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Aula-tema: Conceitos Principais: Sonhos, Atos-falho, Chistes, Sintoma, Inibição, Sintoma E Angústia, Sintoma E Transferência.

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Por:   •  5/6/2014  •  5.082 Palavras (21 Páginas)  •  13.749 Visualizações

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ETAPA III

Aula-tema: Conceitos principais: sonhos, atos-falho, chistes, sintoma, inibição, sintoma e angústia, sintoma e transferência.

1. SONO

Para a ciência, é uma experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de sono. Os sonhos noturnos são gerados, na busca pela realização de um desejo reprimido.

Em 1900 Sigmun Freud publico o livro “Interpretação dos sonhos”, aonde definia o conteúdo do sonho, geralmente como a “realização de um desejo”, ele considerava que, no enredo onírico há o sentido manifesto (a fachada) e o sentido latente (o significado), este último realmente importante. A fachada seria um despiste do superego (o censor da psique, que escolhe o que se torna consciente ou não dos conteúdos inconscientes), enquanto o sentido latente, por meio da interpretação simbólica, revelaria o desejo do sonhador por trás dos aparentes absurdos da narrativa.

A elaboração de um sonho, segundo Freud (1915), ocorre porque “existe algo que não quer conferir paz à mente. Um sonho, pois, é a forma com que a mente reage aos estímulos que a atingem no estado de sono”. Alguns dos estímulos dos quais Freud fala podem ser restos diurnos, sensações fisiológicas. Outros estímulos podem ser os pensamentos ocultos, inconscientes, formados por desejos antigos, recalcados pela censura do Superego – configurando-se como o texto original do sonho (RABUSKE, 2011).

Para o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung os sonhos, não seriam apenas reveladores de desejos ocultos, mas sim, uma ferramenta da psique que busca o equilíbrio por meio da compensação. Ou seja, alguém masculinizado pode sonhar com figuras femininas que tentam demonstrar ao sonhador a necessidade de uma mudança de atitude.

Os sonhos são cargas emocionais armazenadas no inconsciente, que projetam imagens e sons, e de acordo com Freud como sabemos que os objetos nos sonhos são derivados de cargas emocionais, podemos através deles chegar a raiz ou seja as emoções que geraram essa imagem ou som. O sonho sempre demonstra aspectos da vida emocional. Nos sonhos sua linguagem são o que Freud denomina símbolos. De acordo com ele o que a pessoa sente quanto a esse objeto ou essa situação é fundamental para a interpretação de sonho. "Os sonhos são a estrada real para o conhecimento da mente" . Portanto as terapias psicanalíticas usam interpretação dos sonhos como um recurso para "elaborar".

Carl Gustav Jung passou a se dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal.

2. ATO FALHO

É um termo utilizado pela psicanálise para descrever uma série de atos que podem ser interpretados por terem um sentido inconsciente. De certo modo, apesar de serem atos que falharam, são atos bem sucedidos, de acordo com Freud.

Segundo Freud, todos os tipos de casos de ato falho têm em comum, independentemente do material, o fato de não estarem entregues a uma escolha psíquica arbitrária, como se tende a pensar, mas estão a serviço de propósitos obscuros. Freud demonstra que todos exibem o mesmo mecanismo psíquico, o qual diz respeito à possibilidade de estabelecer uma ligação, por via associativa, com um conteúdo de pensamento inconsciente.

Nesse sentido, os atos falhos, assim como os sintomas e os sonhos, são efeitos manifestados cuja fonte são conteúdos inconscientes de pensamentos. Há uma interferência de cadeias de pensamentos estranhas, isto é, não conscientes para o sujeito no momento, o qual nada parece saber. Portanto, os atos falhos também possuem um sentido simbólico, posto que expressam fantasias inconscientes mediante um vínculo associativo, geralmente superficial com o que é perturbado. Em outras palavras, o elemento recalcado se apodera, em condições favoráveis, por associação de um elemento oriundo de outro lugar, para que possa prevalecer análogo ao processo que ocorre na formação do sintoma ou do sonho.

