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A Conceituação Cognitiva

Por:   •  20/4/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.206 Palavras (9 Páginas)  •  275 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
ILHA DO GOVERNADOR
UNESA


CURSO DE PSICOLOGIA


TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL
CONCEITUAÇÃO COGNITIVA


PATRICIA MEIRELES




Rio de Janeiro – RJ
2020


CURSO DE PSICOLOGIA – UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

 

 

PATRÍCIA MEIRELES

 

 

 

CONCEITUAÇÃO COGNITIVA

 

 



 

           Trabalho apresentado para avaliação – AV1.
Disciplina: Teoria Cognitiva Comportamental,
Curso de Psicologia, Campus Ilha do Governador - RJ.

Professora: Denise Rodrigues









Rio de Janeiro – RJ
2020

1. ESTUDO DE CASO

A paciente A. foi indicada para fazer terapia por uma amiga. No primeiro atendimento disse que quase não veio e começou falando sobre o seu relacionamento com a filha, mas logo disse “que não merecia estar ali”, pois existiam pessoas que precisavam mais do que ela de serem atendidas. Falou de sua vida profissional, onde se sente prejudicada pelo patrão. Sua queixa apresentada foi: frustração e acomodação nas áreas pessoal e profissional.

A paciente narrou que 2002 “foi o ano mais marcante de sua vida”, porque foi o ano do nascimento de sua filha, mas também onde descobriu que tinha uma grave doença (um câncer de mama) e operou quatro meses após o nascimento da filha, e depois ficou tudo bem. Atualmente vive uma rotina que a incomoda muito e gostaria de mudar, “mudar urgente”.

A paciente relatou que aos 8 anos mudou para o Rio com a família, “atrás de uma vida melhor”. Era um período difícil, pois os pais trabalhavam fora e A. tinha que cuidar da casa (“a vida sempre foi muito difícil para nós”).

Começou a trabalhar em 96 e a vida melhorou um pouco, pois teve um pouco mais de liberdade para sair, e teve alguns namorados até que conheceu a grande paixão de sua vida, que era um homem casado e durou alguns anos, mas depois não deu mais certo e a paixão passou.

Em 2002 conheceu o pai de sua filha e a gravidez foi uma surpresa para os dois e o pai, de início não quis saber da filha, mas depois acabaram se casando. Para A., sua filha “é a melhor coisa que tem na vida”.

Em 2015 mudou de emprego pois estava sendo muito prejudicada e foi trabalhar com o irmão do antigo patrão, de onde também foi demitida no ano passado. Está buscando um novo recomeço. Relata que “não consegue se inserir no mercado de trabalho porque é muito velha”. Está tentando abrir um negócio de venda de comida junto com a cunhada, mas acha que “não vai dar certo”, pois acha a cunhada “difícil”, pois não se compromete com o empreendimento tanto como ela. Neste sentido, relatou que neste empreendimento entrou com dinheiro (sua indenização), e que a cunhada deveria entrar com o trabalho, porém é a paciente que fica mais tempo envolvida com a confecção dos bolos e doces, pois tem mais jeito que a cunhada. Ao ser questionada se já havia conversado com a cunhada sobre o assunto, respondeu que não, pois tinha medo de causar uma briga na família.

A paciente nasceu em 1967, é casada, e tem Ensino Médio Completo. Trabalhava a 15 meses como balconista de uma loja. Anteriormente trabalhou em outra relojoaria do Irmão do Patrão atual, onde este chegou a ser sócio.

Durante os atendimentos iniciais, A trouxe à tona sua queixa de grande acomodação para com sua vida pessoal e profissional, gerando para si própria uma grande frustração. Essa frustração já acompanha A. há muito tempo, mas após os 40 anos de idade concluídos, vêm se intensificando gradativamente e atualmente quer resolver esse problema.

A paciente relata ainda que tem um comportamento muito procrastinador para quase tudo em sua vida, pois fica tão ansiosa que “chega uma hora em que não quer saber de fazer nada”.

A paciente também relatou sua frustração na relação conjugal, onde seu marido, ao invés de incentivá-la, estava cada vez mais “jogando ela para baixo”, pois afirmava constantemente que ela não iria conseguir alavancar seu negócio. Neste sentido a paciente relatou que não tem relações sexuais com o seu marido a mais de 1 ano, pois o mesmo “não a procura”. Não se sente atraente e acha que o marido a está traindo com outra mulher, porém não apresentou nenhuma evidência concreta que dessa base a esta suspeita.

