Educacao Ambiental
Pesquisas Acadêmicas: Educacao Ambiental. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 23/3/2015 • 5.080 Palavras (21 Páginas) • 1.784 Visualizações
O que é Educação Ambiental?
Definições de Educação Ambiental
O conceito de Educação Ambiental varia de interpretações, de acordo com cada contexto, conforme a influência e vivência de cada um.
Para muitos, a Educação Ambiental restringe-se em trabalhar assuntos relacionados à natureza: lixo, preservação, paisagens naturais, animais, etc. Dentro deste enfoque, a Educação Ambiental assume um caráter basicamente naturalista.
Atualmente, a Educação Ambiental assume um caráter mais realista, embasado na busca de um equilíbrio entre o homem e o ambiente, com vista à construção de um futuro pensado e vivido numa lógica de desenvolvimento e progresso (pensamento positivista). Neste contexto, a Educação Ambiental é ferramenta de educação para o desenvolvimento sustentável (apesar de polêmico o conceito de desenvolvimento sustentável, tendo em vista ser o próprio "desenvolvimento" o causador de tantos danos sócio-ambientais).
Educação para a sustentabilidade
Ampliando a maneira de perceber a Educação Ambiental podemos dizer que se trata de uma prática de educação para a sustentabilidade. Para muitos especialistas, uma Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável é severamente criticada pela dicotomia existente entre "desenvolvimento e sustentabilidade".
Conceitos educação ambiental
Educação Ambiental foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da Educação, orientada para a solução dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.
A definição oficial de educação ambiental, do Ministério do Meio Ambiente: “Educação ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros”.
De acordo com o conceito de educação ambiental definido pela comissão interministerial na preparação da ECO-92 " A educação ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões sócio-econômica, política, cultural e histórica, não podendo se basear em pautas rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágios de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim sendo, a Educação Ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio na satisfação material e espiritual da sociedade, no presente e no futuro." ( in Leão & Silva, 1995).
O CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente - define a Educação Ambiental como um processo de formação e informação orientado para o desenvolvimento da consciência critica sobre as questões ambientais, e de atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental.
Algumas reflexões pedagógicas sobre os aspectos teórico-práticos da educação ambiental formal.
Este tema será desenvolvido de forma breve com a finalidade de que as equipes de professores nas escolas, através da análise da sua prática pedagógica real e dos pressupostos explícitos ou implícitos que fundamentam a ação docente, identifiquem os elementos favoráveis ou desfavoráveis para a Educação Ambiental.
Há uma vasta bibliografia sobre o tema no País (indicada ao final do trabalho), porém vamos apresentar, de forma esquemática, as diversas abordagens, a fim de suscitar a discussão e de buscar saber quais elementos poderiam servir de base para começar a elaborar os pressupostos teórico-práticos que permitam fundamentar a inserção da dimensão ambiental nos currículos escolares.
As categorias que utilizaremos nesta caracterização são:
- escola;
- ensino-aprendizagem;
- relação professor-aluno;
- metodologia, e
- avaliação
Estas são geralmente as categorias consideradas nas análises do fazer pedagógico nas diversas bibliografias. Acrescentaremos a elas alguns conceitos básicos e relações subjacentes às diversas teorias pedagógicas, consideradas como explicações históricas do fazer educacional na educação formal, estando mais diretamente ligadas à Educação Ambiental tal como ela se apresenta nos PCNs de meio ambiente:
- relação entre ser humano-natureza;
- relação entre sociedade e cultura;
- concepção do conhecimento;
- concepção da educação
A intenção é simplesmente, como já expresso: lembrar aos professores essas diversas abordagens, por todos conhecidas, com a finalidade de suscitar uma discussão em relação à sua prática pedagógica e identificar as teorias que, implícita e explicitamente, perpassam suas atividades. Discutiremos, ainda, as diversas modalidades de estrutura curricular que derivam das diversas abordagens pedagógicas. Finalmente, discutiremos as características da Educação Ambiental formal e quais modalidades teórico-metodológicas são importantes para sua concretização em nível escolar. A seguir, fazendo uso de quadros sintéticos, apresentaremos as diferentes abordagens que perpassam a prática real do ensino no Brasil bem como as concepções de currículos que derivam dessas abordagens.
