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A perspectiva filosófica sobre a felicidade

Por:   •  6/3/2018  •  Artigo  •  8.962 Palavras (36 Páginas)  •  322 Visualizações

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FACULDADE DE SÃO VICENTE

PÓS-GRADUAÇÃO EM COACHING, COMUNICAÇÃO EFETIVA E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS PARA INDIVÍDUOS, GRUPOS E ORGANIZAÇÕES, COM ABORDAGEM ONTOLÓGICA E NEUROBIOLÓGICA

Paula Roberta de Lima

 SER FELIZ É UMA META POSSÍVEL?

ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DA PERSPECTIVA FILOSÓFICA E SÓCIO-HISTÓRICA  

São Vicente

2018

Paula Roberta de Lima

 SER FELIZ É UMA META POSSÍVEL?

ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DA PERSPECTIVA FILOSÓFICA E SÓCIO-HISTÓRICA  

 

 

Trabalho de Conclusão de curso apresentado à Faculdade de São Vicente-UNIBR como requisito parcial para obtenção do título de pós-graduado em Coaching, Comunicação Efetiva e Mediação de Conflitos para Indivíduos, Grupos e Organizações, com Abordagem Ontológica e Neurobiológica.

Professor: Dr. Marcello Árias Danucalov

São Vicente

2018

RESUMO

Com base na perspectiva filosófica e sócio-histórica, este artigo teve como objetivo principal suscitar reflexões sobre a felicidade, por meio de uma revisão bibliográfica, inserindo a posteriori o contexto do processo de Coaching a fim de avaliar a possibilidade de legitimar a meta subjetiva do Coachee de ser feliz. A pretensão foi ampliar a compreensão acerca desse desejo inerente aos seres humanos visando contribuir na prática do profissional Coach, questionando sobre qual o lugar que a felicidade ocupa dentro do processo de Coaching, seja ele individual ou grupal, levantando questionamentos sobre a construção subjetiva do conceito de vida boa, de vida feliz. A conclusão apontou para a necessidade de continuidade nesse debate entre as pessoas que se propõe a atuar nessa área, atentando para a importância de que o profissional Coach possa pensar além da ideologia dominante, do senso comum, do ciclo da literatura de autoajuda, rompendo com alguns paradigmas alienantes e estigmatizantes que envolvem o tema.  

PALAVRAS-CHAVE: felicidade, ética, filosofia, coaching

INTRODUÇÃO

O curso de Pós-Graduação latu-sensu em Coaching Ontológico, Comunicação Efetiva e Mediação de Conflitos trouxe a luz algumas reflexões filosóficas no que se refere a valores, emoções, ou seja, singularidade de percepções da realidade. O presente artigo se propõe a apresentar algumas considerações sobre o fenômeno: felicidade. A priori, a pesquisa justifica-se pela contemporaneidade do tema. Parte-se do pressuposto da universalidade da busca da felicidade como motivador da vida humana, porém, não com parâmetros universais e sim culturais.

Sua relevância se impõe naturalmente, por ser algo transversal e teoricamente pano de fundo em todos os processos terapêuticos. Fundamental que não seja apenas os livros de autoajuda da atualidade a discorrer sobre a felicidade. A finalidade foi ampliar a compreensão acerca de um sentimento frequentemente pensado e desejado, visando contribuir para a prática do Coaching no que se refere ao foco no conceito de saúde mental e bem-estar. Por ser uma construção subjetiva, certamente as pessoas atribuem significados diferentes entre si do que seja a felicidade, a partir de suas próprias vivências e crenças, sendo múltiplos os fatores que interferem na construção desses significados, bem como diversas as formas de percebê-la e conceituá-la. De modo geral, um processo dialético pode ser percebido na tentativa de definição do conceito de felicidade.

Durante minha graduação no curso de psicologia, tive contato com diversas abordagens psicológicas, que visam tecnicamente a diminuição dos sintomas (depressão, ansiedade, entre outros), resolver conflitos interiores ou problemas de relacionamento, ou ainda, identificar comportamentos disfuncionais ou não-adaptativos. Com exceção do existencialismo, onde os autores (filósofos) discorrem sobre o tema felicidade, liberdade, ética, entre outros, dificilmente os alunos de psicologia tem se debruçado em assuntos que envolvem o tema “felicidade”, nem considerando essa busca de ser feliz, na perspectiva do próprio sujeito. Escutamos bastante sobre os transtornos e disfunções, mas muito pouco sobre a felicidade e se ela pode ou não ser usada como objetivo terapêutico.

Nesse contexto, o Coaching pode ser interessante, já que é um processo visando o alcance de algumas metas e objetivos. E quem não quer ser feliz? Durante o processo, é investigado o estado atual e definido o estado desejado. A partir de então, usando técnicas específicas, são traçados alguns caminhos possíveis. Mas afinal, ser feliz pode ser uma meta do processo de Coaching? Coach é uma palavra em inglês, significa treinador. É possível alguém ser treinado a buscar a felicidade? Ou a ampliar seu autoconhecimento visando identificar o que seria para si uma vida mais feliz? Há algo de concreto por trás dessa tal felicidade? O Coaching só trabalha com metas atingíveis? Ser feliz é uma meta possível? A felicidade é atingível? O Coach pode trabalhar com uma meta tão subjetiva? Existe meta que não seja subjetiva? Como transformar algo abstrato em algo mensurável e observável dentro do processo?

O Coaching poderia desenvolver ou cuidar para manter no espaço terapêutico dos atendimentos uma perspectiva mais positiva, de apreciar aspectos que pudessem contribuir para uma “vida boa” em detrimento de se possuir uma visão psicopatologizante, ou seja, com foco no problema, no que está errado, nas dificuldades, nas limitações, nas fraquezas, tristezas, dores, traumas, como na psiquiatria, por exemplo, em contrapartida, adotaria como foco as metas, motivações, objetivos, habilidades, sucesso, busca pela felicidade, enfim. É perceptível, em nosso mundo atual, pelo menos o ocidental onde vivemos, que a sensação de felicidade, muitas vezes está associada diretamente ao consumismo próprio do capitalismo, onde sucesso é ter dinheiro e onde são felizes os que possuem sucesso, leia-se, dinheiro. É o que nos parece à primeira vista. A prosperidade pode ser um meio para se alcançar a felicidade?  É possível ser feliz em situações onde sua própria sobrevivência está ameaçada, por não ter suprido as necessidades básicas? Nesse caso, quando há um aumento de renda ou desenvolvimento econômico do indivíduo, ele se sente mais feliz porque é capaz de realizar ou obter coisas que antes não tinha condições de ter? O sucesso que o Coachee busca na área profissional, por exemplo, ele empreende essa busca porque acredita que quando alcançar ele será feliz? O que é ser feliz na visão desse Coachee especificamente?

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