3. INIBIÇÃO

A inibição, a angústia e o sintoma servem de bússola ao analista no que diz respeito aos pontos que norteiam a neurose – o desejo e o gozo – e possuem como elemento comum o fato de envolverem necessariamente o corpo para se manifestarem. Por fim, o corpo é situado na topologia do nó borromeano, o que permite demarcar a angústia, a inibição e o sintoma nos registros do real, do simbólico e do imaginário.

4. SINTOMAS

O sintoma é tomado como uma mensagem cifrada que encontra lugar para sua interpretação e elaboração no espaço analítico e que, ao mesmo tempo, provoca resistências ao seu tratamento.

Segundo Jacques Lacan, sintoma é o saldo totalizado da conta do gozo de cada um, junto com os significantes recebidos do Outro. Ele representa a cadeia simbólica de significantes que se repetem e que muitas vezes é confundido com o destino.

Se por um lado o sintoma é a verdade do sujeito, por outro ele não é claro, por isso muitas pessoas não sabem o que fazer com ele. É algo que incomoda, porém, é “mais forte que o sujeito”. É mais forte que o eu da pessoa, mais forte que sua vontade.

O sintoma representa a verdade do sujeito. Mesmo que isso se apresente na forma de um enigma. E se seguirmos essa linha de raciocínio, saberemos que não podemos extirpá-lo, arrancá-lo, como se fosse um tumor, e sim devemos descobrir o que ele representa o que ele significa para o sujeito.

Freud chamou o sintoma de formação de compromisso, compromisso que a pessoa elabora entre sua problemática inconsciente e suas defesas, ele é o retorno do que foi reprimido.

5. ANGÚSTIA

A angústia a forte sensação psicológica, caracterizada por "abafamento", insegurança, falta de humor, ressentimento e dor, é também uma emoção que precede algo (um acontecimento, uma ocasião, circunstância), também pode-se chegar a angústia através de lembranças traumáticas que dilaceraram ou fragmentaram o ego.

Quando a integridade psíquica está ameaçada, também costuma-se haver angústia em estados paranoicos onde a percepção é redobrada e em casos de ansiedade persecutória. Ela exerce função crucial na simbolização de perigos reais e imaginários.

A angústia tanto fenomenologicamente quanto em termos de teoria vem a fazer articular todo o discurso psicanalítico, o discurso do sujeito e o acesso ao real sendo aquilo que não engana. Se em Freud a angústia é caracterizada pela ausência do objeto, ou pela perda de um objeto, em Lacan ela se relaciona à presença do objeto.

Ela não está relacionada ao desamparo inicial, mas sim ao amparo que o sujeito recebe, onde se faz enigmático algo que diz respeito ao desejo do Outro. A perda do objeto não está relacionada a uma ausência, mas a uma presença portadora de um enigma. Ali onde o sujeito não se vê. “Che vuoi?” Isto é, aquilo que escapa a identificação.

A angústia, portanto, não derivaria de uma lembrança, isto é, de uma representação original.

6. TRANSFERÊNCIA

A transferência é um fenômeno que ocorre na relação entre o paciente e o terapeuta, quando o desejo do paciente irá se apresentar atualizado, com uma repetição dos modelos infantis, as figuras parentais e seus substitutos serão transpostas para o analista, e assim sentimentos, desejos, impressões dos primeiros vínculos afetivos serão vivenciados e sentidos na atualidade. O manuseio da transferência é a parte mais importante da técnica de análise.

A transferência é o deslocamento do sentido atribuído a pessoas do passado para pessoas do nosso presente. Esta transferência é executada pelo nosso inconsciente. Para a teoria freudiana, esse fenômeno é fundamental para o processo de cura.

Transferências são reedições, reduções das reações e fantasias que, durante o avanço da análise, costumam despertar-se e tornar-se conscientes, mas com a característica de substituir uma pessoa anterior pela pessoa do médico. Dito de outra maneira: toda uma série de experiências psíquicas prévias é revivida, não como algo do passado, mas como um vínculo atual com a pessoa do médico. Algumas são simples reimpressões, reedições inalteradas. Outras se fazem com mais arte: passam por uma moderação do seu conteúdo, uma sublimação. São, por tanto, edições revistas, e não mais reimpressões. (FREUD, 1969. v. 7, p. 109-19)

A transferência logo que surge substitui na mente do paciente o desejo de ser curado, e, enquanto for afeiçoada e moderada, torna-se o agente da influência do médico e nem mais nem menos do que a mola mestra do trabalho conjunto de análise.

