Levando Um Novo Comportamento A Ocorrer
Ensaios: Levando Um Novo Comportamento A Ocorrer. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Pereiraa • 1/10/2013 • 5.453 Palavras (22 Páginas) • 570 Visualizações
Levando um Novo Comportamento a Ocorrer
através de Modelagem
Carlos, você já foi correr hoje?”
MELHORANDO O COMPORTAMENTO DE EXERCITAR-SE DE CARLOS
Após uma aposentadoria precoce aos 55 anos, Carlos decidiu fazer algumas mudanças em sua vida. Mas não sabia ao certo por onde começar. Sabendo que tinha que modificar alguns de seus antigos hábitos, inscreveu-se num curso de modificação de comportamento no centro comunitário local. A seguir, a conselho de seu médico, resolveu iniciar um programa regular de exercícios. Carlos, durante toda a vida, sempre foi um sedentário. Tipicamente, chegava em casa após o trabalho, pegava uma lata de cerveja e se plantava em frente ao aparelho de TV. Carlos deu início ao seu programa de exercícios com uma promessa a sua esposa de que correria quatrocentos metros todos os dias. Mas, após algumas tentativas, ele voltou a sua rotina sedentária. Sua expectativa foi muito alta para muito pouco tempo. Decidiu, então, tentar um procedimento chamado modelagem que havia estudado em seu curso de modificação de comportamento. Os três estágios abaixo resumem tal procedimento.
1. Especificar o comportamento final desejado. O objetivo de Carlos era correr quatrocentos metros diariamente. Mas, para um sedentário crônico, isso era mais do que se poderia esperar. Para atingir tal objetivo, era necessário reforçar antes algum outro comportamento.
2. Identificar uma resposta que possa ser usada como ponto de partida, em direção ao comportamento final desejado. Carlos decidiu que, no mínimo, calçaria seus tênis e caminharia uma vez ao redor da parte externa da casa (aproximadamente 30 metros). Embora isso estivesse longe dos 400 metros, era pelo menos um início.
3. Reforçar a resposta inicial; depois, realizar tentativas sucessivas e cada vez mais próximas à resposta final desejada, até que por fim a resposta desejada seja alcançada. Carlos decidiu usar a oportunidade de beber uma cerveja como reforçador. Explicou seu programa à esposa e pediu-lhe que o lembrasse de que tinha que completar seu exercício, antes de poder tomar uma cerveja. Depois que a primeira aproximação ocorreu em várias tardes sucessivas, Carlos aumentou a exigência para andar ao redor da casa duas vezes (aproximadamente 60 metros). Alguns dias depois, a distância foi aumentada para caminhar ao redor da casa quatro vezes (aproximadamente 120 metros), depois seis vezes (180 metros), depois mais e mais, até que a distância fosse de aproximadamente 400 metros, e depois, finalmente, percorrer essa distância correndo. Carlos alcançou o ponto em que corria 400 metros regularmente. (A aplicação de técnicas de modificação de comportamento para melhorar o autocontrole é discutida em mais detalhe no Capítulo 26.)
MODELAGEM
Nos dois capítulos anteriores, descrevemos como o treino de discriminação de estímulos e o esvanecimento podem ser utilizados para estabelecer controle de estímulo adequado sobre um comportamento, desde que tal comportamento ocorresse ao menos ocasionalmente. Mas o que fazer quando um comportamento desejado nunca ocorre? Em tal caso, não é possível aumentar a freqüência do comportamento, apenas esperando que ele ocorra e depois o reforçando. No entanto, um procedimento chamado modelagem pode ser utilizado para instalar um comportamento que o indivíduo nunca emitiu. O modificador de comportamento começa por reforçar uma resposta que ocorre com freqüência superior a zero e que se pareça, pelo menos remotamente, com a resposta final desejada. (Carlos, por exemplo, foi reforçado inicialmente por caminhar uma vez ao redor da casa porque tal comportamento ocorria ocasionalmente e porque se aproximava remotamente do comportamento (inexistente) de correr quatrocentos metros.) Quando tal resposta inicial está ocorrendo numa freqüência elevada, o modificador de comportamento pára de reforçá-la e começa a reforçar uma resposta ligeiramente mais próxima à resposta final desejada. Assim, a resposta final desejada é por fim instalada pelo reforçamento de aproximações sucessivas da mesma. Por essa razão, a modelagem às vezes é chamada de “método das aproximações sucessivas”. A modelagem pode ser definida como o desenvolvimento de um novo comportamento através do reforçamento sucessivo de respostas cada vez mais próximas ao comportamento final desejado e da extinção das respostas anteriormente emitidas.
Os comportamentos que um indivíduo adquire durante a vida se desenvolvem a partir de uma variedade de fontes e influências. Às vezes, um comportamento novo se desenvolve quando o indivíduo emite algum comportamento inicial e o ambiente (seja o ambiente físico, sejam outras pessoas) então reforça variações pequenas de tal comportamento, durante uma série de ocorrências. Eventualmente, o comportamento inicial pode ser modelado de maneira que a forma final não se pareça mais com ele. Por exemplo, a maioria dos pais utiliza a modelagem para ensinar seus filhos a falar. Quando um bebê começa a balbuciar, alguns dos sons emitidos se aproximam remotamente de palavras do idioma dos pais. Quando isso acontece, os pais geralmente reforçam o comportamento com abraços, carícias, beijos e sorrisos. Os sons “mmm” e “paa” recebem, tipicamente, doses excepcionalmente grandes de reforço por parte de pais que falam português. Eventualmente, “mã-mã” e “pa-pa” são emitidos e são fortemente reforçados, e o “mmm” e o “paa” mais primitivos, são submetidos à extinção. Num estágio posterior, o reforço é dado quando a criança diz “mamãe” e “papai”, e “mã-mã” e “pa-pa” são colocados em extinção.
O mesmo processo ocorre com outras palavras. Primeiro, a criança passa por um estágio em que aproximações muito remotas de palavras do idioma dos pais são reforçadas. Depois, a criança entra em um estágio em que a fala infantil (ou seja, aproximações mais claras de palavras verdadeiras) é reforçada. Finalmente, os pais e outras pessoas exigem que a criança pronuncie as palavras de acordo com as práticas da comunidade verbal, antes que o reforço seja apresentado. Por exemplo: se uma criança diz “ua” num estágio inicial, lhe é dado um copo de água, e se ela está com sede, isso reforça a resposta. Num estágio posterior, “aua”, em vez de “au”, é reforçado com água. Finalmente, é exigido que a criança diga “água”, antes que o reforçador água seja apresentado.
Logicamente, tal descrição simplifica extremamente a maneira pela qual uma criança aprende a falar. No entanto, serve para ilustrar a importância da modelagem no processo
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