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A Análise Psicoterapeutica

Por:   •  23/11/2020  •  Dissertação  •  824 Palavras (4 Páginas)  •  189 Visualizações

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Profª. SONIA MARIA DE CARVALHO MOURA

CASO CLÍNICO

                Trata-se de uma doente de 45 anos. Bastava olhar o seu rosto sempre crispado para vermos seu estado permanente de inquietação e desgosto. Ela sofre de uma ansiedade constante. Durante algum tempo foi dominada pelo medo de morrer envenenada pelo gás. Tinha tanto medo de que os canos estivessem furados e deixassem escapar o gás que um dia resolveu acabar com o fogão e o aquecedor à gás de sua casa. Mandou arrancar os aparelhos e passou a usar somente fogareiro e chuveiro elétrico. Ela era viúva e outra coisa que a atormentava muito em sua vida era o medo de não estar indo regularmente ao túmulo de seu marido. Tinha a preocupação de calcular exatamente o número de visitas que devia fazer ao cemitério, de modo a que não fosse lá nem de mais, nem de menos.

                Com o passar do tempo a obsessão que passou a dominá-la mais do que todas as outras foi o nojo em relação a todas as impurezas que saem do corpo humano. A saliva, a urina, as fezes, o sangue das regras provocam nela uma violenta reação de repugnância, que ela não consegue controlar. Todos os outros tipos de sujeiras ou impurezas, como poeira ou micróbios, não lhe causavam qualquer reação. Mas sentia um horror extraordinário pelas substâncias que saíam do seu próprio corpo ou do corpo das outras pessoas.

                O tempo todo ela se preocupava com o fato de que os objetos que usava podiam estar sujos por alguma daquelas imundices. A cada momento ela examinava os pentes, as escovas, os lenços, as toalhas, as roupas de baixo, as chaves, etc... para evitar qualquer sujeira. Toda hora ela estava lavando alguma coisa. Lavava as suas mãos mais de cem vezes por dia, porque tinha a impressão de haver tocado em algum objeto sujo. Quando ia escovar os dentes, pensava que talvez tivesse ficado saliva na escova e só conseguia usá-la depois de lavá-la uma porção de vezes para tirar a saliva que tinha ficado ali. Depois que ia ao banheiro fazer suas necessidades não conseguia parar de lavar as mãos durante uma quantidade enorme de tempo. Quando ficava incomodada, seu terror era imenso, pois temia encontrar manchas de sangue em todas as partes da casa.

                Ela obrigava a todas as pessoas da casa a tomarem as mesmas precauções que ela. Sua empregada tinha que lavar as mãos toda vez que tocava os objetos que depois a patroa iria usar.

                Quando a empregada ia ao banheiro, ela ficava vigiando a fim de ver se a mulher se limpava tão bem como devia. Ela sabia que cometia um excesso, mas não conseguia se controlar.

                Essa mulher tinha um amante que ia a sua própria casa. Quando ele chegava tinha que fazer a mesma coisa que ela para entrar em casa. Tinha que tirar os sapatos e as meias para limpar com álcool, pois podiam ter tocado nos excrementos, na urina ou nos escarros que existem nas ruas.

                Sua mania de limpeza não a abandonava um minuto. A todo instante mandava lavar os objetos que podiam estar sujos. Punha para lavar mais de vinte lenços por dia. Às vezes tinha crises agudas. Vinha uma impressão intensa de que estava suja em alguma parte do corpo que não conseguia saber qual era. Sentia então uma verdadeira crise de inquietação e angústia durante a qual ela se lavava sem parar e sem conseguir se tranquilizar. Nessas ocasiões tinha ao mesmo tempo a impressão de que, de uma hora para outra, ela ia cuspir sobre os objetos. Embora tivesse horror disso e sem saber por que ela achava que ia cuspir, sua boca se enchia de saliva o que aumentava ainda mais sua repugnância.

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