Na psicologia, o termo transferência é usado em vários significados: sensorial, sentimental, na moderna psicologia experimental, aprendizagem e de comportamento. Este transferência de aprendizagem é chamada, às vezes positiva, em contraste com uma chamada transferência negativa, que designa a interferência negativa da primeira aprendizagem, aprendizagem sobre um segundo.

A uma série de questões envolvidas que estão sujeitas a clássicas discussões referentes a este tema:

a) No que diz respeito à especificidade da transferência para a cura: os resultados dos testes seriam mais do que prever, com o rigor e a coerência das suas coordenadas, uma vez manifestação privilegiada e de observação de fenômenos que também são encontradas em outras circunstâncias?

b) No que diz respeito à relação entre a transferência e a realidade: o que é disponibilizado apoio em muito problemática como a noção de real ou tão difícil determinar a realidade os resultados dos ensaios, adequada para avaliar se ou não se adaptou a esta realidade, transferências ou não de um determinado evento ocorreu durante a cura?

c) A respeito da função de transferência para a cura: aquilo que é o respectivo valor terapêutico o recurso e experimentado uma recorrência?

d) Quanto à natureza daquilo que é transferido: é esse padrão de comportamento, tipos de objeto relacionamento, positivo ou negativo sentimentos, afetos, libidinal cargo, fantasmas, uma imagem ou um conjunto de esta característica ou mesmo recurso para o efeito a mais recente teoria do aparelho psíquico?

Sendo assim, não é possível falar em análise sem transferência. Não se deve supor, todavia, que a transferência seja criada pela análise e não ocorra independente dela. A transferência é meramente descoberta e isolada pela análise. Ela é um fenômeno universal da mente humana, decide o êxito de toda influência médica, e de fato domina o todo das relações de cada pessoa com seu ambiente humano.

A resistência tal qual a transferência são mecanismos de defesa e são imprescindíveis para a realização do tratamento psicanalítico. Sem elas, não há psicanálise. Uma aparece na tentativa de encobrir e se defender de lembranças dolorosas, a outra como a repetição de uma relação objetal passada, e as duas trazem consigo pilares fundamentais com material riquíssimo para a clínica analítica.

7. CONTRATRANSFERÊNCIA

Transferência e contratransferência são conceitos centrais na compreensão da relação terapêutica nas diversas vertentes da psicanálise. Ela envolve sensações, sentimentos e percepções que brotam no terapeuta, emergentes do relacionamento terapêutico com o paciente: como respostas às manifestações do paciente e o efeito que tem sobre o analista. É um sinal de grande significação e valor para orientar o terapeuta no trabalho analítico.

Existem duas visões Psicanalíticas sobre ela: Uma repetição do analista; atuação do analista, e o sentimento do analista pelo analisando. Algumas contratransferências básicas são: uma visão pré-concebida do ser humano; Como o ser deve ser, se relacionar; Uma admiração exagerada baseada em uma transferência materna/paterna; Erótica. Abordando esta última, Freud defende a idéia de que a contratransferência não deve ser utilizada dentro do setting. Sua definição de contratransferência é: “sentimentos e reações neuróticas inconscientes do analista de caracterís¬tica resistência (pontos cegos), configurando-¬se em um obstáculo ao trabalho analítico e, portanto, deveriam ser evitados ou removidos” Zaslavsky, Jacó (capítulo 2) Tendências Do Conceito De Contratransferência até os anos de 1970-contratransferência: Teoria E Prática Clínica. Porto Alegre: Artmed, 2006.

7.1. CONCEITOS DE ALGUNS AUTORES

Castro (2005) diz que em 1910, surgiu o conceito de contratransferência, como sendo uma reação do analista provocada pela transferência do paciente, e, como tal, algo a ser superado ou ultrapassado para que o analista volte a trabalhar em condições adequadas. No trabalho de 1912, Freud conclui que o médico tenta compelir o paciente a ajustar seus impulsos emocionais ao nexo do tratamento e da história de sua vida, submetendo-os à consideração intelectual e a compreendê-los à luz de seus valores psíquicos.

