Estágio Sensório Motor e Projetivo

Estágio Sensório Motor e Projetivo

Nesse estágio que inicia se com um ano e se estende até os três anos de idade, é onde ocorre a passagem da fase na qual a criança se volta para si, para uma fase centrífuga e objetiva, em que a criança se volta para o mundo exterior. Cada vez mais a criança se interessa pela exploração e investigação do mundo exterior, e é por isso que a aquisição da aptidão simbólica e pelo inicio da representação caracteriza esse estágio, já que para Wallon o ato mental se desenvolve a partir do ato motor.

Sensório Motor é marcado pela busca de conhecimento por meio da manipulação dos objetos, exploração da realidade exterior e pelas atividades circulares, que são atividades repetitivas.

O termo projetivo é utilizado para se referir ao fato da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar, é nessa etapa que o ato mental projeta-se em atos motores, ou seja, o pensamento precisa se apoiar em gestos para se expressar. Wallon define dois movimentos projetivos que contribuem para que a criança dê forma ao pensamento por meio da ação motora: Imitação e simulacro. Na imitação a criança é induzida ao ato a partir de um modelo anterior. No inicio a imitação se desenvolve tendo por base modelos afetivos, ou seja, pessoas ou situações que agradam a criança, posteriormente a criança torna-se capaz de ampliar sua capacidade imitativa, desdobrando-a para qualquer objeto ao seu redor. Já o simulacro é a representação de um objeto sem que este esteja presente, ou seja, “a criança simula uma situação de utilização de objeto sem tê-lo, de fato presente; trata-se de um ato sem o objeto real. São os simulacros, atividades que envolvem movimento e representação, que servem de apoio à narrativa da criança e permitem a ela lidar com a ficção, com seus desejos de invenção e criação” (Costa, 2011, p.35).

Esta passagem do ato motor ao ato mental que advém da capacidade simbólica gerada nesse estágio é o que possibilita à criança o reconhecimento e diferenciação da própria imagem corporal. Ainda assim, trata-se de uma diferenciação do eu do ponto de vista corporal e não psíquico, que ocorre somente no estágio do personalismo.

A criança não é capaz de reproduzir as observações do modelo a ser imitado de forma imediata, necessitando do que Wallon nomeia como “período de incubação”, ou seja, um período que pode durar de horas a semanas, até que a criança seja capaz de construir uma imagem, e nessa construção, ela retoma as habilidades sensório-motoras de conhecimento e manipulação dos objetos, passando por processos de interiorização e exteriorização, até poder representa-lo por movimentos, os quais trazem as marcas da criança, compostas por suas impressões, ritmos e gestos pessoais.

Existem dois tipos de inteligência nesse estágio, a inteligência prática e inteligência discursiva. A inteligência prática é obtida pela interação com objetos, na movimentação do corpo e na exploração do espaço ao seu redor. Já a inteligência discursiva é adquirida pela imitação.