As diferentes abordagens pedagógicas
1 Pedagogia tradicional
Relação Ser Humano e Natureza
- O ser humano é dono e senhor (dominador) da Natureza.
- A Natureza passa a ser propriedade privada de alguns homens
Relação Sociedade e Cultura
- Visão burguesa e individualista, objetivando a perpetuação das relações estabelecidas na Sociedade e na Cultura.
- Separação da concepção de "Sociedade" e de "Cultura" da concepção de "Natureza"
Conhecimento
- A consciência humana é considerada uma “tábua rasa”.
- A atividade do conhecer é um processo de acumulação e de incorporação de informações, das mais simples às mais complexas, para a conservação da Sociedade.
- O passado é modelo para ser imitado e para construir o futuro.
Educação
- Centrada na transmissão do Conhecimento.
- Processo de assimilação do Conhecimento historicamente acumulado.
Escola
- Instituição social encarregada do processo de socialização, de transmissão de informações e da Cultura.
Ensino- Aprendizagem
Mera transmissão e aquisição de informações.
- Subordina Educação à Instrução
- Verbalismo e memorização
.
Relação Professor/Aluno
- Autoritária
- Unilateral
- Vertical do professor para o aluno
- Professor é mediador entre cada aluno e os modelos culturais
- Não há interação entre alunos
Metodologia
- Aula expositiva e demonstrações feitas pelo professor
- Exercícios de memorização por parte do aluno
- Motivação extrínseca que depende do professor
- “Um método para ensinar tudo a todos” (COMÊNIO)
Avaliação
- Provas, exames.
- Visa à exatidão na reprodução do conteúdo transmitido.
- Exames como fins em si mesmos e sua aplicação funcional na sociedade como meio de ascensão social.
Concepção de currículo que deriva da abordagem tradicional
Centrado nos conteúdos a serem transmitidos; currículo fechado; organizado em disciplinas; baseado na autoridade do professor, priorizando em suas decisões as necessidades normativas (carência de um sujeito ou grupo com relação a determinado standard, criança- é um adulto em potencial) que se referem ao sujeito ideal e não ao aluno concreto; seriado; do mais simples ao mais complexo; fragmentado em disciplinas estanques.
2 A educação ambiental na vertente ecológico-preservacionista
Relação Ser Humano e Natureza
- Separa “mundo construído” do “mundo natural”
- A Natureza é tudo o que está “fora”, não inclui o homem, esquecendo que ele também é uma espécie biológica cujo processo adaptativo requer a transformação do ecossistema
- Idealiza e atribui valores estéticos e éticos a uma “Natureza virgem” não violada pelo homem e pela história
- Oculta os conflitos surgidos pelas modalidades de uso dos recursos naturais determinados pelo estilo dominante que nega à grande maioria da população acesso aos recursos
- Postula a paralisação do desenvolvimento, a manutenção do status que e uma visão catastrófica em relação aos problemas ambientais
- Conduz muitas vezes a visões místicas da relação, nas quais a concepção “holística” e “planetária” dos problemas oculta as injustiças sociais e econômicas impostas
- O homem é uma entidade abstrata que se distancia da “natureza” também ente abstrato que é culpado de sua destruição
- “Valorização do ser mais do que do ter. Abandono da economia produtiva relacionada com o ter e prioridade para a economia relacionada com o modo de vida do ser” (ACOT, 1990).
