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Atps Psicologia Social

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Por:   •  12/9/2013  •  2.070 Palavras (9 Páginas)  •  921 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo a abordagem crítica de um fenômeno psicossocial denominado “Humilhação e Invisibilidade Social Brasileira”, construída historicamente e que permeia a realidade enfrentada cotidianamente por uma considerável parcela da população.

Através dos estudos e pesquisas realizadas e elencados nos diversos textos indicados para leitura, fez-se necessário contextualizar e compreender as dimensões e implicações de tal fenômeno, rompendo com paradigmas que favorecem a sua permanência em nossa sociedade.

Dessa forma, se fará possível articular as possibilidades de intervenção frente a tais fatos sociais também através dos conhecimentos e área de atuação do Serviço Social.

Humilhação e Invisibilidade Social – Um problema social e político em psicologia.

Nós próprios fazemos a nossa história,

Mas, em primeiro lugar, com premissas e

em condições muito determinadas. Entre

todas elas, as condições econômicas são

determinantes. Mas as condições políticas,

etc., até mesmo a tradição que habita o

cérebro dos homens desempenham

igualmente um papel decisivo.»

[Engels, «Carta a Joseph Bloch», 21 de Setembro de 1890.]

A Psicologia Social caracteriza-se não pela consideração do individuo, não pela focalização da subjetividade no homem separado, mas pela exigência de encontrar o homem vivendo em sociedade, em situações inter-humanas e que são determinadas por fatores econômicos, políticos, psicológicos, culturais e sociais.

Ao estudar os fenômenos em Psicologia Social cabe considerar o Marxismo- tão presente no Serviço Social- para compreender os mecanismos do modo de produção capitalista e consequentemente da desigualdade de classes para assim tratarmos de um fenômeno ao mesmo tempo psicológico e político: a Humilhação e Invisibilidade Social.

A Humilhação Social é uma modalidade de angústia disparada pelo impacto traumático da desigualdade de classes, segundo estudo elaborado pelo curso de Psicologia da USP (1998), e que o considera como um fenômeno histórico, longamente sofrido pelos pobres e seus ancestrais.

Ao vivermos em sociedade, percebemos as indiferenças no trato social, como a Humilhação Social é constante, em rotinas diversas, se revelando na estrutura das casas, nas moradias daqueles que possuem menos condições financeiras e que são julgados como inferiores, reduzindo até mesmo todo um bairro ao descaso . E realmente o é, devido à falta de recursos, de condições para torná-lo mais habitável como nos bairros nobres, e além da decadência das residências, percebermos que inclusive a memória daqueles que ali habitam é negada, aquele que mora em condições subumanas em áreas de risco, onde quase sempre a

chuva, e os desabamentos recolhem tudo que possuem, ficam sem memórias, físicas, palpáveis, que possam ser transferidas às próximas gerações.

Isso fortemente se observou no período pós escravidão, onde o negro era obrigado a deixar seu país, lhe era imposto um trabalho cruel, incessante e sem direitos, após se tornar “livre”, não tinha para onde ir e nem a quem recorrer, pois nada possuía.

A Humilhação Social é sofrida por aqueles que deixam suas famílias, sua cidade natal considerada sem recursos, sem trabalho, e que migram para cidades “Grandes”, e ali se veem sozinhos, onde ninguém estende a mão, quem não compra não tem, quem não paga não recebe. Esse cidadão começa a desenvolver um trabalho rotineiro e mecânico, perde-se o contato visual, o calor humano, resumidos em funcionário e cliente, quem compra é apenas o cliente, e o outro é quem vende, não tem rosto, não tem nome, não é ninguém. Nos depoimentos elencados, a esperança em se ter uma vida melhor é evidente, a busca por uma casa boa, em condições de pagar um plano de saúde, “uma consulta particular”.

Em 1990, a Prefeitura de São Paulo criou os Centros de Juventude no empenho de abrigar pessoas cuja Humilhação Social está nelas próprias, o sentir-se inferior, excluído, humilhado; o que já está de certa forma impregnado na população mais carente, a tal ponto daqueles que têm oportunidade de conhecer coisas novas, lugares mais sofisticados e às vezes até mesmo um restaurante, se sentem culpados por viverem tal experiência, enquanto os que ficaram na cidade pequena, não puderam usufruir de tal “regalia”. Sentem-se como não pertencentes aquele local, não dignos de estarem ali, e lamentam-se. E a certeza de serem inferiores é tão dominante que se decaem o semblante por coisas, diríamos banais, como uma falta de comprimento daquele que elas julgam superiores, e tornam-se assim fragilizadas, carentes.

No campo do trabalho desaparece o homem e fica somente o uniforme, entramos e saímos de lojas, comércios e não reparamos se o atendente era grande, pequeno, se tinha olhos castanhos ou negros, nossa atenção está somente no bem de consumo que estamos adquirindo, a pessoa, o ser do outro lado que nos atende é insignificante, não tem nenhuma importância. Em trabalhos particulares a Humilhação Social, se nota no trato dos patrões aos empregados, eles não podem circular nos mesmos lugares, são agredidos com palavras, comem aquilo que sobra.

O humilhado apenas vive, não existe. Não tem raiz, não tem historia, e a falta desse enraizamento, é que permite essa diferença social, por ser pobre ele não participa ativamente de decisões importantes, não tem voz dentro do grupo, e muitas vezes não tem condições para opinar, não sabe ler, não teve oportunidade de estudar, se qualificar e assim saber defender sua opinião.

A Humilhação Social e a Desigualdade Social caminham juntas, a Invisibilidade Social é recorrente. Ao realizar a leitura de um artigo do curso de Psicologia da Universidade Federal da Bahia que constrói uma interlocução entre dois autores: um Filósofo e um Sociólogo, os quais discorrem em suas obras sobre a invisibilidade e a desigualdade na sociedade brasileira; pode-se entender que a desigualdade social acompanha o Brasil desde a colonização, onde o mesmo era dividido entre

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