verdade; construção.

2018

Este artigo se apresenta como uma contribuição ao debate acerca do problema da alteridade em psicanálise. Para tanto, remete-se à noção de construção, discutindo o dilema da imposição/negociação de sentido no setting clínico por meio de uma pesquisa teórica que esmiúça duas perspectivas específicas: a original freudiana, mais próxima ao realismo de uma equivalência entre as metapsicologias e as expressões do inconsciente, e aquela outra, posteriormente sugerida por Serge Viderman, construtivista e desconfiada quanto à possibilidade de correspondências bem-definidas entre fenômenos clínicos e representações teóricas predeterminadas. Em termos conclusivos, após se aproximar de alguns diálogos propostos por Luís Claudio Figueiredo entre psicanálise, temporalidade, narratividade e elementos da filosofia de Heidegger, defende um ideal interpretativo que metabolize a fala que lhe é dirigida, mas que também suporte e acolha as diferenças a ela inerentes, revelando assim uma disponibilidade para com o próprio movimento do pensamento.[pic 81]

O herói na psicanálise de Freud e Lacan: revolução e subversão

São Paulo

herói; revolução; subversão; psicanálise.

2018

Embora o herói não receba um estatuto propriamente conceitual, o termo é recorrente no pensamento de Freud e Lacan no cerne da elaboração teórico-clínica da psicanálise. Este texto trabalha os desdobramentos das significações do herói de acordo com as transformações da metapsicologia analítica. A partir disso, traz duas dimensões do herói no âmbito dos destinos do sujeito no mal-estar na civilização: a revolução, que se lança a uma transformação nos laços sociais, mas promove a manutenção do lugar do Pai, e a subversão, que avança em um ato que produz mudanças em relação às coordenadas simbólico-imaginárias que determinam o sujeito.

A antropologia contribui para a pesquisa em psicanálise? Sobre o perspectivismo e a experiência psicanalítica

Rio de Janeiro

pesquisa, antropologia, psicanálise, clínica

2018

O artigo visa discutir as implicações de certas questões colocadas pelo perspectivismo ameríndio para a experiência psicanalítica. Isso porque uma pergunta central do perspectivismo levantada por Viveiros de Castro pode ser deslocada para o campo psicanalítico, a saber: como criar condições para autodeterminação ontológica do outro quando todos nós temos nossos pressupostos ontológicos? Acompanhando a aposta do autor de que o antropólogo deve fazer uma descrição suficientemente boa, traça-se uma articulação com a experiência em psicanálise a partir de considerações suscitadas pela teoria winnicottiana. Por fim, para ilustrar as questões
discutidas, apresenta-se um relato de experiência em pesquisa clínica a partir da psicanálise.

O analista é o historiador: verdade, interpretação e perplexidade

São Paulo

 transferência; história; verdade; psicanálise

2018[pic 82]

O artigo discute o estatuto dado à história pela psicanálise bem como suas possíveis consequências no interior da teoria e da prática analíticas. Recorre-se, em um primeiro momento, a dois textos freudianos que aportam noções paradigmáticas sobre a história: Moisés e a religião monoteísta e Construções em análise, a fim de sublinhar diferentes noções freudianas de história. Apresenta-se de que maneira a noção de história em psicanálise permite a reformulação de conceitos como os de verdade e materialidade. Passa-se, então, à análise do lugar dado à História por Lacan, com vistas a demonstrar sua centralidade, propondo uma distinção tripartite entre diferentes regimes de historicidade - real, simbólica e imaginária. Apresenta-se, por fim, desdobramentos clínicos de uma aproximação feita por Lacan entre o analista e o historiador.

Ouvidores de vozes: uma revisão sobre o sentido e a relação com as vozes

Pelotas

saúde mental; alucinações auditivas; psicose; ouvidores de vozes; relação com as vozes

2018

Este estudo se trata de uma revisão sistematizada da literatura e teve como objetivo revisar os achados sobre o tema ouvidores de vozes, enfatizando a relação deles com suas vozes. A investigação foi realizada em duas bases de dados, PubMed e Lilacs, sem limite temporal e com os seguintes termos em inglês: “voice hearing” OR “auditory verbal hallucination”. A busca resultou no total de 2.464 títulos de artigos que foram examinados quanto à adequação ao objetivo. Identificaram-se 126 artigos para análise de texto completo, dos quais 35 preencheram critérios para inclusão. Evidenciou-se que o sentido que o ouvidor atribui às vozes está atrelado a sua história de vida, fazendo ele as considerar ameaçadoras, intrusivas, controladoras, ou gentis, amigáveis e positivas. Portanto, o sentido atribuído às vozes se mostrou determinante na relação que o ouvidor estabelecerá com elas mesmas, bem como a forma como ele se relaciona socialmente.

A construção de uma escala sobre as concepções de deficiência: procedimentos metodológicos

São Paulo

deficiência; inclusão social; escala; concepção; psicologia.

