A resistência no trabalho de Freud
Tese: A resistência no trabalho de Freud. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Mamarilda • 20/9/2014 • Tese • 2.205 Palavras (9 Páginas) • 519 Visualizações
A Resistência na Obra de Freud
Resumo: A importância da resistência para a evolução da técnica da teoria psicanalítica é demonstrada através de diversos trabalhos de Freud. Esse artigo pretende colocar alguns conceitos sobre resistência, voltando especial atenção nas suas relações entre os conceitos de transferência e recalque.
Palavras-Chave: Psicanálise, Resistência, Transferência, Recalque.
Introdução
A resistência é um conceito fundamental para a psicanálise. Encontra-se presente em quase todos os textos freudianos, e atravessa todo o processo de análise. Está implicada numa série de fenômenos relacionados aos conflitos intrapsíquicos, mas também aos que dizem respeito à relação intersubjetiva.
A palavra “resistência” apresenta diversos significados. Contudo, na psicanálise, esta palavra toma um sentido singular e bem difundido, merecendo o status de um importante conceito central. Numa síntese das definições, podemos dizer que o conceito de resistência na psicanálise, segundo Roudinesco e Plon (1998, apud Mattos, s.d.) designa: "o conjunto das reações de um analisando cujas manifestações, no contexto do tratamento, criam obstáculos ao desenrolar da análise" e segundo Laplanche e Pontalis (1998, apud Mattos, s.d.): "tudo o que, nos atos e palavras do analisando, se opõe ao acesso deste ao seu inconsciente"
Alguns aspectos de uma resistência podem ser conscientes e outra parte fundamental é realizada pelo ego inconsciente. As resistências são repetições das produções defensivas realizadas pelo paciente em sua vida. As diversificações dos fenômenos psíquicos podem ser objetivados na resistência, mas, qualquer que seja sua fonte, a resistência age através do ego do paciente.
De acordo com Paniago (2008) a Resistência é um mecanismo inconsciente ligado à parte do eu regida pelo princípio de realidade, que procura saídas contra a invasão dos elementos indesejáveis provenientes do próprio inconsciente e dos conteúdos recalcados. Quanto mais pressionado o eu se encontra, mais fortemente se apega a resistência.
A resistência representa uma atitude de oposição do paciente às descobertas do analista aos seus desejos inconscientes. Representa tudo aquilo que atrapalha o trabalho terapêutico e funciona como obstáculo a elucidação dos sintomas e a evolução do tratamento (OLIVEIRA, 2004).
Este trabalho tem por objetivo revisar os principais pontos nos estudos da psicanálise em que o tema resistência foi abordado: conceito, histórico, tipos, bem como uma breve análise dos seus pontos de articulação entre transferência e recalque.
1. Histórico e Compreensão da Resistência
A primeira vez que o termo resistência aparece na teoria freudiana é no relato do caso clínico da Srta. Elizabeth Von R: “No curso desse difícil trabalho, comecei a atribuir maior importância à resistência oferecida pela paciente na reprodução de suas lembranças” (FREUD, 1893-1895, p. 178).
A resistência aparece na clínica como força contrária a qualquer tentativa de rompimento do isolamento estabelecido pelo recalque a um conjunto de representações. Ou seja, sempre que o trabalho de análise se aproxima de uma representação recalcada, a resistência se manifesta, tentando impedir esse trabalho, como obstáculo à rememoração. Nesse contexto, Freud reconhece que qualquer mudança no estado de seus pacientes exigiria um percurso muito mais laborioso do tratamento, haja vista o tempo e o esforço empregados no processo de superação do obstáculo imposto pela resistência ao trabalho de associação livre (VENTURA, 2009)
Freud já mencionava a resistência enquanto um obstáculo à hipnose do livro Hipnotismo, onde escreve que "essa influência apenas raramente se efetua sem resistência da parte da pessoa hipnotizada". Ainda nesse artigo, afirma que "sempre que surge uma intensa resistência contra o uso da hipnose, devemos renunciar ao método e esperar até que o paciente, sob a influência de outras informações, aceite a ideia de ser hipnotizado" (FREUD, 1891/1987, p. 125).
A partir da mudança da terapêutica desvinculada da hipnose, Freud pode verificar que as recordações esquecidas não haviam se perdido, mas mantinham-se detidas por uma força que, a princípio, denominou resistência. Neste momento, encontramos o "ponto de virada" do método catártico para o método psicanalítico. Essa "virada", se completa com a publicação de "A Interpretação do Sonho", quando notamos que aí sim, o conceito de recalcamento adquire um posicionamento mais preciso através da distinção entre inconsciente e consciente, ambos entendidos como sendo sistemas psíquicos (TOMASELLI, s.d.)
Laplanche e Pontalis (1988, p. 596) apontam como a razão de Freud ter renunciado à hipnose e à sugestão, o fato de que "a resistência maciça que lhes apunham certos pacientes lhe parecia ser por um lado legítima, e, por outro, não poder ser superada nem interpretada".
Assim como a hipnose, Freud também observou que a técnica da pressão podia falhar na tarefa de suscitar as lembranças esquecidas, apesar de toda a insistência empregada junto ao paciente. Quando isso acontecia, Freud percebia que havia encontrado uma oposição para penetrar em uma camada mais profunda da cadeia de representações (VENTURA, 2009)
Segundo Oliveira (2004), Freud pensava que a causa da resistência era a ameaça ao aparecimento de ideias e afetos desagradáveis. Essas ideias tinham sido reprimidas e resistiam à rememoração por serem de natureza dolorosa e capazes de despertar afetos de vergonha, autocensura, dor física. Na segunda fase da Psicanálise a Resistência passou a ser percebida também como contra a percepção de impulsos inaceitáveis. Assim sendo, era entendida como distorções das lembranças inconscientes, disfarçadas na associação livre.
Em relação ao fenômeno clínico da resistência, Freud foi abandonando de vez a sugestão existente nas técnicas da hipnose e da pressão, passando a investir no fluxo de associações livres do paciente, sem constrangimento, sem crítica e guiada pelo acaso. E ao perceber e conceituar teoricamente o fenômeno clínico da resistência, Freud abandonou as técnicas utilizadas até então em sua terapêutica e começou a percorrer um caminho particular, rumo à criação da própria psicanálise (VENTURA, 2009).
2. Tipos de Resistências
De acordo com Conedera (2009), Freud complementa sua exposição
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