Existência e Psicoterapia - Da Psicologia sem Objeto ao Saber Fazer na Clínica Psicológica Existencial
Por: Keel Moraes • 5/11/2019 • Resenha • 832 Palavras (4 Páginas) • 342 Visualizações
Existência e Psicoterapia- Da Psicologia sem objeto ao saber fazer na clínica psicológica existencial
Raquel Castanha de Moraes¹
Heidegger em sua obra destaca, O CARATER DE ESQUECIMENTO da essencialidade da existência, como herança da meta física, da qual a ciência é debitaria. E é justamente na tentativa de despertar o homem desse total esquecimento, que o filósofo vai escrever a ERA DA TÉCNICA, onde afirma que o nosso tempo é em sua essência, um destino ontológico-historial da verdade do ser, que reside no esquecimento. “Esquecer consiste em encurtar sentidos”. A Psicologia ao abandonar a tradição (limite que, ao mesmo tempo que aponta para uma restrição, abre também novas possibilidades) e considerar que tudo tem seu início na ciência moderna, encontra-se totalmente inserida nas determinações da era da técnica, quais sejam: Provocação (exploração), fundo de reserva (acumulação), maquinação, funcionalidade (serventia) e produtividade.
Segundo Aristóteles, os quatro modos de ocasionamento das coisas são: eficiente, material, formal e final. Nesse sentido, por nos encontrarmos no mundo da técnica as demais causas ficam obscuras e atuamos, predominantemente, sob a causalidade eficiente, que diz respeito a ação do homem. Como podemos verificar segundo o exemplo do texto que traz a ilustração da produção de uma taça. Para fazê-la quatro elementos devem estar presentes: o material da qual a taça é feita, os limites de sua medida, a ação humana (causa eficiente) e uma realização (finalização).
A partir desse entendimento observamos que uma consequência do obscuramento das outras três causas e o predomínio da causa eficiente faz com que haja um movimento que ao desconhecer limites, nunca cessa. Por outro lado, o homem se constitui em sua indeterminação originária. Quando ele chega ao mundo, alcança uma compreensão prévia movimenta-se em meio a esse mundo pré-estabelecido. Dessa forma, ao se automatizar e agir na absoluta ausência de limites tem como marca de sua ação, a compulsão.
Dando prosseguimento ao pensamento de Heidegger, observamos o que ele diz a respeito dos dois tipos de pensamento: o calculante e o meditante. O pensamento calculante é aquele que antecipa. Esse modo de pensar está presente quando planejamos, quando investigamos, organizamos tarefas e empreendimentos por meio de considerações prévias em função do objetivo que pretendemos atingir e dos resultados que queremos alcançar. Por outro lado, o pensamento meditante, diz respeito a poder atingir níveis superiores de pensar. A diferença entre eles se dá através do resultado, uma vez que no pensamento calculante exige-se rapidez e resultados, já no meditante exercita-se o aguardar, o deixar que as coisas se deem em seu tempo.
Em sua reflexão sobre como se estrutura a psicoterapia em meio as determinações do mundo moderno a partir da concepção de Heidegger, percebemos que a psicoterapia como conhecemos hoje só pôde surgir através da demanda de um mundo epocal, com o objetivo de fornecer um tratamento psicológico como um meio de chegar a um fim sob a ação do homem, no caso, o psicoterapeuta. Para Heidegger, a crise existencial diz respeito a um momento em que algo acontece e imediatamente torna possível a suspensão do horizonte hermenêutico a que alguém
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