2018

Este artigo parte dos preceitos da psicologia histórico-cultural para analisar como a deficiência é conceituada e suas implicações. Procura descrever a elaboração de um procedimento metodológico para averiguar concepções de deficiência. Feita a revisão da literatura nacional e internacional, foram circunscritas quatro concepções: orgânica, psicossocial, histórico-cultural e metafísica. Para cada uma delas foram definidas cinco asserções, dispostas em cinco pontos ordinais. A escala foi avaliada por juízes com familiaridade teórico-metodológica na temática deficiência. Foi calculado o índice de concordância entre as classificações originais dos enunciados com as marcações e retorno e revisão das classificações discordantes. Aplicações iniciais e os tratamentos decorrentes permitiram a confecção da Escala de Concepções de Deficiência (ECD).

Contribuições teóricas sobre o envelhecimento na perspectiva dos estudos pessoa-ambiente

Brasília e Manaus

envelhecimento; envelhecimento no lugar; relação pessoa-ambiente.

2018

A adaptação aos ambientes é primordial para fortalecer o bem-estar e a qualidade de vida. Os estudos pessoa-ambiente buscam, dentre outros interesses, aprofundar a compreensão de como se constrói maior congruência entre as necessidades individuais e as características do ambiente físico, a fim de reduzir os níveis de pressão e estresse ambientais decorrentes dessas adaptações. Essa reciprocidade humano-ambiental foi explorada por Lawton e colaboradores, a partir da década de 1970, no contexto institucional. O modelo teórico pressão-competência e o conceito envelhecimento no lugar (ageing in place), vislumbram-se como contribuições para o enriquecimento do diálogo com estudiosos, tendo como foco a congruência pessoa-ambiente, isto é, as inter-relações entre o indivíduo e os recursos ambientais. Logo, valorizar o papel e as ações de idosos no uso dos espaços públicos e possibilitar sua inclusão no planejamento das cidades é aprimorar o caráter ativo e relevante de suas conquistas, favorecendo o desabrochar de novos horizontes.[pic 83]

Medicalização das infâncias: entre os cuidados e os medicamentos

Rio de Janeiro

medicalização; infância; cuidados infantis; contemporaneidade[pic 84]

2018

A partir da clínica psicanalítica com crianças, nota-se a estreita relação entre os cuidados e a medicalização. Os estudos sobre a medicalização são de extrema relevância na atualidade, tendo em vista não apenas a captura das formas de sofrimento psíquico pelo discurso médico como a produção massiva de diagnósticos e a patologização da infância. Este artigo propõe uma articulação, à luz da teoria psicanalítica, entre a noção de cuidado e a medicalização da infância. Para tanto, inicialmente, será apresentada uma discussão teórica sobre o impacto da medicalização nos cuidados dispensados às crianças. Em seguida, destacaremos a importância dos cuidados para a constituição psíquica e seu enlace com o discurso médico. Por fim, enfatizamos que a medicalização se torna cada vez mais um mecanismo que tampona a diversidade. É indispensável repensar os avanços da medicalização como forma majoritária de intervenção terapêutica e a dimensão do seu alcance no cenário contemporâneo.

O prazer  e  a  dor na adicção sexual[pic 85]

Rio de Janeiro - RJ

adicção sexual; masoquismo; compulsão; libido; psicanálise

2019

A adicção sexual pode ser definida como quadro psicopatológico no qual o sexo é buscado de forma incontrolável, desenfreada, a despeito dos prejuízos emocionais, sociais e profissionais que suscita no cotidiano do adicto. Após o frenesi, a excitação e a adrenalina em ceder aos próprios impulsos urgentes e vorazes, o sex-addict percebe-se incapaz de gerenciar suas atuações sexuais, sendo consumido por sentimentos de vazio, fracasso e desespero. A problemática do prazer sexual “além do princípio de prazer”, conjugada à da dor psíquica, nos conduz a uma interrogação mais rigorosa sobre a dimensão do masoquismo na vida subjetiva e sua relação com os estados destrutivos da psicossexualidade. Neste artigo, fundamentado sob o viés da psicanálise, procuramos examinar a estreita relação entre autodestruição e satisfação libidinal nos fenômenos próprios do quadro em questão.

A abordagem dos termos dependência química, toxicomania e drogadição no campo da Psicologia brasileira

Vitória - ES

dependência química; toxicomania; drogadição; psicologia

2019

O consumo de substância psicoativa é um fenômeno abrangente na sociedade brasileira, existindo diversos modos de nomeá-lo, destacando-se: toxicomania, drogadição e dependência química. O objetivo deste estudo é investigar como a Psicologia aborda o fenômeno, bem como a compreensão desses termos. Foi realizada revisão de literatura por meio do portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); nele foram reunidas e avaliadas publicações de revistas de Psicologia nacionais. Utilizaram-se como descritores os termos: dependência química, toxicomania, e drogadição, inseridos separadamente. Observou-se que eles podem ser utilizados como sinônimos, embora guardem algumas diferenças. O termo “dependência química” é baseado em manuais de classificação de doenças, sendo mais utilizado em relatos de pesquisa; a palavra “toxicomania” é utilizada para abordar uma relação de consumo tóxica, tanto com uma substância psicoativa quanto com outro objeto; já “drogadição” refere-se a uma relação de submissão e exclusividade com a droga.[pic 86]

