A CORRELAÇÃO DO FILME “PARA SEMPRE ALICE” COM ASPECTOS DA NEUROPSICOLOGIA
Por: Juliett93 • 20/8/2021 • Trabalho acadêmico • 2.703 Palavras (11 Páginas) • 528 Visualizações
CORRELAÇÃO DO FILME “PARA SEMPRE ALICE” COM ASPECTOS DA NEUROPSICOLOGIA
1. BREVE INTRODUÇÃO SOBRE O FILME
O filme “Para sempre Alice” foi lançado em 2014 e dirigido por Richard Glatzer e Wash Westmoreland.
Trata-se da história da Alice Howland, uma aclamada professora de Linguística da Universidade de Columbia situada em Nova Iorque. Alice é casada com John e mãe de três filhos adultos: Anna, Tom e Lydia. Quando completa 50 anos, a protagonista recebe o diagnóstico de Doença de Alzheimer sendo que para a sua idade é considerado algo raro.
Alice busca meios de desacelerar a doença. Para isso, a personagem usa estratégias de escrever palavras no mural e tentar lembrar-se delas após algum tempo, monta quebra-cabeça e principalmente, faz uso da tecnologia, se submetendo ao exercício de responder a uma série de perguntas sobre coisas rotineiras tais como: “qual o nome de sua filha mais velha?” ou “quando é seu aniversário?” (GUERCIO, 2016).
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA DOENÇA DE ALZHEIMER
A Doença de Alzheimer (DA) possui um caráter crônico-degenerativo fazendo com que a pessoa perca gradualmente sua capacidade cognitiva, seu funcionamento ocupacional e social. Na DA ocorre um acúmulo de placas da proteína beta-amiloide principalmente no lobo temporal. O depósito destas substâncias causam constantes inflamações que intoxicam o cérebro e levam a efeitos degenerativos (FREIRE, 2017; MELO, 2018).
De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer, a DA pode ter três estágios progressivos: leve, moderado e grave. Na fase leve ocorrem perda de memória recente, desorientação no tempo e espaço, indícios de depressão e alterações de humor como agressividade, apatia etc. Já na fase moderada, são comuns o esquecimento de fatos importantes, nomes de pessoas próximas, dependência de outras pessoas, maior dificuldade para se expressar, alterações de comportamento, alucinações etc. Por fim, a fase grave, trás piora de todos os sintomas já citados da memória, problemas em reter informações antigas como reconhecimento de parentes, amigos, locais conhecidos, nessa fase também ocorrem mais visivelmente a falta de autonomia dessas pessoas em atividades como escovar os dentes, segurar talheres para comer, tomar banho, vestir-se (MELO, 2018).
Radam (2005) apud Freire (2017) destaca a importância da identificação preventiva do Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) no Alzheimer, pois possibilita um melhor acompanhamento dos sintomas, consequências e possíveis intervenções na evolução dessa doença (FREIRE, 2017).
Freire (2017) e Melo (2018) exemplificam alguns testes que podem contribuir para o diagnóstico precoce do Alzheimer: Mini Exame do Estado Mental (MEEM) que avalia as dimensões em relação à orientação no tempo, no espaço, de registro, de atenção de cálculo, de memória de evocação e de linguagem, as escalas funcionais, como a de Pfeiffer que avalia os graus de independência do indivíduo e o Teste do Desenho do Relógio (TDR) cujo objetivo é avaliar a percepção do paciente em relação aos horários.
Diante deste contexto, a psicoterapia mostra-se como uma aliada no tratamento da DA, sendo seu objetivo o cuidado do possível sofrimento mental que a pessoa virá a ter assim como de seus familiares e entender o impacto que as falhas cognitivas causam em suas vidas de acordo com a progressão da doença (FREIRE, 2017).
3. ALTERAÇÕES COGNITIVAS DA PERSONAGEM
No desenrolar da história e o com avanço da doença, Alice vai perdendo suas funções cognitivas. A seguir serão apresentadas algumas dessas alterações:
3.1 EXEMPLOS DE ALTERAÇÕES NA ATENÇÃO
A atenção sustenta é capacidade de manter-se atento a uma só atividade por um tempo prolongado e com nível de concentração otimizado. Na cena que a personagem não consegue se manter por muito tempo lendo “Moby Dick” ocorre uma falha nesse tipo de atenção.
Outro momento que percebemos a falta da atenção é quando Alice e o esposo está na casa de praia, ela diz que vai pegar o casaco mas logo se distrai com um álbum de fotos de sua família mudando o seu foco.
3.2 EXEMPLOS DE ALTERAÇÕES NA MEMÓRIA
3.2.1 Memória de curto prazo
A memória de curto prazo corresponde àquelas informações que guardamos apenas por alguns minutos. Uma subdivisão da memória de curto prazo, é a memória de trabalho explicada mais adiante.
Em suas consultas, o médico faz uso de um teste de memória de curto prazo, em que ele fala um nome e endereço no começo do atendimento, faz outras perguntas não relacionadas com o teste e retorna perguntando para Alice qual é o nome e o endereço que ele pediu para ela decorar, com o avanço da doença Alice passa a não responder de maneira assertiva a esse teste.
Na cena do jantar, no mesmo momento que Alice não consegue fazer o pudim de pão, ela apresenta uma falha da memória de curto prazo quando ela cumprimenta pela segunda vez a namorada de seu filho Tom em questão de pouco tempo.
Memória de trabalho
A memória de trabalho é um tipo de memória de curto prazo e é recrutada sempre que a pessoa precisa reter um dado para poder fazer alguma ação com essa informação, por exemplo: quando vamos fazer uma receita que ainda não decoramos.
Alice exercitou a sua memória de trabalho logo após receber o seu diagnóstico médico, elaborando a estratégia de escolher três palavras aleatórias e escreve-las em um mural, determinar um tempo e tentar relembrá-las.
A memória de trabalho também pode ser exemplificada quando a personagem encontra o vídeo que fez no começo da sua doença dando instruções para o suicídio, mas que ao tentar fazer o que é dito, ela precisa retomar o passo-a-passo já que não consegue reter tudo.
3.2.2 Memória de longo prazo
A memória de longo prazo são aquelas informações que aconteceram a algumas horas e que já foram devidamente armazenadas e codificadas em nosso cérebro. Alguns subtipos da memória de longo prazo são: memória semântica, episódica e implícita.
De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer,
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