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Construindo A Oficina: Demanda, Foco, Enquadre E Flexibilidade

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Por:   •  15/11/2014  •  1.888 Palavras (8 Páginas)  •  2.613 Visualizações

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Construindo a Oficina: Demanda, Foco, Enquadre e Flexibilidade

A análise da demanda é um ponto complexo na psicologia social pois é conhecido o processo pelo qual os grupos e indivíduos fazem uma primeira “encomenda” ao profissional para, em seguida, com maior ou menor dificuldade, outras demandas implícitas ou inconscientes (Enriquez, 1997).

Ainda que a demanda do grupo se diferencie da proposta inicial, ao longo do processo, é preciso rever a sua vinculação com a proposta original e tentar definir o que continua justificando o trabalho.

Como instrumento de intervenção psicossocial, a Oficina precisa estar ligada a uma demanda de um grupo.

A pré-análise inclui um levantamento de dados e aspectos importantes dessa questão, que poderão ser relevantes para o trabalho na Oficina. Na pré-análise, o coordenador deve inteirar-se da problemática a ser discutida, refletir, estudar, coletar dados e informações. A pré-análise possibilita, a partir do tema escolhido, o levantamento de “temas-gerador” que poderão ser abordados no grupo, sempre respeitando e consultando os participantes.

O tema geral da oficina é o foco em toro o qual o trabalho será deslanchado. É essencial que os temas-geradores tenham relação com o cotidiano do grupo e que não sejam apresentados de forma intelectualizada, em uma linguagem estranha ao grupo.

O enquadre diz respeito ao número e tipo de participantes, o contexto institucional, o local, os recursos disponíveis, o número de encontros. O enquadre deve ser pensado em termos de facilitar a expressão livre dos participantes, a troca de experiências, a relação com o coordenador, a privacidade dos encontros e o espaço e tempo para levar uma reflexão sobre o tema, bem como... os limites institucionais para a proposta de trabalho.

Como intervenção psicossocial, a Oficina tem uma dimensão ou potencialidade terapêutica, na medida em que facilita o insight e a elaboração sobre questões subjetivas, interpessoais e sociais.

Tomando a oficina como um tipo e Grupo Operativo, podemos compreender que nela haverá uma tarefa externa e uma tarefa interna. O coordenador e o grupo precisam estar sempre atentos a esse foco para trabalhar a relação entre “tarefa interna” e “tarefa externa”, nas possibilidades e limites do contexto (ver Pichon-Rivière, 1998). Braier (1986) nos explica que a abordagem psicodinâmica busca tornar consciente elementos inconscientes, a reestruturação da personalidade, a elaboração dos conflitos básicos, etc. Entretanto, na psicoterapia breve, um foco circunscreve limites para o trabalho, sendo que se busca maior consciência em torno de problemas, insight sobre os conflitos psíquicos, elevação da auto-estima e melhoria sintomática. O coordenador se coloca a questão se e como deverá planejar cada encontro.

Planejar a oficina: O planejamento global nos dá a possibilidade de uma visão mais inteira do trabalho, mas carrega maior risco de rigidez enquanto que o planejamento passo a passo pode ser mais flexível, mas gerar uma visão fragmentada. Trata-se de um planejamento flexível, isto é, o coordenador se prepara para a ação, antecipa temas e estratégias, como forma e se qualificar para a condução da Oficina. Entretanto, precisa estar ciente e preparado para acompanhar o grupo em seu processo o que pode, e provavelmente vai, significar mudanças no planejamento inicial. Por isso dizemos que é um planejamento flexível.

O número e duração de encontros dependerá da proposta global, Porém, é interessante que cada encontro seja estruturado em pelo menos três momentos básicos.

a) Um momento inicial que prepara o grupo para o trabalho do dia, seja por meio de um “relaxamento” e/ou de um “aquecimento”, feito através de atividades, brincadeiras, ou mesmo de uma conversa que atualize, para o grupo, a proposta do dia. Leva-se em torno de 10 minutos nesse momento.

b) Um momento intermediário em que o grupo se envolva em atividades variadas que facilitem a SUS reflexão e elaboração do tema trabalhado.

c) Um momento de sistematização e avaliação do trabalho do dia. Permite que o grupo visualize melhor a sua produção, acompanhando o desenvolvimento e sua reflexão e o crescimento de seu processo, ao longo da Oficina e ajudando a tomar decisões sobre os encontros seguintes.

O coordenador busca, ao contrário, facilitar para o grupo a realização de sua tarefa interna para que o grupo possa realizar os seus objetivos, tarefa externa. Para tal, precisa estar atento para as dimensões consciente e inconsciente do grupo.

O coordenador terá um papel ativo, mas não intrusivo. Pode propor, mas não impor, uma condução. O coordenador, nesse sentido, te um importante papel de acolhimento e incentivo ao grupo para que se constitua como grupo buscando a sua identidade.

O coordenador estará atento para as manifestações e angústia no grupo. A Oficina tem potencialidade terapêutica. O coordenador estará atento para ambas as dimensões (Bion, 1975; Neri, 1999).

Vielmo (1998) nos lembra que as manifestações transferenciais/contratransferenciais acontecem em qualquer relação quer seja interpessoal quer seja grupal, terapêutica ou não. Entretanto, deve haver diferenças na forma como o coordenador compreende e maneja as manifestações transferenciais no campo terapêutico e não terapêutico.

O coordenador deve, ainda, estar atento às fases e processos do grupo, pois, no enquadre da Oficina, eles assumem especial relevância. Poe, dentro dessa visão, propor técnicas de animação e reflexão, procurando sempre adequá-las em conteúdo e forma ao processo vivido pelo grupo. O coordenador precisa estar atento a esse movimentos para caminhar com o grupo, acolhendo quando necessário, mas também incentivando, mobilizando, refletindo e interpretando.

Entretanto, é preciso dizer que esses três momentos não seguem uma sequência rígida.

Esse momento está relacionado aos processos de afiliação e pertencimento, no grupo operativo. O grupo deve aceitar o desafio de deixar de ser um “agrupamento” para construir a sua rede de identificações e definir melhor seus objetivos. Há uma forte tendência para desconhecer as diferenças entre os membros, o que é uma defesa contra a dispersão e uma tentativa de construir a coesão. Nesse primeiro momento, a coesão pode tomar contornos autoritários. Tanto as diferenças internas quanto as externas – do grupo com outros grupos – são mal suportadas e o grupo Poe tentar excluir ou discriminar que for diferente, criando muitas vezes o fenômeno do “bode expiatório”. O coordenador aceita o seu lugar de coordenador,

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