Imagem, corpo e linguagem em usos do aplicativo Grindr[pic 87]

Porto Alegre - RS

fotografia, homossexualidade masculina, sexualidade, tecnologia, aplicativos de busca por parceiros

2019

O presente artigo aborda o aplicativo de busca por parceiros entre homens Grindr, em seus aspectos linguísticos e semióticos, enfatizando as produções imagéticas e discursivas de seus usuários, concebidas enquanto performatividades. Foram entrevistados onze homens que utilizam a rede social, com foco em suas composições fotográficas e interações textuais com outros membros do aplicativo, analisadas posteriormente a partir das perspectivas butlerianas e barthesianas sobre a linguagem e sua interface com a imagem. Constatouse a composição de uma “gramática” produzida no interior do aplicativo, com significação particular de palavras e imagens e direcionamento comercial e midiático. Além disso, técnicas de composição e manipulação de fotografias, modulações do corpo e associação de práticas travadas no aplicativo a uma dimensão política foram abordadas pelos entrevistados. Desta forma, foi possível entender o Grindr como um “sistema de significação”, no qual tais dinâmicas são produzidas, negociadas e disputadas no seu próprio uso.

Discutindo a clínica e o tratamento da toxicomania

Assis - SP

toxicomania; psicanálise; modo capitalista de produção

2019

A toxicomania como estilo subjetivo é uma denegação do laço social fálico em que o tóxico serve para mais-gozar numa unidade eu-Outro. Numa cultura marcada pelo mais-além do princípio de prazer, a felicidade está no consumo de objetos feitos para gozar, assim, o uso de drogas tornou-se um sintoma social do Discurso do Capitalista. Dada a complexidade do assunto, este artigo fundamentado na psicanálise de Freud e Lacan objetiva abordar a toxicomania sob algumas perspectivas preliminares de compreensão do fenômeno e seu tratamento. Se o toxicômano cede do seu desejo, como ele fará frente a esse gozo aniquilador encontrado na droga? O que lhe prenderá à vida? Procuramos responder essas perguntas. Um tratamento possível consiste em oferecer ao sujeito, por meio da fala, novos registros de gozo intermediados pela linguagem, capazes de competir com o gozo do corpo, não visando interditar o consumo, mas diversificar a demanda.

Psique e ética em C. G. Jung[pic 88]

Fortaleza-CE

ética; C. G. Jung; alteridade

2019

O artigo põe em questão uma afirmação de Jung de que a ética se resumiria na relação entre homem e Deus. Tomando-a como problema, busca uma articulação entre os conceitos junguianos para uma resposta do que se entende por ética nessa perspectiva. Esboçamos um percurso que passa pelos problemas dos opostos morais, pelo confronto com a sombra e, por fim, abordamos a questão que inicia a pesquisa. Ao final, argumentamos que tal relação aduzida por Jung é, em termos psicológicos, a relação entre o eu e o si-mesmo. A ética seria nesse sistema uma resposta a uma outra voz suprarracional, “a voz de Deus”, que, para além da pura estética da imagem, conjuga consciente e inconsciente; demanda a totalidade da personalidade.

Concepções de aprendizagem em estudantes portugueses do primeiro ciclo do Ensino Básico

Lisboa - Portugal

aprendizagem; concepções de aprendizagem; 1º ciclo do ensino básico

2019

Pretendeu-se conhecer as concepções de aprendizagem de estudantes portugueses do 1º ciclo do Ensino Básico, verificando a possível replicação e inovação em relação às concepções identificadas pela perspectiva fenomenográfica. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas centradas em três dimensões da concepção de aprendizagem: referencial (o que é a aprendizagem), processual (como se aprende) e contextual (onde se aprende). Uma análise de conteúdo de tipo intermédio das respostas demonstrou uma correspondência entre as concepções encontradas e as concepções básicas reveladas pela fenomenografia (por exemplo, aprendizagem como acumulação de informação, como compreensão ou como obtenção de classificações) e também permitiu desvendar novas concepções de aprendizagem, representando-a como realização de atividades específicas, devolução da informação por explicação, ou realizável através do esforço pessoal e autônomo.

A Psicologia junto aos Centros Especializados de Atendimento à Mulher

São Paulo-SP
Rio de Janeiro-RJ

 psicologia; violência de gênero; políticas públicas

2019

O artigo apresenta os resultados de pesquisa que objetivou conhecer e discutir o trabalho da psicologia junto aos Centros Especializados de Atendimento à Mulher (CEAMs) no Rio de Janeiro. A pesquisa de campo foi realizada em três etapas: contatos telefônicos com os centros do estado; questionários digitais para os psicólogos dos CEAMs, entrevistas com psicólogas dos CEAMs do município do RJ e uma psicóloga que iniciou o trabalho da psicologia junto a mulheres em situação de violência no RJ. A partir da análise de conteúdo do material foi possível elaborar três categorias: as estruturas de trabalho dos CEAMs; o trabalho institucional da psicologia nos CEAMs; os sentidos do trabalho segundo os psicólogos que atuam nos CEAMs. A aproximação dos psicólogos que atuam nos centros possibilitou relacionar as práticas da psicologia nestes serviços e desenvolver uma discussão sobre a prática psi no âmbito dessas políticas públicas.