- Procura de uma harmonia universal
- A natureza é concebida como valor supremo
Relação Sociedade e Cultura
- A história do homem não pode ser separada da “história da Ecologia”
- Interpreta a sociedade e a cultura dentro da visão da Sócio-biologia, efetuando graves reducionismos
- Analisa a sociedade com métodos extraídos da Biologia
- Visão individualista da sociedade que prescinde de análise histórica
- Não considera os aspectos políticos e econômicos derivados do estilo dominante (capitalismo) como causadores da degradação ambiental
- A culpabilidade é socializada, porém os benefícios da exploração da natureza são privatizados
- Postula uma volta às comunidades “naturais e primitivas”, idealizando-as como se elas fossem sociedades “harmônicas e sem conflitos”. Incentiva uma saída da sociedade de consumo e “voltar a viver” em contato com a “natureza”
- Postula uma defesa do “verde pelo verde”. O pensamento verde fica a meio caminho entre a perspectiva transformadora, ou seja, de mudança por meio da ação consciente da sociedade, e a perspectiva de mudança por meio das mudanças dos comportamentos individuais
- A ideologia dos ecologistas se caracteriza por um verdadeiro retorno ao Sagrado, na nostalgia de uma aliança mística cujas origens remontam ao Renascimento, e que é autorizado por uma quase identificação da ordem biológica com a ordem social
Conhecimento
- A essência do pensamento ecologista é ser um pensamento de amor e de aliança. De amor e de aliança entre os seres humanos; e de amor e aliança entre os homens e a natureza
- Não existe uma teoria de conhecimento explícita. Privilegia o conhecimento originário da experiência
- Visão imediatista, supostamente “holística”, na qual com uma equívoca consideração da totalidade, esquece a complexidade das inter-relações entre sociedade e natureza
- Prioriza o conhecimento popular
- Faz a crítica ao conhecimento científico positivista
Educação
- Privilegia os processos não formais de Educação
- Postula uma educação para a preservação da natureza, sem uma análise econômico-social das causas dos problemas ambientais
- A formação individual e as mudanças de comportamento em relação à natureza seriam suficientes para reverter os processos de deterioração
- Caráter essencialmente ético (sacralização da Natureza)
- Confunde Educação Ambiental com ensino de Ecologia
- Toda e qualquer situação de contato direto da criança com a natureza é considerada como mais formativa que na sala de aula
- O centro da desarmonia está na forma como o homem individualmente se relaciona com a natureza. A educação se volta para a questão fundamental: “se o homem muda individualmente, o mundo muda”
Escola
- Preconiza que as escolas devem ser pequenas e ter alicerces firmes em suas comunidades, para permitir maior contato entre alunos e professores, entre a escola e o contexto social, e, até, entre os próprios alunos
- Tem como referencial o modelo integralizado de sociedade que não aceita o divórcio entre a sala de aula e o mundo
- A instituição escolar é vista como reprodutora da sociedade dominante, legitimando o conhecimento científico fragmentado
- Muitos autores postulam a desescolorização, uma vez que a instituição escolar isola o homem da natureza
Ensino- Aprendizagem
- Centrado no amor e apoiada no conhecimento da natureza
- Enfatiza com muita relevância os elementos afetivos, contemplação e beleza, na procura de uma “harmonia essencial”
- Inclui os conteúdos da Ecologia como objeto fundamental do ensino
- Destaca os aspectos éticos e comunitários
- Destaca os aspectos intuitivos do conhecimento
- Resgata o conhecimento popular e muitas vezes o supervaloriza em detrimento do conhecimento científico
- Promoção de eventos isolados, demonstrando preocupação com a questão ambiental, aproveitando datas marcadas no calendário escolar
Relação Professor/Aluno
- Tende a ser uma relação horizontal, amistosa e de educação pelo exemplo combinada com elementos de relação vertical na qual o professor, como interpretador de teorias, impõe visões geralmente reducionistas
- Prioriza a formação nos aspectos éticos e estéticos e as mudanças de comportamento das pessoas
Metodologia
- Destaca a importância de “sentir” e amar a natureza
- Passeios, excursões, atividades extra-escolares, que permitam um maior contato com a natureza.
