JOANA D'ARC : CRISTOCÊNTRICA E LÍDER MILITAR
Por: gabrieleortega • 15/9/2021 • Artigo • 5.017 Palavras (21 Páginas) • 113 Visualizações
JOANA D'ARC : CRISTOCÊNTRICA E LÍDER MILITAR
MIRANDA, Darleide Tayane Soares[1]
RESUMO
A Guerra dos Cem Anos inicia-se em 1337 e se estende até 1453, e é considerada a maior da Idade Média, não só pela sua duração, mas também pelo impacto causado nos reinos em conflito e suas implicações em outras partes da Europa. Vários fatores determinaram o aumento de hostilidades entre Inglaterra e França, num primeiro momento, interesses que envolviam os reis e importantes setores da nobreza. No século 12, o rei Henrique II da Inglaterra se casou com Leonor da Aquitânia e, tornou-se vassalo do rei da França nos ducados da Guyenna e Gasconha. Desde então as relações entre os reis da Inglaterra e França foram marcadas por conflitos políticos e militares. Joana d'Arc nasceu no vilarejo de Domrémy, na região de Borrois, França, no dia 6 de janeiro de 1412. Filha dos camponeses Jacques d'Arc e Isabelle Romée tinha três irmãos e uma irmã. Joana d’Arc não aprendeu a ler nem escrever. Foi criada seguindo os princípios da fé católica e com 12 anos teve sua primeira revelação divina. No entanto, através de uma reviravolta em sua vida e na história da França, ela passou de camponesa a comandante de guerra por uma missão que afirma ter recebido diretamente de Deus, por suas vozes. Segundo as vozes, a missão de Joana era salvar a França e coroar o delfim Carlos VII. Para isso ela conquistou a confiança do delfim, assumiu o comando do exército e venceu batalhas contra os ingleses. Joana d’Arc foi queimada viva na Praça do Mercado Vermelho, em Rouen, em 1431. Depois de 15 anos, o papa Calixto III solicita a publicação do evidente erro do tribunal e a inocência de Joana d’Arc, que é reabilitada de todas as acusações e torna-se a primeira heroína da nação francesa.
Palavras chave: Guerra dos cem anos; Inglaterra; França; Joana d’Arc; Igreja Católica.
INTRODUÇÃO
A trajetória de Joana d´Arc ocorreu no contexto da Guerra dos Cem Anos (1337- 1453). Inglaterra e França travaram uma guerra que durou mais de cem anos, que envolveram disputas do poder monárquico e conquistas territoriais. O início dessa rivalidade entre as duas monarquias se deu após a morte do último filho do rei francês Carlos IV, o que o deixou sem descendentes e levou a atribuição da coroa ao parente mais próximo, Felipe de Valois. Enquanto o rei da Inglaterra, Eduardo III, neto do rei francês Felipe IV, pretendia ser o herdeiro autêntico das duas monarquias (NUNES, 2015).
A jovem camponesa, Joana d´Arc, surge na 4º fase da Guerra dos Cem Anos, motivada pela fé na busca por um novo destino a França, que passava por momentos ruins decorrentes dos conflitos gerados pela Guerra dos Cem anos. A postura da jovem camponesa Joana d´Arc de se tornar uma guerreira, protegendo a França das invasões Inglesas e sendo responsável pela coroação do delfim e conseguinte rei Carlos VII, causa naquele período do século XIV/XV, um alvoroço nas autoridades políticas e religiosas que se entrelaçaram ao caso, o finalizando com um processo inquisitorial, resultando na morte de Joana d´Arc pela fogueira, o que era considerado a pena mais grave e cruel (SILVA, 2018).
O presente artigo tem como objetivo abordar a história de Joana D’arc no contexto da guerra dos cem anos, em que viveu segundo ela fazendo a vontade de Deus, sem ceder a vontade da igreja e dos governantes. Ainda jovem comandou o exército da França contra os Ingleses e teve sua história construída por longos séculos após a sua morte.
A GUERRA DOS CEM ANOS
A Guerra dos Cem Anos inicia-se em 1337 e se estende até 1453, e é considerada a maior da Idade Média, não só pela sua duração, mas também pelo impacto causado nos reinos em conflito e suas implicações em outras partes da Europa (FLORES, 2011).
Segundo Flores (2011):
Em 1152, com o casamento do futuro monarca inglês, Henrique II Plantageneta, com Eleonor, duquesa da Aquitânia, o território sob o domínio do rei da Inglaterra teve um acréscimo territorial de parte da atual França e como consequência seus sucessores seriam também duques da Aquitânia. Mas esta situação não foi bem aceita pela Coroa da França. Durante o século XIII, parte dos domínios continentais foram gradualmente perdidos pelos monarcas angevinos, sendo que grande parte deste desmantelamento ocorreu entre 1202 e 1204, durante o reinado do monarca inglês João sem Terra.
Durante a Baixa Idade Média, a Inglaterra viveu um processo contraditório em relação à disputa política. No início do século 13 a nobreza inglesa impôs ao rei João Sem Terra a “Magna Carta”, documento que estabeleceu limites ao poder real, principalmente em relação às questões jurídicas, tributárias e que envolvessem a guerra; desde 1215 o rei deveria consultar um “Conselho de Nobres” para tomar decisões sobre essas questões. Se por um lado o poder real ficou limitado, por outro foi reconhecido e legitimado, ao mesmo tempo em que possibilitou que as relações entre o rei e a nobreza se tornassem mais equilibradas, garantindo ao rei maior prestígio e subordinação por parte dos súditos, responsáveis por fornecer ao rei os recursos matérias necessários para as guerras (SILVA, 2018).
Os conflitos entre os reis ingleses e franceses não cessaram a partir deste momento. A tentativa de retomar a porção continental do Império Angevino persistiu até 1259, com o Tratado de Paris. Segundo este, Henrique III renunciava às terras perdidas pelo seu pai, João sem Terra, mantendo apenas a Gasconha e algumas ilhas no Canal da Mancha, mediante reconhecimento do rei da França como seu suserano. Esta situação, segundo Mello, gerou um choque de soberania entre os monarcas inglês e francês (NUNES, 2015).
Segundo Silva (2018),
Vários fatores determinaram o aumento de hostilidades entre Inglaterra e França, num primeiro momento, interesses que envolviam os reis e importantes setores da nobreza. No século 12, o rei Henrique II da Inglaterra se casou com Leonor da Aquitânia e, segundo as tradições feudais, tornou-se vassalo do rei da França nos ducados da Guyenna e Gasconha. Desde então as relações entre os reis da Inglaterra e França foram marcadas por conflitos políticos e militares. No entanto, durante esse período não podemos pensar uma guerra entre nações ou países. Mesmo mais tarde, no século 15, durante o famoso episódio que envolveu Joana D'arc, é muito difícil tratar de nação e portanto de nacionalismo.
Em 1328, morre o rei francês Carlos IV sem deixar herdeiros masculinos diretos. O trono francês tem dois pretendentes: Eduardo III, rei da Inglaterra, e Filipe VI, que acaba sendo coroado dando início à dinastia dos Valois. Eduardo III era seu neto pertencendo, portanto, à sua linhagem direta. Enquanto Filipe VI era filho do irmão de Filipe, o Belo, sendo, então, seu sobrinho neto. Do ponto de vista dinástico, Eduardo III estava perfeitamente apto para assumir o trono. No entanto, um francês é o escolhido. As tensões geradas pela questão sucessória culminam em 1337, quando se inicia a Guerra dos Cem Anos propriamente dita (FLORES, 2011).
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