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A PSICOMOTRICIDADE NUMA REFERÊNCIA ATRAVÉS DA ARTE E DO CONHECIMENTO NA SOCIEDADE

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Por:   •  10/8/2014  •  9.917 Palavras (40 Páginas)  •  538 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A ideia do lúdico como tema para o presente estudo emergiu da experiência com crianças em escolas, atendimentos clínicos e institucionais, haja visto que no relacionamento com a criança percebemos o grau de importância que o brincar ocupa no seu dia-a-dia.

Contudo, o brincar, peça fundamental para o desenvolvimento infantil, encontra-se limitado em nossa sociedade fragmentada, mecanicista e consumista onde ocorre a supervalorização dos produtos. Não queremos dizer que o produto não seja importante, todavia, parece que perdemos o sentido e valor dos processos. O brincar é um exemplo disto, ele é um contínuo e fascinante processo através da qual a criança interage consigo mesma e com o meio. Apressamos a criança em seu aprendizado do mundo querendo que ela logo realize as produções intelectuais mais dificuldades, romper fronteiras e crescer de maneira autêntica. É através do brincar que ele aprende sobre o mundo que a cerca, ele transcende todos os níveis da vida de uma criança.

Brincar é o recurso que a criança utiliza para pensar, comprovar, criar, se comunicar. Constitui-se numa atividade séria, que envolve emoções, sentimentos, intelecto, enfim, todos os recursos de sua personalidade. Deve ser compreendido em sua dimensão global, visto que brincando a criança unifica experiências, possibilitando uma vivência integral e não fragmentada da realidade.

Brincando, a criança se experimenta e se constrói. Descobre o seu corpo, sua sexualidade, faz representações do mundo interno e externo, dominando sua angústia. O brincar permite a criança expressar suas emoções como amor, ódio, rejeição, culpa, construindo assim, a noção de EU. Brincando com o outro, ela estabelece contatos sociais e aprende a reconhecer e respeitar os sentimentos dos que a cercam.

Este estudo tem como finalidade enfatizar a importância do Lúdico no processo de desenvolvimento da criança e ao final, alertar o adulto da importância de desenvolver o seu potencial criativo através da experiência artística, já que a Arte ocupa no adulto o lugar do brincar infantil, assim como valorizar suas fantasias e imaginação, pois elas estão ligadas a construção de um sujeito e de uma sociedade mais saudável.

No Primeiro Capítulo será desenvolvido a atribuição ao Lúdico, o jogo, através da concepção de diversos autores. No Segundo Capítulo, composto de três partes, será abordado o papel do brincar no desenvolvimento psicossexual, cognitivo e na socialização da criança. Percebe-se, que a criança não desenvolve apenas um aspecto, característica mas sim, todas as variáveis de sua personalidade, constituindo-se como sujeito. O brincar atende as necessidades de cada ciclo da vida da criança.

No Terceiro Capítulo diz a respeito de uma visão histórica do brincar, pertinente, em cada século e suas considerações neste fundamento; a criança vivencia, conquista através da percepção e dos movimentos do mundo prático que a cerca. Ainda no mesmo capítulo mostra-se o processo psicoterápico infantil como elemento importante, dando a criança à capacidade de compreender e aceitar suas emoções, permitindo assim, que ela se perceba e se posicione no mundo. Através das brincadeiras, o terapeuta percebe de forma mais clara na sua capacidade simbólica, seus mecanismo de defesa, sua tolerância a frustação, sua criatividade e anseios.

Concluiremos este trabalho com a constatação de que no Lúdico, a criança tem a oportunidade de participação do seu desenvolvimento, atuando e organizando-se psiquicamente. Entretanto, o Brincar deve ser respeitado e incentivado pelas pessoas que convivem com a criança.

O adulto que respeita e vivencia o seu próprio potencial criativo, terá condições de favorecer o desenvolvimento infantil através do Brincar valorizando o lúdico e a criatividade estamos colaborando para a construção de indivíduos críticos e estaremos possibilitando o contato com o seu mundo interior/exterior.

CAPÍTULO I

LÚDICO: FUNÇÕES E CONTEXTOS

Referente ao lúdico, este permite o desenvolvimento da capacidade de elaboração dos sentimentos pela expressão das ambivalências e aspectos da identificação sexual. Brincar possibilita a criança desenvolver sua autoconsciência através do conhecimento do seu próprio corpo, sua sexualidade, permitindo que ela expresse sentimentos, como: culpa, agressividade, ciúme, ódio, raiva, amor, etc. O jogo torna-se um instrumento natural para ajuda-la a encontrar e dar expressão as partes ocultas de si mesma e com isso desenvolver força e identidade. Entende-se que em toda atividade do homem visa atingir o equilíbrio; suas ações acontecem em torno de algum necessidade que irá provocar no indivíduo um certo estado de desajuste. Neste momento o indivíduo se vê em buscar novas maneiras de se relacionar com o meio para melhor adaptar-se/ajustar-se ao mesmo.

“Para Piaget (1971), quando brinca a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.”

O lúdico faz parte da natureza infantil, não meramente de uma natureza biológica, mas social. Através da brincadeira, do jogo, é que a criança utiliza-se de um processo referente a imaginação, medializando os conflitos gerados pela tensão entre a realidade que ela vai aparecendo e as frustações de nem sempre poder realizar seus desejos. Na atividade lúdica também é utilizada pela criança como forma de comunicação, é o seu meio natural de expressão, assumindo, portanto, importante semelhante à linguagem verbal do adulto. A criança experimenta muitas coisas na sua vida que ainda é incapaz de expressar através de palavras e deste modo o brincar é utilizado para assimilar, formular e referir-se aquilo que vivencia.

No sentido de interpretar o mundo à sua volta e transmitir ações pensamentos, sentimentos, ideias, esta mobiliza todos os recursos que pode dentro de si: audição, visão, olfato, tato, paladar, movimento corporal, fantasia, expressão facial, cognação; improvisando fatos do seu cotidiano, a criança experimenta o mundo e aprende mais sobre este. Desta maneira, a criança estabelece contato consigo mesma, permitindo que partes suas, que estão escondidas e reprimidas emerjam espontaneamente.

Aberastury assinala que:

“Ao brincar a criança desloca para o exterior seus medo, angústias e problemas internos, dominando-os por meio da ação. Repete no brinquedo todas as situações excessivas

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