Umbanda e quimbanda

Ribeirão Preto - SP

 violência, transgressão, quimbanda

2019[pic 89]

este artigo parte da premissa de que o simbolismo ‘diabólico’ e transgressor
dos exus e das pombas-giras – entidades espirituais que pertencem ao
universo da quimbanda – constitui o cerne principal que dá sustentação e legitimidade aos rituais de quimbanda que fazem uso de determinados símbolos de inversão e transgressão e acabam por se contrapor e subverter àqueles claramente associados ao universo cristão.

Sala de espera do ambulatório de transplante de medula óssea

Rio de Janeiro-RJ

transplante de células-tronco hematopoéticas; terapia ocupacional; psicanálise; pesquisa interdisciplinar; ambulatório hospitalar

2019

O transplante de células-tronco hematopoiéticas é um procedimento de alta complexidade que vem se constituindo como uma alternativa para algumas doenças potencialmente graves e desencadeadoras de uma série de afecções. A proposta deste estudo é examinar aquilo que o paciente experimenta durante o processo do transplante, especificamente, enquanto aguarda atendimento na sala de espera. Utilizando a narrativa como método de pesquisa, trabalha com o conceito de inconsciente, cuja referência é a teoria psicanalítica. Os resultados encontrados remetem a dois pontos axiais: a imisção do sujeito, isto é, como a questão da identidade passa pela alteridade; e a expectativa por respostas em uma clínica em que as alterações orgânicas podem ser muito ameaçadoras em sua evolução. O percurso feito dá ensejo à pergunta sobre o lugar da palavra na instituição hospitalar e conclui com a proposta que ampliemos nosso olhar sobre aqueles de quem cuidamos.

Ler, compreender e aprender na educação secundária

La Plata - AR

leitura; compreensão de leitura; aprendizagem escolar

2019

Na escola, a aprendizagem a partir dos textos é fundamental para a inclusão real dos alunos. O sistema educacional argentino é descrito no nível secundário de educação juntamente com os desafios linguístico-cognitivos em relação à aprendizagem que o dito contexto supõe. Da mesma forma, é conceituado o processo mediante o qual os alunos aprendem a partir de textos disciplinares que se tornam progressivamente mais complexos enquanto progridem em sua trajetória escolar. Diferentes linhas teóricas são desenvolvidas para atingir este objetivo. Em primeiro lugar, são apresentadas as descobertas da psicolinguística cognitiva que permitiram a caracterização das demandas e do processamento envolvidos na leitura e compreensão da leitura. Logo, a abordagem da psicologia histórico-cultural é retomada, que reposiciona os processos interativos-discursivos e os artefatos culturais que medeiam o processo de alfabetização. Para terminar, os construtos das principais habilidades chave da linguagem acadêmica e da alfabetização disciplinar são expostas, aquelas que do ponto de vista cognitivo-funcional contribuem para compreender as demandas linguísticas que o contexto escolar ou acadêmico pressupõe.

Ativação emocional em sujeitos humanos

Bogotá-BO[pic 90]

estresse; cortisol; ativação emocional; cognição; comportamento.

2019

O estudo dos efeitos do estresse sobre a cognição e o comportamento é uma área de especial interesse e desenvolvimento investigativo tanto para a psicologia como para as neurociências. A introdução de estresse constitui um elemento fundamental nestes estudos, pois permite a manipulação desta forma de ativação emocional como variável independente, para observar o seu efeito sobre o comportamento; porém, esta indução deve ser suficiente para gerar incrementos significativos nos níveis de cortisol e ao mesmo tempo cumprir os padrões éticos estabelecidos para a experimentação com humanos. O presente artigo tem como propósito aportar uma revisão geral sobre a ativação emocional, para afundar nos procedimentos utilizados na indução experimental de estresse em sujeitos humanos. Conclui-se que é requerido a elaboração de protocolos mais eficientes, e para tal, o uso de simulações e outras ferramentas tecnológicas pode ser de grande utilidade.

Preconceito e bullying: marcas da regressão psíquica socialmente induzida

São Paulo - SP

psicanálise clínica

2019

Os objetivos da pesquisa a ser relatada, baseada nos estudos da teoria crítica da sociedade, são: distinguir formas de violência escolar - o bullying e o preconceito - e relacioná-las com tipos de personalidade. Foram utilizadas escalas que detectam o sadomasoquismo, o narcisismo, a manifestação de preconceitos e o bullying. Tais escalas foram aplicadas a 161 universitários paulistanos, com as hipóteses de que bullying e preconceito têm relação significante, mas não plena; que a manifestação de preconceito está associada com características de personalidades sadomasoquistas e narcisistas, e que a autoria do bullying está mais relacionada com características de personalidade narcisista; o que sofre o bullying, por sua vez, não estaria associado com nenhum tipo das características de personalidade avaliadas. Essas hipóteses foram confirmadas, o que, dentro do referencial teórico utilizado, fortalece a análise de que se o progresso social como fim em si mesmo aperfeiçoa a sociedade, ao mesmo tempo leva os indivíduos a regredirem psiquicamente.

