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A transferência: uma viagem rumo ao continente negro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

Por:   •  3/6/2021  •  Resenha  •  621 Palavras (3 Páginas)  •  426 Visualizações

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MAURANO, Denise. A transferência: uma viagem rumo ao continente negro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006. (Coleção Psicanálise – Passo a Passo).

A obra traz como tema e titulo o assunto que provavelmente mais merece atenção e estudo, tanto para tratamento psicanalítico quanto para as teorias. A autora, de forma didática faz um levantamento da transferência desde a pré-história com Breuer até o desenvolvimento da teoria por Freud e traz as contribuições de Lacan.

Denise Maurano traz a origem da transferência fazendo ainda menção ao caso da Anna O., caso bastante conhecido e conduzido por Breuer que precisou ser interrompido por causa de uma paixão por parte da paciente, juntamente com a incapacidade dele em lidar com isso e com as cobranças de sua esposa. É este o caso que traz as informações iniciais para Freud a respeito da transferência, fazendo-o se dar conta deste fenômeno. A autora faz a menção desse caso dizendo que a transferência tem a ver com a demanda de amor, e diz ainda que a psicanálise é contemporânea porque o “mau de amor” perpassa a vida de todos também na atualidade.

Maurano esclarece o conceito de transferência segundo Freud, como a substituição do afeto por alguém de importância na vida do sujeito, pela pessoa que se encontra frente o tratamento. O sujeito vai colocando no analista certas posições correlativas que na verdade se encontram nas figuras importantes para ele desde o inicio de sua vida.

A autora frisa o quanto é importante para o analista que o mesmo saiba em qual lugar está sendo posto pelo analisando, para assim poder estabelecer o manejo clinico. Ela também evidencia que durante a análise o analista é posto de quem sabe. Segundo Lacan, essa posição de sujeito de suposto saber atribuído ao analista é a base para se desenvolver a transferência. E, é nessa transferência que existe algo como uma aposta que o saber dará conta de uma falta nessa relação do analista com o sujeito. Denise também traz que o sujeito de interesse para a psicanálise é o sujeito de desejo. E diz que o desejo do analista é o que o deixa hábil para manejar a transferência e colocá-la em função do trabalho no processo analítico. Nas palavras de Lacan, a resistência sempre é da parte do analista, visto que, as do analisando são parte do processo. Já “contratransferência” é como foi definida pro Freud a transferência que vem do analista. É a partir do desejo do analista e da analise pessoal que o processo de contratransferência pode ser evitado, e como pode ser visto, esse desejo do analista tem um grande e indispensável papel para a analise do sujeito, livrando o analista dos entraves da própria subjetividade, se deslocando como sujeito (analista), e se dando a função de objeto de amor do analisando. A obra evidencia esse amor, que é justamente o que a transferência usa como forma para se transportar. O livro traz o quão é essencial que o analisando seja deixado na falta, mas avaliando bem como fazer isso, e o quão é preciso que o analista tenha em algum momento experienciado a falta, pois a partir da própria ele poderá dar suporte ao sujeito, além do quê, o saber analítico é transmissível através da experiência, porém não é ensinável.

Denise Maurano consegue habilmente em poucas páginas expressar a importância da transferência e como ela é algo essencialmente humano,

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