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A IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO DO FEMINISMO NO ESPAÇO UNIVERSITÁRIO

Por:   •  17/5/2019  •  Artigo  •  3.608 Palavras (15 Páginas)  •  125 Visualizações

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A IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO DO FEMINISMO NO ESPAÇO UNIVERSITÁRIO¹

Alice de Souza Padilha²

Kyrlia Dornelles Mendonça³

Sabrina Alves de Souza⁴

RESUMO: Este artigo discute sobre a importância da construção do feminismo no espaço universitário e sobre o protagonismo feminino nos diferentes espaços como futuras profissionais. Uma geração dona de si, que faz acontecer, luta por seus direitos, expande seus conceitos, desafia os limites impostos pelos homens e muda padrões abatendo o preconceito e mostrando que o feminismo não é o contrário de machismo, mas que o feminismo busca construir condições de igualitariedade entre os gêneros. O feminismo se faz necessário nos dias atuais tanto quanto os primórdios de seus sinais pela manutenção dos direitos conquistados e que virão daqui para frente para as mulheres. Durante a construção do que é feminismo no grupo ao qual houve as observações participativas, criou-se laços e, no espaço além de discutir o tema proposto, se gerou uma troca de falas sobre experiências muitas vezes traumáticas, problemas diários e sobre autoestima.

Palavras-chave: Feminismo. Empoderamento. Grupo-terapia. Desconstrução.

1 INTRODUÇÃO

O grupo foi formado por mulheres, acadêmicas de uma universidade do noroeste do estado do Rio Grande do Sul, onde o objetivo em comum era a desconstrução da cultura onde a mulher é objetificada e oprimida, não tendo direito à voz quando esta for em oposição ao homem.

O feminismo é capaz de abordar diversas temáticas por possuir diversas vertentes de luta, vertentes estas, que surgiram a partir da necessidade de dirigir de melhor forma as causas. Por exemplo, o feminismo em si, é um termo utilizado para descrever um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos igualitários entre homens e mulheres e que existe desde o século XIX.

As vertentes do feminismo vieram com o tempo para interseccionar os grupos de luta, como por exemplo, o surgimento do feminismo negro. Pois segundo a história, as mulheres negras viviam o preconceito de forma dobrada por serem mulheres e serem negras. O tom da pele ainda é um dos maiores motivos de preconceito em todo o mundo. O feminismo negro se explica por ser direcionado a luta da mulher negra, porque acredita-se que na hierarquia, em primeiro lugar venha o homem branco, a mulher branca, o homem negro e por último a mulher negra. Sendo marginalizada e com os direitos muito inferiores aos da mulher branca, que sofreria preconceito apenas por ser mulher, mas que mesmo assim é possuidora de inúmeros benefícios que a mulher negra não teria acesso. No dialeto português há várias expressões de cunho racista, neste caso o “não sou tuas negas” alegando que, “não podes me mandar, pois não lhe pertenço” retratando aos anos de escravidão, mas que até hoje está presente em falas diárias, muitas vezes sem perceber que evidenciam ainda mais a submissão da mulher ao homem. (encontro 2)

O feminismo tem ganho cada vez mais força através das redes sociais, pois vivemos na era digital, onde se tem livre e fácil acesso a diversos temas e grupos de apoio.  Com a grande propagação de informações, em curto período de tempo, é provável que cada vez mais mulheres reivindiquem seus direitos.

E dentro desta lógica o feminismo se faz maior, baseando-se no ideal de que as mulheres precisam estar unidas em todos os setores da vida para ter êxito, tanto social quanto emocional, apoiando-se umas nas outras para a construção do empoderamento e da conquista pelos direitos igualitários. A fim de discutir melhor esta questão foi realizado um grupo com cerca de vinte e cinco mulheres, que se encontravam uma vez por semana para discutir estas questões.

A mulher, desde os tempos antigos, é vista e criada para saciar as necessidades básicas do homem. Sendo antes tratadas como os escravos, sem direitos e com obrigações que privavam sua liberdade, tinham que extrair e produzir alimentos, tornando-se assim “donas de casa” responsáveis pela manutenção do lar, onde seu único propósito era manter a casa em ordem e cozinhar para seu marido e filhos. Não tinham direito ao voto e, socialmente, mulheres não poderiam se igualar aos homens, que as denominaram de sexo frágil. Essa cultura de desvalorização é instituída até os dias de hoje, em que ainda há muitos que afirmam que mulheres não podem fazer trabalhos manuais e intelectuais iguais aos homens, pois seu corpo não suporta atividades físicas nem serviço pesado, sendo rebaixada e até recebendo salários menores por estes pré-conceitos. (encontro 3)

        O feminismo luta não só contra o machismo, mas também contra toda a cultura que faz com que as pessoas naturalizem certas atitudes inapropriadas e que causam tensão, angústia ou até mesmo medo, como por exemplo, a objetificação do corpo feminino, os assédios corporais, verbais e psicológicos, acabar com a hierarquização e patriarcado, em que o homem é o que está acima de tudo, a desconstrução da família tradicional acatada como única forma familiar ainda para muitos da nossa cultura. Estes exemplos estão, ainda hoje, enraizados na sociedade. E apenas diante de muita luta poderemos enfim mudar algo. É um processo que levará tempo, por isso, com pequenos atos, como a criação do coletivo feminista, será possível dar um passo de cada vez e desnaturalizar as ações já citadas. (encontro 3)

        O feminismo busca igualitariedade e liberdade de gêneros e direitos que nos foi tomado no decorrer destes séculos. Os termos utilizados para identificar pessoas pelo sexo biológico acabou se tornando um vocábulo para separar pessoas por fortes e fracos, sendo que pateticamente chamam o sexo feminino de sexo frágil, dando a conotação de que feminino é contraposto ao ser forte, autoritário, capaz. Objetificando as mulheres de que sempre necessitarão de um homem para conseguirem ser plenamente satisfeitas em suas conquistas, precisando sempre de alguém do sexo masculino para ficar à sombra.

Moliterno et. al afirma que:

Em trabalhos com grupos, de acordo com Bechelli (2005), a atuação do psicólogo caracteriza-se em manter o foco na fala do grupo, apoiar os participantes que se sentem embaraçados, mediar conflitos e assegurar o cumprimento das regras estabelecidas, bem como, promover sentimentos positivos que venham a auxiliar em seus processos interpsíquicos e interpessoais através de seus comportamentos e reações, facilitando a tomada de decisão e certo controle sobre os medos e ansiedades que porventura possam surgir na dinâmica grupal. Desse modo, o psicólogo enquanto facilitador grupal, deve ater-se a uma postura criativa, coerente com o grupo, flexível, espontânea, de modo a facilitar a interação de seus membros. Tal postura adquire-se através de um profundo contato com o aporte teórico de terapias de grupo, e também através das vivências grupais, as quais são ricas fontes de experiência e aprendizado. (Moliterno et al., 2012)

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