Segundo Isolan (2005), a contratransferência inicialmente passou pelas mesmas vicissitudes da transferência, sendo vista como uma manifestação indesejável no tratamento. O conceito de contratransferência foi introduzindo por Freud que o definiu como sendo aquilo que "surge no médico como resultado da influência que exerce o paciente sobre os seus sentimentos inconscientes". (FREUD, 1969, p.125-36)

Segundo Laplanche e Pontalis (2001) o fenômeno da contratransferência se ampliou depois de Freud, principalmente a medida em que o tratamento foi sendo compreendido enquanto uma relação e também com a expansão da psicanálise a novos campos, a análise de pacientes psicóticos e de crianças, onde as reações inconscientes do analista podiam ser mais solicitadas.

Após Freud, o conceito tomou novas conotações, ampliando consideravelmente a sua compreensão. Pode-se dizer que quase cada autor que escreveu sobre o fenômeno da contratransferência nestas últimas décadas, apresentou sua própria versão. Há desde os que consideram como contratransferência a totalidade das reações do analista como relação ao paciente, aos que limitam o conceito às respostas eliciadas pela contratransferência do paciente, sem falar na concepção atualmente mais divulgada, segundo a qual a contratransferência compreende as reações oriundas do inconsciente do analista, vinculadas experiências da infância do analista, projetadas na relação analítica. (ANDRADE, 1983)

De acordo com Isolan (2005), como na transferência, a primeira reação de Freud foi sentir a contratransferência como algo inadequado, um obstáculo a ser evitado. Diz ele que "nos sentimos quase inclinados a insistir em que ele deve reconhecer esta contratransferência existente em si mesmo e superá-la". (FREUD, 1969, p.125-36)

Posteriormente, Freud já percebia o valor da contratransferência e recomendava: "o analista deve voltar seu próprio inconsciente como um órgão receptor para o inconsciente transmissor do paciente, de modo que o inconsciente do médico possa, a partir dos derivados do inconsciente que se comunicam reconstruir o inconsciente do paciente". (FREUD, 1969. v. 12, p. 149-59)

Isolan (2005) afirma que com os estudos de Racker e Heimann, a contratransferência passou a se tornar um fator a mais de compreensão ao trabalho do terapeuta. Para Racker, a contratransferência consiste em:

Um conjunto de imagens, sentimentos e impulsos do terapeuta durante a sessão e poderia ocorrer de três formas: a) como um obstáculo; b) como instrumento terapêutico; e c) como um "campo" em que o paciente pode realmente adquirir uma experiência viva e diferente da que teve originalmente. Ele também descreveu dois tipos de reações contratransferências: a contratransferência complementar, que seria quando o ego do terapeuta fica identificado com os objetos internos do paciente; e a contratransferência concordante, que é quando a identificação se faz entre aspectos da personalidade (ego, id e superego) do terapeuta com os respectivos aspectos da personalidade do paciente. (RACKER, 1982)

Heimann (1995) descreve a contratransferência como o conjunto de sentimentos do terapeuta em relação ao paciente. Destaca que a reação emocional do terapeuta às projeções do paciente é um instrumento a ser compreendido pelo terapeuta e que, para ser utilizado, o terapeuta deve ser capaz de controlar os sentimentos que nele foram despertados, ao invés de, como faz o paciente, descarregá-los. (ISOLAN, 2005)

8. MECANISMO DE DEFESA

Mecanismo de defesa é uma denominação dada por Freud para as manifestações do Ego diante das exigências das outras instâncias psíquicas (Id e Superego), mas a psicanálise freudiana não é a única teoria a se utilizar desse conceito. Outras vertentes da psicologia também se utilizam dessa denominação.