Já com relação à filha, diz que tem um relacionamento “difícil” com a mesma, pois esta não a obedece, fazendo o que quer, e não ouvindo o que ela diz. Relatou que a filha sempre foi assim, e que ela é uma “péssima” mãe. Desde criança nunca conseguiu pôr limites na filha, pois acha que o pai é tão distante das duas que acha que não pode “deixar a filha sofrer mais ainda”. Relata ainda que tenta conversar com a filha, mas acaba cedendo no que a filha quer e fica muito triste com isto. Relata que sua vida familiar é uma “droga”, pois se sente frequentemente solitária, apesar de ter uma família, e que neste assunto, seu grande sonho sempre foi ter uma família “de verdade”, pois acha que não viveu isso na casa dos seus pais, já que os mesmos estavam sempre trabalhando para sustentar a família, que era “enorme”.



CONCEITUAÇÃO COGNITIVA

1. DEFINIÇÃO DA QUEIXA

  • QUEIXA 1: Dificuldade em se expressar e opinar sobre situações adversas; Omissão.
  • QUEIXA 2: Relacionamento conjugal.
  • QUEIXA 3: Dificuldade de interação com sua filha.
  • QUEIXA 3: Insegurança e Acomodação no meio profissional.

SITUAÇÃO 1: Abrir o próprio negócio e continuar insatisfeita profissionalmente.  
PENSAMENTO: O negócio não ia dar certo, a cunhada era uma pessoa difícil de lidar.
SENTIMENTO: Frustração. A paciente desejava que a cunhada participasse mais das confecções.
COMPORTAMENTO: Não conversar com a cunhada sobre o assunto por medo de causar brigas na família, se acomodando com a situação.

SITUAÇÃO 2: Não tem relação sexual com o marido há 1 ano.
PENSAMENTO: Se ele não me procura, ele está me traindo.
SENTIMENTO: Se sente feia, com auto estima baixa, insegura, solitária.
COMPORTAMENTO: Se afastar cada vez mais do marido, não expor sua solidão, se isolar.

SITUAÇÃO 3: Não tem boa relação com a filha adolescente.
PENSAMENTO: Minha filha não me obedece, sou uma péssima mãe.
SENTIMENTO: Rejeitada, não amada e não querida.
COMPORTAMENTO: Não impor limites, não tentar aproximação, não chamar atenção por medo de machuca-la devido já a ausência do pai em sua vida.

SITUAÇÃO 4: Se sentir constantemente prejudicada pelo patrão.
PENSAMENTO: Não vou conseguir outro emprego por causa da minha idade.  
SENTIMENTO: Incapacidade, inutilidade, insegurança.
COMPORTAMENTO: Não procurar um novo emprego no mercado de trabalho.  


2. HISTÓRIA DAS QUEIXAS:

A paciente não satisfeita profissionalmente, decide abrir um negócio próprio, porém não consegue enxergar que vai dar certo, já que a cunhada, segundo A., não está fazendo seu trabalho. Mesmo assim, A. prefere não falar com a cunhada e seguir nas confecções de doces, para não causar brigas na família; então a paciente acaba por se calar e não demonstrar a cunhada a sua opinião diante a confeitaria.

A paciente alega não ter relações sexuais com o esposo há mais de 1 ano, além de não conversarem sobre o dia a dia e não ter interação entre os dois, A. diz que seu marido a coloca pra baixo e a desmotiva diariamente. Para A., já que o marido não a procura, é porque ele está a traindo e não sente atração física por ela. Por sua vez, A. acaba se isolando e se afastando cada vez mais de seu marido, sendo passiva em tudo que ele fala.

Em relação a sua filha, a paciente também não tem uma boa relação. Diz se sentir sozinha e uma péssima mãe, pois segundo ela, A. não coloca limites na filha e a mesma não a respeita, além de não terem uma relação sentimental e amorosa, A. se culpa pela adolescente ser rebelde e não a obedecer, mas para não causar mais atrito, a paciente prefere não contrariar e se calar para não chatear a filha. Acaba por ceder a tudo que a filha quer e não a impõem limites.

