Atitudes terapêuticas e o processo de mudança
Relatório de pesquisa: Atitudes terapêuticas e o processo de mudança. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Eliane262013 • 9/10/2014 • Relatório de pesquisa • 2.981 Palavras (12 Páginas) • 294 Visualizações
Abordagem Centrada na Pessoa
- Relação Terapêutica e Processo de Mudança1
Cecília Borja Santos*
* Membro da Associação Portuguesa de Counselling e Psicoterapia Centrada na Pessoa.
1 Comunicação apresentada no Serviço de Psiquiatria do Hospital Fernando Fonseca.
Março 2004.
R e s u m o :
A Abordagem Centrada na Pessoa surge como
reacção aos paradigmas psicanalítico e comportamentalista
propondo uma diferente visão do ser
humano sobre a qual será criada uma nova form a
de terapia: a terapia centrada na pessoa. Depois
de caracterizar as ideias-chave destes princípios
e valores, o autor re f e re a sua relação com os
conceitos fundamentais desta abord a g e m .
A p resentará seguidamente uma breve caracterização
da terapia centrada na pessoa focalizando-se
nas condições para a mudança terapêutica.
P a l a v r a s - c h a v e : Terapia centrada na pessoa;
Fenomenologia; Tendência actualizante; Nãod
i rectividade; Empatia; Olhar positivo incondicional;
Congruência.
A B S T R A C T:
Person Centred Approach appeared as a re a ction
to the psychoanalytical and behaviourist
paradigms proposing a rather diff e rent conception
of the human being witch originated
of a new form of therapy: the person-centre d
t h e r a p y.
After characterizing this principles and values
the author relates them to the Person-
C e n t red Approach basic concepts.
P e r s o n - c e n t red therapy will be briefly
p resented the focus being upon the conditions
necessary to that therapeutic change
can occur.
Key word s : Person centred therapy;
N o n d i rectiveness; Actualising tendency;
Unconditional positive re g a rd; Empathic
understanding; Congru e n c e .
Inserindo-se na corrente da Psicologia
Humanista, a Abordagem Centrada na Pessoa
desenvolve-se a partir da década de 40 nos
Estados Unidos da América. Como reacção às
práticas e aos modelos teóricos que então
dominavam a Psicologia e a psicoterapia
( C o m p o rtamentalismo e Psicanálise), Carl Rogers
(1902-1987) traz para a psicoterapia uma
d i f e rente perspectiva do Homem e, consequentemente,
uma forma diversa de encarar a pessoa que
pede ajuda e a relação terapeuta/cliente – uma
a b o rdagem não-directiva da relação terapêutica.
Contrastando com a ideia que reduz o Homem a
uma existência fatalmente determinada por fact
o res que, quer do exterior (por exemplo
p ressões sociais ou culturais), quer do interior
(impulsos inconscientes ou características herdadas)
o condicionam na sua capacidade de
l i v re-arbítrio, Carl Rogers vê o ser humano como
i n e rentemente dotado de liberdade e de poder de
escolha.
Mesmo nas condições mais adversas, mesmo sob
as condicionantes mais severas, o Homem pode
preservar e desenvolver alguma capacidade de
autonomia e auto-determinação. Sem subestimar
o impacto negativo que as mais diversas situações
podem ter sobre o desenvolvimento e o bem-estar
do indivíduo, Rogers mantém a firme convicção
de que o ser humano mantém, em algum grau,
capacidade para não se limitar a reagir aos acontecimentos
e a ser por eles conduzido. Pode,
ainda assim, ser um agente criativo na re a l i d a d e
que o rodeia.
Abordagem Centrada na Pessoa - Relação Terapêutica e Processo de Mudança
Revista do Serviço de Psiquiatria do Hospital Fernando Fonseca • 19
Por outro lado, o Homem é visto como sendo
intrinsecamente motivado para um pro c e s s o
c o n s t rutivo. É esta motivação, uma espécie de
sabedoria do organismo, que o leva a sobre v i v e r,
a manter a sua organização, a sarar, se for
necessário, e a evoluir na direcção de uma prog
ressiva complexidade e autonomia.
É a partir destes princípios gerais que a terapia
n ã o - d i rectiva se vai fundamentar.
P ro g ressivamente aprofundadas ao longo do
tempo, as elaborações teóricas
...