Os mecanismos de defesa são determinados pela forma como se dá a organização do ego: quando bem organizado, tende a ter reações mais conscientes e racionais. Todavia, as diversas situações vivenciadas podem desencadear sentimentos inconscientes, provocando reações menos racionais e objetivas e ativando então os diferentes mecanismos de defesa, com a finalidade de proteger o Ego de um possível desprazer psíquico, anunciado por esses sentimentos de ansiedade, medo, culpa, entre outros. Resumindo, os mecanismos de defesa são ações psicológicas que buscam reduzir as manifestações eminentemente perigosas ao Ego.

Todos os mecanismos de defesa exigem certo investimento de energia e podem ser satisfatórios ou não em cessar a ansiedade, o que permite que sejam divididos em dois grupos: Mecanismos de defesa bem-sucedidos e aqueles ineficazes. Os bem-sucedidos são aqueles que conseguem diminuir a ansiedade diante de algo que é perigoso. Os ineficazes são aqueles que não conseguem diminuir a ansiedade e acabam por constituir um ciclo de repetições. Nesse último grupo, encontram-se, por exemplo, as neuroses e outras defesas patogênicas.

8.1. Quais são os mecanismos de defesa?

Existem pelo menos quinze tipos de mecanismos de defesa conhecidos e explicados pelas teorias da psicologia. Entre eles, podemos citar: compensação, expiação, fantasia, formação reativa, identificação, isolamento, negação, projeção e regressão.

8.2. Como funciona cada mecanismo de defesa?

Cada mecanismo de defesa tem uma forma específica de funcionamento, vamos conhecer alguns deles brevemente:

8.3. Compensação

Esse mecanismo de defesa tem por característica a tentativa do indivíduo de equilibrar suas qualidades e deficiências, por exemplo, uma pessoa que não tem boas notas e se consola por ser bonita.

8.4. Deslocamento

O mecanismo de deslocamento está sempre ligado a uma troca, no sentido de que a representação muda de lugar, e é representada por outra. Esse mecanismo também compreende situações em que o todo é tomado pela parte. Por exemplo: alguém que teve um problema com um advogado e passa, então, a rejeitar todos esses profissionais, ou ainda, num sonho, quando uma pessoa aparece, mas, na verdade está representando outra pessoa.

8.5. Expiação

É o mecanismo psíquico de cobrança. O sujeito se vê cobrado a pagar pelos seus erros no exato momento em que os comete, com esperança na crença de que o erro será imediatamente ou magicamente anulado.

8.6. Fantasia

Nesse mecanismo de defesa, o individuo cria uma situação em sua mente que é capaz de eliminar o desprazer iminente, mas que, na realidade, é impossível de se concretizar. É uma espécie de teatro mental onde o indivíduo protagoniza uma história diferente daquela que vive na realidade, onde seus desejos não podem ser satisfeitos. Nessa realidade criada, o desejo é satisfeito e a ansiedade diminuída. Os exemplos de fantasia são: os sonhos diurnos, ou fantasias conscientes, as fantasias inconscientes, que são decorrentes de algum recalque e as chamadas fantasias originárias.

8.7. Formação Reativa

É um mecanismo caracterizado pela aderência a um pensamento contrário àquele que foi, de alguma forma, recalcado. Na formação reativa, o pensamento recalcado se mantém como conteúdo inconsciente. As formações reativas têm a peculiaridade de se tornar uma alteração na estrutura da personalidade, colocando o indivíduo em alerta, como se o perigo estivesse sempre presente e prestes a destruí-lo. Um exemplo, uma pessoa com comportamentos homofóbicos, que na verdade, sente-se atraído por pessoas do mesmo sexo.

8.8. Identificação

É o mecanismo baseado na assimilação de características de outros, que se transformam em modelos para o individuo. Esse mecanismo é a base da constituição da personalidade humana. Como exemplo podemos citar o momento em que as crianças assimilam características parentais, para posteriormente poderem se diferenciar. Esse momento é importante e tem valor cognitivo à medida que permite a construção de uma base onde a diferenciação pode ou não ocorrer.

8.9. Isolamento

É o mecanismo em que um pensamento ou comportamento é isolado dos demais, de forma que fica desconectado de outros pensamentos. É uma defesa bastante comum em casos de neurose obsessiva. Os exemplos desse mecanismo são diversos, como rituais, fórmulas e outras ideias que buscam a cisão temporal com os demais pensamentos, na tentativa de defesa contra a pulsão de se relacionar com outro.

