As Representações Sociais na Constituição Identitária das Pessoas com HIV/AIDS
Por: Isabel Abreu • 13/12/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 3.383 Palavras (14 Páginas) • 373 Visualizações
Universidade de Fortaleza - UNIFOR
Graduação em Psicologia – CCS
Psicologia Social II
Novembro de 2017
Representações Sociais na Constituição Identitária das Pessoas com HIV/AIDS
Autores: Aline Maria Mendes André; Elana Cavalcante Silveira; Isabel de Abreu Costa; Isabela Ribeiro Campos; Miryam Almeida Monteiro; Marcela Cavalcante Lopes
Prof.(a): Larissa de Brito Feitosa
Resumo
O artigo tem como objetivo geral compreender o impacto das Representações Sociais na constituição identitária das pessoas com HIV/AIDS. Através da pesquisa qualitativa, com inspiração no método etnográfico e entrevista semi-estruturada foi realizada uma visita a instituição escolhida para a obtenção de informações. Introduziu-se a importância do estudo, informando sobre o que são as Representações Sociais e suas características relacionando-os com os nossos objetivos e procurando explicitar a relação com o processo na construção identitária das pessoas com HIV/AIDS que sofrem com o estigma/preconceito. Também foi apresentado a noção de identidade para se ter um entendimento mais amplo sobre o assunto. Com isso fora observado que o este presente trabalho foi de extrema importância para equipe e demais alunos, pois pode-se evidenciar, analisar, entender e entrar em contato com uma área nova para os integrantes.
Palavras-chave: AIDS. Estigma. HIV. Identidade. Representação social.
Introdução
Esse artigo foi desenvolvido na disciplina Psicologia Social II, do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). O objetivo geral deste trabalho é compreender o impacto das Representações Sociais na constituição identitária das pessoas com HIV/AIDS na sociedade. Como objetivos específicos, iremos analisar como as representações sociais sobre Aids/HIV podem ser estigmatizantes; relacionar a prática e a teoria com o cotidiano para assim ampliar nossa compreensão a respeito do assunto; Compreender como a instituição que estão acolhidos pode influenciar nessa configuração.
Representações Sociais (RS) são conceitos, teorias, mitos adquiridos através da sociedade no nosso dia a dia. Em outras palavras é o senso comum contemporâneo. É criada para tornar o “não é familiar” em “familiar” (STREY et al., 2007). E muitas vezes essas representações sociais são perpassadas pela identidade, que no dizer de Evers (1984) “é, provavelmente, uma das noções mais multifacetadas e intrigantes das ciências humanas”. Isso porque a identidade se instaura em um jogo relacional, ou seja, ela nos é imposta pelo social ao mesmo tempo em que é posta por nós, construída por nossas ações e trajetórias de vida. Elas se constroem mutuamente.
A escolha do tema foi consensual, pois é de interesse comum das participantes da equipe buscar entender como alguns teóricos veem o estigma de pessoas com HIV/AIDS. A relevância deste assunto se dá pelo fato de, ainda nos dias de hoje, pouco se abordar sobre aqueles que são soropositivos e convivem com o diagnóstico. O primeiro caso do vírus no Brasil ocorreu em 1982 e, naquela época pouco se sabia sobre a forma de contaminação e como tratar, nenhum médico aceitava pacientes com HIV/AIDS e os infectados tinham pouca expectativa de vida, acreditava-se que o vírus era passado pela saliva e contato com a pele, isso desde o início gerou um estigma em torno do tema, que dura até hoje.
A instituição escolhida é voltada aos cuidados e acolhimento de adultos e crianças que vivem ou convivem com HIV/AIDS, dando um novo significado a vida dessas pessoas. Ela possui duas unidades, podendo acolher 16 crianças e 18 adultos. Ao ingressar nela, as pessoas com HIV/AIDS passam a ser chamados de acolhidos e a contar com o atendimento integral de uma equipe de funcionários treinados para o atendimento em saúde e para a manutenção das funções ligadas à higiene e a segurança. Sendo um híbrido entre hospital e residência, a Casa de Apoio pode ser enquadrada na descrição de Goffman (2010) sobre instituições totais. Uma instituição total pode ser definida como “um local de residência e trabalho onde grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, leva uma vida fechada e formalmente administrada” (GOFFMAN, 2010, p. 11).
Segundo o Ministério da Saúde, HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da AIDS ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Ter o HIV não significa ter AIDS. Muitos soropositivos vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas, ainda assim, podem transmitir o vírus a outras pessoas (BRASIL, 2017).
A partir desta perspectiva e tendo esse conhecimento prévio, abordou-se essa problemática para o foco do presente trabalho, fazendo uma análise do processo de estigma, representatividade e identidade à luz da psicologia social.
Metodologia
O presente estudo foi desenvolvido no mês de novembro de 2017, através de entrevista semi-estruturada, análise qualitativa, e com inspiração no método etnográfico, realizou-se uma pesquisa, com quatro pacientes que estão acolhidos na instituição, que se fez de base para a construção do presente artigo.
A pesquisa qualitativa tem como objetivo a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo. (GODOY, 1995, p.58).
A entrevista semi-estruturada deu-se pelo fato de possibilitar a combinação de perguntas, fechadas e abertas, em que o entrevistador tem a possibilidade de falar sobre o tema proposto sem respostas preestabelecidas pelo pesquisador.
A entrevista como técnica de pesquisa, entretanto, exige elaboração e explicitação de procedimentos metodológicos específicos: o marco conceitual no qual se origina os critérios de seleção das fontes, os aspectos de realização e o uso adequado das informações são essenciais para dar validade e estabelecer as limitações que os resultados possuirão. (DUARTE, 2008, p. 64)
O Método Etnográfico consiste na realização de observações participantes, nas quais o observador participará da rotina do ambiente observado,
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