Processo artístico e processo psicanalítico: pensando com Morgan, Warhol, Herrmann e Freud[pic 91]

São Paulo - SP

psicanálise; interpretação; arte; fotografia; psicanálise brasileira

2019

Há processos artísticos análogos a interpretações psicanalíticas? Para pensar esta questão, tomo séries fotográficas sobre dança produzidas por Barbara Morgan, depois apropriadas por Andy Warhol em serigrafias, e as considero como um único “caso clínico”. A análise desses processos artísticos, tomados em conjunto, dispara uma discussão sobre suas semelhanças com o processo interpretativo de uma psicanálise, instigando o pensamento sobre como e por que a disciplina psicanalítica é relevante para o campo das artes, para a crítica de arte e possivelmente também para as ciências sociais e humanas. Esta ideia é muito diferente daquela mais comum que se tem de “aplicar” as teorias psicanalíticas conhecidas ao estudo de obras de arte (entre outras relações que são feitas entre as duas áreas, mas que me parecem simplistas e metodologicamente incompatíveis). Apontam para esta articulação as conceituações dos psicanalistas brasileiros Fabio Herrmann e João Frayze-Pereira, entre outros autores.

A clínica do luto e seus critérios diagnósticos: possíveis contribuições de Tatossian

Curitiba - PR

 luto; clínica; psicoterapia; Tatossian

2019

O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) avulta a discussão do problema da diferenciação entre luto normal e complicado. Tendo por fundamento a obra de Arthur Tatossian e uma perspectiva fenomenológica do luto, temos como objetivo problematizar a clínica do luto em seu entrelaçamento com a compreensão diagnóstica. Apresenta-se a concepção de que o luto é vivido como um fenômeno intersubjetivo e como experiência de perda de um mundo partilhado que se rompe com a morte. Ao se perder um ente querido, perdem-se também uma perspectiva e uma possibilidade existencial, cabendo ao enlutado a ressignificação de seu existir, e não o retorno a uma vida anterior. A partir da proposição de atenção substituinte-dominante e antecipante-liberante de Tatossian, propõe-se que uma clínica do luto deva considerar a díade liberdade e não liberdade do paciente como critério para a compreensão de sua dimensão patológica e para a tutela do enlutado sobre o seu existir.

Singular e universal em Alain Badiou e a hipótese da cientificidade da psicanálise[pic 92]

Belo Horizonte - MG

ingular; universal; ciência; psicanálise

2019

Este trabalho apresenta a hipótese da cientificidade da psicanálise a partir de uma reflexão sobre as concepções de singular e de universal do filósofo contemporâneo Alain Badiou. Sem pretensão de esgotar tais conceitos e, antes, propondo uma abertura ao debate, faremos apontamentos em duas direções. Na primeira, apresentaremos o conceito de singular e o fragmento de um caso clínico ilustrativo. Nesse âmbito, refletiremos sobre as “orientações no pensamento” propostas pelo filósofo e sobre os possíveis lugares de Freud e da psicanálise nesta categorização. Na direção do conceito de universal, apresentaremos as teses de Badiou e o modo como o filósofo evita a ontoteologia presente, por exemplo, nas ciências modernas. Finalizaremos com uma proposta de como a psicanálise apropria-se dos conceitos de singular e de universal para se diferenciar das outras ciências.

Família, filiação, parentalidade: novos arranjos, novas questões

Rio de Janeiro - RJ

família; filiação; homoparentalidade; social; clínica

2019

Este artigo pretende analisar questões e desafios importantes e atuais que se colocam com as transformações ocorridas no campo da família, filiação e parentalidade, e a maneira como autores contemporâneos se posicionam em relação a eles. Para isso, serão explorados diversos campos do saber, como psicanálise, sociologia, antropologia e filosofia. Primeiramente, apresentarei e criticarei as ideias de autores que interpretam de modo negativo a emergência de novos arranjos familiares, alguns inclusive criticando as demandas dos homossexuais de união e acesso à filiação. Em seguida, explorarei as propostas de autores que positivam o novo, problematizam pontos e impasses surgidos no social e na clínica, e fazem propostas clínicas para o acolhimento dos pacientes e suas famílias.

