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ANÁLISE DO FILME: UM SONHO DE LIBERDADE

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Por:   •  15/10/2013  •  Tese  •  2.507 Palavras (11 Páginas)  •  1.502 Visualizações

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ANÁLISE DO FILME: UM SONHO DE LIBERDADE

UM SONHO DE LIBERDADE – ANÁLISE SEMÂNTICA

CLÁUDIA MARIA MAGALHÃES MOTTA

Professora Me Letras/ Linguística

claudiamottacx@hotmail.com

O filme “Um sonho de liberdade” traz um enredo dramático que enfoca, primeiramente, a dicotomia “prisão e liberdade”. Suas primeiras cenas são: a descoberta de Andy da traição de sua esposa, o assassinato dela e do amante e a prisão dele – Andy – acusado do duplo homicídio. Ele foi condenado por lhe acusarem de ter pronunciado a frase: “Vou vê-la no inferno, antes de vê-la em Reno”. Inocente ou não, recebeu a pena máxima, perpétua, duas vezes.

Nessa primeira cena, destaca-se a contradição entre o bancário (Andy) e o golfista (Quenny, amante). Pelas profissões, pode-se depreender que o primeiro exerce uma profissão que exige muita concentração e um grau de intelectualidade altíssimo – como foi comprovado no decorrer do filme; por isso, mais sedentária. Enquanto a profissão de Quenny exige dinâmica com o corpo, proporcionando menos tensão. Daí, percebe-se o antagonismo entre os dois personagens e a preferência da esposa pelo amante, o qual mostra-se mais propenso para a firmação da sexualidade.

Logo depois, vê-se a entrada no presídio, um momento constrangedor em que os presos são expostos aos veteranos. Aqueles são lavados, têm os cabelos raspados e caminham despidos dentro da prisão. Neste momento, presencia-se mais intensamente a bifurcação: prisão e liberdade. Percebe-se que há uma destruição da identidade deles, que passam a caracterizarem-se como seres sem rostos, cidadãos excluídos da sociedade e entregues a violência.

Nesse ínterim, infere-se que são criados outros seres, os quais tentam sobreviver como podem. Red diz “A vida lá fora desaparece num piscar de olhos”. Também, outras dicotomias surgem: inclusão e exclusão, homogeneidade e heterogeneidade. Na primeira, averigua-se que, no momento em que as celas são fechadas, outras roupas pessoais – fardas – são dadas, os detentos caem na realidade. Alguns, não suportando, gritam e choram, provocando um comportamento agressivo por parte dos guardas.

Os detentos pairam entre a exclusão da sociedade e a inclusão no novo ambiente. Há os que não conseguem ser aceitos pelos veteranos ao desejarem manter suas antigas identidades; por exemplo, Andy – o qual é violentado em sua masculinidade. Abusado sexualmente por Bogs, ora apresenta-se inconformado, ora submisso.

Na segunda, tanto as regras do presídio – nas quais, a primeira é “Não blasfemar” – quanto nas palavras do diretor: “Acredito em duas coisas: na disciplina e na Bíblia” realçam o anseio de domar os sentimentos dos presos, forçando-os a manter a falsa ideia de devotos, ou seja, de corpos dóceis (Foucault, 2005), facilmente manipulados. Todavia, Andy não aceita as imposições da prisão, com maestria transforma o meio, sem afetar a ordem pré-estabelecida pelo diretor.

Dentre as várias personagens, Andy Dufresne pode ser considerado inteligente e centrado, o qual perde sua liberdade por falta de um álibi e pela incapacidade da justiça de averiguar os fatos minuciosamente. Este personagem constitui-se o mais manipulador da trama; haja vista que consegue desviar a atenção de todos de suas reais intenções: libertar-se.

Ele utiliza a Bíblia como aliada; pode-se averiguar esse fato quando utiliza as mensagens bíblicas para persuadir seus oponentes; o diretor, em especial. O diálogo inicial dele é suscito, mas inflamado de energia: “Marcos 13: 35 – Vigiai, pois porque não sabes quando virá o senhor da casa se à tarde, se à meia noite, se ao cantar do galo, se pela manhã”; “João 8: 18 – Sou eu quem dou testemunho de mim mesmo, e o pai que me enviou dá testemunho de mim”. Esses dois versículos podem ser plurissignificativos; por um lado, representar a liderança de Norton, como homem de Deus, como é pregado por ele mesmo; por outro, demonstrar a inferioridade humana diante das leis de Deus; ainda, mostrar que Norton era o maior blasfemador, visto sua personalidade corrupta.

Ele pode ser considerado revolucionário e determinado em seus objetivos, pois aceita as regras, todavia muda-as com ações conciliadoras; as quais não são vistas como ofensivas e perigosas. Ao aceitar a imposição do diretor em desviar o dinheiro doado ao presídio, consegue velar seu intuito, ao mesmo tempo em que consegue benefícios pessoais e respeito de todos, companheiros e guardas do presídio.

Circulando tanto no espaço das autoridades quanto no dos detentos, Andy, de forma inteligente, adota papéis, como: de psicólogo institucional, pois se auto-analisa e procura crescer no processo; também, auxilia os amigos na busca de si mesmos, da realização cidadã e do resgate de uma nova identidade, mais consciente e responsável.

Outra personagem é Red, ladrão condenado, que se torna o melhor amigo de Andy. Ele, na prisão, é detentor de um status, consegue satisfazer o desejo de alguns presos, traficando – para dentro do presídio – objetos requisitados por eles; por isso, é importante. Essa personagem deseja ardentemente a liberdade (pedia para a pena ser revista de dez em dez anos), todavia a teme, pois não saberia o que fazer com ela.

Red figura como um ser que se encontra em conflito, porque se sente preso ao ambiente do presídio ao mesmo tempo em que quer e rejeita o mundo fora dele. Ele paira entre a coragem e o medo; o conhecido e o desconhecido. Ele é um exemplo de pessoas que resistem a mudanças, pelo medo da não adaptação. A história é narrada sob a visão dele, o qual se mostra, no decorrer da trama, como um filósofo e analista da situação humana. Uma de suas frases mais significativas foi dita no momento em que estavam fora da prisão, consertando o telhado de uma casa, sendo agraciados com algumas cervejas, doadas pelo sargento como pagamento por Andy ter lhe ajudado no imposto de renda: “Era como impermeabilizar o telhado de nossas casas”, a qual mostra a necessidade patente do ser em se sentir humano, respeitado e sensível.

Brooks é um réu idoso que se encontra preso há cinqüenta anos na prisão de Shawshank. Este, ao ser liberto, não consegue se desvincular do ambiente penitenciário, pois já estava institucionalizado e tinha seu corpo docilizado. Seu amigo mais íntimo era Jake, um pássaro. Como última tentativa, para permanecer na prisão, pratica um ato de agressão contra um colega; mas é impedido por Andy e Red; tendo que voltar ao convívio da sociedade.

Aos ex-presidiários – na condicional – é oferecida um sub-emprego e

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