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A Chefia do Curso de Formação em Psicologia

Por:   •  26/8/2023  •  Trabalho acadêmico  •  1.695 Palavras (7 Páginas)  •  65 Visualizações

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA

Campus Ministro Reis Velloso

Chefia do Curso de Formação em Psicologia

Docente: Ricardo Neves Couto

Disciplina: Psicopatologia I

         Discente: Kalinne Rocha Pinto

 

 

 

 

 

O artigo “A Popularização Diagnóstica do Autismo: uma Falsa Epidemia?” e a relação com a Psicopatologia

 

 

 

PARNAÍBA -PI

2023 

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição de neurodesenvolvimento que afeta alguns campos, como a linguagem, comunicação, interação social e comportamento. É caracterizado por uma variedade de manifestações, que se diferem em intensidade, podendo causar sofrimento ou prejuízo significativo na vida do indivíduo. Os sinais do TEA, ou seja, as manifestações observáveis, podem variar amplamente, mas geralmente envolvem dificuldades da área da comunicação, em desenvolver a linguagem verbal ou em se comunicar verbalmente, mas desenvolvem formas alternativas, prejuízo na interação social, nas relações interpessoais, certas sensibilidades a barulhos, texturas, além disso, podem apresentar comportamentos repetitivos ou restritos, chamadas de estereotipias. Desse modo, existe uma variação notável na expressão de sintomas no autismo, isto é, esses são vivenciados diferentes, subjetivamente em cada indivíduo. Nem todas as pessoas autistas apresentarão todos os sinais, a intensidade e a combinação variam, por isso, essa condição é identificada por meio da observação de padrões de comportamento e desenvolvimento.

Conforme Dalgalarrondo, transtornos são:

Denominam-se entidades nosológicas, doenças ou transtornos específicos os fenômenos mórbidos nos quais podem-se identificar (ou pelo menos presumir com certa consistência) certos fatores causais (etiologia), um curso relativamente homogêneo, estados terminais típicos, mecanismos psicológicos e psicopatológicos característicos, antecedentes genético familiares algo específicos e respostas a tratamentos mais ou menos previsíveis. [...] Cabe lembrar que o reconhecimento dessas entidades não tem apenas um interesse científico ou acadêmico (valor teórico); ele geralmente viabiliza ou facilita o desenvolvimento de procedimentos terapêuticos e preventivos mais eficazes (valor pragmático). (DALGALARRONDO, 2008,  p, 26)

No decorrer dos anos, houve um aumento notável nos diagnósticos de TEA, o que tem provocado discussões de extrema relevância para além do campo da Psicologia, tal crescimento reflete uma verdadeira epidemia de autismo ou é resultado do caminho percorrido pela semiotécnica, isto é, a análise dos sinais e sintomas para o diagnóstico e tratamento, o que influencia uma série de fatores complexos relacionados não só ao processo de diagnóstico, mas também de conscientização e entendimento da condição.

Em primeiro momento, é importante compreender o percurso e história acerca do autismo. Kanner foi um dos primeiros a contribuir, de modo significativo, descreveu 11 crianças com comportamentos sociais e comunicativos atípicos, cunhando o termo "autismo infantil precoce". A respeito dos manuais psiquiátricos, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), passou por várias revisões e edições, cada uma refletindo os avanços na compreensão da psicopatologia e nas abordagens de diagnóstico, bem como a aceitação social dos transtornos mentais. Assim, a trajetória do autismo começa com o DSM I, relatava-o como uma sintomatologia do quadro de esquizofrenia em crianças, no DSM III, o autismo infantil aparece como uma subcategoria da classe diagnóstica de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID) (ALMEIDA e NEVES, 2020), incluindo pela primeira vez o "Transtorno Autista" como uma categoria diagnóstica, o que ajudou a solidificar e ter um reconhecimento clínico. O DSM-IV, lançado em 1994, incluiu a categoria de "Transtorno Autista" e também introduziu o termo "Transtorno de Asperger" como uma categoria separada. A quinta edição, o DSM-V foi publicada em 2013, nesse a categoria de "Transtornos Invasivos do Desenvolvimento" foi substituída pela categoria mais ampla de "Transtornos do Espectro do Autismo". Essa mudança reflete a compreensão de que o autismo abrange um conjunto mais amplo e complexo de apresentações clínicas. Assim, o caminho acerca do conhecimento científico a respeito do TEA continua sendo trilhado, uma vez que as atuais pesquisas a respeito do tema abarcam uma variedade de campos, incluindo genética, neurociência, psicologia e educação, bem como em compreender as origens e desenvolver intervenções eficazes e promover a inclusão e o bem-estar das pessoas no espectro do autismo.

“A definição de autismo se ampliou no decorrer da história, sobretudo com a admissão do espectro, que o tornou, na 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), “Transtorno do Espectro Autista” (TEA). A partir dessa nova nomenclatura, o autismo englobou o Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação” (ALMEIDA e NEVES, 2020 p, 3). É primordial o reconhecimento do TEA em sua completude e inclusão atualizada nos manuais, pois valida a condição, facilita o acesso a serviços, pesquisa, compreensão e conscientização. No entanto, conduziu-se a uma imprecisão dos critérios de inclusão, uma vez que tal ampliação estendeu esses a aspectos mais amplos e menos específicos, dificultando a precisão do diagnóstico e sujeitando a patologização, o que pode levar a variações na interpretação dos profissionais e à inconsistência nos diagnósticos, pois a interpretação dos sinais e sua classificação em relação ao espectro podem ser subjetivas, além disso o TEA compartilha algumas características com outros transtornos e condições, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade e outros transtornos referentes ao desenvolvimento. Por consequência, é fundamental uma prática ética-política do psicólogo frente a essas questões, dado que distinguir entre essas condições e o autismo pode ser desafiador, especialmente quando os sintomas se sobrepõem e há todo um mercado e lógica voltado a esse transtorno. É crucial, como psicólogo, integrar e se integrar com a ética do cuidado de si, ou seja, com práticas críticas e reflexivas que levem a um caminho de desenvolvimento moral e ético, com sensibilidade e flexibilidade. Segundo Almeida e Neves, (2020), observar tal fenômenos sem as considerações e visão criticas gera um risco de cair nas práticas apoiadas em uma normatização que podem incorrer na medicalização e exclusão do sujeito de seu próprio sofrimento.

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