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A DEPRESSÃO

Por:   •  19/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.096 Palavras (9 Páginas)  •  115 Visualizações

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DEPRESSÃO

Segundo DORON & PAROT (1998), a depressão é uma das mais antigas e mais freqüentes patologias (5 a 10% da população geral). A psicopatologia do luto permitiu a Sigmund Freud definir um contexto psicanalítico para as conseqüências da perda do objeto. A semiologia da depressão é denominada pela associação de um humor depressivo e de uma desaceleração psicomotora.

A culpa, o desespero, a visão pessimista da existência e os sinais somáticos (insônia, astenia, modificações, para mais ou para menos, do apetite e do peso) completam o quadro clínico e existem em proporções variáveis de um sujeito para outro. Atenção especial merecem as idéias de suicídio. (DORON & PAROT, 1998, p. 220).

Segundo estes autores, a questão essencial diz respeito à curabilidade da depressão. De um lado, uma depressão doença, de origem endógena, racional ou psicógena, que teria uma contrapartida biológica acessível aos antidepressivos, com tratamento preventivo das recaídas da doença maníaco-depressiva por meio dos timor-reguladores. De outro, uma psicologia depressiva, que corresponde à depressão neurótica, e que se baseia num sofrimento moral, sem causas somáticas, aproximando-se do contexto dos distúrbios narcísicos.

A depressão manifesta-se principalmente por um estado de humor deprimido, melancólico. Pode também se manifestar através de agitação ou agressividade. A insônia é um importante sintoma de depressão. O estado depressivo freqüentemente é acompanhado de ansiedade e de tensão muscular podendo ocorrer dores musculares que se situam em geral nas costas ou na nuca. As dores de cabeça são freqüentes . O deprimido pode ter tremores nas mãos, palpitações e sudorese o que pode confundir-se com outras situações medicas. A impotência sexual também é um dos sintomas.

Segundo BERGERET (1998), o caráter depressivo constitui, mesmo que não encontrado em estado puro, um elemento base de toda a caracteriologia narcisista. A tendência depressiva, encontrada em todos os narcisistas, em maior ou menor grau, relaciona-se com a situação pré-genital das organizações narcisistas. Cabe aqui explicar o período narcisista e de escolha de objeto.

O EIXO NARCÍSICO DA DEPRESSÃO

Segundo DELOUYA (1998), o afeto e os estados depressivos encontram-se ligados a uma situação originária, determinante do espaço psíquico e da condição de possibilidade da representação, segundo o autor, o conceito mais específico da teoria e clínica psicanalíticas.

DELOUYA (1998) explica que Abraham já se queixava do lugar limitado que a depressão ocupava na teoria psicanalítica. Segundo ele, desde 1895, Freud havia ligado o humor e o estado depressivos à perda do objeto, ao tema da morte, das separações e do luto. A depressão aparece com a consciência de ser separado da mãe ou com a perda progressiva dela, na esteira do nascimento do sujeito psíquico, do eu e o conseqüente re-investimento de si. O sentimento de ter perdido o objeto, ou aspectos dele, e a resignação diante desta perda, na medida que a criança não é capaz de restaurar o objeto dentro dela mesma, marca o nascimento do afeto depressivo, assim como o da instalação da sensibilidade depressiva. A superação ou a vulnerabilidade deste estado dependerão, em primeiro lugar, do objeto - da sua disponibilidade para com a criança desde os primeiros momentos da vida - e consequentemente do trabalho de luto. O afeto depressivo se situa nesse ponto central de transição, que é ao mesmo tempo constitutivo do psiquismo, aqui a renúncia narcísica, da onipotência e da fusão, se faz necessária.

FREUD (1926, In DELOUYA, 1998) relacionou o afeto depressivo com uma situação traumática, isto é, com um sinal ou uma marca de algo que tem ocorrido no passado, ao passo que a angústia seria um sinal de um perigo potencial, no futuro. Por outro lado, ele associou este traumatismo com o estado de hilflosigkeit - desamparo infantil. Trata-se aqui do trauma do nascer da representação de si, investida afetivamente, a passagem do regime narcísico ao objetal através da vivência do desamparo. O humor e os estados depressivos apontam para a falha em substituir a perda-falta da origem pelo desejo - moção central que visa "restaurar o objeto" ou constituir o pensamento por meio dos traços da memória veiculados pelo sonho.

Segundo RAPPAPORT (1984), o período narcisista é aquele caracterizado pela emergência de uma imagem unificada do corpo. Esta imagem é investida pela libido e torna-se o objeto de amor da criança. Nos primeiros anos de vida, por exemplo, a criança engloba nessa imagem todos os objetos através dos quais ela obtém satisfação de seus impulsos sexuais (excitação da cavidade oral, as fezes, etc.). Este objeto assimila-se totalmente ao seu ego, tomado como objeto de amor.

FREUD (1914, in RAPPAPORT, 1984) introduz a questão do narcisismo, fazendo uma distinção da noção de libido, estabelecendo a “libido do Ego” e a “libido de objeto”. Sendo a libido a quantidade de energia de natureza sexual. Este explica que a libido torna-se “libido do Ego” quando investida e localizada no ego. Quando esta libido, ou parte dela, é transmitida aos objetos, neles investida é denominada “libido de objeto”. Quando a libido está investida principalmente no ego, tem-se um estado de luto. Neste estado o indivíduo deixa de se interessar pelas coisas do mundo ao seu redor, na medida em que não dizem respeito ao seu sofrimento. De outro lado, quando está investida nos objetos, caracteriza-se o caso dos estados amorosos, observa-se um desinteresse do sujeito por si mesmo e uma atenção concentrada no objeto de amor.

RAPPAPORT (1984) esclarece que a idéia de Freud é de que o ego é originalmente ocupado pela libido, constituindo-se assim, uma situação de narcisismo primário. Este é um processo normal, que ocorre num determinado momento do curso regular do desenvolvimento libidinal. Este momento é situado por Freud entre o auto-erotismo e o amor objetal. O amor objetal acontece no final do Complexo de Édipo, quando a criança percebe que a mãe/pai não pode ser sua/seu, então investe este amor em outros objetos.

Segundo RAPPAPORT (1984), compreende-se que o narcisismo primário esteja em oposição ao amor objetal, pois somente quando o narcisismo primário termina o sujeito se encontra pronto para fazer escolhas objetais. Para que essas escolhas sejam feitas é preciso que o sujeito tenha passado pelos diferentes estágios pré-genitais do desenvolvimento da libido (oral, anal, fálico) e pela elaboração do Complexo de Édipo. Assim, a superação

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