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Anorexia Nervosa

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Por:   •  6/11/2014  •  1.066 Palavras (5 Páginas)  •  764 Visualizações

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O tema anorexia nervosa e o aumento de número de casos de transtornos alimentares vêm despertando curiosidades e interesses, motivando discussões e estudos nos últimos anos, sendo alvo de preocupação não só dos profissionais que se dedicam a estudar e a trabalhar com o tema, mas também de pessoas que convivem, em diversas situações, com os anoréticos, como parentes e amigos mais próximos. Mas esse não é um problema novo, já tendo sido descrito em épocas remotas. Segundo Escayola (1997) apud. Ferrari (2004, p. 103), já no século XI são relatados casos de anorexia, casos de inanição entre os séculos XI e XVII, o caso de Catarina de Siena no século XIV, etc.

Com um número de vítimas que aumenta a cada dia, identificam-se registros de casos em diferentes classes e culturas.

A preocupação demasiada com a saúde e o corpo podem vir a se desenvolver exageradamente transformando-se numa busca incansável por um corpo perfeito e imortal. Modos de se embelezar, manipular, mudar-se, fazem do corpo uma mistura de significados simbólicos e os transtornos alimentares estão incluídos em um meio social que cultua o corpo como sendo a “medida do valor próprio do indivíduo” (DITOLVO, 1999 apud. SANTOS et. al., 2004, p. 2). Mas, o que acontece na anorexia é que, o indivíduo nega seu próprio corpo e o deteriora. Sybil e Kemmelmeier (2012, p. 380) resumem que:

A anorexia trata-se, em geral, de uma jovem que, na ausência de problemas psíquicos e orgânicos evidentes, apresenta um emagrecimento superior a 10% do seu peso, encontra-se amenorreica há pelo menos 3 meses consecutivos e uma absoluta ausência de preocupação com essa perda tão significativa. A restrição alimentar, inicialmente moderada, torna-se metódica, com a intenção clara de emagrecer.

O adolescente de hoje convive com os avanços tecnológicos consequentes da globalização, ou seja, faz parte desse mundo de interações virtuais. Agora a liberdade e a conexão com o mundo substituíram a reclusão, pois o jovem frequenta espaços virtuais, conversa e interage com pessoas espalhadas pelo mundo inteiro. Com isso alguns hábitos fora dos padrões de “normalidade” também são compartilhados por pessoas que os praticam. Atualmente, em uma simples navegação pela internet, encontramos sites e comunidades “pró-ana” e “pró-mia” que significam, respectivamente, pró-anorexia e pró-bulimia, e nesses encontros virtuais trocam-se dicas e experiências sobre um “estilo de vida anorético”.

As mudanças que acontecem com o sujeito acometido pelo transtorno têm um caráter doentio e estão fora dos padrões “normais” de comportamento alimentar, que ficam gravemente perturbados, além de também manifestar um controle doentio do peso do corpo e distúrbios na autopercepção corporal. Dá-se, assim, uma enorme complexidade no tratamento desses casos, pois o quadro da doença envolve tanto aspectos psicológicos, quanto biológicos e sociais do homem, impossíveis de serem abordados por uma forma apenas, levando a um agrupamento de profissionais das mais variadas especialidades.

A distorção da imagem corporal é ainda mais perigosa quando associada à má nutrição, já que não há a preocupação com a ‘magreza’ exagerada. Essa imagem corporal é a formação que construímos na nossa mente do nosso próprio corpo. Segundo Saikali et. al (2004, p.164) citando Thompson (1996), o conceito de imagem corporal envolve três componentes:

Perceptivo, que se relaciona com a precisão da percepção da própria aparência física, envolvendo uma estimativa do tamanho corporal e do peso; Subjetivo, que envolve aspectos como satisfação com a aparência, o nível de preocupação e ansiedade a ela associada; e Comportamental, que focaliza as situações escutadas pelo indivíduo por experimentar desconforto associado à aparência corporal.

A complexidade desse caso de transtorno exige planejamento terapêutico, incluindo-se assistência à família com psicoterapia familiar, dando-lhes também atenção e apoio, visto que há nessa organização familiar certo desgaste trazido pela doença.

Castro (2000), em entrevista com mães de pessoas com anorexia, pesquisou sobre a influência que a família opera na doença e como esta percebe a mesma, focalizando, principalmente, sobre a influência materna. A conclusão foi a seguinte: o ambiente familiar é muito afetado com o surgimento do anorético em seu seio, as mudanças se dão nos comportamentos, sentimentos, relações, tolerância, etc. entre os membros.

O número de estudos com esse objeto vem crescendo e os resultados demonstram a enorme participação que deve haver da família nos cuidados com os indivíduos com transtorno alimentar. Para Espíndola e Blay (2009, p. 2), “é um conjunto de valores, crenças, conhecimentos e práticas que geram as ações da família na promoção da saúde de seus membros na prevenção e no tratamento da doença”, incluindo os modelos de cuidados, acompanhamento do quadro clínico, entre outros, de acordo com as solicitações dos sistemas de saúde.

Ainda segundo esses autores, como resultados de uma revisão sistemática sobre a anorexia e a bulimia, realizada por eles, as famílias demonstram ter uma percepção confusa da doença, com algumas dificuldades para entender o transtorno, sem a clareza da etiopatogenia e prognóstico dele, muitas vezes aparentando certo pessimismo em relação à sua superação.

As consequências físicas da anorexia são semelhantes às de um estado de desnutrição crônico. Têm-se implicações nos sinais vitais, no sistema nervoso central, no sistema cardiovascular, renal, hematológico, gastrointestinal, metabólico e endocrinológico, sem falar nas comorbidades, que são transtornos que precedem, acompanham e até persistem depois do tratamento da doença.

Depressão maior é o transtorno afetivo mais comum na anorexia nervosa. Os transtornos afetivos representam 70% das comorbidades no momento da internação de pacientes com anorexia nervosa, e a depressão maior é diagnosticada em 53% das pacientes que buscam tratamento. (FLEITLICH, et. al., 2000, p. S326).

Para um transtorno com repercussões tão graves, é necessário que o tratamento se inicie o quanto antes, sendo este intensivo e abrangente. Deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, composta por psiquiatra, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, pediatra ou clínico geral e enfermeiro, e a internação deve ser uma possibilidade considerada nos casos mais graves. As medicações são reservadas para o tratamento das comorbidades, ou como forma de suplementação de sais-minerais.

Vale ressaltar que a Anorexia Nervosa tem cura. Apesar da sua alta taxa de mortalidade, 5%, sendo a maior entre os distúrbios psiquiátricos, vários estudos demonstram que 40% dos pacientes se recuperam completamente da anorexia.

Seria interessante ressaltar que se faz necessário buscar uma saída para esse problema. Com este estudo, que objetiva a análise das implicações relacionadas à doença e a ampliação das informações e da educação a respeito dela, principalmente em níveis escolares, busca-se um modo de interferir nos conhecimentos sobre os transtornos a fim de que os números alarmantes do distúrbio possam, enfim, diminuir.

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