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Ansiedade, Quem és tu?

Por:   •  30/4/2021  •  Trabalho acadêmico  •  2.707 Palavras (11 Páginas)  •  129 Visualizações

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Ansiedade, quem és tu?

1. Início

No decorrer deste curso iremos centrar-nos mais nos níveis elevados de ansiedade, ou seja, naquela que pode ser considerada mais negativa por impedir a pessoa de se proteger convenientemente ou de a conduzir na busca de estratégias desadequadas para a gerir.

2. O conceito de ansiedade

A ansiedade é um estado mental, associada ao medo, face à antecipação de consequências desagradáveis de uma ameaça, interna ou externa, e que se manifesta através de sintomas físicos.

O medo em si reflete a reação face a uma situação específica e conhecida, enquanto a ansiedade remete para uma antecipação, para a forma como a pessoa pensa e sente antes de se confrontar com essa mesma situação.

Em regra, a ansiedade é extremamente importante e tem uma função protetora. Quando nos confrontamos com uma ameaça e sentimos ansiedade temos tendência para procurar respostas que permitam lidar com a ameaça (ex.: reduzir a velocidade na autoestrada, evitar locais escuros à noite, estudar para um exame, definir um plano para convidar alguém para sair, etc.).

A completa ausência de ansiedade é, em si mesma, um sinal de patologia. Tratando-se de uma emoção com funções importantes para a sobrevivência do ser humano, a sua ausência leva a que a pessoa deixe de se proteger adequadamente das ameaças à sua integridade.

É, portanto, desejável que a pessoa reconheça que a ansiedade existe e que é importante.

Quando se torna negativa

Apenas quando a ansiedade atinge uma intensidade demasiado elevada é que se torna preocupante, porque invalida uma resposta comportamental adequada e provoca sofrimento no indivíduo. Assim, a ansiedade torna-se problemática ou disfuncional em função da sua intensidade, frequência e dimensão. As perturbações associadas à ansiedade são, por exemplo:

  • Ansiedade Generalizada: uma preocupação excessiva e irrealista perante situações rotineiras da vida
  • Fobia: medo excessivo e irracional face a um objeto ou situação
  • Perturbação de Pânico: ataques de pânico repetidos (período de medo intenso ou terror, associado frequentemente a um sentimento de morte iminente, acompanhado de sintomas como falta de ar, palpitações, dor no peito, suores frios, confusão mental e/ou vómitos, que se inicia subitamente e sem causa aparente
  • Stress Pós-Traumático: conjunto de sintomas que surgem na sequência de um acontecimento traumático e incluem o reviver persistente do acontecimento traumático, evitamento persistente de estímulos associados ao trauma e aumento de insónia, irritabilidade, dificuldades de concentração, etc.

2.1. A biologia da ansiedade

Assim que o cérebro deteta uma ameaça, o medo é ativado, dando início a uma sequência de acontecimentos, independentemente do medo ser real ou imaginário, interno ou externo. O corpo apenas “sabe” que tem que se proteger.

O sistema límbico, localizado no cérebro, dá início a alguns procedimentos, incluindo a ação do hipocampo (responsável pela memória de acontecimentos anteriores) e da amígdala que controla o hipotálamo que, por sua vez, liberta hormonas e neurotransmissores no sistema nervoso.

É então ativado o subsistema simpático do sistema nervoso, responsável pela preparação do organismo para ação, ativando e colocando o corpo em prevenção. Esta ativação ocorre com a libertação de hormonas como a adrenalina e a noradrenalina no sistema nervoso. Quando estas se esgotam, o subsistema parassimpático entra em ação, desligando lentamente o corpo, em oposição ao que o simpático tinha realizado.

A ativação do organismo acontece em todos os seus órgãos. Assim:

  • o coração bate mais depressa para enviar mais sangue para os músculos, reduzindo ligeiramente a quantidade de sangue no cérebro;
  • havendo mais oxigénio implica que os pulmões trabalhem mais depressa;
  • com todo o movimento e produção de energia o corpo aquece, havendo necessidade de ativar as glândulas sudoríparas (suor) para arrefecer;
  • para economizar energia o sistema digestivo é “desligado”, por via do sistema parassimpático, originando falta de saliva, problemas na digestão, etc.

Simultaneamente, há uma redução do neurotransmissor serotonina no organismo, aumentando o estado de aflição, a falta de apetite e a redução do sono.

2.2. A psicologia da ansiedade

A memória tem um papel importante na ativação da ansiedade. Os traumas passados, as experiências negativas, situações vividas como desagradáveis vão, naturalmente, levar a pessoa a tentar evitá-las no futuro.

A nossa mente consegue, consciente ou inconscientemente, levar-nos a sentir ou a reviver situações antigas ansiogénicas face a ameaças internas ou externas consideradas graves. Não só conseguimos imaginar as ameaças, como também nos é possível torná-las ainda mais ameaçadoras quando misturamos o tempo passado, outras memórias que se confundem ou outras emoções (como a zanga ou a tristeza).

A nossa personalidade, moldada ao longo da nossa vida, corresponde à forma como lidamos com as situações com que nos deparamos, levando-nos a agir de maneira quase automática perante uma qualquer situação. Deste modo, vamos dar mais ou menos valor a um acontecimento em função da nossa maneira de pensar e agir.

Resumindo, se misturarmos a nossa memória, quase sempre tendenciosa e lacunar, com uma personalidade que julga uma situação sempre da mesma maneira, o resultado vai ser, geralmente, negativo…

Existem vários modelos teóricos que explicam o funcionamento da ansiedade. Tentaremos apresentar agora uma forma simples de explicar como a nossa mente funciona e intensifica a ansiedade.

A ansiedade aumenta quando:

  • achamos que não temos controlo sobre a situação (não interessa se temos ou não, o que conta é a perceção que a pessoa tem do que se passa) ou sobre os sintomas
  • aquilo que a pessoa acredita ser verdade num determinado contexto entra em choque com a realidade
  • a pessoa, como estratégia de defesa, vai achar que “o mundo vai acabar e não há nada a fazer”.

Estas respostas psicológicas foram sendo adquiridas ao longo da vida, ensinadas por pessoas com dificuldades na gestão da ansiedade ou pela falta de conhecimentos de como a gerir.

Deste modo, uma pessoa com tendência a ter crises de ansiedade apresenta: exagero na sua crença de falta de controlo, estratégias de gestão da ansiedade desadequadas, falta de coragem para enfrentar as causas do medo, tendência a exagerar a situação e falta de contacto e conhecimento da realidade.

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