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Fazendo Minha História

Por:   •  15/6/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.863 Palavras (8 Páginas)  •  238 Visualizações

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Centro Universitário do Leste de Minas Gerais

Janaine Cristina Silva Rodrigues

Resenha

Fazendo minha história

Coronel Fabriciano, 30 de maio de 2016


O Instituto Fazendo História é uma organização não governamental fundada em 2005 em São Paulo, que tem como objetivo de colaborar com o desenvolvimento de crianças e adolescentes acolhidos em abrigos, proporcionando meios de expressão para que cada criança ou adolescente em situação de acolhimento institucional se apropriem e transformem a própria história. O Instituto surgiu através das ações do programa Fazendo Minha História (iniciadas em 2002) e atualmente, além deste, possui outros três programas: Com Tato, que propõe o atendimento psicoterapêutico a crianças e adolescentes; Perspectivas, que trabalha com formação e capacitação junto aos gestores dos abrigos, educadores e equipe técnica, e Palavra de Bebê, que enfoca o vínculo entre bebês e adultos (pais e educadores) ao longo do período de abrigamento.

Em seu formato original, o projeto ocorre através da realização de encontros semanais entre a criança e um adulto de referência nos quais, a partir da construção de um vínculo de confiança, a dupla realiza diversas atividades com a finalidade de construir um álbum da história de vida de cada um. Este álbum pertence à criança e ao adolescente, e deve trazer informações sobre sua identidade, seu passado, seu presente e seus sonhos para o futuro.

Para responder a uma demanda de continuidade com crianças e adolescentes, que já haviam encerrado seus processos individuais e pela falta de colaboradores suficientes para realizarem encontros individuais com todas as crianças em um determinado abrigo, o FMH aconteceu no formato de grupos: Neste formato, o educador, dentro de sua rotina de trabalho, pode ser um condutor das atividades.

O grupo do FMH é um espaço de expressão e compartilhamento das histórias, no qual a participação das crianças e adolescentes não é obrigatória. Este espaço conta com a presença de um adulto facilitador que auxilia as crianças e adolescentes a compreenderem suas histórias e comunicarem os afetos ligados às experiências relatadas. O espaço do grupo permite que, através do contato com relatos de outros participantes, cada criança e adolescente identifique-se com as histórias dos demais e possa mobilizar e elaborar a sua. Levando, assim, à construção de novas compreensões a respeito de si mesmo e do outro, possibilitando o relacionamento com as diferenças e a aprendizagem de novas formas de lidar com as situações da vida. Quanto mais houver espaços para expressão e elaboração dessas histórias, menos reações descontroladas surgirão e mais ferramentas a equipe terá para manejar situações de conflito e ajudar as crianças e adolescentes a se fortalecerem.

Ao ser definido o início de um grupo do FMH em uma instituição de acolhimento, é necessário ser estabelecida uma relação de parceria com a coordenação, pois é ela quem deve promover toda a articulação necessária para que a rotina da casa esteja organizada para o acontecimento do grupo, como a capacitação dos educadores, a estabilidade dos membros da equipe e a organização do espaço físico. É essencial, portanto, fazer um contrato claro e consistente não só com a coordenação, mas com toda a equipe da casa.

Ao formar um grupo, alguns aspectos devem ser considerados, tais como: a idade dos participantes, o número de participantes, o espaço físico onde será realizado e as características individuais de cada integrante.

Nem todas as crianças e adolescentes estão prontas para ingressar em um grupo. Independentemente da idade, alguns não estão emocionalmente preparados para participar de um grupo com o foco em história de vida. São crianças que demandam uma atenção individual ou encontros preparatórios. Esses encontros preparatórios consistem em apresentar a criança e o adolescente ao FMH, se apresentar como facilitador do grupo e contar um pouco sobre o funcionamento do mesmo e, principalmente, fazer algumas páginas no álbum, como as páginas da identidade, da família, da árvore genealógica e do dia em que chegou ao abrigo.

Deve-se ter em vista se o número de participantes está favorecendo ou dificultando o andamento do grupo. É recomendável que tenha cerca de 5 participantes. Esse é um número que permite ao facilitador contemplar as necessidades e capacidades de cada um dos integrantes. Uma indicação comum é de que quanto menor a idade dos integrantes, menor seja o grupo, já que crianças pequenas precisam de uma referência constante, presente e que a olhe de maneira individualizada. Mas nem sempre os menores ou os maiores grupos são os melhores. É preciso sensibilidade para compreender o que cada grupo precisa para se tornar mais rico e mais acolhedor.

É importante encontrar dentro da casa de acolhimento um espaço reservado onde os grupos acontecerão. O importante é que o acesso a ele seja restrito aos integrantes do grupo, de modo que fique protegido de interrupções externas. Apesar de ser difícil garantir que nenhuma interrupção aconteça, é importante saber que isso causa um efeito no grupo: quebra a atividade, causa incômodo nos participantes, traz o sentimento de invasão e pode interromper uma história que estava difícil para contar, por tanto, enquanto um grupo do FMH está acontecendo, um educador fica com todas as outras crianças e adolescentes da casa – esse educador faz o papel de apoio.

O tempo de duração do grupo varia de acordo com a organização da rotina do abrigo, disponibilidade do facilitador, idade e quantidade de integrantes, proposta de atividade, entre outros fatores. O fato de as crianças e adolescentes estarem nas casas de acolhimento em caráter provisório torna a rotatividade dos integrantes algo comum dentro dos grupos do FMH. Isso quer dizer que os grupos estão em constante transformação e é importante que a cada encontro, as atividades tenham começo, meio e fim. Apesar disso, um grupo não se encerra com a saída de um de seus integrantes.

 O facilitador do grupo é o colaborador, educador ou técnico do programa que assume responsabilidade com as crianças e adolescentes e a tarefa de “fazer história”. É uma autoridade, uma figura de referência que garante os combinados coletivos e o clima de confiança e segurança necessário para a expressão e compartilhamento das histórias. O facilitador do grupo do FMH é modelo e referência para as crianças e adolescentes. Por isso, é necessário que ele adote sempre uma postura ética e cuidadosa no trato com os participantes e suas histórias. Por tanto, algumas características essenciais ao facilitador de grupo do FMH: flexibilidade, sensibilidade, afetividade, criatividade, paciência, responsabilidade, pontualidade, postura ética, capacidade reflexiva, gosto pela leitura, gosto pelo registro das histórias.

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