- Trabalho de campo, de reconhecimento de ecossistemas
- Promoção de campanhas preservacionistas
- Plantio de árvores, construção de hortas escolares, coleções entomológicas e botânicas
Avaliação
- Baseada em valores advindos do amor à natureza
- Efetuada através da verificação da mudança de comportamento, em relação à preservação da natureza
- Memorização dos conhecimentos
- Reconhecimento de atitudes afetivas e incorporação de valores morais
Concepção de currículo que deriva da vertente Ecológico-preservacionista
Não há uma concepção de currículo específica. O currículo vigente é assumido, e são acrescentadas atividades de sensibilização em relação aos problemas ambientais e à preservação da natureza. Organizado em torno dos conhecimentos da Biologia e da Ecologia; as outras áreas de estudo são interpretadas em função deles. Tem como objetivo fundamental a formação individual nos aspectos éticos e estéticos para uma convivência harmônica com a Natureza, sendo estruturado em função de núcleos temáticos que combinam as atividades escolares com as extra-escolares, dando ênfase a estas últimas. Utiliza elementos do entorno imediato, reconhecimento de ecossistemas, trilhas ecológicas, visitas a parques e reservas zoológicas, eco museus, hortas escolares, plantio de árvores, coleta seletiva do lixo, entre outros.
3 A educação ambiental na vertente socioambiental - perspectiva crítica
Relação Ser Humano e Natureza
- Reintegra o homem na natureza, como espécie biológica com características específicas
- O homem, para sua subsistência, se apropria da natureza e tem conhecimento dos mecanismos dessa apropriação
- Ênfase nas inter-relações dinâmicas, historicamente construídas, de intercâmbio e transformação entre as sociedades humanas e os ecossistemas
- O Meio Ambiente se gera e constrói no processo histórico das inter-relações entre sociedade e natureza
- Postula uma compreensão dessas inter-relações mediadas pelos estilos de desenvolvimento
- Trabalha sobre o conceito de desenvolvimento sustentável como eixo central, acrescentando os indicadores de desenvolvimento humano
Relação Sociedade Cultura
- Produto do processo da evolução histórica da humanidade
- Categorias inseparáveis, mutuamente determinantes e determinadas pelas inter-relações entre os substratos naturais e os tipos de organizações sociais e culturais
- Não é a sociedade, em seu conjunto, a culpada da degradação ambiental, mas o estilo de desenvolvimento dominante (capitalismo), que produz esgotamento de recursos naturais e exploração do homem pelo homem
- Não vê os problemas ambientais como catástrofes inevitáveis, mas como problemas sociais que colocam novos desafios ao conhecimento científico, e limites ao próprio homem à medida que ameaça a sua sobrevivência como espécie
- Postula a construção de novas formas sociais de aproveitamento dos recursos (desenvolvimento sustentável) e de novas relações sociais entre os homens
- Analisa os problemas ambientais de forma crítica, procurando determinar suas causas reais e não só os efeitos provocados
- Reconhece diferenças fundamentais entre os conceitos de mero crescimento econômico e desenvolvimento sustentável
- Reconhece o aporte essencial das distintas culturas e o resgate dos conhecimentos e das técnicas tradicionais, em relação aos modos de aproveitamento dos recursos naturais
- Aceita, reconhece e valoriza as diversidades culturais
- Visão prospectiva que acredita no futuro aberto da sociedade
Conhecimento
- Não existe uma teoria do conhecimento explícita
- Podem detectar-se fortes ligações com a Epistemologia Genética com ênfase nas implicações histórico-sociais
- O fundamento epistemológico da Educação Ambiental deve ser aprofundado no confronto com a própria experiência e com as reflexões dos epistemólogos a respeito
- Coloca ênfase nas inter-relações histórico-sociais e no conhecimento científico, como construção social da humanidade (sociogênese, psicogênese)
- Faz uma crítica ao paradigma positivista demonstrando que ele, por si só, não consegue explicar os complexos problemas ambientais
- Resgata e valoriza o conhecimento e a experiência tradicional e popular
- Assinala o papel fundamental da interdisciplinaridade, no nível das ciências, e a teoria de sistemas como instrumentos válidos e necessários ao estudo dos sistemas complexos ambientais
Educação
- Privilegia os aspectos formais e não formais da educação, considerando que ambos se complementam
- Postula uma educação para a preservação e conservação da natureza, no marco da análise econômico-social e histórica, dos problemas ambientais (contextualização espacial e temporal)
- Visa à plena realização do homem, em todos os aspectos, à sua sobrevivência e à melhoria da qualidade de vida
- Orientada para a compreensão e solução de problemas sócio-ambientais
- Educação com caráter interdisciplinar, capaz de responder com eficácia às necessidades sociais.
