A Resenha Critica Filme Perfume

O filme “Perfume: A história de um Assassino”, retrata a história de um aprendiz de perfumista, Jean-Baptiste Grenouille, interpretado pelo ator inglês Ben Whishaw, em Paris no século XVII, mais uma dentre as milhares de pessoas que não tem nada além de um sonho, e, como a vida não passa disso, satisfazer esse desejo se torna uma questão de sobrevivência. Um sociopata e serial killer que assassina mulheres em busca da sua essência virginal. Esse personagem é, antes de tudo, um homem com um objetivo: fazer o melhor perfume do mundo.

O panorama onde tudo começa é Paris do século dezoito , nascendo em um ambiente imundo, o mercado de peixe, Jean-Baptiste é literalmente expulso do ventre de sua mãe, embaixo de uma mesa, no meio do mercado. A mulher, sem qualquer remorso, planeja ao final do dia recolher os restos mortais do recém-nascido e descartá-lo no rio que corta a cidade, exatamente como foi feito com seus outros quatro filhos. E meio como que lutando pela vida, Jean-Baptiste começa a chorar, delatando a mãe, que, pela monstruosidade do plano, é condenada à morte.O desenrolar do filme é uma narração, que conta a história do rapaz, que ao nascer com o olfato mais apurado que o normal, desenvolve uma obsessão em querer guardar para si os cheiros mais marcantes, sendo eles de mulheres jovens e atraentes, criando assim o perfume com aroma da feminilidade, o melhor de todos os tempos.

Observamos que o contexto é muito mais profundo, não se trata apenas de um assassino de mulheres, porque, por trás de seus atos, tinha o desejo obsessivo em fazer o melhor perfume do mundo. A história de Grenouille é de uma criança, que sofreu privações e muitas carências em uma fase que ele não tinha a capacidade, para entender o que estava acontecendo, pois ele se encontrava em dependência absoluta, não havendo ninguém que o amasse, ele não conhecia esse sentimento, o que foi fator primordial para desencadear nele uma psicose.

Uma das características de sua patologia, é a incapacidade de estabelecer vínculo afetivo, em nenhum momento ele demonstrou interesse em se envolver com alguém, também nunca demonstrou remorso quando assassinava as mulheres. Ademais, de acordo com Winnicott, a origem do envolvimento vem ainda da fase em que o bebê, encontra-se fusionado com a mãe. Quando o bebê não experimenta as pulsões eróticas e agressivas, em relação ao mesmo objeto, ele não consegue alcançar a ambivalência, sendo de fundamental importância no desenvolvimento afetivo.

Por não existir essa integração, ele não apresenta o sentimento de culpa, em nada que havia feito, pois não tinha desenvolvido a capacidade de sentir empatia para com o outro. Não tinha confiança no ambiente em que estava inserido, porque aprendeu desde a infância, que qualquer movimento exagerado, que tivesse em relação ao ambiente, resultaria em abandono. O que contrasta em poucas cenas do filme, a partir do momento em que Grenouille começa a trabalhar na perfumaria, sendo este o primeiro ambiente que lhe proporcionou maior liberdade em interagir com o outro e começar a se perceber como ser existente no mundo.