Delineamento experimental em Análise do Comportamento: discussão sobre o seu uso em intervenções educacionais inclusivas

Santo André - SP São Carlos - SP

delineamento experimental; inclusão escolar; métodos de pesquisa

2019

 aplicação de intervenções educacionais inclusivas por agentes educacionais em estudantes da educação especial deveria ser sistematicamente avaliada, para garantir replicação futura dos procedimentos e resultados, a partir do uso de um delineamento experimental adequado à proposta. O objetivo foi analisar como pesquisas aplicadas podem contribuir no arranjo de intervenções educacionais inclusivas mais sistemáticas, a partir do uso de delineamentos experimentais em Análise do Comportamento; discutir a tomada de decisão para a escolha de um delineamento e o impacto dessa escolha nos dados coletados e no conhecimento que se deseja produzir, especialmente a partir do envolvimento dos diferentes agentes educacionais na aplicação de intervenções pedagógicas com estudantes com DI ou TEA. Discute-se a garantia de um delineamento que avalie os resultados das intervenções aplicadas por agentes e a dificuldade de identificar um delineamento que assegure com precisão científica o impacto de cada intervenção aplicada por cada um deles.[pic 93]

Delineamento experimental em Análise do Comportamento: discussão sobre o seu uso em intervenções educacionais inclusivas

Portugal, Portugal
Sydney - Austrália

delineamento experimental; inclusão escolar; métodos de pesquisa

2019

A aplicação de intervenções educacionais inclusivas por agentes educacionais em estudantes da educação especial deveria ser sistematicamente avaliada, para garantir replicação futura dos procedimentos e resultados, a partir do uso de um delineamento experimental adequado à proposta. O objetivo foi analisar como pesquisas aplicadas podem contribuir no arranjo de intervenções educacionais inclusivas mais sistemáticas, a partir do uso de delineamentos experimentais em Análise do Comportamento; discutir a tomada de decisão para a escolha de um delineamento e o impacto dessa escolha nos dados coletados e no conhecimento que se deseja produzir, especialmente a partir do envolvimento dos diferentes agentes educacionais na aplicação de intervenções pedagógicas com estudantes com DI ou TEA. Discute-se a garantia de um delineamento que avalie os resultados das intervenções aplicadas por agentes e a dificuldade de identificar um delineamento que assegure com precisão científica o impacto de cada intervenção aplicada por cada um deles.

A Psicologia Social na universidade pública: uma prática psicanalítica de reparação da memória brasileira

São Paulo - SP

psicologia social; psicanálise; memória; reparação

2019

Este texto foi apresentado para a prova de erudição do concurso para professor titular em Psicologia Social realizado na Universidade de São Paulo em novembro de 2018. Nele busco explicitar minha responsabilidade como professora dessa área numa universidade pública de excelência no Brasil dos dias de hoje. Trago também o meu entendimento da Psicologia Social como campo em que se realizam de forma indissociável o pensamento, a fala e a ação, a teoria e a prática. A Psicanálise é apresentada como instrumento hermenêutico a colaborar para a elucidação dos fenômenos psicossociais. Textos de Freud e Benjamin e poemas de Carlos Drummond de Andrade auxiliam a configurar a Psicologia Social como campo de trabalho com a memória, a ressignificação e a reparação.[pic 94]

Estilos de cuidado materno em primatas: considerações a partir de uma espécie do Novo Mundo

São Paulo - SP

apego; interação mãe-filhote; cuidado parental; infância; Sapajus

2019

Quando buscamos entender o comportamento humano, comparações com primatas não humanos são especialmente relevantes para identificar homoplasias (características semelhantes que evoluem independentemente em diferentes espécies). Neste artigo, apresentamos um estudo longitudinal de dois anos sobre o comportamento materno de macacos-prego (Sapajus spp.) em condições naturalísticas. Nossos resultados permitiram identificar estilos de cuidado distintos dentro de um contínuo de permissividade a proteção. O desenvolvimento observado do vínculo entre mães e filhotes sugere que o período de dependência de filhotes de macaco-prego envolve, além de processos de maturação física, o estabelecimento e desenvolvimento de processos psicológicos associados ao sistema de apego. É possível que a variabilidade de estilos maternos resultante da combinação de características de mães, filhotes e contextos socioecológicos, aliada ao prolongamento do vínculo de apego, pavimente caminhos para diferentes trajetórias de desenvolvimento. Como em humanos, esse pode ser um dos mecanismos pelos quais surgem e se consolidam as diferenças interindividuais nas populações adultas.

Em defesa de Outra psicanálise: sobre o real em questão nas soluções transexuais

São Cristóvão - SE
Niterói - RJ

 transexualismo, psicanálise, Jacques Lacan

2019

Apresenta-se a lógica da sexuação, de Jacques Lacan, em contraposição à noção de gênero, construída como matriz de inteligibilidade da transexualidade. Desenvolve-se a abordagem lacaniana do sinthome como alternativa para se pensar soluções singulares aos impasses sexuais pelo viés da despatologização. Conclui-se que a transexualidade, em vez de inelutável forçamento psicótico, pode ser uma solução inventiva articulada à clínica do sinthome.