- Educação de caráter permanente orientada para o futuro, com a preocupação de construir valores e conhecimentos para a tomada de decisões adequada à preservação do ambiente e da própria sociedade humana
- Em síntese, visa à formação de um cidadão democrático, crítico e participativo
Escola
- É considerada como uma instituição social pública, de caráter dinâmico e histórico
- Considera que, como instituição social ela é contraditória, conflitante, e pode aparecer como um importante espaço de luta para a oposição aos processos de homogeneização cultural (MAC LAREN, APLE)
- Importante para a formação do homem do futuro e no desvelamento das ideologias da sociedade dominante e seu estilo de desenvolvimento
- Permite o acesso e a apropriação do conhecimento historicamente acumulado como instrumento de emancipação
- Não se limita ao espaço isolado de sala de aula, mas que deve servir efetivamente na comunidade como agente de compreensão e procura de soluções aos problemas ambientais concretos (possibilidade de solução, no nível escolar) e de identificação das potencialidades para o desenvolvimento sustentável
Ensino-Aprendizagem
- Centrada em situações-problema, elaboração de diagnósticos ambientais e busca de soluções possíveis
- Identificação das potencialidades ambientais num sentido amplo, naturais, culturais e sociais
- Partir de situações concretas do entorno mais próximo para situações mais globais
- Respeita os estágios de evolução cognitiva e se utiliza das “zonas de desenvolvimento proximal”
- Deve se fundamentar em uma relação capaz de despertar a curiosidade, a criatividade, a competência e a solidariedade
- Enfatiza a análise e a intervenção sobre a realidade física e social que envolve o aluno
- Orienta a aprendizagem no sentido da procura de qualidade de vida e da participação social
- O trabalho de estruturação deve se apoiar no trabalho do coletivo escolar e procurar a integração das disciplinas, dos professores, integrando as experiências individuais dos aluno.
- Ajuda o aluno a construir e ampliar suas representações, multiplicar as oportunidades de investigação, de construção do pensamento e da linguagem, e a compreensão da complexidade das relações sociedade - natureza e o exercício do pensamento complexo
- Busca atingir, no mesmo nível, objetivos afetivos, cognitivos, éticos e de habilidades técnicas
- Centrada nas inter-relações, usando os conceitos básicos da Ecologia e de outras ciências, com a finalidade de construir uma nova visão do mundo
Relação Professor/Aluno
- Professor mediador e organizador do processo pedagógico
- O professor deverá agir como transmissor de conhecimentos ou orientador de atividades, segundo a necessidade, os temas propostos, os objetivos perseguidos ou momentos específicos do desenvolvimento
- Essa relação se caracteriza por ser uma mediação, que deverá permitir o estabelecimento de relações sociais democráticas, onde os elementos de responsabilidade social serão enfatizados
- As relações sociais na escola deverão permitir o exercício da prática social inovadora na vida da comunidade, deliberações, discussões, resolução de conflitos, estabelecimentos de consensos, etc., que permitam gerar atitudes de cooperação e respeito
- Deverá possibilitar a explicitação e a análise do currículo oculto
- Enriquecimento mútuo dos diversos sujeitos sociais envolvidos, professor-professor, professor-aluno, professores e alunos com a comunidade
- Relação dialógica, comunicativa, solidária, de construção coletiva do conhecimento
- O professor não é passivo, mas também não intervém a priori para impor um modelo
- Favorece a visão de conjunto sobre a situação. Propõe outras fontes de informação, colocando os alunos em contato com outras formas de pensar
Metodologia
- Vale-se de todo um leque de metodologias existentes dentro dos âmbitos da abordagem pedagógica moderna
- Preconiza o enfoque por situações-problema, núcleos de estudo, organização de atividades de pesquisa, projetos entre outros
- Utiliza o trabalho em equipe como instrumento essencial para a consecução dos objetivos cognitivos, afetivos e éticos
- Utiliza os meios locais e regionais, por exemplo, técnicos ou especialistas que moram na comunidade para a execução dos projetos educacionais
- Postula uma dialética multidirecional, decorrente da interação: projeto-aluno-circunstância de tempo e lugar professor
