DESAFIOS ENCONTRADOS PELOS IMIGRANTES HAITIANOS NO MERCADO DE TRABALHO
Por: Frida Lima • 19/11/2018 • Projeto de pesquisa • 3.907 Palavras (16 Páginas) • 391 Visualizações
DESAFIOS ENCONTRADOS PELOS IMIGRANTES HAITIANOS NO MERCADO DE TRABALHO NA CIDADE DE JOINVILLE
Aimeé Letícia Souza
Frida Serafina Franke de Lima
Graciela Friedrich
Allan Henrique Gomes
RESUMO:
A pesquisa sobre inserção do imigrante haitiano no mercado de trabalho brasileiro, em especial na cidade de Joinville-SC, tem como objetivo investigar quais os desafios encontrados, setor com maior probabilidade de acesso bem como as condições de trabalho, e também conhecer as expectativas em relação ao futuro. Faz-se importante para que as condições e os direitos fundamentais não sejam infringidos, e para que haja um maior entendimento sobre as dificuldades que os imigrantes encontraram na sua busca por trabalho. A imigração haitiana no Brasil ocorreu de forma significativa após o desastre ambiental que abalou o pequeno país, que já vinha sofrendo com os abusos de um governo ditatorial. Parte em busca de sua sobrevivência, de uma melhor qualidade de vida, em busca de dignidade. Disposto a enfrentar dificuldades em relação ao idioma, instabilidade financeira e preconceitos, o sujeito imigrante muitas vezes perde sua identidade e expõe-se à insegurança de um país estranho e um povo desconhecido. Na bagagem, carrega consigo além da saudade de casa e dos seus, a esperança de igualdade e de uma vida melhor.
Palavras-chave: Imigração; Haitianos; Mercado de Trabalho.
INTRODUÇÃO:
O Brasil, como líder de diversas campanhas humanitárias e com a maior participação nos movimentos de ajuda e recuperação do Haiti, tem sido um local propício para os imigrantes que procuram um recomeço. O imigrante é visto como uma força de trabalho provisória, segundo Sayad,
Um imigrante é essencialmente uma força de trabalho provisória, temporária, em trânsito. Em virtude desse princípio, um trabalhador imigrante (...) mesmo se é chamado a trabalhador (como imigrante) durante toda a sua vida no país, mesmo se está destinado a morrer (na imigração), como imigrante, continua sendo um trabalhador definido e tratado como provisório, ou seja, revogável a qualquer momento. (BLAY apud SAYAD, 1998 pg. 54).
Considerando a situação dos haitianos que tentam refúgio no Brasil, seria importante levantar alguns pontos presentes na discussão de casos especiais de demanda de refúgio, principalmente frente às catástrofes ambientais. A situação do Haiti vem se desenhando como a mais catastrófica das Américas. Se não bastasse a difícil situação política e social do país, em 2008, quatro ciclones atingiram o Haiti levando a grandes perdas econômicas. Em janeiro de 2010, um forte terremoto assolou o país criando um grande número de desabrigados e reduzindo a escombros parcela importante da infraestrutura habitacional e governamental, agravando profundamente a situação humanitária desta que é a mais pobre nação do continente americano. O conjunto de situações adversas tem estimulado, quando não forçado, expressiva parcela da população a deixar o país em busca de melhores condições de vida.
O Brasil é um dos países mais atuantes no Haiti quando se fala de ajuda e recuperação da ilha devastada. Além de liderar a MINUSTAH – Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, diversas Organizações Não Governamentais brasileiras, as ONGs, prestam serviços diversos para a população de sobreviventes no Haiti, na reconstrução e recuperação da ilha, além de auxilio médico e psicológico aos sobreviventes e suas famílias.
MÉTODO:
Com a finalidade de aprofundar o conhecimento sobre a inserção de imigrantes haitianos no mercado de trabalho na cidade de Joinville-SC, realizou-se pesquisa de campo sendo utilizada a técnica de entrevista semiestruturada, em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido, porém com liberdade para desenvolver as questões conforme cada situação.
RESULTADOS E DISCUSSÕES:
Após a análise do trabalho de campo, foram selecionadas três categorias para discussão:
1. A subsistência pessoal e familiar do imigrante haitiano após sua chegada em Joinville até a inserção no mercado de trabalho;
2. A comunicação do imigrante em sua busca por trabalho;
3. O mercado de trabalho brasileiro e o imigrante haitiano.
SUBSISTÊNCIA PESSOAL E FAMILIAR:
Essa categoria de análise busca apresentar, na trajetória do imigrante haitiano em Joinville, como foi o sustento em questões de moradia e alimentação desde a chegada ao Brasil até conseguir trabalho e receber o primeiro salário, como também a sua participação no sustento de familiares que ficaram no Haiti.
Foram realizadas cinco entrevistas com imigrantes haitianos que chegaram ao Brasil em períodos diferentes, de 2014 a 2017. Na fala dos Sujeitos de pesquisa, observou-se que suas necessidades básicas foram supridas por amigos e familiares que já moravam em Joinville, até conseguirem trabalho. A definição de subsistência de acordo com o dicionário online de português é “Estado ou particularidade daquilo que subsiste; estabilidade, permanência, sobrevivência. Conjunto de coisas essenciais para a preservação da vida; sustento, alimentação, víveres: garantir a subsistência da família.” Porém o que se tem visto é que a lei não garante que qualquer pessoa tenha um trabalho digno e o acesso ao trabalho continua sendo um grande desafio.
A Tabela 1 mostra quanto tempo os Sujeitos da pesquisa levaram até conseguir trabalho após sua chegada à cidade de Joinville-SC.
Tempo no Brasil Tempo até conseguir trabalho
Sujeito 1 9 meses 3 meses
Sujeito 2 2 anos e 10 meses 1 mês
Sujeito 3 1 ano e 4 meses 6 meses
Sujeito 4 8 meses 1 mês
Sujeito 5 2 anos e 2 meses 1 mês
Por terem chegado em épocas diferentes, a realidade na busca pela subsistência de cada um também foi diferente. Na fala do Sujeito 2, que chegou em Joinville em 2014, antes da atual crise de desemprego que afeta o país. Dentro de um mês ele conseguiu trabalho. Ele veio morar
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