Qual a matéria prima do aparato psíquico[pic 95]

Rio de Janeiro - RJ

psicanálise; elaboração psíquica; Darstellung; Vorstellung

2019

Investigar a especificidade dos padecimentos psíquicos na atualidade a partir da discussão sobre a matéria-prima da psicanálise, visando pensar formas de intervenção terapêutica para além do modelo que tem no universo representativo sua referência maior. Para tanto, vamos trabalhar a distinção entre realidade material e realidade psíquica e analisar os termos Vorstellung e Darstellung como indicadores das diferentes formas de elaboração psíquica

Polifonias em análise

Rio de Janeiro - RJ

clínica psicanalítica; comunicação não-verbal; René Roussillon

2019

Neste artigo, propõe-se discutir diferentes formas de comunicação existentes na clínica psicanalítica, para além da linguagem verbal, tendo como base os processos de simbolização primária e a importância de uma ampliação na escuta do analista. Tomando como base os escritos de René Roussillon, adentramos no campo da intersubjetividade para refletirmos acerca de uma escuta diferenciada que passa a ser requerida pelo analista na direção de possibilitar o acolhimento de diferentes formas de comunicação. Nestes casos, algo diferente da palavra se torna audível, trazendo à tona falhas referentes ao trabalho de representação, de forma que processos de simbolização mais arcaicos surgem dotados de outras vozes, como tentativa de ampliar teoricamente os alcances da simbolização e da representação.

Entre filosofia e ciência: o problema do naturalismo na psicologia de Carl Gustav Jung

Maceió - AL

C. G. Jung; história da psicologia; naturalismo; filosofia; ciência

2019

O pensamento de Carl Gustav Jung é marcado pela complexidade e por um diálogo contínuo entre ciência e filosofia. Seus posicionamentos teóricos, por vezes incompreendidos, levaram-no a constantes embates em defesa do empirismo e dos fundamentos do pensamento científico moderno, muitas vezes através da crítica a pressupostos que ele considerava indemonstráveis. Essa trajetória apresenta, todavia, uma série de dificuldades. Através da noção de naturalismo, este ensaio busca indicar uma via de análise dessa complexidade. Com efeito, podemos discernir duas noções distintas, mas complementares de naturalismo na obra de Jung: um naturalismo metodológico, que o mantém próximo do pensamento científico de sua época, e um naturalismo ontológico, que o alinha ao pensamento romântico e à Naturphilosophie, implicando considerações teóricas que o distanciavam de seus contemporâneos. Coordenar essas duas visões do naturalismo foi certamente um problema para Jung, e é um desafio para a compreensão de seu pensamento.

O mito de origem em famílias adotivas[pic 96]

Rio de Janeiro - RJ

parentalidade; mito de origem; família adotiva; psicanálise

2019

O presente estudo é parte de uma ampla investigação sobre a vivência de pais adotivos em relação à parentalidade e à filiação no período da adolescência de seus filhos adotivos. Realizamos uma pesquisa qualitativa, baseada em entrevistas semiestruturadas com 10 sujeitos, de classes média e alta da população do Estado do Rio de Janeiro, utilizando o método análise de conteúdo. Procuramos compreender, especificamente neste trabalho, questões referentes ao mito de origem, às narrativas construídas acerca da origem do vínculo de parentesco por adoção e às reatualizações dessas temáticas. Os dados obtidos mostraram que questões referentes ao mito permearam a curiosidade infantil sobre a origem e o desenvolvimento da sexualidade. A sensibilidade dos pais em reconhecer os questionamentos dos filhos apresentou-se como um fator promotor de saúde emocional familiar. Observamos a necessidade de elaboração da dupla filiação, tanto por pais quanto por filhos adotivos, a qual promove particularidades nos destinos sublimatórios.

Impasses no acesso ao saber na clínica psicanalítica com crianças

Belo Horizonte - MG

saber; psicanálise infantil; sintoma da criança; demanda e desejo; verdade

2019

Este artigo investiga as relações da criança com o saber. O ponto de partida é a prática clínica com crianças que apresentaram impasses no acesso ao saber escolar e, na investigação analítica, revelaram a trama inconsciente na qual o saber ocupa um lugar no sintoma familiar. Apresentaremos a discussão teórica considerando que o acesso ao saber porta uma dimensão estrutural de impedimento, que é a impossibilidade do saber diante da castração. Sendo assim, percorreremos dois caminhos para discutir o que impede o acesso ao saber. No primeiro caminho abordaremos a relação entre demanda e desejo e suas incidências sobre a criança. No segundo percurso discutiremos a relação entre saber e verdade, explorando as relações e os limites entre os dois termos, acrescentando a essa discussão um terceiro termo essencial: o gozo.