- Ao priorizar o estudo das inter-relações complexas postula uma metodologia interdisciplinar e um processo de desenvolvimento transversal no currículo escolar
- Orientada para a solução de problemas concretos, identificação de potencialidades ambientais, participação comunitária e exercício da cidadania
Avaliação
- Não existe uma proposta definida sobre o processo de avaliação em Educação Ambiental
- Pode inferir-se que a avaliação:
- Se faça de acordo com o projeto que está sendo executado;
- Seja formativa e permanente, considere a avaliação do contexto dos aportes iniciais, do processo e do produto
- Ênfase na avaliação de processo
- Basear-se em múltiplos critérios, considerando os processos de assimilação e de aplicação a situações novas
- Aquisição e consolidação das estruturas cognitivas nos diferentes estágios
- Qualitativa em relação à aquisição de valores, conhecimentos e novos comportamentos
- Capacidade de tomar decisões, fazer deliberações e discussões consensuais
Concepção de currículo que deriva da abordagem sócio-ambiental
A Educação Ambiental na vertente sócio-ambiental não tem um currículo previamente definido, sendo integrada às diversas disciplinas escolares, e podendo, inclusive, orientar e inserir-se no projeto pedagógico da unidade escolar. Podem ser estabelecidas algumas características que se consideram necessárias ao seu desenvolvimento. Pretende favorecer uma educação integral e integradora, que atinja as necessidades cognitivas, afetivas e de geração de competências para uma atividade responsável e ética do indivíduo como agente social comprometido com a melhoria da qualidade de vida. O estudante deve saber situar-se historicamente e ser capaz de olhar e agir prospectivamente para a construção de um futuro mais equilibrado em relação ao uso dos recursos naturais, e justo quanto às relações entre os homens, eliminando as condições de exploração e pobreza vigentes hoje.
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Considerando-se que educação ambiental é um processo em construção permanente e que, portanto, torna-se um instrumento de aprendizagem em constante movimento, alguns fatos e acontecimentos marcantes na história mundial têm sua importância para o estudo proposto neste texto, como os que agora destacamos.
Em 1869, Ernest Haeckel propõe o vocábulo “ecologia” para os estudos das relações entre espécies e seu ambiente. Três anos depois, é criado o primeiro Parque Nacional do mundo, o de Yellowstone, nos Estados Unidos. Desde então, e principalmente após a 2ª Grande Guerra quando do crescimento desenfreado da produção industrial e do conseqüente acirramento da degradação do meio ambiente, começaram a surgir problemas de dimensões globais, que rompiam fronteiras e extrapolavam a regionalidade, como a poluição de rios e mananciais internacionais, a chuva ácida, o buraco na camada de ozônio, o efeito estufa, as ilhas de calor nos grandes centros urbanos, entre outros.
Nesse momento, percebeu-se a importância de uma reflexão mais profunda e a necessidade de um trabalho conjunto entre as nações, concentrando recursos financeiros e tecnológicos para a solução dessas questões e/ou para minimização dos impactos desses fenômenos no meio ambiente. Nesse sentido, diversas atitudes passam a ser tomadas, principalmente nos países do hemisfério norte. Algumas delas são emblemáticas, tais como a fundação em 1947, na Suíça, a UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza, a mais antiga instituição ambientalista de que se tem registro.
No entanto, ainda não se relaciona diretamente as alternativas de solução aos problemas ambientais a mudança de comportamento e a questão educacional. Só em 1965, foi utilizada pela primeira vez, a expressão “Educação Ambiental” (Environmental Education), durante a “Conferência de Educação”, da Universidade de Keele, na Grã-Bretanha.
O Clube de Roma e o Crescimento Zero
Em 1968, é fundado o Clube de Roma pelo industrial italiano Aurélio Peccei e pelo químico inglês Alexander King, que agregou 100 empresários, políticos, cientistas sociais, preocupados com as conseqüências do modelo de desenvolvimento predatório adotado pelos países ricos do ocidente e que rapidamente se espalhava por todo o globo terrestre. Em 1971, o Clube encomenda ao MIT – Instituto de Tecnologia de Massachussets, Estados Unidos - um estudo sobre a situação do Planeta.
