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BREVE VISTA NA HISTÓRIA DE MADJESH

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Por:   •  31/8/2014  •  Tese  •  4.577 Palavras (19 Páginas)  •  393 Visualizações

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UM BREVE OLHAR SOBRE A HISTORIA DA LOUCURA1

O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) deu uma valiosa

contribuição para compreendermos a constituição histórica do conceito

de doença mental. Sua pesquisa baseou-se em documentos (discursos)

encontrados em arquivos de prisões, hospitais e hospícios. Na

periodização histórica que utiliza, o autor inicia seu trabalho pelo

Renascimento (século 16), período no qual o louco vivia “solto, errante,

expulso das cidades, entregue aos peregrinos e navegantes”. O louco

era visto como “tendo um saber esotérico sobre os homens e o mundo,

um saber cósmico que revela verdades secretas”. Nessa época, a

loucura significava “ignorância, ilusão, desregramento de conduta, desvio

moral, pois o louco toma o erro como verdade, a mentira como

realidade”. Neste último sentido, a loucura passaria a ser vista como

oposição à razão, esta entendida como instância de verdade e

moralidade. Na Idade Média e no Renascimento, eram raros os casos de

internação de loucos em hospitais e, quando [pg. 348] isso ocorria,

recebiam o mesmo tratamento dispensado aos demais doentes, com

sangrias, purgações, ventosas, banhos.

1 Texto redigido a partir de Constituição histórica do conceito de doença mental em Michel Foucault, de

Laura Fraga de Almeida Sampaio — filósofa e estudiosa de M. Foucault. Mimeografado, 1998.

Muitas

alternativas para

tratar a dor

psíquica foram

experimentadas

ao longo da

história.

Na Época Clássica (séculos 17 e 18), os critérios para definir a

loucura ainda não eram médicos — a designação de louco não dependia

de uma ciência médica. Esta designação era atribuída à percepção que

instituições como a igreja, a justiça e a família tinham do indivíduo e os

critérios referiam-se à transgressão da lei e da moralidade.

No final do século 17 (1656), foi criado, em Paris, o Hospital Geral.

Neste hospital, iniciou-se “a grande internação”. A população internada

era heterogênea, embora pudesse ser agrupada em quatro grandes

categorias: os devassos (doentes venéreos), os feiticeiros

(profanadores), os libertinos e os loucos.

O Hospital Geral não era uma instituição médica, mas assistencial.

Não havia tratamento. Os loucos não eram vistos como doentes e, por

isso, integravam um conjunto composto por todos os segregados da

sociedade. O critério de exclusão baseava-se na inadequação do louco à

vida social.

Neste período, buscava-se construir um conhecimento médico

sobre a loucura, contudo, a medicina da época — que tinha como

modelo a história natural e o seu método classificatório (a descrição e a

taxionomia da estrutura visível das plantas e animais eram feitas com a

finalidade de estabelecer semelhanças e diferenças) — não conseguia

abarcar a complexidade de manifestações da loucura.

Na segunda metade do século 18, iniciaram-se reflexões médicas

e filosóficas que situavam a loucura como algo que ocorria no interior do

próprio homem, como perda da natureza própria do homem, como

alienação. Segundo a periodização histórica proposta por Foucault,

nesse período (final do século 18 e início do 19) já estaríamos na

Modernidade. Criou-se, então, a primeira instituição destinada

exclusivamente à reclusão dos loucos: o [pg. 349] asilo. A mentalidade

da época considerava injusto para com os demais presos a convivência

com os loucos.

Os métodos terapêuticos utilizados no asilo eram: a religião, o

medo, a culpa, o trabalho, a vigilância, o julgamento. O médico passou a

assumir o papel de autoridade máxima. A ação da Psiquiatria era moral e

social; isto é, sua função estava voltada para a normatização do louco,

agora concebido como capaz de se recuperar.

Inicia-se a medicalização. A cura da doença mental — o novo

estatuto da loucura — ocorreria a partir de uma liberdade vigiada e no

isolamento. Estava preparado o caminho para o surgimento da

Psiquiatria.

A PSIQUIATRIA CLÁSSICA

A Psiquiatria clássica considera os sintomas como sinal de um

distúrbio orgânico. Isto é, doença mental é igual a doença cerebral. Sua

origem é endógena, dentro do organismo, e refere-se a alguma lesão de

natureza anatômica ou distúrbio fisiológico cerebral. Fala-se, mesmo, na

química da loucura, e inúmeras

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