Brincar Em Unidades De Atendimento Pediátrico: Aplicações E Perspectivas
Por: Thalita012 • 26/6/2024 • Resenha • 1.843 Palavras (8 Páginas) • 79 Visualizações
BRINCAR EM UNIDADES DE ATENDIMENTO PEDIÁTRICO: APLICAÇÕES E PERSPECTIVAS
Alysson Massote Carvalho
Juliana Giosa Begnis
O texto "Brincar em Unidades de Atendimento Pediátrico: Aplicações e Perspectivas" aborda a importância do brincar no desenvolvimento infantil, especialmente em contextos hospitalares. A hospitalização pode ser uma experiência estressante para as crianças, afastando-as de seu ambiente familiar e submetendo-as a procedimentos dolorosos. Isso pode levar a problemas psicológicos e comportamentais como regressões, distúrbios do sono e alimentação, e agressividade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua saúde como o estado completo de equilíbrio físico, mental e social, indo além da mera ausência de enfermidades. Nesse sentido, é crucial que o ambiente hospitalar proporcione um crescimento pleno para as crianças. O ato de brincar é amplamente reconhecido por sua capacidade terapêutica, contribuindo para a transformação do ambiente hospitalar, do comportamento e da estrutura psicológica infantil durante o tratamento. A brincadeira atua como uma forma de expressão de emoções, auxilia no enfrentamento de experiências negativas, melhora a autoestima e ainda reduz a tensão, a raiva, a frustração, os conflitos e a ansiedade.
Iniciativas em instituições hospitalares ao redor do globo têm evidenciado a efetividade da inclusão de atividades lúdicas no tratamento infantil. Exemplos disso são o Royal Hobart Hospital, na Austrália, e o Centro Médico Infantil Schneider, em Israel, que ressaltam a relevância do brincar para o desenvolvimento emocional das crianças hospitalizadas. No Brasil, estratégias como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (Humaniza-SUS) têm como objetivo humanizar o acolhimento hospitalar, incentivando a presença dos familiares e disponibilizando espaços de brincadeiras em alas pediátricas. Apesar dessas diretrizes, ainda existem desafios na aplicação prática, devido à falta de capacitação e motivação de alguns profissionais. Além disso, o brincar também traz benefícios para os familiares, oferecendo um momento de relaxamento e descontração. A criação de ambientes voltados para o lúdico dentro dos hospitais demonstra uma preocupação com o bem-estar integral dos pacientes e contribui para desmistificar o ambiente hospitalar, tornando-o mais acolhedor. A pesquisa apresentada neste texto busca aprimorar a qualidade do atendimento em alas pediátricas, fornecendo subsídios para a organização e adequação dos espaços recreativos e apoiando os profissionais de saúde na promoção do brincar como parte essencial para o bem-estar das crianças hospitalizadas.
MÉTODO
O estudo seguiu um modelo descritivo exploratório, com foco na observação e descrição de brincadeiras na unidade pediátrica. Foram envolvidas 50 crianças de ambos os sexos, com idades entre 2 e 10 anos, que estiveram hospitalizadas durante pelo menos três dias e sofriam de diversas condições médicas. Destes, 25 casos foram observados em hospitais com ambientes estruturados para atividades recreativas e 25 casos foram observados em hospitais sem tais estruturas.
COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada por meio de observação sistemática, direta e não participante durante atividades gratuitas e/ou planejadas, que duraram aproximadamente 21 minutos. Os observadores registraram o comportamento das crianças usando o assunto em foco e técnicas de digitalização, bem como escrita cursiva. Os pais ou responsáveis assinaram o consentimento informado.
ANÁLISE DE DADOS
Os dados são analisados com base no enredo do jogo e classificados em categorias previamente definidas. Compare as gravações de dois observadores e selecione eventos registrados por ambos os observadores com uma taxa de concordância mínima de 80%. Essas categorias incluem idade dos participantes, composição do grupo, gênero, relacionamentos estabelecidos, tipo de jogo, estilo de interação e personalidade social.
INSTITUIÇÕES OBSERVADAS
INSTITUIÇÃO 1
A instalação conta com um programa de atividades recreativas dedicado, com espaço organizado e diversos brinquedos para as crianças. A sala de 18 metros quadrados conta com prateleiras baixas para fácil acesso a brinquedos, como jogos de tabuleiro, bonecas, quebra-cabeças, videogames, velotróis, histórias em quadrinhos e filmes infantis. Estagiários do programa de terapia ocupacional administram o espaço, que funciona diariamente das 13h às 17h.
INSTITUIÇÃO 2
Nesta instituição, os 40 metros quadrados de espaço lúdico não possuem planta específica. Os brinquedos, principalmente quebra-cabeças, bonecos, carros e alguns jogos, ficam guardados em armários e de difícil acesso para as crianças. O espaço é administrado por psicólogos e artistas vindos de outro setor do hospital. As atividades são limitadas e existem poucos tipos de jogos, como bancos imobiliários, jogos de imagem e de ação. O espaço funciona de manhã e à tarde durante a semana.
RESULTADO
Os resultados indicam diferenças significativas entre as instituições. Na Institution One, a variedade e acessibilidade dos brinquedos e o apoio dos estagiários proporcionam um ambiente mais estimulante, acolhedor e propício ao desenvolvimento das crianças. Na Instituição 2, a falta de planejamento e a escassez de brinquedos tornaram o espaço menos atrativo e menos frequentado.
DISCUSSÃO
Este estudo destaca a importância de um ambiente estruturado de atividades recreativas no ambiente hospitalar. Brincar não só promove a saúde mental das crianças, mas também promove a expressão emocional, melhora a autoestima e ajuda a construir resiliência face à hospitalização. As diferenças observadas entre as duas instituições reforçam a necessidade de investimento em planejamento e espaços de lazer acessíveis.
CONCLUSÃO
O estudo concluiu que ambientes lúdicos adequadamente estruturados em hospitais são essenciais para o desenvolvimento geral das crianças hospitalizadas. Uma brinquedoteca bem equipada e gerenciada por profissionais capacitados pode transformar a experiência hospitalar, tornando-a menos estressante e melhor para o desenvolvimento das crianças. A pesquisa mostra que as políticas de humanização hospitalar (como o Humaniza-SUS no Brasil) são passos importantes, mas são necessários esforços contínuos para melhorar a preparação e a motivação das equipes de saúde para garantir que a brincadeira seja efetivamente integrada aos cuidados pediátricos.
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