8.10. Negação

É a defesa que se baseia em negar a dor, ou outras sensações de desprazer. É considerado um dos mecanismos de defesa menos eficazes. Podemos citar como exemplo o comportamento de crianças de “mentir”, negando ações que realizaram e que gerariam castigos.

8.11. Projeção

Resumidamente, podemos dizer que é o deslocamento de um impulso interno para o exterior, ou do indivíduo para outro. Os conteúdos projetados são sempre desconhecidos da pessoa que projeta, justamente porque tiveram de ser expulsos, para evitar o desprazer de tomar contato com esses conteúdos. Um exemplo é uma mulher que se sente atraída por outra mulher, mas projeta esse sentimento no marido, gerando a desconfiança de que será traída, ou seja, de que a atração é sentida pelo marido. Além desse, outros exemplos de projeção podem estar na causa de preconceitos e violência.

8.12. Regressão

É o processo de retorno a uma fase anterior do desenvolvimento, onde as satisfações eram mais imediatas, ou o desprazer era menor. Um exemplo é o comportamento de crianças que, na dificuldade em seus relacionamentos com outras crianças, retornam, por exemplo, a fase oral e retomam o uso de chupetas, ou ainda, comem excessivamente.

9. ID, ÉGO E SUPER ÉGO

Freud desenvolveu em (1923) um modelo estrutural da personalidade, em que o aparelho psíquico se organiza em três estruturas:

O id é a fonte da energia psíquica (libido). O id é formado pelas pulsões - instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer, ou seja busca sempre o que produz prazer e evita o que é aversivo, e somente segundo ele. Não faz planos, não espera, busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição. Ele não tem contato com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o mesmo efeito de uma atingida través de uma ação. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego irracional, anti-social e dirigido ao prazer. O id é completamente inconsciente.

O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo: é o chamado princípio da realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera ao comportamento humano: a satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de conseqüências negativas. A principal função do ego é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos do id e a realidade e, posteriormente, entre esses e as exigências do superego.

Superego é a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade. O superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral (mesmo que irracional) e (3) conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras. O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos; outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada; certo ou errado, sem meio-termo). O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem ser procurado, e a consciência, que determina o mal a ser evitado.

ETAPA IV

Aula-tema: Os efeitos do inconsciente sobre a consciência.

Selecionarei uma situação de Marinalva Batista dos Santos – Psicanalista, Pedagoga , Psicopedagoga e Psicomotricista Clínica e Escolar, onde pude detectar a evidência da transferência da contratransferência no setting analítico. Caso esse no qual foi utilizado o módulo da disciplina além das observações feitas pelo analista-supervisor.

CASO CLIMICO:

O paciente citado tem 38 anos, casado, dois filhos e é profissional liberal. A sua queixa inicial que segundo ele originou a sua busca para o processo terapêutico foi ter medo de tornar-se como seu irmão mais velho, extremamente autoritário ( mais adiante fui informada que o irmão é paciente psiquiátrico e que ele próprio fez entrevistas com este profissional com medo de enlouquecer). Afirma não ter boas relações com seus colegas assim como problemas com a esposa e filhos com os quais briga por motivos insignificantes e ultimamente sente que não consegue concentrar-se no trabalho, o que por momentos o preocupa intensamente. Já leva 7 meses de análise, duas vezes por semana.

Entra na sala de consulta, estende a mão e cumprimenta-me como de costume, rapidamente deita no divã e diz: " Doutora , a senhora parece cansada , e não muito bem humorada" (projeção). Tive um sonho em que eu me via velho, bem velho, e pensei que a morte estava quase por aí".

Se trata de um brevíssimo exemplo para ilustrar, resumidamente, alguns dos elementos do texto deste trabalho, eminentemente simples com propósitos de evidenciar aspectos transferenciais e contratransferenciais no processo terapêutico.

Se faz aqui necessário destacar que a psicanálise é muito mais do que o aqui escrito.

Terapeuta: É, ... e o senhor acha que sou eu quem está cansada e mal humorada...cada vez que reaparecem seus sentimentos de frustração vê a todo o mundo desse jeito, me incluindo nessa sua visão do mundo (interpretação da transferência).

