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AS PRÁTICAS PSICOLÓGICAS ESCOLARES E SUA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Por:   •  23/7/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.586 Palavras (11 Páginas)  •  210 Visualizações

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AS PRÁTICAS PSICOLÓGICAS ESCOLARES E SUA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Aline Resende¹,

1. Estudante do Curso de Psicologia da UFSJ.

Resumo:

Este trabalho didático foi desenvolvido durante a disciplina de Psicologia Escolar e Educacional II e tem como foco de promover uma discussão sobre o atual papel do psicólogo no contexto escolar, a necessidade da consolidação de referenciais filosófico-ideológicos das teorias psicológicas e sua interlocuação com a educação para fundamentar as intervenções aplicadas pelo profissional no âmbito escolar. O nosso objetivo é trazer questionamentos sobre a prática da Psicologia Escolar, seus fundamentos, propósitos e necessidade de uma formação acadêmica específica na área.  Contextualiza-se o assunto com as teorias estudadas em sala de aula e com a bibliografia indicada pelo professor. A metodologia constituiu-se de revisão bibliográfica. As estratégias utilizadas foram consulta à bibliografia indicada pelo Professor na disciplina de Psicologia Escolar  II, temas debatidos durante as aulas e seminários  e consulta ao indexador  de periódicos e artigos  científicos Pepsic e Scielo. Concluímos que, com base na bibliografia estudada, ainda não temos uma prática consolidada em referenciais teóricos específicos da Psicologia Escolar. Ainda hoje a atuação do psicólogo escolar é pautada em muitos debates no meio universitário, mas carecendo de uma práxis especializada e efetiva no campo educacional, entendendo-se este ser um grande desafio  da Psicologia Escolar da atualidade.

Palavras-chave: teorias psicológicas; práticas educacionais; papel do psicólogo escolar; educação

Introdução

O trabalho do psicólogo contemporâneo não se limita exclusivamente à clínica, sendo reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia vários campos de atuação do psicólogo, dentre elas a atuação no âmbito escolar (Conselho Federal de Psicologia, 1992).

Segundo Antunes ( 2008, pg. 470),  a  Psicologia Educacional pode ser assim definida como um ramo de conhecimento da Psicologia que tem como “vocação a produção de saberes relativos ao fenômeno psicológico constituinte do processo educativo”. A Psicologia Escolar encontra-se dentro da subárea de conhecimento Psicologia Educacional, tendo aquela uma definição mais concreta, prática, referindo ao campo de ação determinado, isto é, a escola e as relações que neste local se estabelecem. Fundamenta sua atuação nos conhecimento teóricos produzidos pela Psicologia Educacional e por outras subáreas da Psicologia e também por outras áreas de conhecimento. (Antunes, 2008).

Assim, a escola é o principal campo de intervenção e atuação do psicólogo escolar e a construção do processo educativo constitui um dos grandes objetivos do psicólogo neste campo de atuação. Conforme Martinez (2009), o verdadeiro compromisso da Psicologia Escolar é contribuir para as transformações dos processos educativos, sendo este um complexo processo de transmissão cultural e de desenvolvimento das subjetividades.  Com isso, a atuação do psicólogo e qual o seu papel no contexto escolar tem sido, ao longo dos anos, pauta de discussão no meio acadêmico, principalmente a partir da década de 80, período em que a crítica literária, trazida pelas ideias revolucionárias de Patto (2004), buscava inserir  uma pespectiva  piscossocial nas práticas escolares em detrimento das práticas psicométricas e terapêuticas até então cristalizadas. Neste sentido, o papel do psicólogo escolar  atual não é agir com base em um modelo clínico que patologiza o aluno, mas “contribuir para que a escola cumpra de fato o seu papel de socialização do saber e de formação crítica” (Meira, 2003, p. 57).

Diante desta questão, nos sentimos motivados a explorar este tema tendo como objetivo principal discorrer sobre a atuação do psicólogo sob a perspectiva psicossocial e a necessidade de estudos, pesquisas e promoção de práticas escolares embasadas em referenciais teóricos pertinentes ao campo da área de conhecimento Psicologia-Educação.

Acreditamos tratar-se de um assunto bastante relevante não só para o campo da Psicologia como também para o campo pedagógico, porque a escola necessita de um profissional qualificado e o profissional necessita conhecer seu papel na escola e fortalecer esta área de conhecimento.

Desenvolvimento

 A Psicologia Escolar no Brasil apresenta uma história permeada de contradições,  dificuldades e críticas. Inicialmente, a atuação do psicólogo na escola era fundamentalmente  focada no aluno-problema, tendo como pressupostos modelos individualistas e uma atuação caracterizada por práticas psicométricas e aplicação de testes psicológicos  fundamentados na  psicologia clínica-terapêutica.

Essas práticas confirmavam a máxima liberal segundo a qual a escola oferece a mesma oportunidade para todos e as diferenças ocorridas nos processos de aprendizagem se dão em decorrência de problemas de aprendizagens de cada aluno e diferenças individuais, repetindo práticas e discursos institucionais enraizados (Küpfer, 1997). No entanto, esta forma de atuação inicial do psicólogo no contexto escolar desencadeou uma grande produção de crítica acadêmica, a partir da década de 80, demonstrando que aquelas orientações baseadas na psicologia clínica não mais atendiam as novas demandas surgidas no contexto social educacional. Era necessário questionar processos, práticas, ideologias e questões políticas presentes no contexto educacional, social e cultural que contribuíam para o desenvolvimento do fracasso escolar (Patto, 2004).

Dessa forma, as críticas surgidas a partir dessa forma de atuação desencadearam  uma necessidade de mudanças na atuação do psicólogo escolar, exigindo novos posicionamentos na sua prática profissional (Medeiros e Aquino, 2017).  

Nesse aspecto, Yaslle (1997) afirma que este novo mercado que se abriu para os psicólogos acabou levando para as escolas, profissionais que nem sempre fizeram esta opção por afinidade ou gosto pessoal pela área, mas sim necessidade de trabalhar ou pela oportunidade que teve. Medeiros e Aquino (2017), em suas pesquisas de campo, também relatam ter se deparado com profissionais que reconheceram estar trabalhando no contexto escolar por ter sido a oportunidade de trabalho encontrada no momento.

Com isso, Yaslle (1997) relata que o que se observou na prática, mesmo após as críticas, foi uma perpetuação das práticas de consultório no espaço escolar, tendo em vista que os profissionais ali lotados, muitas vezes tem maior interesse pela clínica, atuando na área escolar por mera ocasião ou oportunidade e como uma atividade de passagem, no início da carreira, bem como pela ausência de profissionais com uma formação específica em Psicologia Escolar.  Assim, as práticas tradicionais de atendimento e orientações dadas aos pais, alunos e professores, com temas de comportamento, medo, ansiedade, indisciplina, etapas do desenvolvimento continuam sendo o conteúdo predominante na atuação do psicólogo escolar. Poucas atividades que se inserem num projeto mais amplo, psicossocial, envolvendo questões  institucionais, sociais da escola são desenvolvidas.

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