CONCEITOS RELACIONADOS A SELETIVIDADE PALATIVA
Por: paulinhoplm • 20/11/2016 • Trabalho acadêmico • 2.500 Palavras (10 Páginas) • 2.188 Visualizações
. CONCEITOS RELACIONADOS A SELETIVIDADE PALATIVA
Para se entender a seletividade de paladar é necessária uma breve compreensão sobre o conceito de neofobia alimentar que está presente na infância das crianças, em graus diferentes, todavia, sempre presente. A transição da dieta láctea da primeira infância para a alimentação da família requer que a criança aprenda a aceitar pelo menos alguns dos novos alimentos oferecidos a ela. A relutância em consumir novos alimentos recebe o nome de neofobia. Muitos dos alimentos que as crianças rejeitam inicialmente terminarão sendo aceitos se a criança tiver ampla oportunidade de provar os alimentos em condições favoráveis (BIRCH, 1999b 7 ) entretanto este difere-se da seletividade do paladar.
NEOFOBIA ALIMENTAR
Imagem 2 - criança com aversão a legumes.
[pic 1]
A neofobia alimentar pode ser reduzida por métodos de aprendizagem na alimentação que permitem que a criança aprenda sobre fome e saciedade, substâncias comestíveis, sabores dos alimentos e quantidade de alimentos que deve ser consumida (RAMOS, MAUREM; STEIN, LILIAN; 2000)
SELETIVIDADE DO PALADAR
A seletividade do paladar se caracteriza como um distúrbio alimentar que se origina a partir da neofobia alimentar - mas não significando claro, que o primeiro é consequência irremediável do outro - onde a criança não superou a fase de adaptação e construção do paladar e sempre opta por alimentos contendo açúcares e outras substâncias prejudiciais ao organismo quando em excesso. Tal prática abusiva pode causar uma série de problemas psicológicos e fisiológicos nas crianças e se não analisados e tratados podem se arrastar até suas vidas adultas onde podem evoluir para problemas sociais, entretanto, uma pergunta que profissionais da psicologia, nutricionistas e até mesmo especialistas da área da pedagogia tem se perguntado é sobre a influência dos pais sobre seus filhos e como eles podem ser “variáveis” determinantes nessa fase da vida dos pequenos.
DESENVOLVIMENTO PALATIVO
A aprendizagem é central no desenvolvimento do padrão alimentar da criança, que é estabelecido pelo processo de condicionamento e associa a sugestão sensória dos alimentos, a conseqüência pós-ingestão da alimentação e contexto social alimentar. Em termos psicossociais, o padrão de alimentação envolve a participação efetiva dos pais como educadores nutricionais, através das interações familiares que afetam o comportamento alimentar das crianças. Em especial, as estratégias que os pais utilizam na hora da refeição, para ensinar as crianças sobre o que e o quanto comer, desempenham papel preponderante no desenvolvimento do comportamento alimentar infantil. (RAMOS, MAUREM & STEIN, LILIAN; 2000)
A criança passa a aprender a como se alimentar e do que comer com a medida que experimenta os alimentos em seu cotidiano e conforme as suas assimilações a respeito daquela comida que pode passar desde aos fatores biológicos como o gosto, a textura, a cor até mesmo a fatores sociais como o incentivo dos pais, o quão presente é esse alimento na rotina da criança, o quanto é frequente tal alimento na vida dos pais etc.
A família é responsável pela transmissão da cultura alimentar. Na sua socialização, a criança aprende sobre a sensação de fome e saciedade, e desenvolve a percepção para os sabores e as suas preferências, iniciando a formação do seu comportamento alimentar. Sobre o condicionamento na alimentação demonstraram que as preferências alimentares são fundamentalmente formadas pela associação de três fatores: (1) percepção sensória dos alimentos, (2) conseqüência pós-ingesta dos alimentos e (3) contexto social. (RAMOS, MAUREM & STEIN, LILIAN; 2000)
- Percepção sensória dos alimentos
Para se entender a percepção sensória dos alimentos é preciso examinar como e onde o processo sensorial do paladar se origina. O feto é exposto a uma variedade de estímulos sensoriais in útero. O aparelho necessário para detectar tais estímulos, as papilas gustativas, aparece pela primeira vez por volta da 7ª e 8ª semana de gestação. (BEAUCHAMP & MENNELLA, 1999 ).
Um estudo realizado com prematuros demonstrou ocorrer salivação diante da administração oral de gotas de suco limão puro e sucção diminuída em resposta a soluções de quinina. Isso sugere que as papilas gustativas são capazes de conduzir informações sensoriais ao sistema nervoso central no 6° mês de gestação e que as conexões neurais são adequadas para provocar alterações na salivação e na sucção (BEAUCHAMP & MENNELLA, 1999).
É possível que experiências intra-uterinas contribuam para preferências de sabores. O líquido amniótico é aromático e o seu odor é influenciado pela dieta da mãe. A semelhança de aromas entre o líquido amniótico e o leite materno pode estar envolvida na preferência do recém-nascido pelo cheiro do leite materno (GIULIANI & VICTORA, 2000). A composição do fluido amniótico varia no decorrer da gestação, particularmente na medida em que o feto começa a urinar. Próximo ao parto o feto humano ingere quase um litro de fluido por dia e é exposto a uma variedade de substâncias, compreendendo a glicose, frutose, ácido láctico, ácido pirúvico, ácidos graxos, fosfolipídeos, creatina, uréia, ácido úrico, aminoácidos, proteínas e sais (BEAUCHAMP & MENELLA,1999 5 ).
A sensibilidade ao sabor doce já aparece na fase pré-natal, provavelmente estimulada pelas substâncias químicas do líquido amniótico (RAMOS & STEIN, 2000 29). Estudos com ratos demonstraram que os filhotes, cujas mães haviam sido submetidas a uma rigorosa privação do sal durante a fase precoce da gestação, apresentaram reduzida sensibilidade ao sal. (BEAUCHAMP & MENELLA, 1999 5 ).
A exposição do feto a algum tipo de odor “in útero” pode resultar em uma preferência pelo referido odor após o nascimento. Por exemplo, quando testado imediatamente após o nascimento, filhotes de ratos nascidos através de operações cesarianas preferiram o odor do fluido amniótico da própria mãe ao de outros ratos, indicando que esta preferência é adquirida antes do nascimento (BEAUCHAMP & MENELLA, 1999).
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