Análise do documentário “О segredo da criança selvagem” sob os olhares das teorias do desenvolvimento humano
Resenha: Análise do documentário “О segredo da criança selvagem” sob os olhares das teorias do desenvolvimento humano. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: RAULMELO • 31/5/2014 • Resenha • 871 Palavras (4 Páginas) • 2.233 Visualizações
ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO “O SEGREDO DA CRIANÇA SELVAGEM” SOB OS OLHARES DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Bárbara Mamede1 e Raul Melo2
Na medida em que o ser humano se desenvolve, aprimoram-se também suas relações com o meio no qual suas experiências cotidianas e resiliências são articuladas. Partindo dessa premissa, devem-se considerar os traços fisiológicos e mentais como coautores de danos ao desenvolvimento humano ótimo, tema desta análise. O documentário “O segredo da criança selvagem”, nessa perspectiva, é analisado nos próximos parágrafos pelo viés das principais teorias que abordam a temática supracitada.
Genie, personagem-tema do documentário da BBC produzido no ano de 1992, foi abordada pela mídia e pela ciência da época como um ser humano imune até então de influências e interferências externas. Segundo o documento, em 4 de novembro de 1970, em Los Angeles, o serviço de assistência social local encontrou uma menina de 13 anos, submetida à condições de maus-tratos e abusos pelos pais. Seu mundo se resumia a um quarto escuro, sentada em uma cadeira, na companhia de um berço que utilizara quando criança. “Genie apresentava o aspecto de uma criança, usava fraldas, fazia sons de bebê e era quase incapaz de falar e andar... era uma criança selvagem, não civilizada e que era caracterizada pelo silêncio”.
Nota-se, no contexto, a prevalência das ideias de Piaget, para o qual “o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas" (Piaget, 1976 apud Freitas 2000:64). Isso exemplifica que o processo evolutivo da filogenia humana tem origem biológica, que por sua vez é ativada pela ação e interação do homem com o meio - físico e social - que o circunda (Coll, 1992; La Taille, 1992, 2003; Freitas, 2000). Isso significa que as formas primitivas da mente, biologicamente constituídas, reorganizam-se, numa relação interdependente entre o sujeito que conhece e o objeto que será desvendado.
A personagem do documentário – Genie – apresentou, notoriamente, mudanças quantitativas e qualitativas no seu desenvolvimento. Qualitativamente, notou-se a inexistência de palavras/sons significativos, baixo peso para a sua idade, formato das pernas atrofiadas e fisionomia incompatível com a sua idade. As mudanças qualitativas de Genie está na incapacidade permanente de pronunciar palavras e formar frases com significados sociais. Após os tratamentos com especialistas, no entanto, as mudanças quantitativas e qualitativas foram mais evidentes, porém não relevantes para os resultados das pesquisas.
Em relação aos desenvolvimentos humanos nos oito períodos do ciclo de vida, podemos destacar os seguintes em relação à Genie: Na primeira infância o crescimento físico e o desenvolvimento das habilidades motoras foram prejudicados, a compreensão e a fala não se desenvolveram; Na segunda infância a força e as habilidades motoras simples e complexas foram prejudicadas; e, na terceira infância as habilidades com a linguagem não se efetivaram.
Ainda com relação ao desenvolvimento do ciclo de vida, (Paul B. Baltes, 1987 apud Papalia e Olds 2000) há as questões da multidirecionalidade, plasticidade e traços culturais, esse último com notável irrelevância para o contexto de Genie, com dimensões históricas e sociais praticamente inexistentes. A multidirecionalidade estabelece um equilíbrio entre crescimento e declínio, em que uma característica declina e outra se desenvolve. Com os trabalhos focados na linguística e no desenvolvimento em diversos aspectos observou-se um grande aumento no vocabulário de Genie,
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