Paciente: Bem, é verdade, (irritado) mas será que o senhor não pode estar nem cansado nem mal-humorado? (transferência negativa e resistência).

T.: Está se perguntando se eu, tão velho como seu pai, poderei realmente ajudá-lo?

P.: O senhor sabe que não é tão velho assim. (a transferência muda para um aspecto mais positivo e se corrige o vínculo), e agora vem aí outra vez meu pai, que era um verdadeiro carrasco, não consigo esquecer (regressão).

T.: Agora o carrasco sou eu (assume o papel paterno infantil) que o incomoda com o que falo.

P.: E que o senhor me leva a lembrar coisas que já tinha esquecido (estão no inconsciente) e que quero manter esquecidas (repressão) ainda que na verdade vejo alguns de meus colegas como inimigos (deslocamento), apesar de que começo a ver que não é bem assim (elaboração e mutação objetal).

T.: Parece que virei um pai menos severo e que pode ajudar (o analista está satisfeito com a evolução da sessão, e interpreta usando sua contratransferência positiva).

P.: Me pergunto se meu pai era realmente tão ruim (nova mutação objetal interna , ainda dentro da regressão). Gostaria sim de mudar meu comportamento com a minha família (procura usar outros mecanismos de defesa , menos conflitivos e mais livres da pressão do seu Superego).

Penso que nesta brevíssima apresentação da psicanálise - onde muitos assuntos foram propositadamente deixados de lado - tenha podido dar uma idéia , excessivamente resumida, dos aspectos solicitados para estudo com o paciente piloto. Entretanto, cabe fazer constar que a sociedade toda pode, em parte, ser entendida psicanalíticamente. O aspecto agressivo e a violência formam parte do ser humano que, às vezes, superegoicamente nega esta realidade e gosta de se sentir bom, generoso e cheio de amor para com o mundo todo. A realidade do cotidiano nos demonstra a falsidade desta pretensão. A literatura toda pode ser melhor compreendida, assim como a história, através das idéias psicanalíticas. Não é a toa que o autor mais citado por Freud é Shakespeare, e que muitos escritores contemporâneos encontrem inspiração nas idéias freudianas.

Enfim, com este breve recorte tentou-se evidenciar com um paciente piloto a ocorrência da transferência e a contratransferência. É evidente que ocorreram outras situações onde pude evidenciar tais aspectos mas para fim didático elegi a situação citada pelo fato dele manter uma constância na freqüência das sessões, além do tempo que se encontra em processo terapêutico.

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Bolsista de Iniciação científica da CNPq

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IIPsicanalista, Professora do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, cynthiamedeiros@yahoo.com

IIIPsicólogo e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), flavioffontes@hotmail.com

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E-mail: sergio.rossoni@hotmail.com

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Ágora - estudos em teoria psicanalítica

Instituto de Psicologia UFRJ - Campus Praia Vermelha

Av. Pasteur, 250 - Pavilhão Nilton Campos - Urca

22290-240 Rio de Janeiro RJ - revistaagoraufrj@gmail.com

• Fonte: http://www.brasilescola.com/psicologia/mecanismos-defesa.htm

Publicado por: Juliana Spinelli Ferrari

Colaboradora Brasil Escola

Graduada em psicologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista

Curso de psicoterapia breve pela FUNDEB - Fundação para o Desenvolvimento de Bauru

Mestranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP - Universidade de São Paulo

• Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_psicanal%C3%ADtica

a b c Pervin, Lawrence A.; Cervone, Daniel & John, Oliver (2005). Persönlichkeitstheorien. München: Reinhardt.

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Mecanismos de Defesa - Artigos de Psicologia

a b c d e f g h i j k l m n o p Miller, Patricia (1993). Theorien der Entwicklungspsychologie. Heidelberg: Spektrum.

• Fonte: CARVALHO, Uyratan. 2 ed. Rio de janeiro, SPOB. 2001

Publicado por: Marinalva Batista dos Santos – Psicanalista, Pedagoga , Psicopedagoga e Psicomotricista clínica e Escolar

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