Como resultado é publicado no ano seguinte, um relatório que leva o nome de “Limites do Crescimento”, que recomenda crescimento zero da atividade econômica e da população, como forma de garantir a continuidade da existência da espécie humana do Planeta. Tal documento é duramente criticado, principalmente porque congelava desigualdades e não previa mudanças nos padrões de produção e consumo adotados pela sociedade, nem tampouco propunha uma redistribuição de riquezas entre os países e as diferentes camadas da população.
De qualquer modo, foi a primeira vez que um sério instituto de pesquisa, financiado por poderosos empresários do primeiro mundo, apontava a situação a que o Planeta estava exposto. Por fim, o mundo tomava conhecimento, oficialmente, das limitações ambientais ao crescimento.
A Conferência de Estocolmo
No mesmo ano da publicação, 1972, e como sua conseqüência direta, aconteceu a Conferência das Nações Unidas, em Estocolmo, debatendo o tema “Crescimento Econômico e Meio Ambiente”, com a presença de 113 países.
Esta Conferência é considerada um marco político internacional para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental. Ali foram propostos novos conceitos como o do Ecodesenvolvimento, uma nova visão das relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento; gerados e criados novos importantes programas como o das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA); gerados documentos da relevância da Declaração sobre o Ambiente Humano, uma afirmação de princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam governar as decisões relativas à área ambiental e o Plano de Ação Mundial, uma convocação à cooperação internacional para a busca de soluções para os problemas ambientais.
A Conferência também constituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente, a ser comemorado no dia 05 de junho de cada ano. A partir dela, a atenção mundial foi direcionada para as questões ambientais, especialmente para a degradação ambiental e a poluição interfronteiras, popularizando o conceito da dispersão, de grande importância para evidenciar o fato de que a poluição não reconhece limites políticos ou geográficos e afeta países, regiões e pessoas para muito além do ponto em que foi gerada.
A posição brasileira
O Brasil, a esta época em plena vigência do regime militar, havia adotado o chamado modelo econômico “nacional-desenvolvimentista”, onde o crescimento a qualquer custo era visto como ferramenta fundante para o progresso e para a melhoria da qualidade de vida da população e vinha acumulando sucessivos índices positivos de crescimento do Produto Interno Bruto.
Era a década do “milagre brasileiro” e os investimentos governamentais em grandes obras eram consideradas prioritários, a rodovia Transamazônica, a Ponte Rio - Niterói, a Usina de Energia Nuclear de Angra, entre outros, ampliavam a infra-estrutura que, por sua vez, possibilitava o crescimento desenfreado que exigia ainda mais infra-estruturas de base. Novas estradas, novos portos, novas fronteiras agrícolas, imensos conjuntos habitacionais e assim consecutivamente. Não era de se estranhar, portanto que, diante das discussões em Estocolmo, os representantes brasileiros não tenham reconhecido a gravidade dos problemas ambientais.
Mesmo enfrentando discordâncias, a Conferência de Estocolmo representou um avanço nas negociações mundiais e tornou-se o marco para o entendimento dos problemas planetários e para a emergência de políticas ambientais em muitos países, adotando o slogan “Uma Única Terra” e propondo a busca de uma nova forma de desenvolvimento para o mundo. No mesmo Plano de Ação, foi recomendado o desenvolvimento de novos métodos e recursos instrucionais para a Educação Ambiental e a capacitação de professores.
Congresso de Belgrado
Três anos mais tarde, o Congresso de Belgrado propõe a discussão de nova ética planetária para promover a erradicação da pobreza, analfabetismo, fome, poluição, exploração e dominação humanas. Censurava o desenvolvimento de uma nação à custa de outra e propõe a busca de um consenso internacional. Sugeriu também a criação de um Programa Mundial em Educação Ambiental. Como resultado, a UNESCO cria, então, o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), que até os dias de hoje tem continuamente atuado na EA internacional e regionalmente. O PIEA mantém uma base de dados com informações sobre instituições de EA em todo o mundo, além de projetos e eventos que envolvem estudantes, professores e administradores.
