A história de Nell

A personagem “Nell” (1994) nasceu e se desenvolveu em um lugar bem pitoresco, em ambiente rústico, no seio de uma floresta montanhosa, sem a proximidade da sociedade da época. Nesse contexto, Nell desenvolveu uma linguagem própria, comunicando-se através de expressões bem peculiares, sem apresentar qualquer tipo de deficiências mentais ou dificuldade de aprendizado.

Segundo Myers (2006), os processos de aprendizagem se dão por associação, pois nossas mentes conectam naturalmente eventos que ocorrem em sequência. No caso de Nell há diversos exemplos que confirmam as teorias de aprendizagem. Por boa parte de sua vida, o único contato social de Nell, era sua mãe. Esta faleceu repentinamente e por isso, ao conhecer pessoas novas, Nell sempre se assustava e reagia gritando. É um exemplo de condicionamento clássico em que a pessoa aprende a emitir uma resposta reflexa diante de um estímulo. Para entendermos o condicionamento operante, podemos citar a cena em que Nell foi estimulada pela vontade de comer a pipoca oferecida pelo Dr. Lovell. Nell foi orientada desde muito cedo, que sair de casa durante o dia lhe traria consequências graves. Nell percebeu que a única consequência desta ação trouxe uma recompensa (a pipoca), fortalecendo assim este comportamento o qual foi seguido de um reforçador. Durante a convivência com o Dr. Lovell e Paula, Nell observava os gestos, a linguagem, e assim foi compreendendo aos poucos a partir da aprendizagem por observação. O behaviorista Skinner (1957) acreditava que podemos explicar o desenvolvimento da linguagem segundo princípios familiares de aprendizagem, tais como associação, imitação, e reforçamento. Nell aprendeu sua linguagem a partir destes aspectos, já que durante boa parte de sua vida, reproduzia pela fala somente aquilo que vivenciou com a mãe.

Através da limitada aprendizagem que lhe era oferecida, Nell associava as palavras de sua mãe com o que vivenciava sendo esta sua única fonte de conhecimento. O estágio de linguagem que Nell se encontra é o estágio de balbucio, que segundo Myers (2006), é quando normalmente bebês a partir do quarto mês começam a desenvolver a fala emitindo sons espontâneos inicialmente sem relação com a linguagem doméstica. Ao decorrer do filme, o médico Dr. Lovell e a psicóloga Paula, passam a observá-la a fim de compreender seus processos de entendimento. Durante esta convivência, Nell começa a se adaptar observando os gestos e linguagem deles, e aos poucos, foi compreendendo e aprimorando sua fala.

Nell não foi criada em uma comunidade e, portanto não aprendeu os costumes de uma sociedade e nem conviveu com outras pessoas além da mãe. Sua linguagem era dificilmente compreendida pelos outros e assim mutuamente. Equivocadamente, a sociedade vê Nell como uma “mulher selvagem”, pois seu comportamento em geral era distinto quando relacionado ao de pessoas comuns. Portanto, Nell não deve ser considerada uma mulher selvagem à medida que sua situação devia-se apenas a uma consequência da forma que ela se desenvolveu.

A inteligência é uma qualidade mental que consiste na habilidade de aprender a partir da experiência, solucionar problemas e usar o conhecimento para se adaptar a novas situações. Nell tem inteligência, porém, não teve oportunidade de desenvolvê-la. A partir da Teoria das Três Inteligências, podemos compreender a inteligência de Nell. De acordo com de Sternberg