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Sobre a lágrima e as atitudes transformadoras.

"Chora, Tistu, chora. É preciso.

As pessoas grandes não querem chorar, e fazem mal,

porque as lágrimas gelam dentro delas, e o coração fica duro.”

(Maurice Druon, em “O Menino do Dedo Verde”).

A lágrima revela tudo, carrega consigo dor, tristeza, alegria, emoção. A lágrima que fica contida, demonstra um alguém que tem medo de se revelar, que não tem coragem de deixar a máscara cair.

Sempre apreciei a expressão os ‘’olhos são a janela da alma’’, e realmente é incrível como muitas vezes simplesmente através de um olhar as pessoas conseguem revelar tantas coisas, coisas essas que talvez não quisessem revelar.

Quando alguém reencontra alguém muito estimado, os olhos dessa pessoa revela toda alegria e satisfação, reflete a transparência da alma. É, para mim, de uma beleza incrível, quando alguém tenta se conter e ao chorar fica apenas com os olhos lacrimejados , parecendo o mar, com seu ir e vir das ondas.

Olhos marejados são assim. Lágrimas que pensam em deixar o conforto dos olhos, mas que se retraem como quem diz: “Ainda não é hora”, ou então, “Ainda não posso me desnudar”.

Na história de Maurice Druon, Tistu é o menino dodedo verde, o menino que tem o dom de mudar tudo a sua volta simplesmente tocando seu dedo verde. E se nós pudéssemos mudar a realidade em que vivemos, será que realmente faríamos a diferença?

Fico imaginando um arquiteto ao entrar em certos ambientes, como hospitais, será que ao se deparar com aquelas construções de paredes sólidas e áridas, brancas e gélidas, este tenha o desejo de colorir as paredes das alas da pediatria, instalar uma capela no térreo e criar um banco de sangue?

Tudo isso para humanizar o ambiente, colocar um pouco de vida no local, mudar o que esta em seu redor com seu ‘’dedo verde’’ ?

Analisando a historia de Tistu, percebo que o personagem não se conformava com o sofrimento alheio, ele realmente se importava com as outras pessoas, infelizmente este sentimento anda tão escasso em nossa sociedade capitalista, em que a única coisa que importa é o próprio bem estar e , se a dor, o sofrimento, as lagrimas, estão residindo em outro lugar, então isso não é problema meu.

Analisando a estória de Tistu, olha só como essa parte do livro é tão rica e nos ensina tanto:

Um dia, Tistu conhece a fábrica do Sr Papai. Inconformado com a história do mal que os canhões e as guerrasprovocam, secretamente, coloca o dedo nos canhões que estavam sendo enviados para uma guerra. Então a guerra fracassa, pois ao invés de bombas, os canhões lançaram flores.

(Maurice Druon, em “O Menino do Dedo Verde”).

Fiquei emocionada ao ler este trecho do livro, o qual Tistu ao conhecer a fabrica de seu pai descobre que a empresa que seu pai era dono, que ficava tão próximo dele, era capaz de fazer tanta destruição e trazer tanta desgraça à vida de outras pessoas.

Provavelmente Tistu deve ter se sentido um pouco Hipócrita ao se deparar com aquela situação, pois o menino que onde tocava trazia vida, ao mesmo tempo usufruía da destruição e morte de milhares de pessoas.

Quantas vezes isso ocorre em nossas vidas, muitas vezes lutamos tanto contra alguma situação, alguma atitude que consideramos errada nas outras pessoas,mas quando