A questão identitária na pós-modernidade: autenticidade e individualismo em Charles Taylor

Ribeirão Preto, SP.[pic 97]

utenticidade; identidade; individualismo; pós-modernidade

2020

Os fenômenos do esfacelamento das relações comunitárias e do isolamento crescente dos indivíduos uns em relação aos outros surgem de maneira expressiva no pensamento de diversos autores que se voltaram à descrição dos modos de vida da sociedade contemporânea. Retomamos a problematização do tema efetuada por Charles Taylor em As fontes do Self e em A ética da autenticidade. O autor identifica três “mal-estares” presentes na sociedade atual: o individualismo, o primado da razão instrumental e a alienação do indivíduo em relação à esfera política. Evitando uma leitura restritamente negativista de tais fenômenos, Taylor os apresenta como transformações das configurações dinâmicas que constituem os processos identitários modernos. Empreendemos um resgate das noções de identidade e autenticidade presentes nas obras supracitadas, visando uma compreensão sintética de tal cenário e das possibilidades apresentadas pelo autor de sua superação, ou seja, do resgate de sentidos perdidos pela fragmentação individualista

A construção da escuta- Flânerie: uma pesquisa psicanalítica com socioeducadores

Porto Alegre, RS.

pesquisa psicanalítica; agentes socioeducadores; socioeducação; escuta-flânerie

2020

A partir de rodas de conversa com adolescentes acautelados em uma instituição socioeducativa, desenvolvidas pelo Núcleo de Pesquisa no qual esta investigação está inserida, decidimos ampliar os espaços de escuta aos agentes socioeducadores. A apresentação massiva de real, por meio da estética do lugar, das cenas presenciadas na instituição e de algumas narrativas dos agentes, foi sendo engendrada a partir de dois pressupostos teóricos: a escuta psicanalítica e a leitura benjaminiana da posição do flâneur de Baudelaire. O flâneur, como aquele que imprime um tempo distendido à urgência, foi tomado como o correspondente corporal para a atenção flutuante. Nesse sentido, a psicanálise e a flânerie conjugaram-se a fim de abrir espaços de narração por meio dos quais os sujeitos podiam retomar pontos extraviados da história social e da sua própria. O escrito apresenta a escuta-flânerie como um modo de a escuta e a pesquisa psicanalítica estarem presentes também nesses sítios.

Sobre a relação humano-cão

São Paulo, SP. Santos, SP.

cães; domesticação; construção de nicho; interação interespécies; cultura

2020

Neste artigo são discutidos aspectos concernentes ao início do convívio entre cães e humanos e às diferenças culturais que afetam as relações entre as duas espécies. O estudo das interações entre humanos e cães precisa trazer à tona a pluralidade de fenômenos interconectados: o processo de domesticação iniciado há milhares de anos, os efeitos evolutivos da relação entre as duas espécies e os aspectos culturais que influenciam a convivência entre nós. Considerando essa visão holística, enxergamos de maneira ampla o cenário interacionista, estabelecendo paralelos muitas vezes ignorados por estudos pontuais e/ou enviesados por paradigmas experimentais de baixa relevância ecológica para os animais.

Sobre o cuidado na saúde: da assistência ao cidadão à autonomia de um sujeito[pic 98]

Londrina, PR.

psicologia na saúde; psicanálise; cuidado em saúde; atividade de trabalho; saúde dos trabalhadores

2020

Este artigo discute a categoria do cuidado nas ações de saúde na atenção básica, interrogando a predominância de uma oferta e de uma demanda na via assistencial-universalizante. Como resposta, marca a relevância da psicanálise a um cuidado que ultrapassa o cidadão que espera por um serviço de direito, apontando para o direito pelo cuidado ao sujeito na sua singularidade. Acrescentam-se a essa perspectiva os benefícios do campo da psicologia do trabalho, em que a conquista e o fortalecimento da saúde dos próprios trabalhadores se inscrevem como necessidades à sustentabilidade de uma oferta de cuidado para além da aplicação de protocolos normatizadores. Nessa via, a inclusão da psicanálise e da psicologia do trabalho vem somar no exercício do cuidado na saúde, ampliando as perspectivas de atuação dos psicólogos vinculados à atenção básica, ultrapassando o nível de oferta assistencial.

Doença de Alzheimer: a experiência única de cuidadores familiares

São Paulo, SP.

demência; doença de Alzheimer; cuidador familiar.

2020

A demência é uma síndrome de curso lento, progressivo e de natureza crônica, sendo o subtipo doença de Alzheimer (DA) a mais comum. Muitos estudos são realizados a partir das demandas da pessoa com demência, porém na perspectiva do cuidador eles são escassos. A pesquisa qualitativa teve como objetivo conhecer aspectos singulares da experiência do cuidar na perspectiva de cuidadoras familiares de idosos com DA, a partir de abordagem qualitativa. Foi utilizado o método fenomenológico proposto por Giorgi e Sousa. Participaram nove cuidadoras familiares (quatro esposas e cinco filhas) que cuidam de seus familiares. Esta pesquisa acompanhou o cuidar na fase inicial, moderada, avançada, em diferentes estágios da doença e no pós-óbito. A partir da questão central: “Como é para você a experiência de acompanhar seu familiar com a doença de Alzheimer?”, emergiram treze unidades temáticas que foram associadas às fases da doença. Os resultados apontaram as necessidades dos cuidadores, que vão desde o diagnóstico em fases iniciais até a criação de espaço para escuta e acolhimento diante das perdas graduais vivenciadas ao longo do processo de cuidar. Assim, é urgente o investimento em formação de profissionais em todas as áreas envolvidas no cuidar para promover qualidade de vida e bem-estar aos cuidadores. bem como a necessidade de equipes interdisciplinares para a experiência singular do cuidado em demência.

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