A paciente não se sente realizada profissionalmente mas não tenta um novo emprego no mercado de trabalho por se sentir velha e ultrapassada, procrastina sua vida profissional com frequência, se culpando e deixando para depois as resoluções de seus problemas e insatisfações no meio profissional.


3. HISTÓRIA DE VIDA DO PACIENTE:  

                     A. teve uma infância difícil, tendo que cuidar da casa desde cedo pois os pais ficavam muito tempo fora por motivos de trabalho. Em sua adolescência namorou um rapaz casado que foi a paixão da sua vida porém não ficaram juntos por muito tempo.
                    Aos 35 anos, casou com o seu atual esposo e no mesmo ano, em 2002, teve sua filha, o maior motivo de felicidade que poderia ter desde então, mesmo a criança não sendo planejada pelos pais e negada pelo pai. No mesmo ano do nascimento de sua filha, a paciente descobriu um câncer de mama e precisou passar por várias intervenções cirúrgicas.
                    Hoje em dia a paciente é casada, porém não tem relação sexual com seu marido há 1 ano e acha que ele a trai, mesmo sem ter provas para isso. Em relação a sua filha, atualmente com 17 anos, sempre evidencia que o seu nascimento foi a melhor coisa que aconteceu em sua vida e que a ama muito, mas A. não tem um bom relacionamento com ela, julga ser um relacionamento difícil, para A. a filha não tem limites por omissão dela e se julga uma péssima mãe.
                 A. alega ter trabalhado de balconista, mas que sempre foi perseguida e prejudicada pelos antigos patrões. Após trabalhar em alguns lugares, decidiu ter o próprio negócio, uma Loja de Bolos, em parceria com sua cunhada. Mas não consegue ver futuro na Loja por alega que sua cunhada não está fazendo a parte dela.


4. INDENTIFICAÇÃO DOS NIVEIS COGNITIVOS:

SITUAÇÃO: Abrir o próprio negócio
PENSAMENTO AUTOMÁTICO: Não vai dar certo
CRENÇA INTERMEDIÁRIA: A minha cunhada é uma pessoa difícil

SITUAÇÃO: Não tem relação sexual com o marido.
PENSAMENTO AUTOMÁTICO: Não sou atraente. Sou velha, sou feia.
CRENÇA INTERMEDIÁRIA:  Ele está me traindo.

SITUAÇÃO: Vida profissional.
PENSAMENTO AUTOMÁTICO: Não vou conseguir me inserir no mercado de trabalho.
CRENÇA INTERMEDIÁRIA: Sou velha e ultrapassada.
ESQUEMA COGNITIVO: Esgotamento.


5 - FORMULAÇÃO:

              A paciente chegou ao consultório tendo como principais queixas a sua vida profissional e sua interação com seu marido e sua filha.
             Desde muito nova A. lida com a responsabilidade precoce, por cuidar da casa e de seus afazeres devido ausência dos pais. E lida também com a solidão, falta de interação e carinho vindo dos pais, pois os mesmos eram ausentes por causa do trabalho, A. acaba trazendo para o seu presente, o desamor e o desamparo que enfrentou nessa época de sua vida.
                Quando adolescente, A. namorou um rapaz casado durante um tempo... o que mostra sua carência e vulnerabilidade diante de seus relacionamentos interpessoais, e que ainda se estende ao ser conivente com a situação atual com seu marido. A. não está satisfeita, mas não consegue se posicionar; omitindo seus sentimentos e se culpando, colocando em evidencia sua crença de não ser nunca suficiente.
               Mais velha, A. teve sua filha e casou-se. Atualmente ela enfrenta a frieza do marido, a rebeldia da filha, na qual não consegue se posicionar e impor limites como mãe pois não quer carregar a “culpa” de chamar atenção da filha e impor limites a ela, pois acha que vai chateá-la. Além da incerteza de sua vida profissional que se procrastina cada dia mais.
               Diante da vida, A. se tornou uma pessoa solitária, e sem perspectiva, pois tem muita dificuldade em expressar seus sentimentos, se posicionar e interagir com as pessoas que a rodeia. A. lida diariamente com a frustração e ansiedade devido as adversidades da vida.
               É observado então, que A. se cala e não se posiciona em sua vida pessoal e profissional. A paciente acaba por criar expectativa externas e culpando terceiros. A. se coloca frequentemente no lugar de vítima e não consegue perceber que sua posição atual não é favorável a ela.

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