A Conferência de Tbilisi
A reunião internacional que de fato revolucionou a EA foi a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida pela UNESCO e realizada em Tbilisi, na Geórgia em 1977. Embora o evento fosse governamental, participantes não-oficiais se fizeram presentes, marcando posições e interferindo nas discussões. Conseguiram grandes avanços e estratégias e pressupostos pedagógicos foram adicionados aos seus documentos.
A declaração final de Tbilisi estabelece os princípios orientadores da EA e remarca seu caráter interdisciplinar, crítico, ético e transformador. Anuncia que a EA deveria basear-se na ciência e na tecnologia para a tomada de consciência e adequada compreensão dos problemas ambientais, fomentando uma mudança de conduta quanto à utilização dos recursos ambientais.
Nosso Futuro Comum
Durante toda a década subseqüente, a humanidade buscou conhecimentos e acordos para propor uma nova sociedade, de caráter local e global.
Em 1983, por decisão da Assembléia Geral da ONU, foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD. Presidida pela então primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, tinha como objetivo analisar a interface entre a questão ambiental e o desenvolvimento e propor um plano de ações.
Essa Comissão, chamada de Comissão Brundtland, circulou o mundo e encerrou seus trabalhos em 1987, com um relatório chamado “Nosso Futuro Comum”. E é nesse relatório que se encontra a definição de desenvolvimento sustentável mais aceita e difundida em todo o Planeta: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”.
Segundo a Comissão, o desafio era trazer as considerações ambientais para o centro das tomadas de decisões econômicas e para o centro do planejamento futuro nos diversos níveis: local, regional e global.
Conferencia de Moscou
A conferência seguinte foi a de Moscou (capital da antiga União Soviética), que reuniu cerca de trezentos educadores ambientais de cem países. Visou fazer uma avaliação sobre o desenvolvimento da EA desde a Conferência de Tbilisi, em todos os países membros da UNESCO. A EA, nessa conferência não-governamental, reforçou os conceitos consagrados pela de Tbilisi, a saber, a Educação Ambiental deveria preocupar-se tanto com a promoção da conscientização e transmissão de informações, como com o desenvolvimento de hábitos e habilidades, promoção de valores, estabelecimento de critérios padrões e orientações para a resolução de problemas e tomada de decisões. Portanto, objetivar modificações comportamentais nos campos cognitivo e afetivo.
Rio-92
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), oficialmente denominada de “Conferência de Cúpula da Terra” e informalmente de Eco-92 ou Rio-92, foi realizada no Rio de Janeiro entre 03 e 14 de junho de 1992, 20 anos após a Conferência de Estocolmo e teve grande importância para reforçar e ampliar essa nova abordagem ambiental, que já vinha sendo discutida em documentos anteriores.
Fez história ao chamar a atenção do mundo para uma questão nova na época: a compreensão de que os problemas ambientais estão intimamente ligados às condições econômicas e à justiça social. Reconheceu a necessidade de integração e equilíbrio entre as questões sociais e econômicas para a sobrevivência da vida humana no Planeta. Reuniu 103 chefes de estado e um total de 182 países e centenas de organizações da sociedade civil cuja ação teve relevante impacto ao demonstrar claramente os limites da exploração dos recursos naturais. A Conferência aprovou cinco acordos oficiais internacionais: a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; a Declaração de Florestas; a Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas; a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Agenda 21, um documento que propõe novos modelos políticos para o mundo em busca do desenvolvimento sustentável. Paralelamente, as organizações não governamentais reunidas no Fórum Internacional das ONGS dos Movimentos Sociais, finalizaram e aprovaram o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Assim, no âmbito governamental e no da sociedade civil, o conceito de sustentabilidade ganha força e esta nova visão implica na implantação de um modelo de desenvolvimento que garanta a manutenção da Vida no Planeta sob todos os aspectos.
Carta Brasileira para a Educação Ambiental
Paralelamente à Rio-92, o governo brasileiro, através do Ministério da Educação e Desporto – MEC organizou um workshop, no qual foi aprovado um documento denominado “Carta Brasileira para a Educação Ambiental”, enfocando o papel do estado, estimulando, em particular, a instância educacional como as unidades do MEC e o Conselho de Reitores
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