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A Sítara e Discussões Sobre Gênero

Por:   •  15/10/2021  •  Bibliografia  •  1.125 Palavras (5 Páginas)  •  99 Visualizações

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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

Departamento de Psicologia

Curso de Psicologia

Componente curricular: Gênero, Subjetividade e Trabalho

 Professora: Dra Valéria Rufino

Sitara: Sonhando com as estrelas.

Curta metragem






Suzy Silva dos Santos/11403972

João Pessoa, Outubro de 2021.


Introdução

O casamento infantil é uma prática social frequente ao redor do mundo, dado os números de casamentos infantis indicados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância. Tal prática se configura com a presença de criança ou adolescente em união formal ou informal com alguém, e se manifesta através de padrões sociais criados nos contextos em que as pessoas envolvidas se inserem, sofrendo influências políticas, econômicas e culturais (UNICEF, 2019).

Esta é uma realidade que afeta meninas em todo país, negando-lhes o direito ao desenvolvimento integral e a vivência da infância e adolescência, fazendo com que, repentinamente, se tornem esposas, mães e donas de casa. Meninas que se casam na infância ou adolescência enfrentam consequências imediatas e para toda a vida. São mais propensas a sofrer violência doméstica e menos propensas a permanecer na escola. O casamento infantil aumenta o risco de gravidez precoce e não planejada, aumentando, por sua vez, o risco de complicações e mortalidade maternas. A prática também pode isolar as meninas da família e dos amigos e excluí-las da participação em suas comunidades, prejudicando sua saúde mental e bem-estar.

Nos últimos dez anos, a proporção de mulheres jovens em todo o mundo que se casaram antes de completar 18 anos diminuiu 15%, de quase uma em quatro para uma em cinco, o equivalente a cerca de 25 milhões de casamentos evitados, um ganho que agora está ameaçado (UNICEF, 2021).

A UNICEF (2021), adverte que o fechamento de escolas, o estresse econômico, as interrupções em serviços, morte dos pais devido à pandemia, estão colocando as meninas mais vulneráveis em maior risco de casamento infantil.

É fundamental que se analise a prática por uma perspectiva de gênero, ao passo que o casamento infantil é uma problemática que atinge em maior parte meninas e é um empecilho na promoção da igualdade de gênero. Essas desigualdades associadas com ideologias midiáticas e reforçadas pelo contexto em que a menina vive, fazem com que o casamento se reproduza ao longo das gerações.

Curta metragem Sitara: sonhando com as estrelas.

        Com a finalidade de refletir sobre essa temática, apresentamos o curta metragem Sítara: Sonhando com as Estrelas, dirigido por Sharmeen Obaid-Chinoy. Um filme paquistânes que retrata um pouco da cultura presente nesse país, do patriarcalismo de uma sociedade que vive sob as Leis Islâmicas observadas em países que seguem determinadas regras milenares de seus antepassados e por fim, questões de gênero e matrimônios “arranjados ou forçados” com indivíduos de outras faixas etárias. 

Mostra também algumas especificidades nestas culturas como matrimônios entre crianças e adolescentes com indivíduos de faixas etárias superiores a delas e que se encontram em posições econômicas elevadas e, quando realizados os casamentos com as crianças e adolescentes a privam de sua liberdade de expressão e escolhas dos seus sonhos e muitas destas sofrem violações de seus direitos.        

Sitara, conta a história de uma garota paquistanesa que sonha em pilotar avião, mas não imagina que seu destino é outro: um casamento arranjado por seu pai com um homem bem mais velho. Sem diálogos, o filme utiliza personagens expressivos para contar a história que se passa no Paquistão, em 1970.

A beleza infantil da história é quebrada por uma interrupção de sonhos. Pari, é corajosa e sonhadora. Sua irmã mais nova não é muito diferente, tem as mesmas características e os mesmos sonhos. Elas brincam com um avião e sonham em pilotar aviões de verdade. Até que seu pai, a presenteia com um sapatinho que traz uma mensagem que Pari desconhece, mas a mãe entende bem: o dia do seu casamento está próximo. Um casamento arranjado. A mãe entende que não é o que Pari queria, também não é o que ela queria, mas é assim que funciona. O ritual da pintura da mão de Pari pela mãe mostra aos personagens e a nós mesmos que ela não é mais uma menina, agora é uma noiva. Um salto, um pular de fases, uma interrupção de sonhos.

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